No meu primitivo riscava folhas até se rasgarem,
não pensava, literalmente riscava-as e rasgava-as,
eram sentimentos tão naturais e básicos
que se exprimiam da língua universal:
riscos em cima de riscos,
tão simples ao ponto de se desprezar o porquê,
que só tinham uma interpretação:
são os batimentos do coração.
Desses riscos formaram-se linhas soltas,
concretas e abstractas ao mesmo tempo,
contraditórias mas verdadeiras.
Estava fechado, não queria ver-me,
por isso não escrevia mais do que uma frase.
Como não há nada mais forte e real que o sentimento,
a minha mão, totalmente descontrolada,
possuída, como que tivesse a sua vida,
começou a escrever-me e a descrever-me,
e eu, com tristeza, angústia e pura raiva,
escrevia com a minha mente antes da tinta aparecer.
Nos primeiros poemas não aceitava,
eram espelho da minha alma,
rasgava-os, queimava-os, negava ser verdade.
Mas era teimosa a minha mão,
eu rasgava e ela voltava a escrever
eu voltava a rasgar e ela voltava a escrever...
depois de muitas voltas e re-vira-voltas,
foi então os meus olhos viram de maneira diferente,
em vez de regredir comecei a ir em frente
e em vez de negar, comecei a sorrir.
Agora, há partos meus dolorosos,
mas enquanto não parir não descanso,
de vez em quando, são sensibilidade duma jovem,
criança na sua essência,
outras, sai-me um bruto de um rapaz,
que vem ao mundo criticar as atitudes más.
Sou tão ignorante esperançado da inocência,
são meus partos, algo que me apraz.
Este é o crescimento contínuo do poeta que sou,
por um poema são lágrimas que dou,
mas dá-me alegria de os ter visto a crescerem.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentário