A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Poeta, o Francisco.

Dizem lá eles que escrevo bem,
como se escrevesse coisas do além.
Eles lá dizem que escrevo bem
no papel onde escrevo e continuo a ser ninguém.
Como se eu não existisse,
nesse medo que os outros têm de me falar,
como se as minhas palavras fizessem chorar.
Não, as palavras que escrevo não têm importância,
tem sim o porquê da sua fragância,
mas isso, lá parece escasso.
"Francisco, o Poeta" lá dizem eles...
e o resto é fracasso.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Animal e o Ser Humano Mortal

Antes fora tudo diferente,
antes, tinha tecto, carinho, comida...
Agora, num futuro imprevisível, tudo mudou,
por uma dona que foi bandida, que lhe tirou a vida.
Abandonou-o, deixou-o à mercê do seu próprio corpo,
ele, a cada dia que passava, a fome aumentava,
até que um dia tudo deu para o torto.
Ele não caçou por prazer mas sim para comer,
e por isso julgaram-no morto.
Não foi a injecção letal que o matou,
foram os que na desgraça o viram,
nada fizeram e tudo fingiram.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma Página Da Vida - Peluche

Estava na cama, dei por mim deitado de lado agarrado aos lençóis. Rapidamente viajei no tempo, num meu tempo em que, quando era pequeno o suficiente para caber numa cama de grades, dormia com um peluche do meu pequeno tamanho. O peluche não era mágico mas fazia magia... a magia de adormecer sem me lembrar. Aquele monte de pêlo superficial que ganhava vida à noite. Fazia-me festas sem se mexer e eu agarrava-me ao seu reconfortante conforto. No quentinho do ser que é vivo, na sua branca cor na escuridão, no sorriso do conforto e do amor... amor de uma criança que não se dava conta do tempo. Mas esse meu tão querido peluche desaparecera sem deixar rasto na história, alguém o levou e esse alguém não se deve ter lembrado o que é viver criança para me ter feito tal desilusão, para me ter roubado esse meu ser que em mim era ser.
Com este último pensamento voltei rapidamente ao tempo presente, num frio que me fazia tremer, numa escuridão que me arrepiava, num silêncio de morte... estava eu, na noite e na cama, abraçado a um lençol fino e frio, de olhos abertos e de olhos vazios, esperando algo, algo enchia a minha cama, menos de espaço e mais da outra dimensão... um isqueiro sem gás, gastando desenfreadamente a sua pedra, para ver a beleza da chama e sentir o seu calor... e uma das duas velas do meu quarto está acesa, a outra... ficara pelo caminho. Roubaram-me o sono, não tenho sono e se durmo é porque estou cansado.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Humildade

Um mito corre nas ruas,
fala-se por aí de uma lenda viva que vagueia na noite da cidade.
Dizem que tem muito boa personalidade.
Fala-se de uma esperança que nem esperança tem.
Dizem que mudou, muda e mudará.
Dizem que, como ele, no mundo, só existem cem.
Dizem que deve ser ouvido e respeitado.
Dão opiniões de boa pessoa e de bom grado.
Mas esse de que tanto se fala,
chama-se Humildade... e enfiou nele uma bala
com olhos de desgraça, sem Humanidade...
seco, como uma carcaça.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Insanidade Mental Dos Julgamentos

Esse ser humano, o cúmulo dos comuns, atira pedras contra mim, eu, amarrado a um marco no meio da praça, sem conseguir largar-me da vergonha, olhado por todos os ignorantes que passam. Eu, no meu pesar de consciência em que estou amarrado, vejo nos outros espelhos das acções por mim praticadas. Insultado, desonrado, destroçado pela hipocrisia dos praticantes quotidianos. A minha consciência obriga-me a chorar arrependimentos e vergonhas mas nem por muito tempo isso acontece pois pedras são atiradas, doendo, não por dentro mas por fora, constantemente a maltratarem o meu corpo trazendo em mim ira sobre o mundo, apontando o dedo como se de uma pistola se tratasse e, de repente, vejo-me num cómico-trágico tiroteio de cowboys. Podia eu ter-me castigado sob o pior inferno de todos - a consciência - mas os outros reles, tão iguais a mim, tão terrestres e não santos, anseiam o poder de torturar os outros, de disparar opiniões da mais extrema ignorância e hipocrisia, falando como se grandes sábios fossem, como se ilesos ao pecado e à tentação fossem... então, já que criticam com tanta ciência e asas de anjo, porque estão cá!? É que asas... ao demónio também lhe serve e as possui.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Lugar Da Minha Alma

Esse deserto mirabulante,
onde caminho sozinho,
num mundo distante.
Onde estou seco,
ando à procura de água,
para que possa chorar
e afogar a minha mágua.
Olho à minha volta e só vejo areia,
quente, luto contra ela.
Corro corro corro,
gritando por socorro.
Deito-me e o sol queima a minha cara,
e uma tempestade de areia sufoca-me.
Atira-me para trás,
sinto-me a fraquejar,
já não sou capaz.
Puro ódio, grito perante essas pedras,
a batalhar por qualquer pódio.
Corre corre corre,
sobre as pedras que me dizem morre.
Sozinho, nesse cansaço que me consome,
com tantos dias que apanho com esta fome.
À minha semelhança, crio miragens,
confio fielmente mas são sempre desilusões de passagem.
Não consigo matar,
não tenho nada com que morrer,
é só areia por onde caminhar.
Tenho fome sede calor
não tenho liberdade para acabar com este sofrimento,
sinto-me preso abandonado num tormento
afogado numa dor.
Todos os dias são iguais,
não durmo, não posso adormecer
com esses perigos à espreita e os seus demais.
Louco, escavo a minha cova pouco a pouco,
essa criança, lá no fundo,
sem esperança, tornou-se num moribundo.
Esse é o meu mundo...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Crime Da Amizade

Estou farto de não ser ouvido,
porque não falo sem palavras
mas mesmo assim o meu amigo é bandido,
rouba-me a expressão de liberdade.
Onde está a amizade? Onde está a realidade?
Quando o maior crime do amigo é não ouvir
e ainda querem me ver a sorrir.
Mas, dessas atitudes eu não venero.
Querem o meu perdão e depois ser tratado como cão?
Desses esquemas não tolero.
Para fechar este poema acabarei com o real ditado:
"Antes sozinho do que mal acompanhado"...

Almofada

Conta-me uma história de fada
para me fazer adormecer, almofada.
Aconchega esta minha cabeça cansada.
Estás no meu mundo, no quarto,
onde choro, grito e digo que já estou farto.
Nesse meio vagabundo não reagiste,
não falaste, não exclamaste, não, nada.
Onde vagueio nesse pensamento
e tu não dizes, ouves e ficas calada.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Real Amizade

A honesta e real Amizade,
por mais longe que esteja do horizonte,
vai sempre mais longe que o infinito.
Não são precisas palavras, basta cumplicidade.
É o meu abraço quando choro,
é o meu abraço quando trago um sorriso,
não hesita, é sempre preciso,
basta um mínimo aviso, sabe onde moro.
Está ao meu lado todo o tempo,
porque os nossos pensamentos se cruzam.
Este poema é para mim o que é para ele,
como tal, também é meu e dele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

(...)Não consigo esperar... "esperar" deriva da palavra "esperança" por isso não consigo esperar. Para esperar é preciso ter esperança e eu espero sem esperança... e quem assim faz só lhe traz ansiedade e frustração... é melhor desistir dessa esperança que é mau caminho... se calhar em vez de esperar vou actuar... ou representar, porque o ser humano e a vida dele passa-se num teatro: com luzes, sons, reacções e quantidade do público... bem, se calhar vou escrever, pois escrevo desprezando os outros e nos meus textos sou intocável e assim não terei de sofrer... e não espero.(...)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Meu Corpo, Minha Alma, Minha Vida... - escrito pelo pensamento emocional

Dói-me o corpo todo,
dor berrante das células
que não chegam a acordo...
As minhas pernas tremem de cansaço,
dezassete anos a caminhar
e já estou a dar outro passo.
Passeando de pensamento vadio
de alma profundamente a balançar
entre a esperança do futuro imprevisível,
entre a lembrança do passado irreversível,
é assim que vivo o presente.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Viemos Viver E Vamos A Recordar

17 anos e um livro de mil e uma páginas,
lá vão anos de risos e lágrimas.
Uma longa caminhada,
onde pomos pedras na nossa calçada.
As pessoas que marcam um pedaço da nossa história,
os muitos lugares que estivemos
e que agora só existem na nossa memória.
Criança... quem se lembra de ser criança?
Tínhamos tudo, não precisávamos de esperança...
Somos livros onde escrevemos sentimentos.
Cada vida é uma rosa,
com picos que fazem aos outros dor
e com pétalas lindíssimas
com cheiro incansável... o amor.
A caule crescerá até o coração deixar de bater,
por isso, os meus parabéns aos Irmãos Palma
por mais um ano de crescimento à vossa alma!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dúvida

Alguém me diga, alguém me responda...
Está a apertar-me o coração com a força de uma anaconda.
Não encontro resposta, não quero saber,
poderá, pior que a tortuosa pergunta, fazer-me sofrer.
A curiosidade é pior,
sempre que pergunto o silêncio instala-se na sala,
enquanto na minha cabeça o fantasma não se cala.
Se calhar ficar-me pela ignorância será melhor...