A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O meu papel é livre,
nunca carimbado,
nunca categorizado,
não escrevo para leitores,
muito menos servirá
como papel higiénico
para ser despejada
por palavras vazias
da pseudo-intelectualidade,
sou alma marcada
dos ignorantes sobreviventes
da realidade, ilusionistas
dos intelectuais.

Sou demasiado real,
e ao sê-lo sou sonhador
por necessidade,
cada vez mais aparte
da sociedade,
universalmente só
na escrita pessoal,
por isso,
pessoalmente
não crio arte.

Não preciso de público,
preciso de viver para escrever
mas sou necessitado da escrita para viver,
porque sou um turista neste planeta
nascido para plantar
sementes em terra invisível.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Amo-te - Inversões

O nosso tempo está gasto.

Raspámos o valor
das nossas vozes em palavras vazias
desvanecidas por actos sem significados.

Nunca um "amo-te" teve tanto eco,
vagueando sem destino,
cego, esbatendo em paredes cruéis,
desaparecendo sem ser absorvido.

Somos dois estranhos na mesma cama,
gritando como crianças à procura de atenção,
usando esses mesmos gritos para preencher
os silêncios ocultos nas esperas escondidas
entre olhares desiludidos.

"Amo-te",
promessa de uma vida inteira
vivida num curto espaço de tempo,
um orgasmo fascinante e desejado
até ser para deixar de ser
passando a ser uma mera coisa
sem nome que passou...

"Amo-te",
a mais bela princesa de sempre
tornada na maior prostituta gratuita decadente.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sonho-te,
quase te tornas real
quando estás perto de mim,
quando me falas,
e o céu parece iluminar-se
e o frio deixa de ser frio...
e sonhos tornam-se certezas.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O céu voa
enquanto passeio pelo teu corpo.
Tamanha felicidade
é absurda demais para caber na realidade
porque quanto mais te beijo
mais te desejo, mais te quero,
mais te venero.

Rapaz dos Olhos Grandes

Rapaz dos olhos grandes,
que vive o que vê,
questiona o que viu
e imagina o que há-de ver.

Rapaz dos olhos grandes,
o esquerdo vive da realidade,
o direito de sonhos
e nenhum deles faz mais
do que ver e olhar.

Rapaz dos olhos grandes,
de cabeça pesada
ou arrastada no chão
quando caída para a frente
e sofre do que é real
ou fica pendurada para trás
olhando para o céu
e o sonhos são sonhados,
sonhados, sonhados
porque os astros são inalcançáveis.
Furamos o chão da Terra com o impacto da queda, trespassando-a. Até chegarmos ao outro lado do planeta uma vida inteira passa mas no final apercebemos de que matéria somos feitos ao chegarmos ao céu do outro lado e às suas estrelas. As mesmas estrelas que já estavam do nosso lado do planeta e que muitas vezes esquecemos de acender as suas luzes, porque são necessárias em tempo de escuridão total.
No final, meu irmão, esses pontos luminosos no céu que nos são desconhecidos é que estiveram sempre lá a testemunhar quantas pegadas deixámos. Se as esquecermos então a Humanidade não tem razão de existir porque não há sonhos nem esperanças pois o mundo tornou-se tão escuro que nem dá para inventar uma realidade imaginária. Sem sonhos somos cadáveres a pisar o chão à espera de cair numa cova.

domingo, 25 de novembro de 2012


As minhas palavras
esconderam-se nos teus lábios.
Sim, roubaste-me as palavras
ao dares a entender que me amas.
Não tenho nada a dizer,
senão satisfazer este desejo
intenso de roubar-te um beijo.

sábado, 24 de novembro de 2012

O ser humano é feito de sonhos,
eu sou feito de ti, o meu completa-se com o teu,
duas metades geram um sonho inteiro e completo.

Paixão Vazia XII

Paixão vazia,
sem correspondência,
vazia como cadáveres
cujos olhos se movem
à procura de um lugar para ficar.

Paixão Vazia XI

Brincas com palavras
sem te aperceberes
serem tintas atiradas 
para a tela que eu sou.

Tento resistir
mas são tantas camadas
a romperem os meus tecidos.

São buracos preenchidos pela escrita,
são universos sem planetas, estrelas
ou astros, completamente vazios,
até se tornarem em poesia.

E os mortos vivem felizes.

Paixão Vazia X

És um holograma
de duas faces contrárias
mas ambas irreais.

Não faço ideia
para que lado olhar,
ofereces-me vários lugares
mas impedes-me de sentar.

Não sei se é o teu coração,
se faz parte da tua alma
ou se é para colecção
esta bola de espelho
onde me enfiaste.

É confuso,
porque o chão é o tecto
e o tecto é o chão,
mas quando estou certo
perco a razão,
porque significados
tornam-se antónimos
e antónimos significados.

São as tuas palavras
a provocarem-me dano...
ou alegria... já nem sei...


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sou psicopata sendo.tu a minha doença,
fico retardado com a tua presença,
sou perseguido pela tua ausência
ficando sem razão para minha existência.

Quando tu não apareces não sei para onde vou,
quando tu me esqueces não faço ideia quem sou,
quando tu me falas não sei o que dizer
porque quando tu te aproximas quero é fazer.

Os Teus Beijos

Os teus beijos são como água
em tempo de seca,
são o regresso de Jesus
quando simbolizado pelo amor,
são a perfeição da luz natural
impossível de ser recriada pelo mundo industrial,
são o início do meu Universo
por me sentir o Big Bang ,
são a fonte e origem de algo
inexplicável até no mundo paranormal,
são um sentimento mais forte que o amor
tornam a tristeza numa piada
e roubam o fundamento ao ódio.
Dos teus beijos inventaram a palavra "magia",
deles fizeram bebés serem paridos de sorriso na cara,
os teus beijos são a minha filosofia de vida.

Parabéns, mais um poema para ti.
Sinto-me andar sem pernas,
sinto-me ver sem olhos,
sinto-me tocar sem o fazer,
sinto-me ouvir sem ouvidos,
sinto-me cheirar sem nariz,
sinto-me assim,
sinto-me feliz.

Paixão Vazia IX

Quando penso em ti penso em mim,
penso porque não estás aqui
e que factor é esse que afugenta o amor.

Quando penso em ti o planeta arrepia-se,
os espelhos deixam de mostrar a realidade
e os vidros transparentes tornam-se mentirosos.

Quando penso em ti a Ciência falha,
a religião deixa de religar
e a filosofia não se encaixa.

Quando penso em ti não há somas nem totalidades,
o Futuro sonhado é sempre Futuro sem Presente
e a Vida uma mera coincidência sem causa.

Mas tudo isto é falso
porque quando penso em ti,
penso em nós,
a perfeição da realidade,
e o equilíbrio instala-se em todos os temas
ficando feliz mesmo sem ter escrito poemas.

Paixão Vazia VIII

Sabe a muito o pouco dado de ti,
não sei o que vês quando me olhas,
ou se realmente olhaste,
porque acho sinceramente que não viste
pois não achei nada no teu olhar,
deve ser tudo esse nada que me tens dado,
um nada onde me iludo para me sentir realizado.

Nem sei se sou louco ou apaixonado
ou se sou loucamente apaixonado,
ou se este poeta escreve num papel exagerado,
porque pego nesse teu nada
e crio algo que nunca foi real.

Aqui posso escrever que te amo,
na realidade não o posso dizer
porque não se ama quem não nos ama,
mas aqui, aqui,
sou deus todo-poderoso
criador do meu mundo,
com verdade ampliada,
por isso escrevo-te amar
porque no meio desse teu nada
há algo ínfimo, afinal,
onde me posso agarrar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Paixão Vazia VII

Espero por ti no gelar da noite
na estação de uma paixão,
esperançoso de te ver sair
no comboio seguinte,
procurando nas janelas
a tua magia e essência
mas os comboios passam sem parar.

Quando parecem travar
os meus olhos brilham mais que a lua cheia
e o meu coração bate por três
ao imaginar que sairás para ficar,
para me beijar.

Passam noites e dias,
passo fome à tua espera,
morrendo por cada comboio que vai
e ressuscitando por cada comboio que vem.

Não consigo sequer pensar
que nunca hás-de chegar,
sei que hás-de vir,
sei... tenho a certeza...
e que eu hei-de sorrir.

Se não houver eternidade no amor
então que perdure na dor
o que eu nunca fui para ti,
mas talvez seja eu a embarcar
num desses comboios que passam
para absorver outro luar...

Paixão Vazia VI

Morro diante dos teus olhos,
dissolvendo-me em lágrimas,
afluindo-me nos esgotos
conspurcados da cidade,
espreitando secretamente nas sarjetas
à procura dos teus passos,
vagueando entre torneiras
na esperança de te tocar...
estagnado nas poças
para me evaporar
e me tornar em nuvem
para melhor te encontrar,
ou que seja eu chuva
e me precipite nas pessoas
na sorte de te apanhar...
estou transformado em água,
mergulhado no seu ciclo sem fim...
já não estou em mim,
já não estou em mim...

Paixão e Poesia

Tu és matéria física da Poesia
e eu sou teu poema.

Deixa-me traduzir-te.
Os teus beijos são palavras escritas,
o teu olhar é minha essência,
a tua voz ecoa nas entre-linhas
e o seu tom soa nas curvas das letras.

Teu poema sou,
vagabundo dos teus cabelos,
nas tuas curvas conto histórias sonhadas
mas os teus silêncios tornam-me inacabado.

Sou uma planta afectada pelo tempo, - tu.
Sou uma folha de Primavera ao sabor do vento, - tu.
Sou um papel em branco ansioso pelas tuas palavras,
tu, recheio da minha paixão.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Por não estares comigo e o amor ser cego, sou um cego no meio da escuridão.

Há Dias Assim

Há dias assim,
em que o vento passa-me ao lado,
indiferente como um desconhecido,
em que a chuva rebaixa os meus olhos
limitando os meus sentidos,
em que os prédios não me vêem andar
porque os meus pensamentos
vagueiam para o lado oposto
à direcção das minhas pernas.

Há dias assim,
em que o teu abraço é a minha angústia,
o teu beijo a minha frustração
e o teu toque a minha saudade,
ou antes a ausência de tudo isto
que me faz pensar na inexistência das coisas.

Há dias assim,
tão assim-assim,
cheios de respostas ilusórias
para perguntas irreais,
porque a realidade é feita
de sonhos e desejos,
o meu é estar contigo,
mas não estou,
desencaixando-me do real,
por isso há dias assim,
desinteressantes
e incompletos,
tão assim-assim
que mais valia
nem existir...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Marinheiro ao Luar

Passo os dias à espera da noite
para te ver, para te absorver, minha lua,
para que os meus olhos reflictam o teu luar.

Branca a tua luz que me ilumina a alma
completando a noite, e, quando não surges,
no dia seguinte o sol inquieta-me
e os meus sonhos se desabam
como castelos de cartas
por não alcançarem o teu céu.

Escuros são os dias
quando as noites também o são,
como se a noite não acabasse
até sentir a tua existência,
vagueando no oceano
à procura do teu rasto,
sem haver outra imagem
que me interesse.

Minha Lua,
por não te conseguir alcançar
beijo o teu reflexo na água,
mas depressa se desfaz ao tocar-lhe
e os meus desejos desfazem-se também.

Canso-me ao aportar,
porque o meu povo chama-me louco
mas loucos são os que não amam,
dizem que eu nunca trarei nada,
não sabem eles que nos longínquos mares
conquisto asas para voar e pousar
os meus olhos na fonte do teu brilho.


Torná-mo-nos infalíveis, meu irmão,
a nossa amizade está acima de todas as outras,
a nós não nos atinge o tempo dos anos.
Somos feitos mais do que matéria,
ultrapassámos a dimensão do espaço,
é algo maior que as nossas memórias juntos,
matematicamente perfeito, não tem fim,
é infinito, é imortal, já era eterno antes de existir.

A nossa amizade torna-se maior a cada segundo,
o bem e o mal neste mundo torna-a mais forte,
mesmo que a morte isole um de nós,
meu irmão, continuamos a existir,
porque nos sabemos decor.

Estou longe de conseguir
escrever a nossa amizade,
mas não fomos feitos pelas palavras.
Ninguém sabe o que quero dizer,
só tu sabes do que estou a falar.

São os nossos silêncios.

Falho em querer explicar
a nossa amizade,
mas não há poesia que aguente.

Mano, fomos inventados
para sermos melhores amigos,
tão certo como o que já vivi.
Vagueio sem me mover,
toco sem usar as mãos,
vejo sem focar,
o mundo encaixou-se,
estou feliz,
a minha realidade é outra,
é um sonho realizado.

domingo, 18 de novembro de 2012

Pinturas Deambulantes

Para o inferno com o mundo!
Se eu estou em queda
então que penetre profundo no chão!

Hoje vou-me injectar
até ter mais buracos
do que células na pele,
até ter mais branca
do que sangue nas veias.

Vou snifar tanto
até começar a tossir pó branco.

Vou devorar tantas lâminas
até o meu corpo
se transformar num quadro de Picasso,
até me tornar mais desmontável
que bonecos de brincar.

Tornei-me inatingível,
infalível, impossível,
inalcançável e aplausível
porque a minha alma
saltou duma ponte
e caiu no céu
espalmando-se até ao horizonte.

Hoje a dieta deste poeta
é à base cogumelos alucinogénicos
com direito aos genéricos
por causa da penúria
que não me afecta
mas é preferível
ver gente inexistente a morrer
como uma criança
colada à televisão
às sete da manhã.

Estou cheio de coágulos
na ponta da língua,
de acordo com os meus cálculos
ela é uma pista de rally ambígua.

O meu corpo é um armazém
crente e fiel às mentiras de ninguém.

Uma garrafa fumou-me
e sugou-me até me tornar seco
como chão árido.

Passa-me esse ácido
que o mundo está demasiado doce
além disso estou muito ávido
desde das doze horas e há doze
horas que espero desesperado
por isso preciso de mentiras sem demoras.

Este planeta tornou-se tão imperfeito
que rejeito a minha alma a preceito,
preciso de drogas e ilusões
enquanto entram-me verdades gritadas
pelo ouvidos a dentro
mas isso são só alusões
de contos de fadas
onde eu nunca estou no centro
e se não estou centrado na minha vida
porque raio continuo vivo?

Mas a minha alma foi parida
para escrever sem objectivo,
maldita a hora que vim
parar à desgraça sem fim.

Ainda por cima vejo
demasiadamente bem,
tornei-me mestre profissional
mas não há ninguém
com escola igual
para que possa ser rival
na luta contra o mal,
por isso hoje traio-me
e esfaqueio-me
mas não me contraio
porque se a morte veio-me
buscar eu morrerei de pé
como uma estátua,
estava a brincar,
se a morte vier eu mato-a!

Eu vou sugá-la com uma palhinha
até me transformar nela,
ela infiltrar-se-à no meu corpo
mas sentir-se-à numa cela
até se sentir um aborto
mal resolvido,
rir-me-ei tanto
até os meus pulmões rebentarem
porque sou o esplendor vencido
que nem todos os vencedores juntos
compensam tamanha derrota.

Destranco e abro mais uma porta
e deparo-me com conjuntos de pessoas
mas não há quem seja especial
especialmente única, ímpar e tal,
são cérebros feitos de broas,
o meu está guardado numa sanita usada,
numa casa-de-banho pública
onde ninguém mete lá a pata.

A minha cabeça oca tornou-se cinzeiro
para se despejar pessoas cremadas,
esquecidas, não reclamadas,
mas ninguém é certeiro
por isso ando a cheirar cinzas dos mortos,
rodeado de fantasmas
a berrarem-me na cara
sobre problemas que ninguém solucionara.

Estive em todos os lugares abstractos
do planeta e da Humanidade
agora os meus olhos estão fartos,
cheguei ao fim do meu mundo,
acordo agora para viver a realidade.

Realidade Falível

Vê como o mundo gira!
Tudo muito bem encaixadinho.
Roldanas, pregos e porcas,
dinheiro a entrar pelo cu
e merda a sair pela boca,
este é o novo instrumento
parido pelas mães dos homens.
Até há o sistema de cordas
para quem não aguenta,
tenta-se suicidar mas só tenta,
hesita, volta-se para trás, acorda
ao descobrir a razão da falta de paz.
Abre a caça e a reza à morte
para esses filhos-da-puta,
surge muita gente que não entende
por desconhecerem o sofrimento
que torna o pensamento de viver absurdo,
que torna um mortal surdo, cego e mudo.
Loucos são os que não querem morrer.
Loucos são os que querem viver,
e cala-me essa mente prostituta
porque a vossa sociedade
mentiu ao ditar regras e princípios
que a minha vida furtou e furta
por ser prova contrária
a essa coisa chamada verdade.
Mas depois dizem que é natural
porque eu sofri tanto mal
que consegui tornar-me especial,
mas eu escolhi ser,
podia ter-me tornado
num psicopata desgraçado
da infância até ser adolescente,
mas fui demasiado real
para caber na vossa ilusão,
foi assim que me tornei inteligente
no ceio da minha solidão,
vocês sabem desse segredo
por isso é que têm medo da escuridão,
quando não conseguem ver,
sentem os sentidos a falhar
e a realidade deixa de ter sentido
surgindo a vontade de morrer,
mas não se podem matar
porque nunca chegaram a viver,
ninguém vive realmente sem ser
livre de ser e estar.

sábado, 17 de novembro de 2012

Paixão Vazia V

Sudoku insolúvel
com números desencaixados,
quadros brancos
inconstantes e deformados
de números descontextualizados,
pontas soltas, arestas penduradas
e abertas a baloiçar no ar.

Já não é sudoku,
é algo desfuncional sem nome.
Mártir do nada
em nome de tudo
lutando na realidade anti-fada
num mundo surdo
por causa do barulho.

Paixão Vazia IV

Fujo de ti
mas o planeta é redondo
e volto ao mesmo sítio.

Acontece o mesmo com o meu cérebro,
um labirinto onde dás voltas e voltas
e não me sais da cabeça.

Espero que estejas feliz
a passear pela minha cabeça,
não queres passear também
pelo meu corpo? Porque eu passeio
pelo teu mas é só com o olhar.

Está complicado,
esta matemática não me serve,
é totalmente lógica mas não me faz sentido,
é um complexo prisional
para actividades paranormais
onde é proibido viver a realidade,
preso aos sonhos, à imaginação,
ao desejo insatisfeito,
e nem sequer tenho direito
a viver em ilusão.
Que vivo eu então?

Paixão Vazia III

Puxo conversa
e puxo mais uma paça,
o tempo passa
e eu morro
porque fumei.
Mas fumei,
morri a fumar,
é a única certeza
que vivi.

Conversar contigo
é acreditar em teorias
que se desfazem
quando eu existo,
e quando eu existo
tu não existes,
e anseio a tua existência,
mas se tu existires
eu não existo.

Eu sonho
e tu vives,
tu acordas,
eu não durmo,
tu pensas antes de fazer,
eu só penso
porque a realidade
não me atrai
porque não te atraio.

O planeta é uma roda
cheia de buracos impalpáveis
que supostamente roda
apoiada em verdades inalcançáveis.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A Casa Da Misericórdia

Diz-me tu o que não é ilusão...
quando as marcas estão em chão abstracto
dissolvido num filho parido morto,
que outrora significara tudo,
sorrisos e esperanças,
sonhos e promessas,
mas a morte foi dada à luz
e o amor foi dispersado...
amor, outrora era tudo,
agora traição e o nada vazio...

vazio como a casa que assim se tornou pelo amor dispersado,
como tinta atirada de um balde para uma tela,
passando a ser um quadro...
um mero acessório de uma casa abandonada
onde toxicodependentes vão-se drogar
desprezando totalmente a ferida dos iludidos...

não há porta e a prostituição é constante,
e dormem lá os oprimidos das chuvas e dos frios...

é a casa dos cantos,
onde desgraçados se encostam
sobreviventes à morte que o desprezo causa,
abraçados pelo mundo só, fugitivos da socialização,
re-criadores no silêncio de uma vida vazia
e de memórias que os matam lentamente...

esta é a casa de ninguém,
onde os humanos que não existem
são repousados à espera do fim,
todos os vividos de uma vida feliz
tornada irreal, por agora ser nada,
como se a morte fosse tão desumana
ao ponto de deixá-los vivos...

cemitério, esta casa cheia de pessoas vazias
que não têm palavras para falar sobre o nada que são,
sobre o "em vão" que são as funções das coisas,
os nomes das coisas e as suas consequências...

a casa dos invisíveis,
onde as verdades afinal são mentiras
e o tempo não é tempo...
e a importância afinal não é importante...
e os desejos não se desejam....
e os sonhos não são sonhados...

não é mansão, só três divisões
estão intactas cobertas por um telhado meio,
e uma escadaria destruída que leva
os alucinados às estrelas
- por causa das alucinações
da fome e das drogas alucinogénas
e também porque depois do último degrau
está um precipício comedor de cadáveres caídos -

casa das luzes desligadas,
cova humilde e confortável para quem a Humanidade se desligou,
para quem o brilho do olhar é um pavio queimado,
para os pés das pedras gastas e para fósforos usados...

mas vieram cá os homens da gravata
penhorar o símbolo da casa,
o único símbolo que os tornava reais,
a única arte que os representava:
o quadro cuja a tinta era sangue...

É o fim.
Não há forma de vida,
a morte nada tem a fazer aqui.

A casa torna-se oca, sem esperança,
pelas mãos dos que estão à margem da Humanidade:
os cabrões dos capitalistas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Rugir de Um Leão Magoado

Bebo as minhas lágrimas, bêbado e com a besana sozinha...

a chorar tudo
sem saber se o rugir
é mudo ou eu é que estou surdo...
não sei como reagir
entre a realidade e a ilusão
com este desejo incontrolável
que me deturpa a interpretação...
ferida de leão inconsulável,
velha como as prostitutas,
sem brilho e domesticado
com dentes servos de frutas...
sem carne,
mais uma tarde esfomeado,
chora leão a rugir desafinado
afastando sem afugentar
os outros animais,
sem conseguir um lugar
ao lado dos seus demais...
deveria ser natural
mas desde que conheci humanos
tenho-me sentido mal,
alérgico a estes seres estranhos...
brincam com o meu coração,
quando estou quase morto
usam as pás da ressuscitação,
maldita morte, tornou-se um aborto...
para seu belo prazer
cortam as minhas garras,
é a minha honra a desaparecer
para ser o palhaço das suas fanfarras...
leão ruge mansinho
preso entre quatro grades,
rodeado de risos, sozinho
como a quinta carta entre quatro ases...
chora como um vadio
interpretado como um louco
a morrer de tanto frio
que o seu pêlo parece pouco...
chamam-lhe belo quando chora,
não há seriedade neste planeta,
isto é uma grande peta,
eu vou mas é embora...
qual realidade qual ilusão,
a mim não me põem mais a mão
no meu coração,isto sim é que é verdade.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

São dias sem significado
nestas noites suicidas
e nas manhãs da ressurreição...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Paixão - Transformação Real

Não sei se é ilusão,
o desejo de te ter
deturpa-me a visão,
não faço ideia do que estou a ver,
se é que realmente vejo,
mas tu iludes-me com a tua sedução...
espelho meu espelho meu,
que vejo eu?
É isto real
ou um desejo faminto?
Mas parece que eu apareço na tua vida
sem apreço ou é o peso uma medida
leve por ser amor ou pesada por ser amor?
Estás realmente aqui?
Ou tudo é significado bipolar?
Diz-me o que diz o teu olhar?
É real ou estarei a sonhar?
Maldita ignorância que passa fome...

Paixão e Magia

Porra. Não acredito que o Amor seja utópico,
amor é sacrifício dos nossos defeitos
em nome da nossa felicidade.
Também não digo que sejamos sempre felizes
até porque a felicidade não é habitual
e nunca se habitua porque onde há conquistas
há novos sonhos e objectivos
mas também há momentos incomparáveis
que nos torna praticamente inseparáveis.
Amor é dar e receber a dois
cuja perfeição é o equilíbrio,
mas e depois?
Quando a perfeição se torna rotina?
Há paixão?
Paixão apaixonada e apaixonante
é olhar e ao olhar sentirmo-nos arrepiados
com o desejo de beijar e tocar,
tornar real o desejo de amar.
Acredito na magia da Vida,
caso contrário como viemos aqui parar?
Quer dizer,
sou filho de um casamento falhado,
vítima da sua guerra traumática,
mas o trauma tornou-me amor de vida renovado
porque sei a fórmula matemática
de problemas solucionados por uma alma apática.

Magia, a minha palavra de eleição,
porque sou ignorante ao acreditar desde a minha infância
mas ainda mais sábio pela consciência da minha ignorância,
para tudo aquilo que a ciência não tem explicação
e admira-se.
Se não houvesse magia como poderia eu vencer o sofrimento?
Foi ela que me salvou no momento em que senti o fim do meu tempo.
Paixão é amar magicamente..
Seja a tua vontade satisfeita,
mais que palavras, silêncios
que só nós sabemos interpretar,
mais que eu e tu, só nós,
nós, mais que sonhos,
maior que o Universo,
mais longe que as estrelas,
perto de cada um,
nós, a resposta sem pergunta,
sem contradição, sem dúvida,
sem questão...
tu e eu, nós,
re-inventemos a Humanidade
e chamemo-la a Paixão.

domingo, 11 de novembro de 2012

Quero sorrir com o teu sorriso
e brilhar com os teus olhos...
quero me libertar do mundo,
deixa-me ser homem...
quero que as nossas almas se libertem
como a descolagem das aves...
quero me perder contigo
e encontrar o ponto paradisíaco
e inventar o amor...
quero ser mais que ser humano,
quero estar contigo...
re-inventa-me com os teus beijos,
desenha-me com o teu olhar...
vem comigo, confia em mim,
vamos ser eternos e infinitos...

sábado, 10 de novembro de 2012

O meu mundo desfaz-se nas minhas mãos
como fosse areia seca, e durante a sua queda
transforma-se em água...
tento, tento agarrá-lo mas ao chegar ao chão evapora-se,
formando uma nuvem que o vento levou...
Enquanto o mundo à minha volta se despedaça...
Sou infinito como o vento que passa,
que vai passando suavemente pela face
numa viagem de ida, infinito como a sua voz
que mantém quieta e tranquila no ouvido
como se o vento não se movesse.
Sou uma sombra de dia
e uma luz durante a noite,
sou um retracto de uma ilusão
de uma vida penetrada por problemas.
Se o mundo fosse perfeito eu seria o imperfeito
mas como o mundo é imperfeito eu sou perfeito,
uma perfeita merda ambulante com duas pernas
que não sabe andar, mas mesmo que soubesse
não haveria chão que conseguisse pisar.
É verdade, sou um falhado,
tão falhado que nem consigo ser o falhado,
sou apenas um.
Com certeza que devo ter nascido
em quarenta e dois bebés mortos à nascença
antes de ser obrigado a estar vivo nesta vida.
Na verdade tudo começa com "f":
Francisco fracasso falhado.
O que vale é que gozo com as minhas tristezas
e que acho que isto é tudo irónico

Paixão Vazia II

O mundo continua a rodar
mas eu não sinto diferença
porque tento fugir de quem sou,
e não sei para onde vou,
não sei o que é a realidade,
estou perdido e confuso,
nem sei se eu próprio sou real
ou sou uma miragem de um pesadelo...
o mundo está a girar
e os meus olhos rodam também
à procura de um esconderijo,
de uma cama, de um lar...
mas não encontro o teu coração,
por tua causa só vivo de sonhos
esquecidos ao voltar a viver...
dá-me um beijo de despedida,
ressuscita-me, perdi as chaves da razão
e só tu é que sabes o código para acalmar a emoção...
só tu é que guardas a fórmula do meu sorriso,
tu és o porquê da existência,
deixa-me voltar à origem de tudo...
Por quem espetamos a pá na terra?
Para quem escavamos a cova?
Fomos nós que fizemos as nossas próprias escolhas
ou foi a terra onde nascemos?
Se é nossa por direito, porque sofremos?
Porque somos paridos pelo sofrimento
como se fôssemos nós a esperança?
Ou somos antes a raiva incompreendida
da dor que os nossos pais carregam?
O que nos move para uma guerra civil,
para uma revolução? É o sacrifício do corpo
por uma certeza que antes de ser já é um direito
mais que humano, instinto? Que a Natureza assinou
quando se criou? Quem vai vencer?
Quem é que se vai rir senão os psicopatas
que nadarão num mar de notas
que mais tarde será sangue
e as chamas da raiva e do ódio da Humanidade?
Uma criança chora lágrimas límpidas sobre a pele suja,
de quem é a culpa?
Somos animais domesticados da esperança?
O que somos?
Somos ou tornámo-nos?
Porquê?

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Alma Rota

É verdade, sou um gajo muito violento,
a minha alma dá cabeçadas nas paredes do meu corpo
na tentativa de sair para voar pela liberdade
e arranha o peito até estar em carne viva desesperadamente
à procura de perceber se ela própria é a real...
a minha alma é maior que o meu corpo,
não cabe em mim, está a sufocar,
mesmo assim foi forçada a viver
como o meu corpo foi ao ser parido...
ando na rua a passear a minha dor
enquanto a minha dor passeia um exército
esquecido que trouxe com a sua morte
vitórias e conquistas agora destruídas,
sou feito de sorrisos que vão e não voltam
e a minha alma foi tecida por buracos
que de quando em quando se revoltam
contra o vento que os trespassam
como se eles e eu fôssemos invisíveis,
inexistentes... buracos cheios de dor,
ainda assim vazios porque ninguém
consegue tocar-lhes como se fosse água...
buracos cheios de desejos intocáveis,
irrealizáveis, os sonhos são a única realidade
que me vão abanando suavemente,
como se eu fosse bebé e filho de crianças loucas
frustradas e castrados por não terem sonhos com que viver...

sou uma faca sem lâmina mas refaço-me...
todas as manhãs renasço e ressuscito,
cada poema destes é uma ressurreição
da minha felicidade e o símbolo máximo da esperança
que durante o meu silêncio recito
com palavras sempre diferentes e passageiras.
Cresço rápido, ao final da noite sei todos os segredos
do Universo, da Humanidade e da Vida
mas quando acordo esqueço e não sei de nada,
nem faço ideia que esta cama é minha,
como se tivesse sido parido com esta idade
sem saber nunca o que é que se avizinha...


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dá-me tu palavras para dizer e reflectir,
pois já não sei o que pensar,
nem o que fazer, não sei o porquê da vida
nem o porquê do teu sorriso...
não sei de mim, porque não me pegas,
porque não me agarras nem me amparas...
não conto com sonhos porque não entendo a tua realidade,
nem com nada de nada porque tudo se tornou desinteressante,
até a minha sombra, e os espelhos sós...
escrevo por escrever,
só queria respirar o teu cheiro,
só de imaginá-lo quase que o agarro,
quase que se materializa,
quase que se vê e ganha a tua forma,
e eu quase que me sinto feliz,
e a minha vida roda de quase em quase,
como chão que não sei se é chão se é tecto,
se é buraco, um poço, uma entrada...
não sei o que é, nem sei é real,
se existe ou se vou acordar...

Paixão Vazia - Rotinas Inconstantes

Procuro palavras mas não as consigo dizer,
e sem saber quase que sinto prever
a tua reacção ou o meu medo de ser
negado pelo teu coração.
E continuo a contar dias iguais, desprezando-os,
prezando só os tão poucos segundos
em que se encontram os nossos mundos.
Tudo o resto é resto, essas horas todas
só sei pensar e sonhar como as histórias
que começam com "era uma vez"
e acabam "felizes para sempre".
Pulo no tempo só para te voltar a ver
mas sempre que aterro caio numa fina poça de lama
que se torna em lama movediça, instável,
sugando-me e sufocando-me em dúvidas e questões,
e fico sem perceber o que é Passado,
por não entendê-lo não encontro Futuro
nem sei reagir ao Presente.

Paixão Vazia

Fico sentado na areia, de frente para o mar,
a olhar para o horizonte impossível de tocar
como a tua pele, o teu cabelo, o teu olhar.
Olho à minha volta e vejo a Natureza no seu esplendor,
tenho comigo toda a calma de espírito
como se não existisse nem fim nem tempo,
mas não sinto a dimensão do espaço
por que não te tenho ao meu lado,
como se eu não existisse...

E tudo se torna relativo, tudo se torna irrelevante,
porque o planeta gira como uma curva sem fim
que vai ditando o tempo infinito
de todos os que vão sem mim...
e não voltam, não voltam
porque não se importam...
sou uma cascata em permanente queda
cuja água não encontra lugar para pousar e repousar,
e vou caindo desfeito pelo universo
desligando as estrelas do céu...
e acordo.
E volto a viver.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Assim Se Foi

Os olhos que me viram não me olharam,
passaram ao lado como quem vai num comboio
cuja curiosidade do olhar aguça numa pradaria que passa
e não volta, nem nos olhos nem pelo que deles são feitos
- os desejos de olhar como quem sente o seu real espaço,
(infelizmente o meu não padece em lugar nenhum da matéria e essência do teu corpo) -
só me resta saber que existo, ou se não existo acreditar que sim,
e viver o que a vida simboliza em questões de ser no olhar dos mortos.
Desprezas-me como quem despreza a própria respiração,
mas o ar continua à nossa volta, mesmo que não o vejamos,
e mais outra diferença entre mim e o ar é que ele não precisa do porquê,
porque já precisas dele. A minha ilusão é tão vazia como uma caixa de cartão inútil.
Desmamado da sua essência, sem que se renove até se renovar,
cujo o tempo (que tanto se diz curar) vai enferrujando-me
como um cano onde já não passa mais água.
Quero voar como um pássaro mas o oceano onde fui pescar
estava cheio de petróleo que eu achei ser paraíso,
afinal eram peixes mortos a boiar,
e eu, cujos olhos que tanto brilharam,
foram enganados pela realidade
e fiquei lá, entre os mortos e os cadáveres,
sem mais conseguir voar,
rendido pela suja realidade,
à espera de algo que nunca saberei o que é,
não sei se é esperança ou se é tortura,
mas o que há-de ser há-de ser,
os pássaros voarão e o sol nascerá.
Mas deixemos os olhos com a imaginação
e façamos nós a fé com as palavras
e a realidade através da acção.
Vou beber ice tea de manga num copo de whisky e apanhar uma besana fingida para fingir que estás aqui ao meu lado e que gostas de mim, vou adormecer agarrado aos lençóis macios e fingir que é a tua pele, vou dizer a mim mesmo as palavras que desejava sairem da tua boca, vou repeti-las tantas vezes até serem verdade, vou viver nesta puta de ilusão e a morte terá pena de mim. Digam que sou louco, deixem-me em paz que eu não quero saber da verdade nem da realidade, que se foda a existência, o certo e o errado, vivam vocês o que vos contaram que eu prefiro viver aquilo que desejo que a minha vida deveria ser. One love.