A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Poeta, o Francisco.

Dizem lá eles que escrevo bem,
como se escrevesse coisas do além.
Eles lá dizem que escrevo bem
no papel onde escrevo e continuo a ser ninguém.
Como se eu não existisse,
nesse medo que os outros têm de me falar,
como se as minhas palavras fizessem chorar.
Não, as palavras que escrevo não têm importância,
tem sim o porquê da sua fragância,
mas isso, lá parece escasso.
"Francisco, o Poeta" lá dizem eles...
e o resto é fracasso.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Animal e o Ser Humano Mortal

Antes fora tudo diferente,
antes, tinha tecto, carinho, comida...
Agora, num futuro imprevisível, tudo mudou,
por uma dona que foi bandida, que lhe tirou a vida.
Abandonou-o, deixou-o à mercê do seu próprio corpo,
ele, a cada dia que passava, a fome aumentava,
até que um dia tudo deu para o torto.
Ele não caçou por prazer mas sim para comer,
e por isso julgaram-no morto.
Não foi a injecção letal que o matou,
foram os que na desgraça o viram,
nada fizeram e tudo fingiram.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma Página Da Vida - Peluche

Estava na cama, dei por mim deitado de lado agarrado aos lençóis. Rapidamente viajei no tempo, num meu tempo em que, quando era pequeno o suficiente para caber numa cama de grades, dormia com um peluche do meu pequeno tamanho. O peluche não era mágico mas fazia magia... a magia de adormecer sem me lembrar. Aquele monte de pêlo superficial que ganhava vida à noite. Fazia-me festas sem se mexer e eu agarrava-me ao seu reconfortante conforto. No quentinho do ser que é vivo, na sua branca cor na escuridão, no sorriso do conforto e do amor... amor de uma criança que não se dava conta do tempo. Mas esse meu tão querido peluche desaparecera sem deixar rasto na história, alguém o levou e esse alguém não se deve ter lembrado o que é viver criança para me ter feito tal desilusão, para me ter roubado esse meu ser que em mim era ser.
Com este último pensamento voltei rapidamente ao tempo presente, num frio que me fazia tremer, numa escuridão que me arrepiava, num silêncio de morte... estava eu, na noite e na cama, abraçado a um lençol fino e frio, de olhos abertos e de olhos vazios, esperando algo, algo enchia a minha cama, menos de espaço e mais da outra dimensão... um isqueiro sem gás, gastando desenfreadamente a sua pedra, para ver a beleza da chama e sentir o seu calor... e uma das duas velas do meu quarto está acesa, a outra... ficara pelo caminho. Roubaram-me o sono, não tenho sono e se durmo é porque estou cansado.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Humildade

Um mito corre nas ruas,
fala-se por aí de uma lenda viva que vagueia na noite da cidade.
Dizem que tem muito boa personalidade.
Fala-se de uma esperança que nem esperança tem.
Dizem que mudou, muda e mudará.
Dizem que, como ele, no mundo, só existem cem.
Dizem que deve ser ouvido e respeitado.
Dão opiniões de boa pessoa e de bom grado.
Mas esse de que tanto se fala,
chama-se Humildade... e enfiou nele uma bala
com olhos de desgraça, sem Humanidade...
seco, como uma carcaça.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Insanidade Mental Dos Julgamentos

Esse ser humano, o cúmulo dos comuns, atira pedras contra mim, eu, amarrado a um marco no meio da praça, sem conseguir largar-me da vergonha, olhado por todos os ignorantes que passam. Eu, no meu pesar de consciência em que estou amarrado, vejo nos outros espelhos das acções por mim praticadas. Insultado, desonrado, destroçado pela hipocrisia dos praticantes quotidianos. A minha consciência obriga-me a chorar arrependimentos e vergonhas mas nem por muito tempo isso acontece pois pedras são atiradas, doendo, não por dentro mas por fora, constantemente a maltratarem o meu corpo trazendo em mim ira sobre o mundo, apontando o dedo como se de uma pistola se tratasse e, de repente, vejo-me num cómico-trágico tiroteio de cowboys. Podia eu ter-me castigado sob o pior inferno de todos - a consciência - mas os outros reles, tão iguais a mim, tão terrestres e não santos, anseiam o poder de torturar os outros, de disparar opiniões da mais extrema ignorância e hipocrisia, falando como se grandes sábios fossem, como se ilesos ao pecado e à tentação fossem... então, já que criticam com tanta ciência e asas de anjo, porque estão cá!? É que asas... ao demónio também lhe serve e as possui.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Lugar Da Minha Alma

Esse deserto mirabulante,
onde caminho sozinho,
num mundo distante.
Onde estou seco,
ando à procura de água,
para que possa chorar
e afogar a minha mágua.
Olho à minha volta e só vejo areia,
quente, luto contra ela.
Corro corro corro,
gritando por socorro.
Deito-me e o sol queima a minha cara,
e uma tempestade de areia sufoca-me.
Atira-me para trás,
sinto-me a fraquejar,
já não sou capaz.
Puro ódio, grito perante essas pedras,
a batalhar por qualquer pódio.
Corre corre corre,
sobre as pedras que me dizem morre.
Sozinho, nesse cansaço que me consome,
com tantos dias que apanho com esta fome.
À minha semelhança, crio miragens,
confio fielmente mas são sempre desilusões de passagem.
Não consigo matar,
não tenho nada com que morrer,
é só areia por onde caminhar.
Tenho fome sede calor
não tenho liberdade para acabar com este sofrimento,
sinto-me preso abandonado num tormento
afogado numa dor.
Todos os dias são iguais,
não durmo, não posso adormecer
com esses perigos à espreita e os seus demais.
Louco, escavo a minha cova pouco a pouco,
essa criança, lá no fundo,
sem esperança, tornou-se num moribundo.
Esse é o meu mundo...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Crime Da Amizade

Estou farto de não ser ouvido,
porque não falo sem palavras
mas mesmo assim o meu amigo é bandido,
rouba-me a expressão de liberdade.
Onde está a amizade? Onde está a realidade?
Quando o maior crime do amigo é não ouvir
e ainda querem me ver a sorrir.
Mas, dessas atitudes eu não venero.
Querem o meu perdão e depois ser tratado como cão?
Desses esquemas não tolero.
Para fechar este poema acabarei com o real ditado:
"Antes sozinho do que mal acompanhado"...

Almofada

Conta-me uma história de fada
para me fazer adormecer, almofada.
Aconchega esta minha cabeça cansada.
Estás no meu mundo, no quarto,
onde choro, grito e digo que já estou farto.
Nesse meio vagabundo não reagiste,
não falaste, não exclamaste, não, nada.
Onde vagueio nesse pensamento
e tu não dizes, ouves e ficas calada.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Real Amizade

A honesta e real Amizade,
por mais longe que esteja do horizonte,
vai sempre mais longe que o infinito.
Não são precisas palavras, basta cumplicidade.
É o meu abraço quando choro,
é o meu abraço quando trago um sorriso,
não hesita, é sempre preciso,
basta um mínimo aviso, sabe onde moro.
Está ao meu lado todo o tempo,
porque os nossos pensamentos se cruzam.
Este poema é para mim o que é para ele,
como tal, também é meu e dele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

(...)Não consigo esperar... "esperar" deriva da palavra "esperança" por isso não consigo esperar. Para esperar é preciso ter esperança e eu espero sem esperança... e quem assim faz só lhe traz ansiedade e frustração... é melhor desistir dessa esperança que é mau caminho... se calhar em vez de esperar vou actuar... ou representar, porque o ser humano e a vida dele passa-se num teatro: com luzes, sons, reacções e quantidade do público... bem, se calhar vou escrever, pois escrevo desprezando os outros e nos meus textos sou intocável e assim não terei de sofrer... e não espero.(...)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Meu Corpo, Minha Alma, Minha Vida... - escrito pelo pensamento emocional

Dói-me o corpo todo,
dor berrante das células
que não chegam a acordo...
As minhas pernas tremem de cansaço,
dezassete anos a caminhar
e já estou a dar outro passo.
Passeando de pensamento vadio
de alma profundamente a balançar
entre a esperança do futuro imprevisível,
entre a lembrança do passado irreversível,
é assim que vivo o presente.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Viemos Viver E Vamos A Recordar

17 anos e um livro de mil e uma páginas,
lá vão anos de risos e lágrimas.
Uma longa caminhada,
onde pomos pedras na nossa calçada.
As pessoas que marcam um pedaço da nossa história,
os muitos lugares que estivemos
e que agora só existem na nossa memória.
Criança... quem se lembra de ser criança?
Tínhamos tudo, não precisávamos de esperança...
Somos livros onde escrevemos sentimentos.
Cada vida é uma rosa,
com picos que fazem aos outros dor
e com pétalas lindíssimas
com cheiro incansável... o amor.
A caule crescerá até o coração deixar de bater,
por isso, os meus parabéns aos Irmãos Palma
por mais um ano de crescimento à vossa alma!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dúvida

Alguém me diga, alguém me responda...
Está a apertar-me o coração com a força de uma anaconda.
Não encontro resposta, não quero saber,
poderá, pior que a tortuosa pergunta, fazer-me sofrer.
A curiosidade é pior,
sempre que pergunto o silêncio instala-se na sala,
enquanto na minha cabeça o fantasma não se cala.
Se calhar ficar-me pela ignorância será melhor...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Carta Ao Adolescente

(...) Nesta sociedade não se estranha o pensamento, estranha-se o sentimento conversado pela terceira pessoa.
Qualquer relação precisa de conversa aberta, mas este século é fechado por cujas pessoas desconhecem essa luz que fortalece laços, que nos descarga mas quando a vêem, vivem melhor, mais felizes e mais confortáveis.
Devemos experimentar o que o conservador nos nega, porque o conservador conserva-se com sal, congela-se, é um conservado numa lata escura e negra, distante da realidade, comprimida numa lata cheia de imagens comerciais, tão igual às outras latas, não se permitindo abrir. Ao conservador é substituido o seu coração e a sua alma por uma lata. Destruindo-se, porque vai contra a beleza da sua natureza, um bebé chamado ser humano. (...)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta ao omem (sem "h")

Regredimos enquanto o tempo avança,
porque preferes encher a pança a saber da nossa História,
não queres aprender com os erros que nos reservou a memória.
Somos a desilusão do revolucionário que se entregou às balas,
em nome da nossa liberdade de expressão fundamentada,
coisa que tu não sabes usar mas que tanto falas.
Quantas pessoas morreram por ti? Em nome de nada.
Reclamas sem inteligência com tanta frequência
que violam a tua vida como consequência.
A tua opinião, ovelha, é pré-comprada,
comentas no café sobre a notícia do telejornal
feita por alguém a quem foi comprada a moral.
Falas de corrupção!?
Quando foste tu que corrompeste a evolução humana.
Com essa atitude matas o futuro das crianças,
inocentes. Tu sim, devias ir de cana.
Devias ser fuzilado, torturado, roubado,
vandalizado, violado, calado, condenado, gozado,
mal-tratado, descriminado, incriminado
para perceberes o que é ser preso,
indefeso, trabalhar sol a sol e estar sempre teso,
andar na rua sem nunca estar ileso.
Milhões de pessoas crucificadas por injustiças
mas até à última pulsação sonharam por um futuro melhor.
E apareces tu, cheio de preguiças,
tu te espreguiças no chão de quem deixou sangue e dor,
brincas nos cemitérios de quem lutou,
sepulturas pisas com frases comerciais que tu frisas.
Quantos viram-se mortos sem razão,
e tu julgas sem fundamento na opinião.
Os lutadores morreram em nome da Humanidade
enquanto os seus netos são rebanhos na sua mentalidade

domingo, 21 de novembro de 2010

Eu (No Ponto De Vista Do Meu Mundo No Mundo De Todos)

:
(...)O que tu me dizes são meras caganeiras
as tuas críticas são espelho das tuas asneiras.
Mas enquanto falas das minhas atitudes,
só espero, no meio desse teu paleio, que também tu mudes
porque tu acusas-me na praça pública
e tu vendes essa tua imagem como se só houvesse a parte púdica.
Até porque, contra as marés das maiores violências eu luto,
não quero saber das razões das desistências,
num mundo inteligente onde a palavra de ordem é luto.
Onde se diz que se tinha o mesmo pensamento quando se era puto,
onde a minha luta não se fica só pelo que eu não curto.
Abrangendo sempre muito mais do que isso,
com toda a minha alma, cérebro e coração presto serviço.
Construo com nada mas quando acabo tenho tudo,
porque não me faço de cego, surdo nem mudo.
Espalho por todos o meu pensamento,
insisto atingindo o meu sentimento.
Sei que sopro contra o vento,
estupidamente sozinho,
mas continuo porque amanhã terei o meu vizinho.
Procuro ser e estar melhor,
não me esqueço do seu contra,
apesar da minha parte pior,
nunca deixo a minha mensagem na montra.
Contra o Matrix do jardim,
planto sementes sem fim à espera que descubram o real ruim.
Tenho consciência de que não sou perfeito,
contra os meus males, só eu posso erguer o peito.
Mas não sou comparável aos crimes que no trono são feitos,
eu paro,
e ponho o preço do sem querer do meu crime muito caro.(...)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Guerra ≠ Humanidade

O sol brilha sobre as jovens rosas,
o vento leva consigo o pólen das suas cores.
Ouve-se a ausência da pessoa,
as plantas dançam como lhes manda o maestro vento.
As almas tomam conta da beleza do acontecimento.

Agora o cenário é diferente,
as cinzas demonstram a destruição,
a guerra infértil, os bombardeamentos,
uma orquestra de tiros, gritos de dor,
desespero, tormentos.
Tantos alguéns abandonados,
muitos outros alguéns os tinham como amados.
E tudo isto para quê? Luta de interesses,
quem apoia na tv não está lá,
não sabe o que é lá estar
recebe dinheiro e poder por nos matar?
Os nossos antepassados,
se soubessem deste teatro destroçado,
teriam eles se suicidado
para não haver estes fracassados?
Não deveríamos pertencer todos à Humanidade?
Onde estão os que tanto falam em defesa de uma nação?
Soldado defende a paz criando guerras?
O político manda matar em nome da sua cidade?
Onde está a Constituição?
Onde se encaixa o povo com a sua opinião?
Isto não é a Humanidade pois não sinto o seu coração.
Se calhar porque já não bate
numa pele fria sobre um corpo doente
que só serve para o abate.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma Carta Depois Da Morte

Não tenhas receio,
larga esse sentimento feio.
Todo o humano tem direito a ser amado,
morrer sozinho é uma questão,
mas já reparaste que em toda a tua vida gente veio e foi?
Será que morres depois da morte?
Permanecerás nas mentes da salvaguarda
porque o mais difícil é o vivo não que suporta nada,
mas que viva com a tua ausência na almofada.
As lágrimas do sentimento e da memória
de não saber para onde foste mas ter fé?
E agora...? Como é...?
Tenho saudade de viver a nossa imensa história...

Só uma dezena de pessoas no teu funeral choraram
e o resto do mundo desconhece o teu nome,
mas que interessa esse reconhecimento?
A tua partida bateu forte aos que te amaram.
As coisas más esqueci,
só me recordo dos bons momentos que me lembro de ti.
Com passar do tempo és esquecido
para dar lugar a outro desse sentimento.
Vivemos, sofremos, morremos,
porquê tanto sofrimento?
Para aprendermos?
Ou simplesmente porque os humanos são causa de si mesmos?
Porque é que culpamos a vida?
Quando é ela que dá oportunidades
e a morte é que é bandida?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Espelho Da Realidade

Prudência,
oiçam esta audiência,
os mais desgraçados sabem a realidade,
mas esses foram para outra cidade,
enviados pelos polícias que controlam as minhas ruas,
enviados por selvagens que deram facadas nuas e cruas,
agora na prisão percebem que a vida não lhes dará mais nada.

Enquanto o povo é embalado por um canto de fada,
esperança aldrabada, uma tela sempre branca
pintada por palhaços que fazem o que lhes mandar a panca.
O cheiro do egoísmo de quem vejo a cama feita,
por causa desses, muitos tiveram a vida desfeita.
Por uma realidade mais que imperfeita
construída pela arte da manha,
sugam a minha vida para alimentar a sua banha.
Enchem à ignorância com acontecimentos
que não são do nosso país
mas afectam os nossos monumentos.
Ninguém percebe com doze horas de trabalho e doze de dormida,
os trabalhadores com falsas chupetas,
jovens que mamam dos seus pais as suas tetas.

Hoje é menos mau e amanhã será melhor,
ontem é que foi pior,
dizem no meio dos seus discursos,
enquanto pescam votos como ursos.
Vejo a minha gente querer fazer frente
mas são julgados pelo lugar do seu nascimento,
reclamando serem incriminados,
no início do julgamento são abafados.
Com falsas políticas e justiças,
o povo ignorante afoga-se nas suas preguiças,
os cirurgiões disfarçam com as suas pinças.
Agora, que sentiram um cheirinho da panela,
atiram bocas como se vissem uma novela.
Está na hora de parar para pensar, acreditar e lutar.

Dedico aos poetas e "cantores de discursos", meus amigos e meus desconhecidos que se sentam na cadeira, pensam, acreditam, lutam e escrevem.

O Prazer

O prazer é irmão do vício,
o podre da inteligência,
o desespero da alegria,
a poluição da alma,
a morte do poder,
é uma deficiência excessiva,
é egoísta, é crime,
é o gesto ignorante do ser humano.

sábado, 13 de novembro de 2010

0,10€ -> Compro uma pastilha elástica
10€ -> Compro uma saída à noite
100€ -> Compro um móvel
1000€ -> Compro um pc
10.000€ -> Compro pequenos interesseiros
100.000€ -> Compro um establecimento;
1.000.000€ -> Compro uma casa;
10.000.000€ -> Compro 7 folgas por semana;
100.000.000€ -> Compro grandes interesseiros;
1.000.000.000€ -> Compro políticos;
10.000.000.000€ -> Compro países;
100.000.000.000€ -> Compro poder mundial;
1.000.000.000.000€ -> Compro a desgraça humana;
10.000.000.000.000€ -> Destruo o planeta.
100.000.000.000.000€ -> Compro a minha cova.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tempos Passados

O tempo é um passo que dou,
um passo entre muitos que já passou,
um passo após outro de consequências em sequência.
Um passo, uma opção, uma queda e um fracasso.
Um momento onde passo a ser criança,
um passo que mostrou a minha ignorância,
mas dando direito a mais um passo,
mais seguro ou não, sempre com esperança.
Um passo que deixou uma pegada,
de qualidade ou uma real cagada,
não interessa, com o tempo há-de ser apagada,
mas, o tempo foi meu e de quem partilhei,
uma pegada influenciada, influenciei alguém,
alguém que pegou a indiferença, ou o mal ou o bem.
Um passo dado consoante o pensar do sentimento,
um passo esquecido mas marcado no tempo.
Um passo, uma esperança, um acto numa duna de fé
onde todos deixamos a marca do nosso pé.
Um passo, um tempo de uma vida que foi
e uma vida que agora é.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Evitando o Destino

Bate bate coração por asfixia,
pela presença de alguém que ao meu lado queria,
o amor é sentimento incompreensível,
ansioso, a esperança do sonho irreal,
de um beijo depois do sexo,
o amor é algo bem complexo.

Olho sempe para ti como um reflexo do olhar
o meu corpo a balançar,
o miolo a fritar,
o pensamento a especular.
sinto-me a desmaiar,
já estou a andar de lado.
O amor deixa-me mocado,
e queimado porque não é amado.

Ba-beri-bó-pa-parri,
e já sorri comigo gago,
no final sou eu que pago,
acabo por pedir conselhos ao mago.

Bora lá tentar outra vez,
Pa-dleik-lofex-ês,
não vai à primeira nem à segunda nem à terceira,
ti-bua-ki-polti-eira,
e com dois Xanax voltei a fazer asneira.
Bem, vou então apanhar uma bubadeira,
não conheço outra maneira,
Um-mais-um-igual-a-laranjas,
nem assim, dizem que é canja,
pois eu vomito com mil canjas.

Lá enchi com ar o peito,
lá lhe disse e lá fiquei a chorar por este feito.

domingo, 7 de novembro de 2010

Saturday Nights

Saturday nights,
the body fights inside the soul
and the mind write the rule.
The music is the moment of transe,
diving in the waters of lights,
giving the freedom to dance,
and these are my rights.
Pumping sound to heart,
tonight, nothing can't hurt.
I am on the top,
nobody can't stop.
The column is energy
for the world that only i can see.
No feelings, just feel,
drink and don't think.
You with you and nothing more,
on Saturday nights,
on the sky's floor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não sei para onde ir nem por onde andar
quando a vejo com alguém, sinto-me a fracassar.
Hoje em dia, o amor não existe ao primeiro olhar,
é preciso conviver, conversar, rir para poder juntar.
Mas ao teu lado não tenho palavras interessantes para falar
e fico frustrado porque deixei mais uma oportunidade voar.
Os teus olhos deixam-me preso
e a tua voz põe-me indefeso.
Não te posso dizer o que me está a acontecer,
se disser, perco a oportunidade de te ter como minha mulher.

sábado, 30 de outubro de 2010

A Estação dos Comboios

Nos velhos tempos,
muitas pessoas aqui estiveram e passaram,
umas ficaram, outras embarcaram
em choradouros e miradouros,
em busca de sonhos nas cidades.
Aqui ficaram e partiram saudades.
Muitos encontraram ou se encontraram
e outros tantos perderam ou se perderam,
por aqui muitas histórias se viveram.

Com o tempo,
os que iam não voltavam
e os que ficavam envelheciam e morriam.
Foi em 1982 que as portas fecharam
para não haver nenhum depois.
A Estação, no meio da Natureza, ficou desaparecida,
e, apesar de ninguém ter dado por nada,
ela fez a sua despedida.

Os espaços que ocupam espaço na memória
ajudam a reviver a nossa história.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amadora - As Ruas Negras

Na rua sou um guerreiro,
luto contra o pobre interesseiro,
desaparece quando não está teso.
Contra o covarde que só ataca o indefeso
e contra aquele que não se cala,
sempre a ameaçar disparar a bala.
Na rua dá-se uma violenta gala,
onde todos querem brilhar,
onde ninguém fica a ganhar.

Em casa é preciso ter consciência
do nosso país em decadência.
Da deficiência do povo em inteligência
e dos grandes senhores que manipulam com a ciência.

Na escola, estudo da ovelha e do burro,
onde todos os dias alguém dá um murro,
a violência enraíza-se nesta estância,
onde as ferosteronas são a principal fragância.

Desconfiadas, as pessoas são hostis.
Domine, libera nos da preius e da pestis.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tenho vontade de escrever este sentimento
tão agudo e intenso que nem me chega ao pensamento.
Só me dá vontade de chorar,
descobrir a palavra abraçar.

Quero deitar-me na cama confortável da areia,
acariciado pelo vento gelado,
ouvindo a conversa do mar,
ver a praia pintada pelo luar,
enfim, sentir-me embalado.

Quero ir para o topo da ponte 25 de Liberdade,
abrir os braços entregando-me ao silêncio da Natureza,
deixar-me cair para trás,
deixando de ver a cidade, as coisas más,
vendo somente o céu da escuridão
e as estrelas brilhantes e viciantes.
Caindo, sinto uma força exterior fracassada
que não quer ver-me cair.
A água tirou-me o céu,
não quero sorrir, só sinto frio,
a minha alma dissolve-se neste rio,
deixo-me ir, está na hora de partir...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Esperança - Definições

Um sorriso sincero sobre a tristeza,
uma felicidade atraída pela incerteza.
Estranho e alcançado horizonte,
uma ferramenta para a construção da minha ponte.
Uma tristeza louca e rouca à volta da chama da vela,
somente ameaçando afundar a caravela.
Energia que faz rodar os ponteiros.
Encurrala-nos entre a vida e a morte,
onde não quem a suporte.
É não considerar o resultado sorte.
Esta esperança previne à alma a própria matança.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Despedida do Poeta (poema para Fernando Pessoa)

O que sinto escrevo.
Os poemas fazem de mim servo.
Pois tenho medo de os ler,
o medo de me voltar a perder.
Na esperança que ouvissem o meu papel,
apenas só quiseram saborear o seu mel.
As minhas ideias são interpretadas
mas a única perspectiva que vêm na frase é a sua beleza,
esquecendo qual a sua natureza.
Se soubesse teria-as queimado,
pois eles que lêem não compreendem o meu fardo.
Morri cansado e a pensar uma última vez assim:
(mais) um poema que escrevi sobre mim...

Poema para Fernando Pessoa

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Campainha

A campainha toca não muito alto,
só para certas metas,
apenas para quem tem ouvidos,
apenas para pessoas.

É diferente o resultado,
acabo por ser insultado.
Os fantasmas ouvem o alarme,
mas nem esses ousam falar-me.

Tocam nela com alegria,
não têm olhos pois eu não sorria.

A campainha está a tocar,
os soldados estão-se a preparar,
os alunos vão entrar,
um incêndio a avançar,
os bombeiros a apressar,
um roubo a passar,
os polícias a fazer parar,
a ambulância a acelerar,
alguém que a alguém quer falar,
eu que a paz da solidão ando a procurar.

Alguém sabe do que estou a falar?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sentimentos Cíclicos

A mensagem em branco,
o grito abafado,
o inexistente banco,
as lágrimas invisíveis,
as meras vontades,
as falsas verdades,
os momentos previsíveis,
a almofada molhada,
o sentimento gago,
a ilusória fada,
o fardo cargo,
a lembrança do esquecimento,
a solidão desamada,
o desperdiçado tempo,
a loucura pura,
a morte cura,
a perdida procura,
a maldição do vento
o falso consentimento,
o meu nome?
Francisco Sarmento.

Ódio

Só de pensar que te amei...
e tu traíste-me! Tristeza e injustiça...
Sinto-me conspurcado por ter-te abraçado.
Se não houvesse consequências inconvenientes
juro-te que te arrancava essa pele,
queimava esses teus olhos com colheres quentes,
rasgava-te, partia-te, cortava-te!!!

Aqui, só vejo amor queimado, destruído e esfaqueado.
Na tua cara triste alucino alegria,
o riso da satisfação por minha mágoa.
Estas visões desonestas e egoístas fervem a minha água.
Quanto mais penso, mais sinto, mais vingança consinto.

Ódio, ódio, ódio... obsessão...
desilusão! Destruição! Alucinação! Cego.
Não vejo nada que não me possa prejudicar,
o ódio só me faz cansar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um Final Para O Início Do Fim

Vejo um fim da minha vida,
um fim dos meus gestos e emoções,
um fim sem razões.
Um fim do bem do meu coração,
um fim sem tempo e sem espaço,
um fim sem nada, escasso.
Um fim que tomo com este copo com bagaço.
Um fim, um fracasso.
Afinal, um fim que vai deixar,
no final, a pensar:
vamos recomeçar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Definições - Segmento de Vida

Oh! Quantas foram as vezes que engoli o doce falso e venenoso mel?
As vezes em que senti o cheiro que me arrepele?
Aqueles olhos possuídos que nem têm nome...
Ah! Mal ditas são as pessoas ao qual se alteram para um pronome!

Criam desilusões iludidas ao início do dia,
o sorriso marcado da dor da memória
do conhecimento da repetição da mesma história.
Nem sabes como o seu esquecimento vale uma alegria!
No final do dia,
ilusões desiludidas quando abro a porta da realidade.
Fecho a porta de manhã,
deixo lá a realidade levando comigo a sua irmã.
Mas a chave encontra sempre a porta,
volta a realidade, parece-me ver não haver um diferente amanhã...

Nada disto é verdade!!!
É apenas a poluição da cidade,
demasiada luz para os meus olhos,
muitas pessoas aos molhos!
Tudo o que eu disse é mentira pura!!!
É somente a intenção da atenção pelo apelo...
Não! Nada disso! Estou mesmo a viver um pesadelo!
Até onde vai a minha loucura?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Exercícios Cerebrais: Amor (Híper e Sub)

Amor,
és incondicional,
a tua falta é sal na terra,
para não crescerem plantas
tornando-a deserta.
Mas se a nossa ligação aperta,
a ilusão abandona-nos numa ilha,
onde vivemos sem ninguém.
És o remédio para a dor
e ao mesmo tempo uma armadilha.
Por isso, peço-te,
não te aproximes nem não te afastes,
senão só me trarás desastres.
Dois extremos a provocar o mal,
solidão, mesmo sendo social.
Falo-te das tuas consequências,
quando apareces em excessos
e desapareces em deficiências.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bênção (segunda parte)

Meu Amado Irmão,

Lembra-te do passado,
vive o presente
e não te esqueças do futuro.
Independentemente do que faças,
terás de trabalhar pelo duro.
Mantém sempre o teu coração puro,
não te deixes levar por superficiais
nem pelos seus iguais.
Nem sempre terás razão,
deves ouvir a sabedoria.
Não roubes que teu pai não o faria.
Aprende a perder
mas revolta-te contra a injustiça.
Aconteça o que acontecer,
não te cales se tiveres bom argumento,
por vezes um bom coração é um coração frio.
Aceita qualquer problema como um desafio,
um teste à tua personalidade.
Nunca te deixes dissolver na cidade.

Assim te benzo.

Bênção (primeira parte)

Minha Querida Irmã,

Quando tiveres filhos
lembra-te que nós já o fomos.
Ensina-os que terão de lutar
e que devem amar.
Mostra-lhes como foram os nossos pais,
que, para nos alimentar,
tiveram de receber menos e trabalhar demais.
Ensina-os a sofrer,
tanto psicologicamente como fisicamente,
e que um dia também irão morrer.
Deixa-os terem problemas,
mas sê cuidadosa,
que tenham bom remédio, esses temas
e que não lhes deixem com uma vida dolorosa.
Ensina-os a serem eles mesmos,
que não se deixem ir por esta sociedade de resmos.
Se os deixares e os agarrares
serão personalidades de bons "falares".

Assim te benzo.
Não tenho palavras para escrever,
nem frases para descrever.
O que penso já foi pensado.
O que digo já foi dito.
Mesmo que o faça neste mundo,
chamar-me-ão de vagabundo
e pensarão que vivo num sub-mundo.
A única coisa que me faz continuar
é o português, que tem várias maneiras de se expressar.

Como humano-artista,
faço da arte uma pista
para que a tua personalidade assim resista.
Já a palavra "revolução" tornou-se comercial
fazendo com que me sinta mal,
mas o pensamento que me deixa com este sentimento
é o facto de já ter morrido o meu querido Portugal.

"Tenho orgulho de ser português mas tenho vergonha dos portugueses".

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Duas Velas No Quarto

São duas velas no meu mundo
que se acendem durante a escuridão.
Por onde vagueia a podridão
das sombras escuras da solidão
deste meu negro quarto.
Onde o mal grita dores de parto.
Explorei apenas do meu quarto um quarto
e já estou farto.

O fogo ilumina as mentes mortas e pálidas,
onde afasta as pingas de chuva dos infernos que caiem
para cima numa confusão que eu próprio tenho medo de entender,
uma confusão organizada, não consigo perceber.
De uma claridade tão clara que faz parecer escuro.

Duas velas no meu peito, mesmo aqui.

Duas velas se acendem,
quando o amor e o ódio se prendem,
como no mesmo tempo real,
no meu quarto, onde se misturam o bem e o mal.

Poemas de sentir

Poemas de sentir,
poemas de amar.
Poemas sem sentido
e poemas que dão muito que falar.
Poemas simples,
poemas complexos.
Poemas comuns
e poemas que nos deixam perplexos.
Poemas acabados,
poemas incompletos.
Poemas falsos
e poemas honestos.
Poemas de vomitar,
poemas de silenciar.
Poemas de qualidade
e poemas sem verdade.
Poemas,
poemas,
poemas...

domingo, 26 de setembro de 2010

Definições - Personalidade

No passado o futuro vejo
e nele o presente re-vejo.
Assim que possa compreender o desejo
de ver, sentir, ouvir e falar,
é na história que entendo o meu lugar.
Se não souber, irei vaguear e perguntar
onde, no meio de tanta gente, possa ficar.

Para me perceber,
as minhas origens tenho de ver.
E comparo com o meu passado privado
(ele muda-nos e isso já está traçado).
Concluo que em diferentes circunstâncias
o meu corpo expele mais umas do que outras fragrâncias.

Sou humano,
então sou todos os adjectivos,
sou mentiroso e honesto, sou menos e soberano.
Mudar para melhor nós podemos
quando tudo isto sabemos.
Mas, antes de mudar temos de entender,
que a perfeição está na imperfeição de ser.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Procuro Aquilo Que Não Encontro

Escavo a minha cova à...
Procura de uma solução para os meus problemas.
Procura de um paraíso onde haja paz.
Procura de um silêncio para acabar com a confusão.
Procura de uma almofada para chorar.
Procura de um ar para poder respirar.
Procura de uma morte para acabar com as minhas vidas.
Procura de uma cura para as minhas feridas.
Procura de uma pessoa que não existe.
Procura da chave da liberdade para me tirar da prisão.
Mas nada disto encontrei.
Agora já não sei,
enterro o rei da capa cortada,
na minha lapa revive-se a minha vida mais privada,
"Procuro aquilo que não encontro".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eu, o Cognome e Eu. (v.s.a.)

Eu, o Desvio do Vento
e o Movimento Contrário ao Tempo.
Eu, Alguém que é Ninguém
e o Boneco Pousado na Prateleira dos "Sem".
Eu, o Poema Nunca Lido
e o Rio Mais Poluído.
Eu, o Dente Substituído por Baixo da Almofada
e o Mais do Menos do Nada.
Eu, a Pessoa que já Morreu
e o Minuto que já Desapareceu.
Eu, a Comida Fora da Validade
e a Desprezada Realidade.
Eu, o Sangue Derramado
e o Coração Apertado.
Eu, o Grito Abafado
e o Nó da Garganta Apertado.
Eu, a Sombra mais Escura da Negra Solidão
e os Olhos que Nunca mais Abrirão.
Eu, a Morte da Calma.
Eu, o Despedaço d'Alma.
Eu, Apenas Eu.

sábado, 18 de setembro de 2010

Necessidades. (ponto final)

Não preciso do dinheiro para comprar.
Não preciso da vida para viver.
Não preciso da morte para morrer.
Não preciso de pessoas para socializar.
Não preciso da roupa para me vestir.
Não preciso da boca para falar.
Não preciso do cérebro para pensar.
Não preciso do ar para respirar.
Não preciso da comida para comer.
Não preciso da água para viver.
Não preciso de não ter para sentir falta.
Apenas preciso do que não preciso.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tolerância - A Caminho da Desgraça

Acordo.
Desligo tudo o que deixei ligado.
Preparo-me para sair e ir trabalhar.
Saio.
Chego à estação.
Entro no comboio e sento-me.
Olho para a janela e vejo:

Vejo muitas casas,
vejo um rasto de plantas,
vejo muitas pedras.
Vejo uma criança a brincar na estrada,
vejo adolescentes a vandalizar a mente de uma criança,
vejo um acidente de carro,

Levanto-me e saio.
Trabalho.
Acabo o trabalho diário.
Vou-me embora.
Chego ao comboio.
Sento-me.
Olho para a janela e vejo:

vejo um roubo,
vejo um bêbado a gritar irritado com toda a gente,
vejo um homem a ser esfaqueado por adolescentes,
vejo um assalto a um banco,
vejo casas históricas com gatafunhos nas suas paredes.


Saio do comboio.
Chego a casa.
Deito-me no sofá.
Vejo televisão.
Vejo o primeiro-ministro a dizer que o país está num bom caminho.
Vejo televisão.
Adormeço.

Acordo.
Desligo tudo o que deixei ligado.
Preparo-me para sair e ir trabalhar.
Saio.
Chego à estação.
Entro no comboio e sento-me.
Olho para a janela e vejo:

Vejo uma briga,
vejo uma pessoa a chorar,
vejo alguém a suicidar-se,
vejo um prédio a desmoronar-se,
vejo um tiroteio entre gangs,
vejo brancos a espancarem um preto,
vejo alguém a morrer,
vejo um placar que diz:
"Estamos num bom caminho"
situado à frente de um bairro de lata.

Ouço o comboio a chiar intensamente.
Deixo de ver.
Não revoltar e morrer.

No Café Da Minha Rua

No café da minha rua
estão lá sempre as mesmas pessoas
sempre nos mesmos lugares,
sempre com os mesmos cigarros,
sempre com os mesmos cafés,
sempre às mesmas horas,
sempre a falar das mesmas outras vidas.

Mas hoje, em dezassete anos, mudaram,
não as mesmas pessoas,
nos mesmos lugares,
com os mesmos cigarros,
com os mesmos cafés,
sempre às mesmas horas,
mas sim,
a falar duma nova outra vida.

Só para observação,
tenho um novo vizinho.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Despedida (o Pedido)

Provavelmente quando leres isto já não estarei aqui,
provavelmente fugi, enlouqueci ou talvez morri.
Mas lembra-te: estava sóbrio quando escrevi esta carta,
não me esquecerei daquilo que contigo passei,
daquilo que tu me deste e daquilo que te dei.
Não me despeço. Isso não é comigo
mas assim te peço que lembres-te que fui mais que teu amigo.
Estarei sempre contigo aconteça o que acontecer,
até depois do meu coração deixar de bater.
Sei que terás muitos felizes momentos
e sei que os ventos levam consigo memórias para os esquecimentos.
Não te peço que fiques agarrada a mim
apenas que nunca te esqueças de mim.
Peço-te apenas que me deixes viver
numa pequena parte do teu coração
e numa pequena parte da tua mente.
Não chores que eu não chorei,
não te arrependas que eu também não me arrependi.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Facadas Em Terceira Pessoa

Quando te conheci parecias bacano,
mas alguém me avisou, adivinha lá, era um teu mano.
Ajudei-te com os teus amigos,
algo que não tinha nada haver comigo,
mas mesmo assim fiz mais do que faria um amigo.

Foi então que te pedi ajuda,
a pensar que podia contar contigo,
avisaram-me para ter cuidado,
porque estava a andar em campo minado.
Assim fiquei preparado,
mas na esperança que não ias falhar
comecei a andar.
Quase pisei duas minas,
vi-as e tinham a tua assinatura,
pensei que não era tua porque iria ser uma facada muito dura.
Terceira mina, igual à que já me tinham mostrado.
Por isso estou aqui para te dizer:
aconteça o que te acontecer
eu não quero saber.

domingo, 4 de julho de 2010

Meras Vontades

Tenho fome mas não tenho vontade de comer,
Tenho sede mas não tenho vontade de beber,
Tenho lágrimas mas não tenho vontade de chorar,
Tenho feridas mas não tenho vontade de as curar,
Tenho uma arma mas não tenho vontade de me matar,
Tenho pernas mas não tenho vontade de andar,
Tenho amor mas não tenho vontade de amar,
Tenho cansaço mas não tenho vontade de descansar,
Tenho ouvidos mas não tenho vontade de ouvir,
Tenho amigos mas não tenho vontade de sorrir,
Tenho um poema para finalizar mas não tenho vontade de acabar.

À Conversa Com A Morte E Com A Vida

Quem eu sou?
A Morte diz que já fui lhe fui igual,
a Vida diz que aprendi muito com ela.

Não preciso de dizer mais nada...

Para Ti, Amor Platónico

Não sei se te amo,
nem se te deva amar.
Vejo-te e nunca te falei,
mas falaram-me e agora já não sei.
Se és ou não,
se crio expectativas e caia na desilusão.
Mas sinto e tenho vontade de apostar,
mas não sei se me hás-de amar.
Ansioso, espero pela tua resposta,
saber se estás desposta.
Quem és? Será que é apenas o amor platónico?
Correspondes ou dás barra?
Mas responde, que é em ti que o meu coração se amarra.


Eu sei, meu amigo,
sei disso, mas prefiro que não o digas,
deixa-me sonhar mais um bocadinho.
Que este é de bom vinho,
e sei, meu amigo, que se beber demais deste fico viciado,
mas repara bem como estou ressacado.
Também sei que esse vinho pode não aparecer ou pode acabar,
mas como é vício, dá-nos felicidade por uns momentos.
E porque o sonho é esperança, a esperança é vida e vivo por uns tempos.
Pode ser que o vinho acabe
ou pode ser que seja eterno
ou pode ser que seja bom,
mas como cá dizem, o que é bom não dura sempre,
e se não durar, então que chore neste caderno
e a esperança assim há-de mudar.
A ressaca é grande e a minha cabeça está cansada,
por isso vou apostar cegamente nesta minha última rodada...
deixa-me sonhar...
deixa-me sonhar...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Carta Dentro da Garrafa

Onde começa a minha liberdade é onde acaba a maré.
Onde começa a minha imaginação é onde eu não tenho pé.

Vejo-te, estás perto e longe de mim ao mesmo tempo.
Avanço, sinto algo diferente nos pés,
toda a minha sensibilidade muda quando estou dentro de ti.
Humilde, rastejas a meus pés.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Agora, apensa sinto dos joelhos para baixo,
tudo o resto deixa de existir.
Ouço-te, tu falas sabiamente e ninguém te pode calar.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Dividiste o meu corpo a metade,
a que sente e a que não sente.
Chamam-te nomes: oceano, mar, rio, vapor...
mas ninguém se esquece que és sempre a mesma: a água.
Podes ser verde, transparente, potável, não potável, salgada, doce, grande, pequena,
mas todos sabem que és tu e só tu: água.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Sinto o meu peito, diferente, confortável.
Sinto as tuas carícias, o teu amor, a tua vontade.
Vais em todas as direcções menos na minha

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Entras na minha boca.
Beijas-me, beijas-me sem parar.
Sinto as tuas festinhas.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Estou totalmente dentro de água.
Os meus pulmões pedem ajuda mas eu sinto-me confortável,
sinto silêncio, sinto paz...
O meu coração bate com mais força,
nervoso, com as minhas pernas cansadas,
mas tu reconfortas-me, aqui quero ficar,
dentro de ti, com a morte a vir buscar-me.

Tens tudo aquilo que eu não tenho.

já não avanço mais, sinto-me esquisito...

sábado, 6 de março de 2010

Rotina Interior Submersa

Falo falo e nunca me calo,
quando me apercebo já eles se foram embora,
eu pergunto porquê,
eles dizem que já está na hora.

Estão sempre a dizer
que eu estou sempre a falar!
Isso é mentira!
Até parece que nunca me vou calar!
Só de pensar nisto fico logo com ira!
Por isso modemos de assunto.

Ontem comi presunto!
Foi num restaurante, ao jantar.
Só havia um problema,
estava lá um chato sempre a falar!
Percebi logo que não se ía calar,
por isso fui-me embora,
ele perguntou porquê
e eu disse que estava na hora.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Essência

Todos os dias que a vejo,
vejo-a diferente.
Se calhar porque acordei diferente,
se calhar ela acordou diferente.
Mas há algo que nunca é diferente quando a vejo.
É ela que me deixa assim: diferente.

É assim que gosto de estar,
prefiro não lhe falar,
prefiro ficar aqui a observar.
Prefiro não lhe provar,
prefiro ficar aqui a sonhar.

Li Poetas que Lhe dizem mal,
com todo o repeito, mas agora que o sinto,
não O vejo como tal.
Eles dizem que é sal,
eu digo que é vinho tinto.
Eles dizem que é o Fruto Proibido,
eu digo que, com Ele, me tenho rido.
Eles dizem que não tem remédio,
eu digo que nunca me provocou tédio.

Eles são mais e melhores que eu,
mas Eles morreram e o Amor não morreu.


Nota do autor: a palavra "Amor" começa com letra maiúscula pois é o amor no geral: amizade, família, namoro... assim como quando falamos do ser humano usamos a palavra "Homem" a começar com letra maiúscula.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Eu também (ensinamentos de vida)

Eu sou alguém para alguém
quando me diz eu lhe sôo bem,
quando aquele que me diz mal.

Eu sou alguém pois contribuo bem a Portugal.
Sou demasiado quando passo despercebido,
só passo a ser ninguém quando me acho convencido.

Não ouses dar-me por vencido
nem te iludas ao chamar-me vencedor,
não sou ninguém, mas sou lutador.
Sou alguém para alguém que me trata com amor.
Sou alguém quando alguém me dá valor.

Não tenho defenição,
sou inconstante como o tempo,
este, é mais do que Outono ou Verão.