A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O tempo passou a ser uma moeda atirada ao ar para ver se é o "sim" que vai brilhar à luz do sol ou vai ficar de cara escondida nas sombras do que podia ter sido.
Não quero mas falho
e no auge da pressão
ponho as mãos na cabeça
e berro gritando "tudo pó cara***"
porque o coração não pensa
apenas sente e é influente
na ilusão da avença
de um mundo que em frente
torna o cérebro dormente
pois nada tem parecença
com o que imaginei
mas eu sei.
Mas não é por saber
que consiga entender
porque vivo o que sinto
mas mesmo assim não consinto
que o que é real
seja real quando está tudo mal.
Talvez porque não é como se queira
mas o facto é que pratiquei o acto
a que devo chamar asneira
porque o resultado
não foi o que quis
e o fado torna-se fardo
que não é feliz.

Primeiro a frustração
de não sentir a inspiração
depois é trabalho
para escravização
e no final,
sente-se o orgulho
do coração
pela aparição
da criação.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Mistério Da Aranha

Vou-vos contar uma história. Uma história real, minha. Teria eu entre os meus quatro, cinco anos. E acordava todas as manhãs mais cedo. Ainda todos dormiam. Já o sol se erguera. Muitas vezes acordava a sangrar do nariz. Mas sempre com vontade de ir à casa-de-banho. E era o que eu fazia quando acordava: ir à casa-de-banho e voltar para a cama. No quarto onde eu dormia dormia também a minha irmã, noutra cama. Tínhamos a varanda nesse quarto, na parede contrária à porta que dava para o hall, que por sua vez era o núcleo das divisões da casa. As portas de vidro que separavam a varanda do quarto estavam tapadas por uma longa cortina laranja, com padrões de flores num estilo antigo. Um laranja vivo. Um laranja que me parecia deixar o quarto harmoniosamente quente. Ainda me lembro de estar deitado, numa manhã tardia, na cama da minha irmã - a cama mais próxima da varanda e consequentemente a mais afastada da porta para o hall - de olhos acordados, virado para essa cortina e a reflectir, nesses meus quatro, cinco anos de vida, sobre os padrões da cortina, a mesma cortina que eu olhei quando acordei de um pesadelo que voltei a ter anos mais tarde. Mas esta não é a história que vos quero contar.
   Tal como escrevi, nesse quarto, nessa idade, entre esses acontecimentos de me levantar mais cedo, num sol já acordado, os da casa ainda a dormir, eu acordava. Muitas vezes a sangrar do nariz mas sempre com vontade de ir à casa-de-banho para depois voltar para a cama. Não sei quando, estou certo de que não fora no início, mas sei que algures foi nessas tantas vezes. Uma vez, acordei, como sempre fizera, para ir à casa-de-banho. E eis que, quando chego à porta do meu quarto, do outro lado está uma simples aranha, no hall, frente à porta da casa-de-banho. No início não lhe dei atenção. Mas o mistério tem nome porque acabamos, mais tarde ou mais cedo, de nos apercebermos da sua presença. E já eram manhãs demais, seguidas, que aranha estava no mesmo sítio, ali no chão, à frente da porta, no meio do nada e, de alguma forma, pressentia o seu olhar fixo em mim quando a via. E comecei aperceber-me que ela estava sempre lá, como que à minha espera, para desaparecer na casa-de-banho. Quando finalmente achara muito estranho tais acontecimentos repetidos, decidi tentar apanhá-la. Das primeiras vezes que tentei, tentei a correr, porque a andar ela ia para a casa-de-banho consoante o meu passo. E consoante o passo da minha corrida, ela escapava-se sempre para a casa-de-banho para desaparecer. Depois de algumas tentativas de apanhá-la correndo tentei de outra forma: indo ao seu encontro em passos muito lentos e silenciosos mas obtivera o mesmo resultado que das outras vezes. Até que me fartei de tentar caçá-la e num dia, naquele dia que iria ser o último dia que haveria de vê-la, fui a correr irritado ao seu alcance, mas ela voltou a desaparecer na casa-de-banho e nesse dia, irritado, decidi procurá-la em todos os cantos da casa-de-banho, até por baixo do tapete procurei, mas não a vi. Nunca mais a vi. Sabia, naquela altura, que ninguém haveria de testemunhar que o mistério da vida iria surgir em nevoeiros na minha vida tão cedo, na ingénua idade. De facto, apercebo-me agora que esse mistério surgiu na etapa das idades em que estamos a construir a nossa concepção do mundo, nos meus quatro anos... Não acredito em coincidências. Acredito na lógica, na consequência, no efeito, no resultado e naquilo que não consigo ver: o mistério. Por isto vos conto esta minha história que ainda hoje me deixa pensativo. Porque é algo que não consigo resolver e sinto que é um aviso. Uma premonição. O que é que a aranha significava? E porque é que ela estava ali? E porque é que ela fugia sempre que eu me aproximava? Fugia ou escapava? E porquê para a casa-de-banho? A casa-de-banho... era o meu objectivo... porque ia ela para o meu objectivo? Porque é que ela desaparecia sempre que eu atingia o meu objectivo? Porque não iria ela para outro lado? E se fosse para outro lado, eu iria? Desviar-me-ia do meu caminho? Mas o meu principal objectivo não deixara de ser a casa-de-banho para ser a aranha? Então já seria um desvio de pensamento? A minha irmã... estava atrás das minhas costas a dormir... uma pessoa que amo... será que seria esse o meu desvio? O desprezo aos que amo?
São tudo perguntas que só poderei responder quando a morte me vier buscar... até lá, vou vivendo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Última Carta - A Morte No Natal


que se foda...
 para ser sempre
um mundo que nao gira
 a minha alma está vazia...
 eu nunca voltei ao início porque eu nunca sai de la
 afinal, o planeta roda e gira mas nada mudou
 nada de nada
 mas ainda me pergunto se mereço
porque a unica conquista que tive foi a taça dos fracassos
 mas fui esquecido e abandonado num beco qualquer que fecharam sem terem reparado que eu estava lá
e fiquei lá, preso, no escuro, sem saída, num sufoco e nem eu me consigo abraçar
e o meu peito encolhe... encolhe de dor
 e agacho me como se fosse uma planta a murchar porque a dor consome-nos o coraçao
e morremos ali... apodrecidos... para desaparecermos lentamente, entre invernos e veroes, acabando por sermos absorvidos pela terra gelada e crua
 e nem temos sequer direito a uma campa
 e no entanto, o mundo continua a girar...
 e nós rodamos parados
 mas para quê tar de pé,? que os outros se elevem, se erguam... eu afundo-os todos com as minhas lágrimas
a minha dor tira-lhes o ar e eles deixam de respirar...
a minha dor é velha...
uma velha bruxa...
 amaldiçoada...
um virus..
um parasita..
 nao da para fugir
 so ha  uma escaporia que ando a tentar evitar, enquanto nao atravessar a porta vou correndo
 mas ela acaba sempre por me apanhar
e quando eu penso que a deixei para tras...
ela surge mais forte e mais aguda...
a minha dor... eu nasci com o coraçao dorido...
 sao tudo ilusoes
sonhos que se tornam em desilusoes
 facadas, cada sonho esfaqueia o meu coraçao
e o meu coraçao bombeia esburacado espirrando sangue por todo o lado
e é em dias de folga que me maravilho com o mundo...
 mas nao sao esses dias que sustem
 porque a dor trata logo de me afundar...
até la vou fingindo que a dor nao me afeta
para ninguem se afastar de mim
mas mais tarde ou mais cedo o mundo fica chocado
achando que conhece a realidade
mas a realidade nunca é o que queremos
nem o que sonhamos
quem me dera ser uma personagem e encenar o meu próprio fim...
mas o tempo passa e eu vou ficando para tras
deixando os outros me pisarem
porque até o meu corpo se tornou pesado
e quanto mais cansado mais pesado fica
os sonhos... os sonhos...
nada mais
 estou cansado...
 a minha vida está a esgotar se
mas quem se interessa também
o mundo continuara a rodar
 sempre rodou quando a desgraça me esfaqueava
haveria agora de parar de girar?
claro que nao
nao houve nem uma alma
 foi tudo contra
 como se uma conspiraçao se tratasse
 mas ela aproxima se...
mais uma vez falha
o sol nao devia erguer-se
por respeito
mas o mundo gira
e fico para tras
um dia nao sera faca
um dia sera a ceifa
e ai..
o impacto chocará e chorará e a culpa vai se abater sobre aqueles que se perguntarem porque
ironias de vida
 estou abraçado à desgraça e agora afundo-me
esperando que o sufoco me mate
sozinho
sempre sozinho
no mar de lagrimas so necessito de nao me mexer
ela trata do resto...
do que falta
 é só esperar que atinja o pico
que tudo se torna automatico
um tudo do nada
e de repente explode destribuindo a dor que guardei sobre os que me rodeiam...
eles nao me ouvem porque esperam o acto
mas nao quero saber
a dor que me devore
e depois quando chegar... chegou
e que o tempo dissolva as minhas palavras...
cansado... so desejava dormir eternamente e viver um mundo bem diferente
mas sonhos são sonhos...

Morte

Estou à espera da tua chegada,
enquanto desespero o mundo
mas eu agora percebo a tentativa falhada
de completar a nossa própria morte,
será esperar como eu que ela me venha buscar
porque essa é a esperança que me mantém
de olhos abertos, ja nada me
contém na flor da vida...

Foi um crime ter sido parido
foi um crime terem deixado me viver...
Egoístas, mas eu não ganhei nada...
fartei-me, cansei-me
o tempo toca mas nada aparece
para satisfazer o resto da voz
para uma última prece...

Resignação

O tempo passa
e eu passo o tempo sem
pensar, sem achar o tempo
em cada momento que passa.

E sinto-me paralisado,
não sei se o meu corpo fracassa
ou o tempo é que está parado,
de facto, nem reparo que passa por mim,
porque eu estou sentado no sofá,
sem perceber se tudo é assim,
de uma maneira pouco satisfatória
e pergunto-me se sou capaz
de avançar porque a minha memória
diz que é sempre a mesma história.

E espero ser apanhado
por alguém que decida subir o meu prédio,
alguém que me faça sentir amado
e que me mostre que a vida não é um tédio.

Porque eu fartei de procurar
e encontrar mais motivos
para me sentar
em vez de andar a suar
e são mais pingas de lágrimas
do que suor
porque tentar
só me leva para pior
e estou farto de chorar.

Que se foda,
se o tempo me quer levar
eu também já me tou a cagar pa esta merda toda,
que o mundo avance sem mim
ou que eu recue sozinho
bebam eles a vida
que eu afogo-me em vinho,
que se foda.

Vão à merda
não me enxerguem a cabeça
não me fodam o resto da minha calma,
eu não estou resignado
apenas tento segurar a alma
para que não fuja deste corpo cansado,
saiam de ao pé de mim,
não vos quero ver nem ouvir
não tenho culpa,
vocês é que andam a parir
e não anseio mais sorrir...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Essa gente diz que a minha geração é mimada. É? É que se nós somos a desgraça, vocês são a vergonha. Vocês não souberam usar a democracia e acima de tudo, para além de vocês terem deixado levarem-se pela decadência da democracia da nossa Nação, vocês ensinaram-nos a levar-mo-nos pela decadência. A vossa geração não é nenhuma geração lutadora, a revolução 25 de Abril aconteceu por causa do Ultramar, e não foram vocês que o criaram, foi o Salgueiro Maia e os seus companheiros mais próximos. E não venham com merdas e engulam este sapo ao pontapé, sabem porquê? Porque vocês nunca souberam pensar, nunca souberam usufruir da liberdade de expressão, DE FACTO, É A SEGUNDA VEZ QUE A TRÍADE DO FMI VEM CÁ, E QUEM ESTÁ VIVO PARA TESTEMUNHAR ISSO? VOCÊS! Vocês é que não deram pevas para a corrupção! A culpa da merda da pobreza e da desgraça está unicamente em vocês! É exclusivamente de vossa culpa de não sabermos usar a liberdade de expressão, sabem porquê? Porque vocês também nunca a souberam usar! E a pergunta é... SE VOCÊS NUNCA A SOUBERAM DESDE O 25 DE ABRIL, COMO É QUE NÓS SABERÍAMOS USAR? Vocês que criticam a minha geração dizendo que ela é mimada, mas isso é tudo MERDA! É só desculpas, porque vocês é que nos pariram! Falam da opressão? Eu vos digo o que é a opressão de hoje, a opressão de hoje é bem pior, porque ela existe, só que não a vemos e como não a vemos, não conseguimos lutar contra ela! Porque se diz estarmos em democracia mas vocês é que deixaram que se criasse este ambiente de terror, de opressão, a minha geração fala-vos dos abusos de autoridade e quem se preocupou com isso? Agora não é? Agora é que se preocupam com isso? Agora que já vos atinge porque saíram à rua não é? Agora que passou a estar directamente relacionado convosco não é? Como sempre foi não é verdade? Como sempre foi! Mas deixem que vos diga: é a minha geração que vocês apelam de mimada que vai fazer a diferença, porque nós é que estamos a comer com os vossos erros, NÓS É QUE VAMOS CÁ FICAR, nós é que estamos a lutar contra o governo por nós próprios, nós é que vamos comer a merda que vocês e os vossos políticos cagaram! Nós somos os mimados!? Mas vamos ser nós que iremos ser os glóbulos brancos contra a corrupção! Miséria? Falam da miséria antes do 25 de Abril? Não me admira, faz parte de uma ditadura. MAS NÃO NUMA DEMOCRACIA. 25 DE ABRIL? SERÁ A GERAÇÃO MIMADA QUE LHE DARÁ SIGNIFICADO! HATERS GONNA HATE! .|. Eu tenho 18 anos, mas pelos vistos sei muito mais que muita gente e tenho mais colhões que muita gente! Tomem, fiquem com esta música da geração mimada: http://www.youtube.com/watch?v=3Xaj-5RFwfw

domingo, 22 de abril de 2012

A Primeira Vez

Poemas? Vocês não entendem
quantas lágrimas dissolvidas
em sangue se compreendem...

Escrevo palavras belas...
belas? Se soubesses
quantas telas de guerra
onde estive colocado,
fardado e armado,
mas eu era criança
não um soldado
e o chapéu era demasiado largo
tapava-me a cara,
e tinha ninguém a cargo
na escuridão para me orientar,
por cada som alto
eu dava um salto
e começava a chorar,
mas ninguém me abraçava
ninguém me pegava
estava ali sozinho
ainda mais criança que menino,
tremia de nervos
de quatro anos servos
por ter sido capturado
por um amor mal-tratado
começara a deixar de sorrir
porque a sociedade
tinha-me aldrabado,
farto do que andava a ouvir,
que a verdade é um pai que ama
e não era isso que eu estava a sentir
por cada vez que era espancado
e ainda era obrigado a sorrir,
sem saber o que dizer na rotina
porque tinha medo de o ver tresloucado
e não percebia o que o deixava irritado
por isso comecei a ficar calado
ficando aliviado de não estarmos perto
um do outro e já estava a ficar louco
porque a opressão era um sufoco
e o ódio e amor eram insolúveis...
esta foi a primeira tentativa
de tentar descobrir se a minha alma ainda estava viva...

sábado, 21 de abril de 2012

Condenado À Vingança Falhada

Eu prometi que um dia
cada lágrima chorada
seria o sangue que se derramaria
nos corpos desse bando
de filhos-da-puta,
enquanto vou tentando
ser alguém e fazer algum bem
a quem mal me fez e mal tem
e talvez saia daqui sem ganhar
não quero saber eu vou morrer
a lutar, a gritar, a espernear,
mesmo abafado, sufocado
com tanta dor,
desprezado pelo amor,
eu vou avançar
nem que seja a rastejar
apedrejado, insultado,
que o mundo caia em cima de mim
eu é que sou dono do meu fado,
que eu tombe, não cairei calado
eu vou fazer um frenesim.
Não, eu não sou o melhor,
de facto até fico bem pior
por cada acto mas eu tento
a cura que o tempo
não traz, talvez eu seja incapaz,
mas eu já desgastei trinta sofás
longe de estar em paz
com promessas de vingança
de uma criança sem esperança
mas o tempo não se cansa...
e tudo o que eu represento
não passam de memórias horríveis,
sem sentido e falho,
porque o que vivo
é o que tenho vivido
e só me apetece mandar pó caralho
mas não posso
porque o meu coração vai também
porque não tenho nada meu,
é tudo nosso, e se o amor vai
então a minha alma morreu...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Deixa-os falar,
eu estou me a cagar
porque eles têm de parar
para olhar mal e inventar
porque eles sabem nada
eu rio-me man
porque eles não valem
sequer uma chapada,
eles que falem,
eles que digam como fazer
mas são eles que param
para me ver.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Foi o sangue humano que guardámos nos nossos corações?
Se o que bate é ódio e repúdio
e dos olhos saem lágrimas de carne
em reflexos de carnificina.

Saltos e Decisões

Talvez não te mereça, tens razão,
mas é porque o meu cérebro pensa com o coração.
Eu engano-me a falar,
mas tu é que estás enganada ao julgares a minha intenção.
Porque eu penso sete vezes
à espera enquanto o tempo passa
e a minha alma só desespera
sem saber o que fazer ou dizer
e fico calado à espera de algo
mas a sorte não surge
e o coração urge na pulsação
enquanto cavalgo na ilusão
à espera de inspiração.

Penso no que pensei
no que disse e por que é que disse
e eu já nem sei, se eu dissesse
algo com que ela se risse.

Estou equilibrado por um fio,
não sei se hei-de saltar
porque posso falhar o desafio
e cair na escuridão de um chiu,
ou acertar na corda e ganhar balanço
para saltar cada vez mais alto
mas não há descanso ainda não me decidi.
Será que é agora que dou o salto?
Porque estar aqui só causa ânsia
quando poderia estar noutra estância.

Finalmente escolhi
embora não tivesse cosido
com conversas e outras coisas que talvez possa
não me deixar cair abaixo do chão, numa fossa
deixando-me desfeito e partido.

Não seria
um corda suficientemente grossa,
por ironia era um laço escasso
mas para uma paixão chega pouco espaço.
E a cegueira é o primeiro sintoma
para uma relação entrar em coma
ainda falta a soma
de ter vivido uma ilusão
com mais de irreal
do que razão.

Mas quando é nossa a visão
não fazemos distinção
entre a realidade
e a nossa vontade.

Eu é que fui estúpido,
essa é que é a verdade,
é que não saltei na corda
saltei na irrealidade.

E caí, ainda estou a cair
até tenho tempo para reflectir
e já sei de cor o que a queda vai parir,
é a dor de não querer sorrir...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Não me digam que fazer sacrifícios é pôr em causa as necessidades básicas. Não me digam que é preciso merecer para ter comida. Não me digam que é necessário destabilizar uma família por causa de um trabalho que só consegue pagar a renda. Não me fodam a cabeça com anúncios de liberdade expressão quando é a vossa ignorância que alimenta corrupção. Sim, nada é convosco, só pensam quando a comida não existe, até lá vive-se no paraíso, mesmo que o bairro à nossa volta viva na merda. Não me lixem dizendo que têm mais que fazer. São tudo erros e enganos, nunca crimes. Sociedade portuguesa é uma piada do caralho, mas só os preveligiados é que podem rir-se dela, o resto anda nas esquinas das ruas a reproduzirem-se e a verem futebol. E o resto do resto é que se fode totalmente.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tejo, a ti te deixo as minhas lágrimas
para que as escondas bem no fundo de ti
e as leves para se perderem no oceano,
junto a quem te amou...

O desespero
é o tempo entedeante
que provoca nada ao que é interessante.

domingo, 15 de abril de 2012

Estado d'Alma

O que têm eles para dizer?
Sempre em busca de palavras
mas ecoam vazias no corpo
numa nova definição de morto
que é um corpo sem alma, vazio...

E faz tanto, mas tanto frio cá dentro...

E eu não sei quem sou
porque a minha alma nada é
senão um nada sem fé...

E que sorriso posso garantir
se as facas que me andam a ferir
são ilusões invisíveis sem realidade
por onde pegar...

Será que sou eu que me estou a castigar?
Ou sou o castigo daquele que anda
a fazer sofrer e obriga gentes a chorar?

Sorrio ironicamente, já não vejo nada de real,
tudo o que vejo são desilusões
em dimensões irreais onde vive o mal...

E perco-me em lembrar a última vez que sorri,
mas sei que foi algures por aqui
a olhar para ti... ainda me vou lembrando da razão
que agora não justifica sorrisos no meu coração...

Para quê tanta guerra comigo?
Ainda tento-me abraçar
para acalmar-me... meu inimigo...

Mas quem está a chorar?
Eu...? Eu...? Eu...? Ou eu?
Ou... um qualquer eu que já morreu
e que ressuscitou para me atormentar?

Quero fugir da irrealidade
porque só consigo fingir na realidade...

Não consigo viver,
o tempo passa e eu não consigo perceber
qual de nós está a falecer,
se sou eu ou se é o espelho à minha frente...

E tudo o que vai vem voltando
cada vez mais distorcido e doente....

sábado, 14 de abril de 2012

Nem sabes as vezes que estive para contar
e prometer que um dia tudo vai mudar
mas eu também não tenho certezas
e perco a coragem pois não sei de proezas
para fugir desse mundo a auto-destruir
em guerra que eu prevejo vir
e eu não consigo mentir
e depois ficar a sorrir
por isso toma uma realidade fria,
os teus irmãos e pais não lutaram
e deixaram-se ir e por ironia
tu é que vais sofrer e arcar
com problemas que te vão fazer chorar
hã? Quem diria...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Amor, Real, Puro e Verdadeiro

Deixas-me todo maluco com esse olhar
e o tempo fica lento para o resto do mundo
porque o nosso sentimento é tão focado e profundo
que a nossa cumplicidade só consegue avançar.

Porque tu sabes. E eu sei e nós sabemos,
que somos o sonho que se está a realizar
da juventude aos mais pequenos
e a Humanidade vai-se completar
na parte em que nos começamos a beijar.

Nós não somos um só, nada a ver,
nós somos a razão
pela qual o ser humano continua a viver
e o mito da paixão que ainda está por escrever,
por isso dá-me a tua mão,
vamos desaparecer
como desaparece a realidade
quando te estou a ver.

Não, não, vocês não estão a entender,
isto é mais que matemático
isto é mais que automático,
isto é pôr a natureza de joelhos
e nós os dois ficarmos de pé.
Isto é incomparável
isto é inimaginável,
nós tornámos o Amor
completamente palpável.

Vocês ficam no último céu
porque fomos nós que o criámos
no dia em que nos apaixonámos.

Este Amor não é cliché,
é demasiado puro, ninguém vê,
mata filosofia porque responde
a qualquer porquê.

Felicidade!?
Lê os meus lábios: nunca!
Não é um sonho para mim
porque já nasceu na realidade,
isto é simples, é mesmo assim.

Mas qual último desejo!?
Quando a toda a hora eu...
mais do que vejo.

Nós metemos qualquer
ódio a cantar de manso.
É esta a rotina da qual
nunca me canso.

É tudo tão secundário
quando nos aproximamos,
tão intenso que ninguém
consegue fazer comentário.
Com o nosso olhar nós calamos
e matamos quem
vier anunciar amor.
Nós somos os únicos
que sabemos o segredo
da sua verdadeira cor.

Nós já sabemos de cor
e olhamos e fazemos
pela calada.

As nebulosas são belas?
Nem queiras saber a origem delas
porque são sequelas
de um género de novelas
que ainda estás por descobrir.
Enquanto as elogias eu parto-me a rir
da tua inocência,
esta dica é difícil de descobrir
é preciso inteligência.

Esta é a parte censurada
que não aparece nos contos de fada,
só digo que a minha alma está pasmada
mas deixo a cena fluir
e já não digo mais nada
mas não se preocupem
porque no final vamos ficar sorrir...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eu sou a observação,
filho da filosofia e da matemática,
irmão mais novo da psicologia,
eterno inimigo da acção,
pai de segredos e deduções,
irmão gémeo da solidão.

Aonde Não Sabes

Não sei o que dizer,
pensava estar prevenido
mas agora que te estou a ver
sinto-me falhado e vencido.

Não sei o que fazer,
sinto-me perdido e confuso.
Mas porque raio tinhas de aparecer
no meu mundo inconcluso?

Viver na dúvida de amar e amor
é viver a vida ansiando o teu sabor.
É esperar desesperando por nada,
um nada quase tão pouco
devorado pela felicidade
de algo ter acontecido
que entre o quase nada
e o quase tão pouco
vive da mentira do mito
de um sonho vivido
nas páginas de um amor não escrito.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tentar Ser

Ser. Tentar ser. Tentar ser não existe, apesar de ter noção de que estou a exagerar usando uma frase/falácia pseudo-infalível (mas achei melhor prevenir-me de quem não ouve e exagerando entende-mo-nos mais facilmente). Mas vamos ao que interessa: tentar ser não existe, em alguns casos e em nenhum caso, veremos mais à frente. Falemos de Hoje e do Agora, porque agora assistimos em directo à decadência de determinadas personalidades que tentam ser algo*, não falo de uma profissão, até talvez esteja a falar de uma certa confusão do ser e ter, a diferença entre, por exemplo, ser famoso e ter fama, que é dos objectivos mais débeis que assistimos actualmente. Voltando outra vez à frase inicial, << tentar ser >> não existe, pois alguém que tente ser famoso, num grupo de amigos usará o acto, fazer, para atingir o tal ser. Neste caso, entenderemos que a intenção não corresponde ao fazer pois o acto é um meio e não uma recta final. Assim, no final da história, o acto não terá importância nem para o actuante nem para o destinatário, mesmo que influencie este último, porque acredito que esse acto, como algo secundário, acabará por se dissolver quando o praticante se revelar, pela atitude. E é essa a queda do praticante, pois a atitude - sem que eu saiba das escrituras do significado e étimo dessa palavra, mas que tenho observado ao longo do meu percurso de vida - deriva do pensamento e da crença, do qual ninguém escapa e do qual nos torna humanos - por defeito -, revelando à pessoa-objectivo mensagens sublimes e surpreendentemente honestas de personalidade para a mesma, o que tornará o resultado contrário e pior, talvez.
   Antes de continuarmos, é devido ao senhor leitor ou senhora leitora a informação de que acredito que tudo é possível em nome da minha extrema ignorância, sobre a junção de todo o conhecimento adquirido pelo ser humano e mesmo assim - que também acredito- é necessitado de conexões e contextualizações que me parece faltar na categorização, filtração e separação do conhecimento mundial.
   Cuidado, é preciso que se tenha atenção à linha ténue que diferencia << ser >> de << tentar ser >>. Nós já nascemos sendo alguém, eu até podia dizer que nascermos já é uma acção que nos torna ser, nem que seja sermos amados ou desprezados ou odiados já dentro do ventre pois já estaremos a influenciar vidas, onde há uma relação mútua e ganhamos nome, como por exemplo, bebé ou filho ou neto que já irá influenciar frases que constituam verbos que nos implicam. E é muito relevante isto das frases, pois é a comunicação que um ser humano tem para com o outro e que surge de pensamentos e sentimentos. Mas continuemos...
   Tentar ser é um objectivo, então pensemos como objectivo. A pessoa quer ser famosa, desconhecendo ou tendo uma noção meramente teórica e nada mais do que isso. Essa pessoa atinge o objectivo e torna-se famosa. Transforma-se em famosa. E o que acontecerá depois? Terá sido essa idealização, que por o ser já está longe da realidade, uma conquista? Ou melhor, terá essa idealização transformado em realidade como a pessoa se transformou noutro ser**? É de entender que o objectivo principal, ser, é muito limitado porque se desgasta como objectivo final, com que se vive em presente contínuo. Assim, teríamos de aplicar o "estar" emocional dessa pessoa, pois esta meta deixa de o ser depois de ultrapassada.
   Mas o tentar ser poderá ser irreal? Qual será a grande influência? Será para ela, pois esse é o, ou seria, o objectivo dela? Então este tentar ser é egoísta. E o ser como estado principal é que cria o fazer matando o acto. O acto, o fazer, é algo concreto, é tornado um facto, apesar de o acto ser influenciado pelo pensamento ou talvez na maior parte das vezes. O tentar ser é algo muito abstracto de tal modo que pode ser um segredo e muito inventado por terceiros. Para se querer tentar ser é preciso haver uma interpretação da realidade e pelo facto de haver uma interpretação já se foge da realidade, porque vemos de maneira diferente, concordando com a interpretação do nosso passado ou história ou os dois juntamente com as bases da nossa personalidade, assim, o nosso tentar ser pode-se tornar uma ambição completamente irreal, sabendo que sem ser amado o ser humano não sobrevive. E é este um dos pontos ao qual eu queria chegar, a nossa educação que, como todos nós sabemos, tem de haver pelo menos amostras de amor nem que sejam as mais pequeninas, os afectos. Mas e o que acontece se a nossa infância e adolescência tiver uma grande deficiência de amor e de atenção? Já que é natural o ser humano precisar de ser amado, então esse ser humano deficiente de amor tentará - o como dependerá da sua cultura e da sociedade em que está inserido - de alguma forma conseguir ter atenção. Mas a atenção que lhe faltara só poderá ser totalmente satisfeita pelos que lha deviam ter dado. Daí o tentar ser substituir o tentar fazer. Acho que por hoje é tudo.

--- //---
* "(...) que tentam ser algo, (...)": reparem bem na palavra algo, que é de "o quê", não do "quem" nem outra palavra do género. É necessário ressuscitar a língua portuguesa que morreu de tanto ser banalizada.

** é de entender que o ser da pessoa, o ser das bases originárias não se transforma, apenas se molda e/ou adapta.

O Olhar Simples da Billy

A minha gata Billy. É jovem e brincalhona. É simples, de uma vida simplória. Quando quer pede, sem medos, sem vergonhas e sem receios. Seja o que for... também não há-de pedir muito, não é? É puramente a simplicidade de umas festinhas ou de uma tigela a necessitar de ser preenchida... Quando quer festinhas, roça-se a nós ou fica a olhar para nós a miar à espera de atenção, um miar doce e humilde. Quando quer comer da nossa comida, simplesmente fica a olhar, a olhar, a olhar... quase eternamente a olhar. Às vezes até fico invejoso com ela, como é que ela consegue ser simples? Assim, sem grandes códigos? Eu de vez em quando fico parado a observar os olhos dela, a tentar descobrir algum segredo, mas ela não tem nada a esconder. Os olhos dela não são especiais, não têm nada de especial, muito sinceramente. Mas isso é devido ao facto de não ter nenhuma história paralela senão o Presente. A Billy é o que faz por isso é que os olhos dela não são nada de especial. Sortuda.
Eles alimentam-se do sangue derramado,
eles devoram a nossa própria carne,
eles bebem as nossas lágrimas,
são anjos caídos e disfarçados
que gozam a vida em banquetes envenenados
sem sairem dos seus castelos
por isso acham outros mundos
quase tão belos como os deles.
Eles vivem numa ilusão tal
nem se apercebem
que no outro lado da janela
surge uma nova forma de mal,
são demónios irados criados,
alimentados pelos desgraçados
apelidados de heróis pelas gentes
que agora estão nas frentes
para assinar novas carnificinas,
tenham cuidado,
a vossa vida foi uma mentira
porque os mortos do passado
vieram recrutar novas vitimas
para lutar com toda a ira...
confessem-se, tenham medo,
porque o ódio vai apoderar-se
mais tarde ou mais cedo...
Eles falam,
eles comentam.
eles olham,
eles observam,
e eu estou sentado
a mandar uma caga
para eles.
Eles falham
e eu acerto,
eles tentam
mas eu é que estou certo.

Encantos Do Amor

Baaaa,
eu corro para ver se te apanho
à volta pelo mundo,
eu já nem sei de onde venho
ou se são cores as cores que confundo,
quando estou perto de agarrar
é certo que me vais escapar,
e eu tento outra vez
até me cansar,
burro sou eu
ao pensar que um dia te vou apanhar,
neste planeta onde só há tu e eu,
se te vi se te vejo na luz que apareceu
é tudo irreal nestes tipos de ilusões
onde nadam a voar trezentos mil corações,
onde estás?
Se são falas de boca cheia
e intenções de gentes más,
ou se são tão verdadeiras
com que como como ceia
que vomita parteiras.
Eu ando atrás de ti
tu andas atrás de outro
e eu não sei se falho
ou se estou louco.
Mas continuo o meu trabalho
embora o batimento seja pouco,
Platão disse para continuar
mas eu já me estou a borrifar,
no entanto se me vieres falar
não faço tensões de te fazer esperar.
Ponho-me com pensamentos
a perguntar-me o que tu desejas
criando momentos
sem que tu os vejas.
Estou tão incerto e inseguro
se queres um começo nosso
para o futuro.
Eu não sei,
não tenho certezas
é porque eu reinei
sem ter visto belezas.
Não me preocupa
se eu disser merda
assumo logo a culpa
e talvez até plante sementes
na tua terra.
Não tentes
desviar a conversa,
estás a rir-te?
Ainda bem,
que eu fico especado
a sorrir-te.
Não posso pensar
porque neste jogo
quem pensa não é ninguém,
onde palavras de amar
podem não calhar muito bem,
São actos e atitudes sem pressa
mas o meu coração está a cem
vezes cem bem depressa
que o meu cérebro fica esgotado
sem efeito para continuar a conversa.
O que se diz agora para o final?
Tem um bom dia,
é esta a despedida onde eu fico a bater mal.

domingo, 8 de abril de 2012

Anda lá,
nós sabemos
desde o momento em que nos conhecemos
que vivemos a pensar o quanto nos queremos.
Minha inspiração
deusa santa divina do meu coração,
adrenalina da minha pulsação,
quando estou contigo engasgo-me
e perco a razão
porque o meu cérebro fica numa paralisação tal
que no final sou eu que fico a bater mal.
O teu belo olhar é de arrepiar
como a medusa te fico a observar
parado no tempo sem saber o que pensar
senão nos teus lábios que tanto quero beijar.
Estás no topo das minhas prioridades
que não difere os sonhos das realidades
e eu já nem sei o que escrever,
já me estou a perder
porque acho que te estou a ver.
Mas o que é que me está acontecer?
Será? Não é? Mas haverá?
Acompanhas-me aonde quer que eu vá,
olha que bem que se está.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sonhos de criança
são promessas no vazio
quando tudo o que vimos foi nada
e viver torna-se um desafio
entre a falta de esperança
e a vida por um fio.

Ela espera-me em cada
ruela que ainda não passei,
está em todo o lado
quando o mundo escurece,
ri-se tão alto quando me desgraço
e o seu abraço é tão irresistível
mas não posso cair no seu fracasso
a minha mente tem de ser flexível.
Tenho de continuar a andar,
eu sei que estou a sangrar
mas tenho de provar
quem sou,
não posso parar
mas a ferida aumentou,
quanto mais caminho
mais o buraco no meu corpo aprofunda
tornando-se tão doloroso,
com tanto sangue a minha alma já se afunda
mas eu tenho de ser corajoso,
tenho de conseguir,
quando olho para o horizonte
vejo-me vitorioso e a sorrir,
mas estou exausto, já ando a cair...
paro, à minha volta
tanta dor, tanta confusão
tenho de sair,
não posso fugir
é em frente
que tenho de ir,
já me arrasto,
ainda longe,
está ali,
hoje...
vencer...
conse...
herói...
herói...
herói...
Já é então tempo de fugir?
Se à solução não se dá valor
para quê ficar pela dor
em vez de se partir?
Para um tempo, sei lá,
onde seja outro o movimento
dos ponteiros, diferente
do de cá,
onde se possa livremente
sorrir.

Esse olhar me mata
e atrofia-me a linha de pensamento.
Só de te ver
já é um grande momento.
O que tens para dizer,
diz tudo pois é tudo que eu quero saber.
É muito?
Não faz mal quando estou contigo
o meu tempo torna-se infinito.
Desculpa não estar a prestar-te atenção
é que estava aqui a magicar
como é que és tão bela?
Tanta tentação
que eu não acredito
que haja príncipe que te dê total satisfação.
Sinceramente é melhor
não falares comigo,
porque senão não vou conseguir
resistir a criar um caminho para onde ir
para que no final tu ficares a sentir
um sorriso tão especial
que tudo vai acontecer
de modo tão natural.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Não, não me amas,
as palavras a mim
nunca me disseram nada
quando a acção
só pode ser inversamente comparada.
Tu não estás comigo,
essas palavras fazem-me rir,
nem que chorasses
eu haveria de crer
nessas frases,
eu não te estou a ouvir
porque quando é forte a dor
que estamos sofrer
ficamos surdos
entre gritos mudos.

Deixa-me da mão,
tu a mim não me levas o coração
e nem vale a pena
vires com a razão,
porque a razão
ainda não me mostrou
a justificação
ou a solução
para o facto
de quem me está
a levar para o suicídio
chama-se emoção.

Blábláblá,
são meras palavras fáceis
mas comigo nunca serão ágeis
porque eu conheço a práctica
tão bem que mal abres a boca
já te faço sentires-te ninguém.

Vem-me criticar,
eu rio-me na tua cara
porque eu sou o primeiro
a odiar-me.

Estou calado
a observar
o interesse
de haver trezentas horas
sem ter falado,
a ouvir essa merda de gente
que diz saber muito
mas falar é o seu único intuito.

Falai vós,
nossas senhorias da vida.
O meu único desconhecimento
é não saber como é que ainda têm voz.

Eu falo pouco
e o que te digo deixa-te louco,
mas até tem piada ouvir
essa gente faladora
que já começa a mentir
porque em termos de vida
é tudo alma amadora.

Antes fosse o que não fora
que eu já perdi o juízo
de ajuizar o teu sorriso
que me parece maldoso
neste mal mundano
que aos poucos me vai
tornando desumano.

Eu adivinho o teu passado
de tanto observar o planeta a girar,
porque enquanto tiveste a falar
eu tenho-te observado.
Esses tiques revelam
que os teus pais te fizeram
aquilo que a sociedade
considera errado.

Continua a falar,
eu estou a gostar
de ver as figuras
que estás a fazer
enquanto pensas
que estás a ganhar
essa guerra contigo
no teu umbigo
e nem te apercebes que a tens
nessa tua auto-exaltação
que tão necessitas
que já nem te conténs.
Deuses, bora lá ter uma conversa.
Digam-me lá que merda vem a ser esta?
O que é que vocês ganham com isto?
Vocês andam a fazer apostas
nas vidas que andam a sofrer
para ver quem é que mais depressa
irá morrer.
Apostam quem é que irá pegar na faca
para matar por já estar morto,
vocês andam a rir-se sobre
aquelas as gentes que se consideram aborto
porque a vida virou tanto para o torto
e já nem têm a força
de ter vivido vinte anos
nas desgraças reservadas,
nas torturas sem procuras
de luzes suficientemente fortes
para iluminar a escuridão
e assim afugentar
quaisquer mortes.
Ainda para mais gozar
roubam-lhes a mais pequenina das sortes
que poderiam exclamar na alma um momento feliz.
Será que fugimos
num mundo em que fingimos
sem buracos ou pausas no tempo para desabafar,
a pressão é tanta que nem consigo pensar
como gente normal
que tudo o que é mau e errado
já se apela de natural.
Oxalá pudesse eu conhecer um paraíso
mas nem forças tenho para um sorriso
e canso-me porque não encontro
um ponto anti-loucura
e já nem demonstro
qualquer espécie
de adjectivo
em que ressuscito.
Gostava tanto
mas eu não sou a vitória
apenas um cancro
de memória,
mas as palavras
já me fogem
à procura
de outras para acolher,
outras mais amáveis
outras mais suportáveis
com sorriso
em que me deixe viver
sem que tenha de pensar
em cima de um improviso.

Rafeirice

Rafeiros,
têm nariz apenas para farejar
as rachas públicas por abrir,
só têm olhos para apreciar
peitos e rabos para sentir
aonde é que a cabecinha
poderá cuspir.
Quanto o corpo tem mais músculo
mais o cérebro fica minúsculo.
Cheiram a quem não se lava
foram feitos uns para os outros
e que seja a doença a fava
a engolir à medida
que se servem no buffet
é esta a vitória e a conquista
da peste e da sida,
daqueles que não usam o porquê.
Olhem para este mundo,
sexo trausente e nauseabundo,
fora da validade, a apodrecer
vai-se chupando para se poder viver.
É a isto que devemos brindar
a este mundo cão que deixa
a cama a saltitar,
esta é a evolução que se desleixa,
apodrecida antes de nascer,
de racha e pila desfeita,
de masturbanços
onde ninguém se respeita,
mas mesmo assim há alguém
que anda de cabeça direita
entre caminhos
que a sociedade rejeita.
Rafeiros e rafeiras.
Até onde vai o sexo?
O que se sacrifica por
horas e minutos sem nexo
que nem sequer vão ter
nas memórias qualquer anexo?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Esta é máscara que te esconde e te observa
a mesma máscara que tu moldas enquanto dormes
e que é espelho do que tu vês e interpretas.
Esta máscara esconde a tua realidade,
de outro modo não poderia ser igual às outras,
mas deixa-te fraco, frágil e ignorante.
Hoje celebro mais um fracasso,
estou farto de chorar,
vou celebrar as vitórias dos outros
duas vezes mais intensamente
do que eles,
brindo agora aos que pisaram
e torturaram e hoje saiem vitoriosos.
Sinto-me sozinho,
de pés gastos à procura dum caminho,
de joelhos no chão,
num cansaço enorme a tentar encontrar uma saída,
mas ceguei na solidão
para falhar continuamente na vida
mas sou obrigado a continuar
sem onde ir e nem consigo voltar.
Mas que fiz eu?
Isto é um pesadelo
e eu vou acordar no dia em que a dor morreu.
A felicidade acontece
sem que se ouça a minha prece
num mundo que diz não desprezar
a vida de um vagabundo,
mas eu ando a vaguear,
a suspirar, a suportar,
sem amor nenhum.
De mãos à cabeça
a ver se não sou mais um
que pensa porque sente
sobre uns órgãos que funcionam
de alma ausente.

Caímos num abismo
enquanto o tempo passa,
tão lentamente
que parece uma queda no Universo
e ainda vemos tudo
passar por nós
com uma rapidez
que só no final
é que vês
o que te passou
ao lado,
porque enquanto
estavas preocupado
não deste atenção
ao quanto
o mundo te
quis dar a mão.

Esta é mais uma
razão...

O mundo cai
e vai sem nós,
distraídos,
só falamos
verdadeiramente
quando estamos sem voz.

Nascer foi o suficiente
para sermos lembrados
e esquecidos para dar
lugar a outros passados.

domingo, 1 de abril de 2012

Às vezes dá-me para isto,
pensar que já a tinha visto
em sonhos que não resisto.
Acaba por se tornar uma ilusão,
uma realidade falsa
que se torna confusa
até ser uma desilusão.
Eu sei a razão
mas não encontro soluções
e penso nas minhas limitações
sentindo-me o cúmulo da humildade,
caindo na irrealidade
de sonhos sem percepção.
Bem que não queria ser
preferia não nem sequer saber
mas esta é a minha vida
e sou que a estou a viver.
Nem se à morte
devo-lhe chamar bandida
ou se a minha alma devia estar agradecida.