A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sábado, 31 de dezembro de 2011

Olhos fechados,
sem os conseguir abrir,
de real não vejo nada
entre pesadelos abandonados
e fantasias de sorrir.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Estou perdido,
com tudo o que aconteceu,
ainda não me dei por vencido
mas derrotado sou eu
de cabeça erguida
como o tempo que passa
passa o tempo
a pedir desculpas à vida.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cânticos De Julgamentos

Viver num mundo que não é meu.
Não encontro o meu mundo,
escondo-me em subterfúgios
e danço loucamente o sonho
gritando Ah's sobre ecos,
sendo olhado como louco
porque não quero chorar
e faço de tudo para não o fazer,
até me entrego às vergonhas dos actos
que tendem a não ser justificados...
exausto, suado,
continuo dançando
e todos se riem de mim,
nem uma alma pura
entende a coreografia
que justifica os porquês
oriundos de outras gentes...
Danço porque tenho sede,
preciso de água,
tenho pavor de pedir por favor,
de mostrar o que sou,
ser frágil, ser frágil...
dança Francisco dança
para que os maus fiquem
de longe a gozar contigo
e dessa maneira não se aproximam
com abraços confortáveis e traiçoeiros,
não pares de dançar
não pares de dançar
ou eles falarão de ti,
dança para eles falarem
do louco que dançou
das humilhações eternas
de um ser qualquer
que não tu
mas uma personagem que em ti há.
Dança, porque se parares
a corda vai lá estar
para abraçar as tuas lágrimas.
Foge, Francisco, dançando
pela mentira, pela fuga
à realidade, dança,
Francisco deixa-me possuir-te
deixa-me arrancar de ti
a tua alma...
Não passas do que és
porque não o deixas ser,
tens medo de viver
pelo teu verdadeiro nome.
Dança Francisco,
foge fugindo escondido no sonho
que te faz dançar sobre música irreal,
eu te dou o compasso
da mentira, do verdadeiro sentimento
da ira que construíste nessa fortaleza
tão gigante que auto-guarda
um ser tão pequenino...
é isso que tu és, não é?
Pequenino... "o pequenino Francisco"
como te chamavam,
NÃO É?
É disso que foges,
da lembrança dos abraços
traiçoeiros que tatuavam em ti o amor
mas que te abandonaram em criança
que te deixaram à mercê das maldades,
e tu, minha criança, não te sabias defender
das pancadarias que não entendias,
e só choravas, porque era a única
coisa que sabias fazer,
não é Francisco? NÃO É?
RESPONDE! PORQUE CHORAS
EM VEZ DE DANÇARES?
Olha para ti,
encravaste a alegria
por teres parado de dançar, vez?
Fizeste com que os risos
se tornassem em silêncios incomodados,
OLHA! Choras como a criança
que nunca conseguiste largar!
DANÇA FRANCISCO DANÇA
ou cairás na solidão
onde as nuvens tapam
o brilho das estrelas!
Não podes parar para beber água
as tuas pernas já tremem de cansaço
e os restos de água que tinhas
estão a desaparecer,
estás a ficar desidratado
mas não podes parar de dançar,
não podes parar de sonhar,
vê, a água que ainda guardas
só poderá sair pelos olhos
mas para isso terás de parar
de dançar e tu não podes parar de dançar
mas essas lágrimas estão azedas
porque não foram desabafadas,
não é Francisco?
NÃO É? RESPONDE!
RESPONDE A DANÇAR!
És amargo como um velho rabugento
que o é por não ser amado,
olha as rugas Francisco,
dança! DANÇA!
Estás desidratado
precisas de água mágica,
tão simples de pedir,
mas terias de olhar para os olhos
dessa pessoa para lhe pedir
e tu não consegues!
DANÇA POR NÃO CONSEGUIRES!
Mas ninguém ouve o teu socorro,
não vale a pena, eles não compreendem,
não querem saber de ti,
as lágrimas que queres chorar
fazem parte do passado,
JÁ NÃO TENS IDADE PARA
CHORAR TAIS LÁGRIMAS!
Não é, Francisco? Não é?
Olha para ti, danças como uma tábua!
DANÇAS PORQUE ÉS UM FRACASSO!
Para não tentares nada mais do que dançar!
Dança rapaz! Sente o sonho...
mas que sonho? O sonho da felicidade?
TU SONHAS A FELICIDADE?
AHAHAHAHAH
ÉS UM INFELIZ!
UM GRANDESSÍSSIMO INFELIZ!
AHAHAHAHAHAH!!
Francisco Francisco...
Danças sobre a tua desgraça
os teus pés já sangram,
estão em carne viva
mas o sonho não te deixa sentir
a realidade, estás escondido!
Estás escondido em
passos sobre passos de dança!
Dança! Quero te ver dançar...
Dança para te aproximares
dos quem tu tanto precisas!
Tu precisas de todos, não é verdade?
Já não destinges o que queres das pessoas
com o que elas realmente são!
É por isso que danças,
não é Francisco?
DANÇAS PORQUE NÃO CONSEGUES
DIFERENCIAR O SONHO DA REALIDADE!
Alucinado, danças com fantasmas,
andando para aí a saltitar de desilusão para desilusão!
DANÇAS! DANÇAS!
Só os loucos é que apreciam
a beleza da tua dança,
não é? SÓ OS LOUCOS
É QUE REALMENTE PERCEBEM
O QUE SE ESTÁ A PASSAR!
Mas os loucos suicidam-se
e tu receias esse fim
porque sabes que poderá não haver fim,
que a dança poderá não chegar ao fim
por isso ignoras os aplausos dos loucos
em vez de parares para agradecer
a sua compreensão, não é?
DIZ-ME FRANCISCO
É OU NÃO É?
CONTINUA A DANÇAR!
NÃO PARES!
NÃO PARES DE DANÇAR!
OH! Os teus olhos estão fechados?
ENTÃO MINHA MARIONETA,
PARECES UM MORTO A DANÇAR!
TU ESTÁS MORTO!
JÁ MORRESTE! E TU BEM O SABES!
DANÇA! DANÇA DANÇA!
MEU MORTO BELO!
MEU CADÁVER CHEIO DE PUREZA!
Mas porque fechas os olhos?
Não queres ver as caras de gozo deles?
Sabes que eles são inocentes
nas suas atitudes de gozo,
eles gozam com tudo o que há e é a tua vida
mas tu não lhes fazes nada por
saberes que são inocentes, NÃO É?
Porque TU é que estás errado!
Porque danças no teu mundo desconcertado!
AHAHAHAHAHAH
DAAAAAAAANNNÇA!
Danças porque não descobres o culpado!
Tu não consegues atingir o culpado
não é?
AHAHAHAHAH!
DANÇAS PORQUE
NÃO CONSEGUES DESCOBRIR
O CULPADO!
ASSASSINO DANÇANTE!
DANÇA HOMICIDA!
DANÇA SOBRE O
CHÃO ENLAMEADO DE SANGUE!
DO SANGUE QUE
JORRA DO TEU CORAÇÃO ESFAQUEADO!
MAS QUE POÇA!
DANÇA SOBRE A POÇA DE SANGUE!
Olha-te, vê-te!
Tu bem vês que te vês
mas não queres ver!
AHAHAHAHAH!
DANÇA MEU GREGO PERFEITO!
GOSTO! GOSTO!
NÃO PARES DE DANÇAR!
CONTINUA A DANÇAR!
AHAHAHAHAH!
BAILARINO DE MERDA!
ESTÁS A PISAR A TUA PRÓPRIA
MERDA MEU BELO RAPAZ?
Não consegues disfarçar o cheiro
nauseabundo da tristeza e do ódio!
És puro de mais para tornares
os teus pensamentos de ódio
em acções!
E por isso danças!
Tu sabe-lo, rapaz! Tu sabe-lo!
Poderias destruir o teu ódio
se pedisses, como um gato
domesticado, uma festa!
Mas tu tens medo,
prevês reacções não é!
Toda a gente se riria de ti!
"FRANCISCO, O CÃO DOMESTICADO"!
SERIA ESSE O SLOGAN PARA TODA A TUA VIDA!
ESTARIAS CARIMBADO A FERROS QUENTES
ATÉ AOS RESTOS DOS TEUS DIAS!
POR ISSO DANÇAS!
DANÇAS PORQUE SENÃO DESTRUIRIAS
A TUA VIDA NA PRISÃO, INCOMPREENDIDO,
JULGADO POR AQUELES INOCENTES QUE NÃO TE ENTENDEM!
POSTO À PARTE, PARA SEMPRE!
AHAHAHAHAHAHAH!
AÍ JAMAIS TE AMARIAM!
A tua alma seria espancada
como fora!... e como ainda É!
SIM! ESPANCAS A TUA ALMA
PORQUE FOI O QUE TE ENSINARAM
EM CRIANÇA NÃO É VERDADE?
AHAHAHAHAHAHAHAH
DANÇA MINHA CRIANCINHA VIOLENTA!
DANÇA! DANÇA PARA NÃO
SERES VIOLENTO, PARA NÃO TE CASTIGARES
ETERNAMENTE, PARA NÃO TERES
DE NÃO TE PERDOARES!
És tu, Francisco, o primeiro a atacar-te,
ainda antes de fazeres algo, já te castigas!
JÁ TE INCRIMINAS!
ANTES DE ACONTECER
JÁ TE JULGAS COMO SE FOSSES
UMA OUTRA PESSOA QUALQUER!
E ficas tão centrado nisso,
que esqueces que as tuas acções
são banais, são comuns
e que não existe ninguém
que seja tão rígido
como tu! Mas TU crias
esse cancro em ti!
AHAHAHAHAHAH!
CRIAS O CANCRO
ANTES DE RESPIRARES!
AHAHAHAHAHAHA
E DANÇAS PARA NÃO O FAZERES!
PASSAS A TUA VIDA NUMA ÚNICA
MERDOSA ACÇÃO: DANÇAR!
AHAHAHAHAHAHAHAH!
DANÇA MINHA LÁSTIMA!
DANÇA PARA NÃO TE JULGARES
NO TRIBUNAL DAS CULPAS INOCENTES!
AHAHAHAHAHAHAH!
DANÇA DESGRAÇADO!
DANÇA PARA NÃO
MUTILARES A TUA ALMA!
DANÇA PARA NÃO
TORTURARES A TUA CABEÇA
COM LEMBRANÇAS DE DANÇAS
HUMILHANTES E DEGRANDANTES!
AHAHAHAHAHAHAHAHAH
Sonhos à noite
são pesadelos durante o dia!
Ahahahahahahahahah!
Danças em palcos
para não dançares
no meio da Natureza!
Tu sabes que as árvores
fariam silêncio reconfortante
para te ouvir!
Por isso foges delas!
E chorarias!
TU SABES!
Não fazes os teus passos
merdosos no meio de árvores
porque elas te iriam ouvir!
AHAHAHAHAHAHAHAH
DANÇA MINHA PRESA!
DANÇA! DANÇA O SILÊNCIO!
As folhas delas iriam acompanhar
os teus movimentos! Terias atenção,
uma atenção tão equilibrada!
DANÇAS PORQUE RECEIAS
QUE TE VEJAM; O TEU VERDADEIRO EU!
AHAHAHAHAHAHAHAHAH!
DANÇAS COM MÁSCARAS
E VESTIDOS ABSURDOS!
AHAHAHAHAHAHAH!
DANÇA! MEU ACTORZINHO DE MERDA!
És um péssimo actor!
Tentas representar-te
mas não consegues
porque não te conheces!
AHAHAAHAHAH
DANÇAS PORQUE
NÂO CONHECES O PORQUÊ!
AHAHAHAHAHAH!
És um fraco! És um reles fraco!
SERÁ QUE TENS ALMA?
RESPONDE! NÃO RESPONDES?
CONTINUAS DANÇANDO?
DANÇAS PARA NÃO SENTIRES
O TEU CORPO CHEIO DE VAZIO!
AHAHAHAHAHAHAH!
ESTÁS CONDENADO!
MORRE! FAZ A COREOGRAFIA
DA TUA MORTE NA DANÇA!
Quero ver-te abandonares
o teu corpo DANÇANDO!
AHAHAHAHAHAHAHAH
MORRE DANÇANDO!
SERIA BELO! SERIA PERFEITO!
NINGUÉM NESTE MUNDO
JAMAIS IRIA CONSEGUIR
ESCREVER ALGO TÃO BELO!
AHAHAHAHAHAHAHA
MAS NINGUÉM IRIA SABÊ-LO
PORQUE NINGUÉM DEU CONTA!
E tu sabes como é que eu sei
que ninguém deu conta?
Porque TU JÁ ESTÁS MORTO!
AHAHAHAHAHAH
E NINGUÉM se apercebeu!
Sabes porque é que ninguém
se apercebeu? Sabes PORQUÊ?
Porque TU TAMBÉM NÃO
TE APERCEBESTE QUE
JÁ ESTÁS MORTO!
AHAHAAHAHAAHAH
BEM VINDO AO INFERNO!
MEU CABRÃO DE MERDA!
AHAHAHAAHAHAHAH



Isto nunca aconteceu, o que vocês leram foi apenas um momento de silêncio.

Em Defesa do Suicídio

Afastei-me do mundo,
cansei-me do cheiro nauseabundo
da ganância e da hipocrisia,
da tolerância sádica da ironia.
Fartei-me dessa humanidade desumanizada,
talvez, talvez tenha sido covardia,
mas eu não suportei mais,
afinal, o amor deixa limitado
de um sorriso à dor.
Tive de virar as costas
sem sequer me despedir,
não quis o vício que tu és,
nem a alucinação me deixara sorrir.

Posso morrer aqui... só...

Que maneira há, de sentir dó,
por alguém que abraçou a morte,
sem direito à honra de uma vala?
A culpa de uma corda ao pescoço
de uma voz que não fala,
igual à de um morto,
numa tortura desigual
que acaba por abafá-la...

Quem tem o direito de apontar o dedo
a uma pessoa que se suicidou sem medo,
quando a voz era calada?
Qual hipócrita,
que não lhe deu ouvidos,
chora no funeral,
entre marés dos arrependidos?
Ele amou a vida,
mas antes dela já amava a sua alma,
e como um cavalo de corrida,
prefere correr até morrer,
do que levar pancada
e ele, na vida,
seria obrigado a sofrer?
Que choras, ó tu,
que as tuas palavras lhe foram nada?
Quantas mentiras lhe pregaste,
prometendo-lhe amor,
quando o amaste
mas só lhe causaste dor?
Qual lhe foi a escapatória
se foi preso na vida,
desgraçado na sua própria memória?
Quantas lágrimas derramou
por não ver nem uma conquista,
nem uma glória?
Que futuro lhe esperaria,
se o passado fora desgraçado?
Quem se riria e sorriria
quando tudo o que conhece da vida
é nada mais que um corpo fracassado?
Que medo teve ele quando se matou,
contraste de quem és,
se a ele o sofrimento não mudou
e tu foges da morte a sete pés?
Sim, agora já é alguém para ti,
agora, choras por não teres tido presença,
agora? Agora que ele já ditou a sua sentença.
Mas onde estavas tu na maldita hora?
Preocupado com quem?
Preocupado com o quê?
Amáva-lo? Não o conhecias bem
se nunca respondeste ao seu porquê.
Que morte criticas tu?
A morte da felicidade
ou das feridas da alma
que teimaram em não sarar?
A morte da sua liberdade!?
Sentia-se impotente perante a sua realidade...
Não venhas falar de pessimismo
se ele nunca conhecera outra cultura
senão a sua própria tortura?
Com tanta gente,
ele nasceu sozinho,
ele sofreu sozinho,
ele sobreviveu na guerra sozinho
e claro, morreu... partiu sozinho...

Que outro caminho da morte seria diferente
ao da sua própria vida?
Ele fez do seu próprio corpo uma mensagem
que tu não quiseste ver,
ele chorou e gritou e tu não lhe falaste,
ainda o acusas de morrer?
Com que direito?

Tu choras durante dois ou três dias,
ele chorou estes anos todos...

Suicidou-se inocente,
suicidou-se por ser ser humano.
Enquanto a cidade se movimentava
ele nunca fora mais que um rato num cano,
por baixo da superfície,
num labirinto sem fim,
procurando soluções
numa terra sem planície...
Ele foi somente uma alma,
indiferente ao corpo,
por isso se suicidou
ao encontro da sua calma...
Sou um estranho só, completamente só,
apenas me sinto encaixado aquando de um abraço.
Sou um estranho só, completamente só,
vivo demais sobre sonhos irreais.
Sou um estranho só, completamente só,
mas nada faz sentido embora sentido faça
refugio-me nos sonhos,
completamente sozinho,
sem sentido, sou estranho ao real
porque vivo só, só pelo sonho...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Proíbem-me de salivar a sua morte!?
Enquanto foi ele que usurpou sorrisos,
sentenciou felicidades,
roubou os corações
dos cavaleiros e sonhadores,
tornou a tristeza uma doença incurável,
alimentou a besta da ira
transformou pais em anti-naturais,
destruiu as vidas dos que estão para nascer,
fez à vida parir a dor de querer morrer,
é ele o cancro do medo 
escondido do outro lado da esquina,
é ele o criador do bicho da faca afiada,
é ele a depressão que ceifou heróis,
é ele que irradia a desgraça que os deuses
não conseguiram travar,
ele é a prova do falhanço da Natureza,

AH! 
Até tenho vergonha de te pronunciar,
a cada passo que dás 
dá-me vontade de pedir desculpa
à Humanidade por teres nascido
antes fosse que assim não fora
se dependesse da minha vida 
seria eu próprio a cavar a minha cova
sem esperar pela demora...

É tua a vitória pela tua liberdade
é nossa a derrota da Humanidade.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tudo bem? Olha, não sei quem és,
o que tu foste revela o contrário dos teus pés,
esse sorriso não combina com estas feridas,
vestes camadas sobre camadas camufladas de vidas
com adjectivos contraditórios
como rir em momentos irrisórios
entre desespero de esperança.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fugas


Procuras uma solução
sem perceber o problema,
corres sem pernas, rapaz,
mas ainda assim tentas fugir,
escapar da terra que tanto desconfias
tentando correr em cima de oceanos
mas a água é como o teu espelho
e quando o vês parte-se aos bocados
absorvendo-te, engolindo-te, mastigando-te
e lutas absurdamente para voltar à luz da superfície
enxovalhando as memórias à tua volta
e como areia movediça
quanto mais lutas contra ti próprio mais te sufoca
e deixas-te desmaiar para não sentir a dor
que fez de ti um desertor e um drogado:
injectas sonhos à desesperado
tentando alcançar a conquista do sentido do amor
mas quando te aproximas surge em ti o maior pavor
e corres sem pernas
mesmo assim tentas fugir,
escapar à terra que tanto desconfias
mas estás num pesadelo
onde outrora tão puramente te rias...
Queria compreender
mas nem as palavras
conseguem entender.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Encoberto De Pensamentos - A Minha Fuga

Vazio, como água, como ar,
quando estou a pensar,
a pensar no andar daquele,
a pensar no que aconteceu,
a pensar no porquê,
a pensar que estou a pensar demais
e ainda estou a andar
sem me lembrar por onde caminhei,
a pensar porque não me lembrei,
já estou a pensar em não pensar
sem conseguir parar de pensar
como contas sem contas contar
e a lua passa e eu já não sei qual é a vaza,
quando vai já não vai tempo
por cada momento que passa,
passa passou e já foi passado
passado estou eu por não
conseguir ficar parado.
Não é energia a mais
é simplesmente...
Desculpa-me lá ó eu
é sem querer que acontece
mas a pausa já morreu,
já estás a pensar, esquece.

Mas eu sei o que se passa
porque eu sou a tua consciência
e digo-te porque tens essa tendência,
é para preencheres o vazio:
na retina nada se passa
para não veres que te vêem
para não sentires o que te pariu,
mas bem que podes fugir
que eu sei quem te sorriu
e sei que vais reflectir
na estupidez de não reagir
à frente do olhar
que te penetrou,
ficaste incomodado
e pôs-te a pensar
na arma que tens na mão
contra ti próprio de anti-perdão.
Acomoda-te à solidão
como um animal
e serás instinto
antes de chegares ao para-normal.
Agora já tentas e tentas e tentas
e enfrentas com vergonha não comentas,
sei do que falo e tu sabes bem,
consegues-me ouvir?
Então ouve, não é nenhuma receita,
não escondas segredos de ti próprio,
lutas sozinho sem ocupar espaço
nem posição, lutas contra o quê, então?
Porque eu não entendo, simplesmente,
porque quando tentas falar não consegues
e tentas absurdamente passar à frente.
Caos, como uma fénix,
ruíste com a vida,
afundado entre dentes cerrados,
estéril com tantos fardos,
quem és tu?
Mudaste de personalidade, foste obrigado,
ou não eras fera ou eras espancado.
Quem és tu afinal?
Não percebo, que fim terás?
Porque o tempo passa
e eu ainda não entendi se o verás
antes de abandonares essa caça.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Sempre que olho à minha volta
dá-me vontade de voltar a ser criança
e estar do lado da lua, do sonho,
pois caiem-me as lágrimas
de não conseguir nada com a revolta.
Quando acabo de escrever perco a esperança
porque foi mais desabafo entre muitas páginas
de um livro que não foi aberto.
Às vezes dou por mim com um sorriso belo,
o de sonhar com olhos brilhantes,
ganho asas e voo entre a beleza da Natureza,
as conquistas esquecidas e falhadas,
e no teu sorriso feliz de um conto de fadas
e assim, por instantes, vivo cinco vidas
que a realidade as tomou como vencidas
mas enquanto o meu coração bater
e eu senti-lo, nunca irão consegui-lo.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O tempo faz colecções,
na minha pele estão as razões
de um movimento fingido
e as cicatrizes tornam-me fugido
do toque suave e acolhedor de alguém
que me arrepia só de pensar que me quer bem...

de dentro para fora surgem borbulhas preguiçosas
secas pelo tempo de uns ventos laterais...
mãos com cales desenhadas por lutas impiedosas,
e que mãos, de dedos paralisados por cansaços imortais...

das rugas do sorriso pertencem outras de tristeza,
notam-se olhos distantes de lágrimas invisíveis,
tatuagens sem tinta contam histórias imperceptíveis
de toda uma vida desnatural da Natureza.

Escondido no meio de milhões de pêlos camuflados
da cor das outras espécies de humanos
como uma flôr, uma flôr pendurada numa árvore
que suspira pedaços seus de pólen
escondido entre as próprias folhas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ó homem, tu, que trazes
a arte, a cultura, a história
de uma Pátria tão longínqua,
tão longe da minha imaginação
mas igual ao tecido do meu coração.

O teu olhar, o teu falar,
a tua maneira de estar
desenham a História do teu Povo.

As nossas histórias são diferentes,
somos de origens distantes,
de educações diferentes...
o que é irreal para mim
já tu assististe e
o que tu imaginavas não ser
vejo eu como algo banal,
as nossas diferenças são tantas
como os quilómetros de espaço
entre os nossos lares,
mas a igualdade que supera
e cala todas as diferenças
está naquele momento
em que olhámos para a mesma paisagem
e sentimos a sua beleza reconfortante,
e isso, é alma de ser humano.


Somos nós o reencontro
de uma esperança
esquecida nas banalidades
da liderança.
Estou à janela à espera
de ser levado aonde não quero ir,
trancado atrás das grades do silêncio
na prisão que é o pavor
de qualquer palavra poder ser
a fonte e origem de uma cena de terror.
Dominado por ventos mortos no peito,
o cérebro quer desmaiar para não sentir,
para não saber o que virá a seguir
mas sou obrigado a ir a direito.
Hoje, é Sexta-Feira,
daqueles inícios de fim-de-semana
de mau presságio,
onde eu e a minha mana,
íamos para um pequeno estágio,
ser vítimas do fascismo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Fujo, fujo desesperadamente de algo,
num pânico enorme as palavras fogem-me
e fico a olhar, a olhar, a olhar, a olhar,
tentando vezes e vezes sem conta
atirar-me para os braços da honestidade
de ser quem sou mas não consigo.

Mas qual palavra... mas qual peito...
balançando entre a raiva e a frustração...
Porque me impedes e me deixas perdido no tempo?

Vou matando quem se aproxima
com o medo de violarem o meu coração
 e no meio das multidões vou sufocando
porque um desgosto marca um espelho
de antiguidades recordadas
que não esquecem quem sofreu.

E qual desgraça vens tu, ó estrangeiro,
dar a vitória e uma conquista que nunca conheci.
Ou invariável vida, quase a única real, dum sorriso falso.

Não, eu não procuro os podres da sociedade,
eu revejo-me nela sem me ver
e fujo dela para não sofrer,
porque os males se atacanham
entre os sorrisos honestos...

Mas a mim, ensinaram-me
que a honestidade tem um interesse,
tem um cancro num dente afiado
que num abraço, num beijo, numa carícia
torna o sangue podre e espreme o coração.

Afasta toda a gente!!! Desconfia!!!
Desconfia!!!! Ah!!! DESCONFIA!!!!....
Mas eu não posso mais sozinho
viver deste cancro d'alma...
não posso mais sozinho...
apodreci...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sociedade. Odeio-te. Odeio os filhos que pariste. Odeio-me por te pertencer. E tantas, mas tantas são as vezes que te observo só para me certificar que sou diferente. Quase que já é instinto. Às vezes dou por mim a profanar-te com tanta profundidade que me esqueço de mim. É frustrante estar para aqui a gritar contigo e tu estares à minha volta a desprezar-me. Odeio-te mais por isso. Quanto mais me desprezas mais te odeio. De vez em quando fico rouco sem sequer ter falado. Mas quanto mais te espanco mais tu te apoderas de mim. E quanto mais diferente tento ser mais igual fico a ti. Esgotas-me como um cigarro. Mas ainda não me venceste, ainda estou vivo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sociedade

Para sempre crianças, é na infância que estão as raízes dos nossos sonhos e o sonho vive-se mais intensamente que a própria vida, por enquanto pois quantos somos nós os condenados.Os presos, atrás das grades da sociedade que nos educa com a tortura do relógio, esmaga ovos talentosos, impede as sementes de crescer, preenche os campos da solidão com crateras cinzentas e inférteis. A mim, deram-me uma chupeta para provar e mal a apreciei eles arrancaram-ma e disseram: agora sobrevive, ó desgraçado, uma vida inteira à procura dela e do seu culpado. E morremos à procura, mesmo sem procurar, procuramos o conforto do abraço trancados no quarto com o medo da opressão dos julgamentos insanos desses humanos desumanizados que fogem, covardes às suas próprias desgraças contando anedotas, fingindo falando com intelectualidade para ter a atenciosidade escassa que fracassa quando é esse o objectivo, ou na inveja que espreita nas janelas dos vencedores, ou na violência com que beijamos o nosso igual entre ferros quentes fascistas, ou justificar a ignorância desses merdosos inocentes que se preenchem com sexo e álcool que defecam a pensar na política e na História da sua Nação que não amam porque não a conhecem. Sociedade, é sua própria causa, é sua própria consequência e é a sua próxima há-de vir e eu sou filho dela, um filho duma grande puta.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Na Rua Do Meu Nome

De mãos escondidas nos bolsos,
de capuz a cobrir as faces
vou descendo a rua esquecida;
a memória desfocada transformou-a em noite;
nas janelas dos prédios fotografias ganham vida;
ao meu lado, na parede, os tags desenham palavras marcadas;
os candeeiros de rua projectam sombras de amigos que passam;
nos espaços confusos entre as pedras das duas calçadas
ramificam-se pensamentos, reflexões
e experiências de vida justificadas por opções;
ouve-se um forte eco de um pêndulo
a tocar a cada passo que dou...
e a cada passo que dou
passa o vento por mais uma ruga que ficou.

sábado, 3 de dezembro de 2011


Só uma mãe louca e perdida na razão
morre de amores pelo seu filho vilão.
O teu carácter é o teu abismo,
os teus actos são a tua desgraça,
tudo o que fazes, tudo o que dizes,
transformam-se em reflexos
que te atacam como corvos esfomeados,
assim vai o tempo sugando os restos da tua alma.