A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

terça-feira, 30 de abril de 2013

Cartas No Espelho V

Olá Ser Humano,

que estupidez minha! Então não me avisas que não me tenho despedido!? Podia ser falta de respeito, mas não. É pura distracção. Percebes qual não foi a minha intenção? Temos de falar em intenções. Para que é que raio em vez de discutirmos, gritamos? Oh... pois, o orgulho. Mas não é de orgulho que quero falar. Para perdoarmos alguém temos de compreender as suas intenções no momento que nos ofendeu. Porque são as intenções que estão a ser julgadas pelo ofendido, não a ofensa prática. Enfim... depois de ler isto, apetece-me dizer-te até. Só até, porque não sei se é daqui a cinco minutos ou um ano. Por isso...

Até,

Cartas No Espelho IV

Olá ser humano,

sou poeta, não escritor. Talvez não compreendas o significado de poeta. Um poeta é um ser humano que vê poesia em tudo e todos. Não. Um poeta apercebe-se da Poesia em tudo e em todos. E absorve-a. E transforma-a. E redescobre-a. A minha Poesia é o meu ponto de vista. Antes de eu interpretar a realidade e ter opinião sobre ela, olho-me ao espelho para me entender, para perceber se aquele que surge no espelho sou eu. Se sou real, se realmente existo, porque eu existo em tudo aquilo que penso e reflicto, e para criar um pensamento próximo da realidade tenho de me ver real. Se a minha alma descansa no meu corpo. Ainda não vejo nitidamente, ainda me vejo pelo que não sou. Às vezes torno-me no que não sou por natureza por pensar que sou, mas tudo o que pensamos ser é uma ilusão, se houver, nessa imaginação, a posse, o ter, ou qualquer definição que nos incomode ou acomode. Sou quem quero ser, e amo quem sou. Todos amamos quem somos por natureza. A minha vida tornou-me quem sou, mas também me fez. A sociedade fez-me ser o que não sou, no seu sentido mais malvado, fazendo-me desacreditar, quem realmente sou não me faz bem. Mas todos os meus pensamentos têm origem no meu ser e, ao não sê-lo, não estou a pensar por mim, pois estou ensinado a reprimir quem sou. Mas quando começamos a reflectir por nós próprios, a ter essa iniciativa, sobre nós próprios, após iniciado este processo de transformação, não nos vale de nada querer a sua conclusão, porque temos de conquistá-la. Tenho de me conquistar. Tornar os meus pensamentos em realidade através de mim. No fundo, certezas garantidas pelo meu passado, pelo que a minha vida foi. Bem, esta carta está totalmente desgovernada. Tal como são e tal são as minhas reflexões. Ao leitor, isto está uma grande trapalhada mas ao ser humano, há-de encontrar algures neste texto uma universalidade. Ou não. Depende do ser humano. Mas este sou, não consigo organizar os meus pensamentos e reflexões por estar tudo relacionado e conectado, por esse motivo os meus objectivos, enquanto temas, são estrelas à primeira vista diferentes, até eu desenhar-lhes uma constelação como uma criança junta pontos numerados não seguindo a ordem numérica restringida. Mais um motivo fica aqui escrito.
A história de um rapaz honesto e apaixonado e de uma rapariga demasiado bonita para ter consciência do que faz, tem o seu final no seu prelúdio. O rapaz, sabendo o que queria, reflectia de dentro para fora através dos seus olhos brilhantes quando cruzados com os dela, sendo ela um espelho do que ele reflectia. Nem eu nem esse rapaz sabemos o que está para lá do espelho. Uma imensa escuridão em nome da nossa ignorância. Nem sequer sabíamos que era um espelho, pois é um bocado irónico e difícil perceber que é um espelho quando nos reflecte a nossa própria honestidade. Mas, enfim, prostitui-se a palavra amar.
O ser humano é o ser vivo superior. Menos quando está no deserto sem mantimentos e sem saber para onde caminhar. E também num pântano cheio de bichos venenosos escondidos. E também num lago onde não se vê nada do que está dentro da água, como crocodilos ou assim. Ou a dar uma corrida a fugir de um leão. Mas o cúmulo da era industrial seria uma falha de energia mundial. Aí é que teria piada. No seu próprio habitat, tornar-nos-íamos pequenos e vulneráveis. Só com a lua para nos iluminar à noite, que mesmo assim nem sempre a sacana surgiria. Quem é que saberia sobreviver da terra?

domingo, 28 de abril de 2013

Meu querido amigo,
escrevo-te na solidão para que me ouças na solidão da tua leitura. Para que as minhas palavras sejam melhor absorvidas por ti. Desabafo pela escrita para me esquecer, ou para um dia sorrir quando me lembrar. Tenho que te dizer, quando fui à cozinha, não estava acompanhado pelo silêncio. Voltou a apoderar-se de mim os pensamentos sobre ela. O tempo vai-me afastando dela mas também me vai fazendo aperceber de como tudo foi tão estranho. Surgiram novas perguntas sem resposta. Mas tudo vai dar a uma resposta, independentemente das perguntas, e ambos sabemos que não posso escrevê-la aqui. Esta ferida tem-se cicatrizado mas receio estar a infectar a minha alma... porque... pela primeira vez tive a paixão e fui iludido por ela acabando com o coração despejado. Este veneno, a que vejo muitos darem-lhe o nome de cale para esconder o sofrimento, começa a apoderar-se da minha visão. Começo a questionar o sexo feminino. O que é um rapaz honesto quando é traído tão desprezadamente? Tenho lutado e procurado caminhos que não o comum mas tem sido uma luta difícil. O meu coração foi roubado e não sei criar outro. As veias que teriam o seu fim e início no coração uniram-se sem que o coração se interpusesse entre elas. Tornei-me anomalia. Já não sou natural nem possuo o amor com que fui criado por causa desse lugar vazio agora habitado por veias, que mais parecem teias onde aranhas fazem depósitos de veneno para circular no sangue... Tive vontade de dizer amo-te, sabes, uma vontade enorme de dizer amo-te, tão incontrolável que deixava essas palavras ganharem vida nos meus sonhos, tendo-me dado ela a chave para que lhe pudesse desabafar este desejo, mas depois desapareceu ela deixando-me uma caixa com o meu coração gasto de ter sido abusado, e um bilhete shakesperiano dizendo que nunca me amou... agora, com o meu coração apodrecido insarável, não há espelhos na minha alma que estejam escritos com amo-te, nesta luta minha constante de riscar o amo-te do meu coração, surgindo de novo sobre os riscos, riscando eu por cima outra vez, aparecendo de novo, riscando de novo, uma luta tão desesperada, começada com lágrimas e no fim, com os tecidos do meu coração totalmente desfeitos e despedaçados, não sendo mais do que restos mastigados de carne crua, os meus dentes roem-se de raiva de ter sido tão massacrado por uma mentira. E por ela ter seguido em frente, como se fosse uma psicopata amoral, custando-me o que me custou. Por isto, desconfio instintivamente do sexo feminino e da sua capacidade de sedução, quase que odeio... quem me dera poder distinguir assertivamente em quem confiar mas, infelizmente, foram só os homens que escreveram toda a história da humanidade.

Cartas No Espelho III

Olá ser humano,

se te chamasse leitor teria de me chamar escritor. Mas não sou escritor, sou ser humano. Escritor é aquele que escreve... e há-de ter mais algumas palavras na definição de escritor, tal como: "que escreve como profissão, para poder comer", ou então: "escritor, aquele que escreve", como se eu fosse uma máquina, porque só escrevo, não como, não convivo, não existo, a minha existência é escrever. Como uma máquina de escrever, que por sinal não tem adjectivo funcional. Parece-me que só para os humanos é que é qualificado para possuir adjectivos funcionais, mas as máquinas, cuja a sua existência reside unicamente em ter função, não são merecedoras de adjectivos funcionais. Máquina lavadora de roupa, máquina escritora... entendo que não tenham adjectivos funcionais por que não criam, quem cria são os seres humanos. Mas há uma certa ironia subentendida. Essa não é minha função. Criar. Daí não ser eu escritor nem tu leitor. A não ser que a tua função seja ler, se for esse o caso, não me digas que leste porque não haverás de gostar da minha reacção. Não escrevo por obrigação portanto não lês com obrigação. Aqui está mais uma razão para não te chamar leitor/a.

Cartas No Espelho II

Olá ser humano,

escrevo com a minha Humanidade, e tu és ser humano, não um leitor, porque não escrevo palavras, mas pensamentos e desabafos. Se és leitor, não me leias mais. Toda a minha existência é a Humanidade na minha vida. Minha vida, onde estamos todos, tal como estou eu na vida dos outros, partilhando um elo igual para com o outro, e se não for, então é ilusão. Toda a partilha é amor. Ódio é amor-próprio ofendido. Na minha vida estamos todos e está tudo, até as biliões de pessoas no planeta das quais desconheço a sua existência. Isto porque sou mortal. E porque tenho sentidos, não obstante que não precise de ter os cinco. O que mais nos afecta enquanto população mundial é a indiferença. Agora estamos a falar de mentalidade, e agora, podemos usar a palavra "pessoa/s". E esta indiferença está na instrução, na cultura das pessoas, porque raciocinamos usando a primeira pessoa do singular em vez do plural. Acredito que haja muitas pessoas que, na sua inconsciência, acreditam que o mundo passou a existir no dia em que as mesmas vieram ao mundo. E por isso, a evolução da Humanidade regride. Se entrarmos no porquê desta mentalidade obrigatoriamente teria de falar não de política, mas de políticas. E em relação a isso apenas me vou limitar a dizer que se luta por ideais políticos, melhor, lutava-se, mas nunca se lutou pelos seres humanos, e tão pouco pela nossa pluralidade, o "nós" (nós de eu mais os outros, nós seres humanos, não nós de profissão, de família, de grupo adjectivado). Como prova do que digo sabemos, pela História, quantas vezes a servidão de ideais só prejudicou a Humanidade. Concluindo radicalmente esta carta, espero que percebas, ser humano, que não me fales desta carta com "eu", mas sim com "nós", pois estou certo, que somos diferentes por termos experiências de vida diferentes e que isso seja motivo de coexistência, de conviver, de compartilhar, tal como faço para contigo aqui. E neste coexistência sabermos construir, ou seja, instruirmo-nos em conjunto. Compreendes-me? Bem, desta afastei-me do que te queria escrever sem me afastar. Mas esperemos que a minha próxima carta tenha uma reflexão mais conclusiva de te chamar ser humano e não leitor.

Cartas No Espelho

Olá ser humano,
Não te vejo como leitor/a, leitor é a pessoa que lê, e por isso, antes de seres leitor/a, és pessoa, e antes de seres pessoa, és ser humano. Talvez não estejas a perceber o valor destas palavras, provavelmente não pensaste nisto, por não te parecer importante. Mas todas as palavras são importantes, pois são as palavras que desenham o teu pensamento e a tua imaginação, por definirem realidades ou pelo menos o que os nossos sentidos sentem, ouvem e vêem. Se não houvesse palavra "céu" nem nenhuma palavra que substituísse a definição de "céu", como poderias imaginar o céu se não tivesse nome? Como é que eu poderia falar-te do céu se não houvesse palavra que lhe desse nome? Poderias pensar no "céu"? Não imaginarias da mesma forma, talvez olhasses para cima e pensasses que é simplesmente o Espaço com astros e planetas, e pensarias de outra forma, não pensarias que o nosso planeta, que por cima de ti, que para ti e para a Humanidade haveria um céu. Provavelmente, não imaginas a palavra céu da mesma forma se te dissesse Espaço com astros e planetas. Mas nós não imaginamos de igual forma, cada um imagina os detalhes da tela da sua imaginação, o ponto de vista, se imagina dentro dele ou fora dele, a quantidade de estrelas, a cor delas, os planetas, os cometas... nada disto nos ocorre do mesmo modo na imaginação, e a imaginação é pensamento, e pensamento é criação de uma realidade baseada na realidade e na nossa pessoa, que, de um modo ou de outro, começa e acaba na realidade, mesmo sendo o oposto dela. E isto que acabaste de ler, é o meu pensamento, originado pela minha realidade, da minha observação, e que em certa altura, perdera e ganhara verdade. Se "ser humano" e "pessoa" tivessem o mesmo sentido, o mesmo significado, não haveria duas palavras. Porque as palavras são criadas pela razão mas com a história da cultura ganham alma em nós, e em cada um de nós, mistura-se ou não nas nossas vidas, ganhando uma interpretação, creio ligeiramente, no mínimo, diferente entre uma e outra pessoa. Sinto que, antes de sermos o que quer que sejamos, somos seres humanos, isso é o que nós somos em primeiro lugar, depois ganhamos outros adjectivos, uns pela nossa função, outros pela personalidade, pelas nossas características físicas... Ser humano é um ser vivo que transpôs a sua alma à sua volta, que se desenvolveu porque existiu com a Natureza, que para além do raciocínio, viveu com alma - e ainda vive, nos seus genes históricos, sendo orientado por esses genes, juntamente com os genes que lhe dão as suas características psicológicas e físicas. O Amor, a Alma e o Raciocínio são a base da nossa evolução, é o que sinto. Isso é a Humanidade, a Humanidade que está em nós, caso contrário, cada ser humano que nascesse seria o re-início da evolução da Humanidade. Já me afastei do tema que me levou a escrever-te, ser humano. Poderemos pensar que foi uma introdução, porque na verdade, esta reflexão que te escrevi foi a minha reflexão que originou, não totalmente, o que te vou escrever na próxima carta.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Até a própria desilusão é uma ilusão.

Ofensiva Feminina

Ele acreditou, ele lutou,
mas não sabia ele que era ilusão,
uma mentira proposta ao coração,
ela não pensou, e no final foi ele quem se magoou.

Magoado, triste, desacreditado,
traído, aldrabado, coração defraudado,
algo que o fez brilhar
hoje é o motivo para chorar.
O que foi amor-próprio
tornou-se ódio de estimação,
amar é mentira, só o sexo é a razão
da existência de qualquer relação.

Maldita rapariga, fê-lo assim,
um rapaz honesto, apaixonado,
viril, transformou-se em fútil,
inútil para ser namorado,
ilude as raparigas, rapaz vil,
fingindo ser príncipe encantado
e magoa, magoa-as todas,
metendo-se em relações
para as destruir,
e quando elas dizem amá-lo
ele começa-se a rir
dizendo que nunca
lhes prometeu nada,
e o mundo desaba,
é por ele que uma relação longa acaba
e uma semana depois ele caga,
desprezando-as como objectos
de usar e deitar fora,
é o amor que ele decora
sem nunca sentir afectos ou acreditar,
porque houve um dia
que ele prometeu nunca mais chorar.
Writters dão vida às paredes, tornam-nas em algo especial, unicamente especial.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Começo a aperceber-me que a, digamos próxima geração, é a geração do histerismo, do grito histérico do querer ser, e ser livre, mas não estão ensinados que para conquistar a liberdade têm de ter honestidade no ser, honestidade para com eles próprios. Com isto quero dizer que entre o ser e o ter há a diferença da imortalidade. E aqueles que gritam histericamente a liberdade ao mundo, estão no fundo a gritar para eles próprios porque não se conseguem libertar deles próprios, porque se incomodam no facto de serem vazios, daí vestir o parecer. Daí importância da aparência, de aparentar. Estou no caminho certo do meu raciocínio?

À Nossa Geração

Gritam histericamente a liberdade
e sangram as cordas vocais por nada,
porque gritam liberdade mas não há honestidade,
e quem fala verdade não precisa da sua voz aumentada,
nem necessita de afirmação porque afirmou para si,
para seu próprio entendimento, calmamente,
chegando mais longe no pensamento,
consequentemente, mais livre.

Gritam histericamente os que não estão em paz,
nem encontram harmonia,
os espelhos estilhaçam a visão
de um homem só fugindo da solidão.

Observação à Instrução Moral

Basicamente...
Sou basicamente vítima do mundo,
porque basicamente é tudo opressão,
mas lá no fundo, sou basicamente vítima de mim,
porque basicamente não me permiti libertar-me,
porque basicamente ensinaram-me a ser assim,
porque basicamente é essa a nossa cultura,
porque basicamente pensa-se demais no que está a mais,
porque basicamente passámos da aparência do conservadorismo
para passarmos basicamente para a aparência do histerismo,
porque basicamente é tudo aparência... aparentemente.
Porque aparentemente só sabemos ter,
porque aparentemente o ser está no parecer,
porque aparentemente não estamos sós
se formos basicamente iguais a quem usa a voz
para basicamente gritar histericamente a liberdade,
para gritar histericamente em roupas de grupos sem significado,
para gritar histericamente que também pertence à prateleira
para gritar histericamente que é amado e idolatrado
para gritar histericamente até rasgar as cordas vocais,
porque basicamente grita por nada
nesse nada que basicamente é,
porque aparentemente aparenta parecer,
daí ser histericamente vazio no seu ser
e sangrar as cordas vocais
porque o silêncio basicamente incomoda
porque basicamente convida o pensamento
que aparentemente leva a verdade,
o que sou basicamente nesta sociedade?
Basicamente...
Basicamente sou vítima do...

Basicamente é tudo da mente
ensinada a ser normalmente demente,
em modos, maneiras e formas
que formalmente encaixam bem
nesta sociedade formal,
mas será que alguém
se questionou se me encaixo bem ou mal,
numa sociedade que parece mas não tem moral?

Crítica Mental

A libertinagem destes políticos é a nossa prisão,
vendem as nossas necessidades básicas
para apostarem no prazer da prostituição,
que liberdade temos se a nossa electricidade
pertence a outra Nação? Somos básicos.
Não, se fôssemos básicos não venderíamos
o que é básico, muito menos a um País ditatorial.
Calma, qual de nós é o patrocínio?
Somos patrocinados pela ditadura da China
ou é a nossa democracia que os patrocina?
O que realmente está declínio?
A mentalidade é directamente proporcional
à dívida nacional, negativa,
também devemos inteligência
mas somos democraticamente pela abstinência.
Somos democraticamente gente
que sabe falar abertamente
para o povo com muitas poucas palavras:
"Os políticos são todos iguais!",
e aí concordamos, e aí tu vais ao café,
o outro vai chular dinheiro aos pais
e amanhã continuamos no mesmo tripé,
sem perna nem pé, sem ponta que se lhe pegue,
mas na boa, vou rezando para que esta gente se enxergue.

Conversas Destrutivas

Não quero conversar contigo,
os teus ouvidos têm dentes caninos,
devoradores enraivecidos,
sem consciência de seres teu inimigo
envenenas as palavras
nessa incapacidade de distinguir
o acessório do essencial,
são inférteis as terras que lavras
nessa tentativa de me calar
com ofensas subliminares,
passeias em terras salgadas,
nada cresce nesses lugares
morrendo antes de nascer.
Entre nós há uma grande diferença,
tu queres ser, eu quero crescer.
Ser, já sou à nascença,
converso não para ter razão
mas para a construção,
é pensar em conjunto
mas a ti só queres ser,
não te interessa o assunto.
Toma uma pá e escava a tua cova,
pessoas como tu não são especiais,
são bastante previsíveis
nas suas atitudes maquinais,
deita-te no caixão e adormece para sempre,
ninguém dará falta, porque como tu,
há muita gente.
De bicicleta ando livremente por aí,
com a minha coluna às costas
espalhando música e marcando ritmo.
Faço uma paragem,
num banco qualquer em espaço aberto
sento-me, sorrio à paisagem,
enrolo um cigarro, baixo o som
para ouvir a relva, as árvores e o vento,
e escrevo.

Escrevo por me apetecer,
o mundo olha-me e continua,
eu olho o mundo e não o esqueço,
pintando-o com palavras,
dissolvendo-o na minha alma,
delineando-o pelo meu estado espiritual,
enfim, sendo o que mais me apraz,
fazendo tudo em gerúndio
pois é por gosto, numa boa,
sempre na minha paz.

Insignificâncias

Esqueci-me de quem me esqueceu,
não tenho nada a ver contigo,
estou livre, não há pinga de sangue teu
a ser bombeado pelo meu coração,
já não te vejo quando não te vejo
e não me interessa ver-te quando te vejo.

Usei carvão para riscar as palavras
mas a marca delas tinha-se mantido,
arranquei essa página do meu livro
sem me ter fendido.

Páginas a mais não são da minha posse
nem influenciam a minha pose na vida,
porque se não será amanhã,
não é hoje que vou te conquistar,
prefiro acontecer a alguém
que realmente queira partilhar.

Hoje não estou, hoje não quero
o que não me quer, faca inexistente
não me fere porque me tornei sincero,
assumi a sua inexistência, por consequência,
as suas facadas são-me indiferente.

Porque não amamos quem não nos ama,
damos, mas não partilhamos porque não recebemos,
não recebemos, não temos...
porque calhau acende mas não possui chama.
Vive inconscientemente numa prisão desconhecida aquele que não sabe definir a liberdade.

domingo, 21 de abril de 2013

Para sonhar alto tem de se ter os pés lúcidos
Os nossos destinos foram descruzados,
separados pelas nossas condições...
e eu lutaria, garanto-te que lutaria,
não fiz, pois foram essas as tuas razões
de tudo o que não aconteceu,
tudo o que eu quis...
Agora vejo-te vaguear,
o tempo passa e só te estás a desgraçar,
enquanto te vejo prevejo
a tua queda, e afunda-me o coração
testemunhar isso, por isso vou
com a última razão...

sábado, 20 de abril de 2013

Um sábio sabe que não sabe o que pode vir a saber.
Smiriburps Delírio Espiritual
Agora que posso correr,
corro livremente,
sem destino,
com destino é destino
mas vou mesma,
com ou sem gente.
Norte, Sul, Este, Oeste,
isso é tudo para a frente,
independência mental conquistei-a,
não foste tu que me deste,
nem me ensinaste,
sou quem sou felizmente,
não sou a frustração do que tu quiseste.
Corro, devagar, para lavar as vistas,
não por ninguém, ninguém me pára,
a não ser que alguém pare comigo,
e pararei, mas só se for amigo,
então aproveito para descansar.
Continuarei a correr, devagar,
sem pressa, espalhando música
e um sorriso de prazer.

Não estás a lutar
quando pensas em mim,
acredita, também já estive no teu lugar
e apesar de não sentires, isso tem fim.
Eu fui, eu segui em frente,
tu também deves seguir,
porque não estou no teu coração
apenas na tua mente,
e ambos não estamos a sorrir
como te sorri essa ilusão.
Começa por me esquecer,
parar de pensar, de te perguntares,
não é a mim que tens de agradar.
Tens de perceber, essa pessoa,
que queres amar, não existe,
porque não te amo,
sei que te magoa, mas só uma vez,
assim não há ilusões nem desilusão.
A realidade só é dura
quando não se encontra o que se procura,
mas será que é mim que procuras?
Tu só me imaginas, não me conheces,
amor puramente platónico,
toma controlo sobre ti
e deixa-te de preces.
Não percas tempo com porquês,
só o desperdiças enquanto oportunidades
a passam por ti e tu não vês.
E ficarias melhor servida, acredita.

Feitios Estancados

Nada se destrói,
tudo se transforma.

Está feito o teu feitio,
afirmas impossível mudar
pois seria ser outra pessoa,
ou outra justificação
é porque és assim
e quem não gosta
não fica ao pé de ti.

Defendes-te
- palavra de guerra,
mas não é uma batalha,
é só uma questão de mudança
na instrução da tua elevação
para a tua visão se tornar maior
do que já alcança.

Vê se entendes que só te prendes,
achas-te livre ao teres essa escolha
mas só fazes com que a liberdade se encolha
porque não queres nem aprendes.

Seres maior é seres igual,
pois nesta co-existência mortal
são os outros que te elevam
amando-te pelo que és,
sendo tu quem és, és por ti.

E por ti, instrói-te,
porque tu és a tua vida,
e a tua vida a tua lição,
se a vida destrói-te
é sua causa a tua personalidade
em auto-corrosão.

E depois culpas a vida,
como se fosse outra pessoa,
chamando-lhe injusta,
mas foi esta a tua decisão.

Porque feitios estancados
são destinos traçados.

Momentos de Pura Amizade

Vamos rir o silêncio que nos faz sorrir,
porque ninguém quer falar para todos,
cada um fala para dentro estando atento
a quem será o primeiro a explodir.

E a história desenvolve-se em conjunto
dando mais vontade de rir sobre o assunto,
em cumplicidade sobre nenhum crime,
o silêncio intercala o desejo que não fala
mas se expressa em explodir o riso depressa.

Olhamo-nos já cansados e cheio de dores
de tanto rir sem fim, mas só dá vontade
de criar mais vontade de rir até chorar
e já temos alguém a implorar para parar.

Mas não dá, não dá,
porque rir é o melhor remédio
contra a tristeza, contra o tédio,
porque rir desmascara o que é sério.

Cachimbo da Paz

Hoje mantenho-me assim,
harmoniosamente pacífico,
tão pacificamente assim
que não me apetece expandir
a palavra assim...
Não estou aqui, estou só assim,
simplesmente assim,
poderiam-me descrever
pormenorizadamente as minhas humilhações,
passaria por mim como se eu não existisse,
ou não existem elas neste assim...
assim, sem princípios ou fins,
sem matéria física...
venham os inimigos, os rivais,
os malditos, os falsos,
hoje, sentar-me-ia na mesa
do inferno com eles todos
partilhando o meu cachimbo da paz...
ah... venha lá tudo que eu transformo em nada,
estou livre de responsabilidades,
livre de escolhas de possíveis erros,
porque estou assim,
muito bem assim...
Nada me ilumina
ou me abandona no escuro
porque não é luz que se trata,
venha o barulho ou o silêncio incomodativo,
nada disso chega ao meu cérebro,
não passa pelos meus ouvidos,
infiltrável....
a minha alma flutua,
dentro do meu corpo
há apenas a estufa do cachimbo da paz,
não há coração, nem cérebro nem sentidos...
ah... exclamação mais profundo
que qualquer orgasmo deste mundo,
não sou tudo, não sou nada,
nem um bocado, apenas assim,
tão simples, tão simplesmente fora de mim...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quanto mais descobrimos a universalidade menos egocêntricos ficamos.
Toda a arte universal liga-nos espiritualmente às condições básicas do ser humano, intensificando a co-existência entre o nosso mundo interior com o mundo exterior, descobrindo-nos iguais, enquanto humanos e mortais.

E o Teatro é o espelho da Vida, tudo o que se mexe e não se mexe faz parte dela. Quando digo espelho, digo ver um reflexo de mim ou do que vejo ao ver um espectáculo de Teatro. É o laboratório da existência humana. E por isso, uma ciência tanto para o actor como para o espectador. Não estou a dizer nada de novo, apenas para os que não sabem.
Nada a dizer,
tudo numa boa,
depois da limpeza à alma,
nada tenho a dizer.
Está uma boa tarde de sol,
um bom momento para passear
sem destino ouvindo música
sem usar auscultadores, 
apenas andar, e ver pessoas,
e sentir a brisa que vagueia
no labirinto da cidade
misturando-se com o calor
do meu corpo.
E sentar num sítio qualquer,
observar e ouvir,
tudo o que a harmonia quiser.

Brigadier Sabari Thanks and Praise Jah Jah Crown
Inovar, na minha Poesia, é descobrir algo em mim que desconhecia. Ou ver o mundo, com mais nitidez e mais amplamente. A minha Poesia vive pela minha vida, e não o contrário, por isso é que partilho os meus poemas sem dinheiro à mistura.

Desabo Desabafos e Violas ao Luar

Pronto. É disto que quero falar.
Falar de fazeres sexo com um gajo sem personalidade. 
Sou a desgraça de não ser muito confiante em mim mesmo
e tenho a trapalhice de uma criança persistente que não sabe o que faz,
é porque amo, e por amar não tenho paz,
mas sei sorrir com vontade e faço por isso,
porque a minha harmonia vive do meu sorriso.

Mas já fugi do assunto, fugi.

A sério... ao menos poderias escolher um ser humano,
não um rato. Esse monte de esterco que se deve gabar,
nas tuas costas, de te ter como se fosses um objecto.
Vamos falar dessa aberração. 
Não sabe definir amor porque só se gaba da traição.
E por isso sou bem maior que ele.
Sou mais humano que ele.
Existo mais que ele.
Caga dinheiro mas não tem onde cair morto
porque as suas amizades estão todas traídas,
se é que podemos chamar amizades.
Só sabe falar de droga,
cérebro pequeno não alcança horizontes.
Esse animal não te quer, amanhã troca-te por outra vagina.
E se ao menos tivesses apaixonada por ele,
mas não estás...

Só sei amor,
do início ao fim da minha vida,
e por isso acompanha-me também alguma dor.
É por isto que escrevo, e nunca lerás.
Mas é um desabafo.

Estou magoado. 
Um rato que só sabe comer ratas.
Um coiso sem nome que o dinheiro transformou em objecto.
Sei que tudo isto é uma espécie de ciúme,
seria ciúme se esse paspalho fosse humano
mas a humanidade dele perdeu-se.
Ele não te beija como eu sei beijar
porque não te tem amor,
ele não sabe possuir-te
porque despreza a tua alma.
Como podes pôr-te nua à frente dele?
Essa confiança e honestidade para alguém que não te quer...
Sim, porque ele não te quer, ele só se quer,
a ele próprio, bicho só.
Ele pode arrancar-te orgasmos,
mas não te arranca sorrisos honestos e reais.
Eu posso, porque sei.
E orgasmos, orgasmos virão e irão, 
mas momentos intensos e apaixonantes não te irá ele dar.
Momentos que são lembrados sorrindo.
Momentos com finais felizes, porque no final
temos a saudade e satisfação de não termos desperdiçado.
Que tudo valeu a realidade que valeu,
que acreditamos que vale o que vale no momento
e no final transforma-se em certeza.
Até momentos com orgasmos espiritualmente orgásmicos.
Ele não sabe isto.
Ele não sabe nada da vida.
Não sabe viver.
E não me disponho a falar da sua última relação,
que se viu o que se viu, a gaja das incertezas, 
ele nem soube segurar-lhe a mão.
Porque não sabe amar outra pessoa.
Porque não sabe o significado da vida.
Porque não sabe viver.
Porque ele só tem dinheiro. 
Nada mais.
Não tem amigos verdadeiros.
Só tem o seu amor, amor falso,
porque é amor só, sozinho,
sem partilha, porque ele não se entrega
aos outros, e os outros não querem partilhar
com ele. Alma moribunda.
E sinto-me insultado, completamente esmagado,
porque sei como reages quando existo,
apesar de me teres negado,
só não sei qual é o porquê que tem resposta,
o porquê de tu reagires como reages quando surjo 
mas não me amas, ou o porquê de negares
que me amas se reages como reages quando existo.
E estou quase certo que nunca saberei resposta
a nenhuma destas perguntas. 
Porque também negaste ler a minha poesia.
Já disse tudo.
E quando escrevo um poema sobre o que estou a sentir, estou a elevar-me enquanto pessoa e poeta, porque me liberto de algo que me prende, algo que de início não tem palavras, apenas sorrisos ou lágrimas, e ganha forma concreta num poema. Nesse momento, mudo de pele, renovo a alma, como uma fénix.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A vida é tão simples quanto isto: vivemos o tempo a pensar de um modo, logo, não estamos a viver esse mesmo tempo da nossa vida a pensar de outro modo, parece tão óbvio que me sinto estúpido a escrever isto. Mas será que estamos conscientes disto quando a vida não nos corre como queremos? Sem falar de preconceitos que nos prendem. Já estou tão cheio desta palavra que já me sinto um clássico a falar disto, mas, pelo menos em Portugal, os preconceitos também são um clássico.

Slogan de preconceito: afirmar antes de questionar o desconhecido.
Se sabes que sou perverso, então perverserás comigo.
Não é a poesia que preenche a minha vida mas sim a minha vida que preenche a poesia.
A vida é injusta porque não tomas controlo sobre ela. Porque tu és a tua vida.

À Porta Do Filho

Noutros tempos, quando eu era mais novo, havia sempre alguém que abria a porta de casa, e eu ficava atrás, à espera. Mais tarde, mais idade, ganhei o direito de ter eu uma chave e abrir a porta de casa sozinho, sem esperar por ninguém. Passei a ter um voto na minha casa, e também responsabilidade sobre ela. Mas às vezes não é fácil, às vezes erramos sem querer, ou erramos sem querer magoar alguém, umas vezes queremos trancar a porta pelo lado de dentro, revoltados ou tristes com o mundo exterior, outras temos vontade de trancar a porta do lado de fora deixando a chave na fechadura para fugir dos nossos problemas interiores e esquecê-los. Há momentos que temos de entregar a chave a quem confiamos para nos ajudarem a abrir a porta, porque as nossas mãos estão ocupadas ou a nossa mente deturpada. A chave é a nossa conquista da liberdade, mas o que nos iremos lembrar será da casa. E quem diz casa diz família, diz Pátria, diz a minha vida.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Não É Amor Mas Também Sabe Amar

Ela é minha felicidade,
dispõe-me inteira liberdade
de poder ser e estar,
no fundo viver,
tal e qual a minha poesia
me consegue libertar.
Amo-a em cumplicidade,
sem compromissos nem promessas 
entre os nossos risos.
Sem preconceitos
num beijo sem amor
mas que sabe amar
e deseja abraçar.
Caminhamos juntos,
sem ciúmes ou discussão,
cruzados dois mundos
tecendo uma relação
sem sentimentos
mas com sentimentos profundos
e no fim continuamos amigos
porque só criámos bons momentos.
Momentos de partilha máxima.
Obrigado, amiga.
Tu não ouças o que eles dizem,
porque não é a tua vida que eles vivem,
eles não vêem o que tu vês
nem sentem a falta das respostas aos teus porquês.
Eles não questionam nem tentam perceber
para que lado está o lado errado da questão,
vão pela razão mas usam a imaginação,
porque há uma série de detalhes por descrever.
E não é fácil, na tentativa desse discurso
desistes a meio do percurso
porque não interessa explicar,
interessa é preencher esse lugar.
A vida é tua, és tu quem tem de lutar,
não sejas vencido a reclamar injustiça,
ou aquele que só aclama com preguiça,
sê lutador e reclama a vitória.
Mas cuidado, não sejas egocêntrico,
a vida somos todos, não tu no centro.

Sente Isto

Não me encontro.
Vivo à minha procura no Passado.
Vejo tudo escuro no meu Futuro
por estar ausente no Presente
porque me procuro no Passado.
E por isso não me encontro.
Quem procura não tenta encontrar,
procurar procura-se no lugar errado
sem nunca tentar um novo lugar.
Porque para se descobrir tem de se ir,
e para sentir temos de nos deixar levar.
Mas para que haja essa liberdade
há que haver a responsabilidade
de conheceres o teu próprio ser,
para saber estar com o teu coração
na tão difamada solidão,
porque se não consegues estar sozinho,
contigo próprio, de que te serve a educação
senão para esconder essa podridão?
Tornas-te uma farsa que se disfarça
pela ilusão do que os outros são,
e querem que sejas,
não te amam pelo que és
- egoístas que não partilham, não te amam.
Realmente os desejas?
Amar é sentir saudade,
e tu sentes falta de ser amado de verdade,
fazendo o que os outros querem
na total prostituição da desonestidade.
Chateiam-se com a vida quando não lhes corre como querem. Isso acontece quando querem ilusões, ignorantes da realidade.

A Vida (Reggie Style)

Mano, sorri calmamente,
com vontade e longamente,
porque a vida são dois dias
e sete mil noites de sonhos.
A vida é feita de partículas
de magias invisíveis,
são sensações inesquecíveis,
tão intensas, tão familiares e desconhecidas,
e não são objectos que as guardam,
são as almas, o nosso ser.
Somos nós, nossos seres, as nossas vidas
e tudo o que nela há-de aparecer.
A vida é conquistar a morte,
por isso sorri honestamente,
faz para que seja, sem rezar
no que te traz a sorte.
A vida é tudo e somos todos,
por isso ama, porque amar é partilhar
e não existe mais nada que seja partilha.
A vida não tem relógio, porque agora
será memória de outros tempos intemporais,
onde só o sol e a noite contam o tempo,
além disso não existe hora quando existe momento.
A vida não é um fim com finais,
é uma jornada de aventuras à descoberta,
livre por Natureza, sem esquemas,
tão livre no seu ser que planear
detalhadamente é criar problemas.
Vida. Amor é honestidade,
honestidade é liberdade concreta,
prova disso são os meus poemas.

domingo, 14 de abril de 2013

Nunca estive apaixonado por ti,
não és a pessoa que conheci,
não passas de uma pessoa reles,
um demónio entre peles,
que me enganou e iludiu.

Se eu soubesse... se ao menos pudesse...
realmente acreditei... vendi-me,
acreditei que fosses humana
mas afinal não passas de um objecto
sexual dessa gente ratazana.

Ainda me fazes continência
prometendo nada mais que amizade,
com ar ingénuo e inocente
tentas confundir a minha realidade.

Mas no entanto não queres nada,
e gozas, gozas, gozas,
quando tento apagar a chama
fazes questão que arda
prosas que ninguém declama,
só imaginação.

Porque não me deixas em paz?
Dizes nada de especial
mas no entanto não reages
como um tanto faz,
mas também não ages
para haver algo inicial.

E eu estou farto,
estou tão farto desse jogo demoníaco,
onde quero a minha partida,
mas quando o faço,
os teus olhos anseiam 
uma promessa para a vida
sem que haja em ti espaço para mim.

sábado, 13 de abril de 2013

Fama

A fama firme não está no que se tem, 
ou no que nos tem,
está em quem és ou no que se faz,
se és cobiçado, és atraiçoado
e esquecido quando descansares em paz.
Não és eterno, és um reles mortal,
uma piada do inferno
que mais uma vez acaba mal.
Acaba só, como tantos outros iludidos,
ignorantes na diferença entre serem amados
e serem ídolos vendidos.
Quem te idolatra?
Sacrificar-se-ia por ti?
Ou inveja apenas tua fama?
Pode te dar tudo agora, aqui,
mas encontrarás amor na sua cama?
Porque amanhã segue a sua vida
e terá mais que fazer
enquanto continuarás a tentar vencer 
uma causa perdida.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sim, porque não quero começar com não.
Sim, porque há mais vontade assim.
Sim, não porque sim mas sim por outra razão.
Sim, não por senões, mas por se sins.
Sim, porque se aprende, se errar,
ou por felicidade e comemorar.
Sim, para novos passos neste tempo que passa.
Sim, por consciência, para melhor.
Sim, uma porta aberta.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Não me esqueci,
trio de palavras infligidas
na pele dos meus olhos fechados
marcadas por lágrimas caídas.

Não é dor, é desilusão,
a dor é para quem ama
embora tenha amor próprio,
talvez seja ele a frustração.

Escrevo para te esquecer
e dizer o que tiver para dizer,
porque reages como esta folha,
indiferente a esta minha escolha.

Outrora foste razão do meu sorriso,
agora sorris e eu choro por isso,
nesse teu desprezo onde me vejo engolido
enquanto a superfície tem-me desiludido.

Agora, és tu que constróis
a tua fama entre cowboys
numa cama procurando heróis.

Só te estragas, miúda,
abusas da libertinagem...

domingo, 7 de abril de 2013

Palpites Do Coração

Se o meu coração andasse
cairia no primeiro passo,
pensasse antes de andar
mas só sabe palpitar.

Mas não é sobre isto que quero escrever,
só me apetece escrever que não esqueci,
tento e faço por isso, tento viver sem ti,
quero seguir em frente mas algo se está a prender.

O que me fizeste tu?

sábado, 6 de abril de 2013

Quero voar.
Desejo asas.

Voar.
Porque voar
não é preciso lugar.

Porque voar é ser
e ser sem prensar.

Aerodinâmica,
sem haver resistência mecânica,
é planar.

Planar.
Fluir sorrindo.

Amar. Voar. Sorrir.

Voar! Voar! Voar!

Amar.

Sorrir.

Voaaaaaaaar!!!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por muitos anos não pertenci a nenhum lugar, e por isso, pertenci ao lugar mais básico: ao do ser humano.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Descobri

Vamos ganhar a guerra,
já muitos amigos se feriram,
porque eu fugi dessa terra,
fugi de mim, porque há uma voz que me diz assim:

Tu és uma vergonha,
ninguém te quer,
fugirás de onde estarás,
nunca estarás em paz,
nem sequer me vencerás,
até a tua morte tem pena,
deixa-a ela abraçar-te,
matará qualquer problema,
estará sempre aqui para amar-te.

Mas eu não preciso da morte
para me ajudar.

Por isso é que tentaste a sua sorte
três vezes e mesmo assim conseguiste falhar!

Não, porque pensei na pessoa que me estou a tornar.

Que pessoa? Tu és a definição de tentar,
porque só tentas, nunca consegues ganhar!

Isso é porque atrasei-me na adolescência
ao dar-me por falhado, mas agora é diferente.

É diferente? Onde? Continuas sozinho,
continuas com os mesmo pensamentos!

Mentira. Tenho sido vencido,
mas os erros têm me trazido conhecimentos.

Ai sim? Continuas na mesma! Burro da merda!

Sim, porque faz parte de mim,
não me integro numa sociedade fútil.

Tu falhas porque estou aqui,
porque ao contrário de ti, eu sou útil!

Ri, filho-da-puta, que eu mantenho-me puro.

Vê-se, quando estás sozinho no escuro.

Isso é porque procuro algo que eu não sei.

És rei! E satisfazes-te pela ilusão
em vez de fazeres-te à realidade!

Estou farto de magoar o coração,
se não existisses conseguia com mais facilidade.

Mas tu nem consegues mesmo sem a minha existência,
agora mesmo, sou tua influência!

Cala a boca, filho-da-puta, desaparece e vamos ver,
ganha corpo e veremos quem vai ser o primeiro a morrer!

Ah! Estás amaldiçoado! Eu sou teu espelho,
sou olhar de toda a gente, estou em todo o lado!

Posso não passar de um fedelho
mas quem manda em mim sou eu!

Ah! Para me matares tens de te matar,
esquece isso, deixa eu te mastigar!

Queres apostar, cabrão?
É tudo da mente, matei-te mais que uma vez,
porque pensas que há-de ser agora diferente?

Porque tu tens o ódio de todos os homens
centrado em mim, e não te apercebes que tais desordens
são em ti, mas não queres assumir,
que é contra ti que se está a insurgir,
o ódio não é contra mim, é contra ti,
porque eu sou o teu ódio!

Porque tu és o meu ódio
não assumido que me odeia,
e quanto mais raiva tenho ao meu ódio
mais a coisa fica feia.
Agora é que me apercebi.

Acho que me venci.

Foram precisos 655 poemas
para me aperceber do que me apercebi.
Calem-me essas vozes,
essa bocas sugam-me o sangue,
os seus olhares absorvem toda a minha luz,
é tudo da minha cabeça.
Tenho lutado contra elas,
mas estou demasiado envenenado
e tenho falhado em resistir
a pensar que o mal dessa gente
é o porquê de me estar a sorrir
e tento seguir em frente
mas a raiva tem-me consumido
e a vingança surge para me manter caído.
Tento e sou dono da minha cabeça,
tenho consciência embora nem sempre
estou consciente, ficando ciente
que é falso o que me passa na mente.

Amor, tragam-me amor,
para me acalmar.
Até que a alma se apaixonou pelo corpo
e o sonho pela realidade.
Não há gritos,
há sistemas de silêncios 
em esquemas que falham os ritos
da socialização por falta de sapiência
ou de sinceridade, e a razão
dessa tendência é a falta de conhecimento
da realidade. E quando tenta o que não é,
cai e falha.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

É o teste do fogo que faz o verdadeiro aço,
o fogo que me testa é infernal e não fracasso,
embora às vezes se carbonize mais um pedaço de carne,
mas vou-me tornando mais rijo, insensível,
e não quero, não quero não conseguir dizer que te amo
e ser demasiado tarde, sendo impossível
chamar-te quando no meu olhar te chamo,
não quero ser a pessoa que não deu,
que sem amar alguém, que sem se amar, viveu,
ou antes sobreviveu, porque assim não se pode estar bem,
que por isso, se perdeu no meio de muitos,
corrompido no seu próprio laço
porque a desconfiança da partilha tomou os meus intuitos
sem sequer dar qualquer oportunidade
nem espaço para tal possibilidade,
e choro as minhas feridas para as lavar,
tentando desesperadamente desinfectar
mas o vírus vai-se apoderando,
alastrando-se até à minha visão,
tornando-me cego na escuridão
enquanto numa questão de quando
é que o meu coração vai bater cada vez menos
até morrer, ou antes, até a minha alma desaparecer
até não mais sermos.

Quem tem dinheiro tem tudo para ser aquilo que não é.