A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 31 de março de 2011

Manifestações

Venho, venho à rua porque já estou farto,
farto de trabalhar demais e o dinheiro não chega ao final do mês,
farto de ver o outro bem na vida e eu não encontrar comida para os meus porquês.
Ergo, ergo a minha voz bem alto nas manifestações,
não os conheço de lado nenhum mas estamos unidos pelas mesmas razões:
obrigar os culpados e criadores destes problemas a encontrar soluções.

Vejam, vejam a união do povo a acontecer,
os soldados da vida que querem viver,
soldados da vida que não querem sobreviver,
isto é a democracia a acontecer.

Venho por este meio informar que o povo vai se manifestar,
na Avenida da Liberdade vai marchar,
e vocês, senhores, não têm alternativa
porque não há Pátria sem povo
por isso é bom que agente viva.

Manifestação, na Pátria bombeia o seu coração.
Manifestação, o povo e a sua união.
Manifestação, o voto da razão.
Manifestação, o silêncio está fora de questão.
Manifestação da voz do desempregado que não consegue emprego,
da voz do que trabalha demais e recebe pouco,
da voz do que não tem dinheiro na mão,
da voz do que estuda por um sonho que se torna desilusão,
da voz do que encalhou só lhe resta ficar louco,
da voz do que nem sequer tem água,
da voz do que não tem voz...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Fui acusado de viver para os meus poemas,
fui acusado de viver sempre dos mesmos temas,
mas essa gente que me acusa nunca foi poeta,
porque enquanto a comida dá vida ao corpo
a tinta e o papel dão luz e vida à minha alma,
não sabe que cada poema que escrevo me completa.
Escrevo com toda a minha solidão,
é uma conversa que tenho comigo.
O meu sentimento é de ante-mão,
por isso escrevo o que sinto,
e com o desenvolvimento da reflexão
sentir torna-se mais profundo,
por isso sinto o que escrevo.

domingo, 20 de março de 2011

Ao fundo do túnel há uma luz, é a lua, caminho em sua direcção para mergulhar nas estrelas, sonhos que durante a noite fazem acordar-me e perguntar-me porque é que ainda não adormeci, serão a inconsciência conscienlizada interligada à realidade que não percebo o seu significado e digo que é a vida? Serão recordações que não quis deixar colado no álbum e agora são fantasmas pálidos, iluminados pelo sol da noite? Será o stress que me ataca as veias do nervosismo? Serão falhas do meu cérebro que não quer descansar? Ou não será e eu tenho sono mas não quero dormir? Será que estava a organizar a minha cabeça e fui acordado? Será que foi a luz artificial que entra na minha janela? Será que é a minha cama que está sozinha? Será que fugi à minha rotina nocturna e nem me apercebi? Será que dormir tornou-se um tédio? Será porque eu estou ébrio? Será que não será mas foi? Então o que foi? Foi porque perdi um milésimo das vinte e quatro horas que tinha por dia? Foi porque não escrevi? Foi o que não fiz e devia ter feito? Não fiz a minha cama? Não fiz o jantar que queria? Não fiz a viagem que queria? Não falei com quem queria? Não fiz o queria? E o que é que eu queria? Queria o que não tenho? Queria o que tenho mas mais? Queria o que o outro tem e deixa-me a roer as unhas? Queria para quê? Para ter? Para não dar valor? Para dizer que tenho? Para perder-me em moedas falsas e egoístas? Para ter um carrão sem saber conduzir? Para ter um casarão e viver sozinho? Para ir para o céu e mergulhar nas estrelas? Mas que dinheiro compra as estrelas do céu? O dinheiro da minha espectacular mente que me leva à lua não precisa de moedas e todas essas merdas! Um pequeno momento, um grande sentimento, ilusão...

sábado, 19 de março de 2011

Obrigado E Até Daqui A Nada

Obrigado por marcares a diferença
defendendo a tua luz natural
pois nesta sociedade de luzes artificiais
tu elevas alto a tua presença
lutando pela tua moral.
Obrigado por não seres mais um
daqueles que diz que vai fazer
e fez tanto o quanto fez depois de morrer.
Obrigado por ergueres a tua voz,
votares na tua pessoa
e estares um passo à frente,
com a maioria da mesma cor mas tu és diferente.
Obrigado por escreveres o que sinto e senti,
identifico-me tanto nos teus escritos
que parece-me ter sido eu que escrevi.
Agradeço-te,
estou farto dessas gentes que querem ser protagonistas,
tão homogéneos, tão estereotipados, grandes pseudo-génios,
não passam de marionetas desinteressantes e sem graça,
por ironia, são personagens-tipo de uma farsa.
A ti, que desenhas a tua pessoa nas tuas palavras,
que és diferente dos restos,
parecido com os diferentes
e igual a ti próprio,
um enorme obrigado!
Agora vamos escrever...

terça-feira, 15 de março de 2011

Vou fazer uma pausa,
o que era ar que enchia o peito, agora não passa de comida sem sabor feita para ser mastigada. Por enquanto vou deixar de escrever poemas, os meus perderam o perfume que formava sentimentos no meu peito... agora passei a escrever matérias, objectos, coisas somente físicas. Fartei-me desse poeta apático que detesto, sempre disse que não consigo viver sem escrever mas prefiro ser assassino do meu poeta do que ver um poeta nojento.
Até logo.

Francisco Sarmento.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Wanna Be

Choro de tanto rir
desses wanna be's que querem ser grandes
mas não passam de uma grande merda.
Wanna be fala tanto mas não diz nada,
quer mostrar que sabe mas é gozado.
Wanna be quer ser G sem saber no que se está meter
diz que faz mas acaba a chorar só de levar uma chapada.
Wanna be quer mostrar que é rico
mas é tão podre de alma que está sempre a sofrer.
Wanna be quer ter tanto estilo e faz por isso
mas faz à toa e acaba por ser motivo de riso.
Wanna be quer ser o centro das atenções,
acabando por fugir ao que é realmente,
não percebe que todos sentem as suas intenções.
Não tem definição, é nómada na amizade,
muda de personalidade consoante o seu redor
para aplaudirem o seu ego para se sentir melhor.
Não andou de chupeta quando era pequeno,
sempre à procura de protagonismo, nunca está sereno,
sempre nervoso, contando histórias falsas só para se chamar corajoso.
Palhaço fracassado deve ser a razão da sua existência
pois choro de tanto rir pela ridícula insistência.
Mas o que é que se pode fazer?
A vida há-de dar-lhes inteligência,
até lá quem gosta ri-se deles
e quem não gosta... paciência.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Evolução Do Meu Poeta - Alma De Pais De Bebés

No meu primitivo riscava folhas até se rasgarem,
não pensava, literalmente riscava-as e rasgava-as,
eram sentimentos tão naturais e básicos
que se exprimiam da língua universal:
riscos em cima de riscos,
tão simples ao ponto de se desprezar o porquê,
que só tinham uma interpretação:
são os batimentos do coração.

Desses riscos formaram-se linhas soltas,
concretas e abstractas ao mesmo tempo,
contraditórias mas verdadeiras.
Estava fechado, não queria ver-me,
por isso não escrevia mais do que uma frase.
Como não há nada mais forte e real que o sentimento,
a minha mão, totalmente descontrolada,
possuída, como que tivesse a sua vida,
começou a escrever-me e a descrever-me,
e eu, com tristeza, angústia e pura raiva,
escrevia com a minha mente antes da tinta aparecer.
Nos primeiros poemas não aceitava,
eram espelho da minha alma,
rasgava-os, queimava-os, negava ser verdade.
Mas era teimosa a minha mão,
eu rasgava e ela voltava a escrever
eu voltava a rasgar e ela voltava a escrever...
depois de muitas voltas e re-vira-voltas,
foi então os meus olhos viram de maneira diferente,
em vez de regredir comecei a ir em frente
e em vez de negar, comecei a sorrir.

Agora, há partos meus dolorosos,
mas enquanto não parir não descanso,
de vez em quando, são sensibilidade duma jovem,
criança na sua essência,
outras, sai-me um bruto de um rapaz,
que vem ao mundo criticar as atitudes más.
Sou tão ignorante esperançado da inocência,
são meus partos, algo que me apraz.
Este é o crescimento contínuo do poeta que sou,
por um poema são lágrimas que dou,
mas dá-me alegria de os ter visto a crescerem.

Eu, Árvore

Uma árvore começara a crescer,
das suas raízes da casa,
do seu tronco de história influenciada,
pelos seus ramos de pensamentos,
das suas folhas, da personalidade,
e das suas flores, que largam pólen,
dependendo do ponto de vista,
coloridas ou acinzentadas,
podres ou por rebentar.

Como o Meu Sangue, Caderno Meu.

A minha vida foi dar vida ao papel,
era a única vida que tinha,
papéis em branco que pintei
até que um dia me cortei
e escorreu sangue, sangue meu.
Eu, sangue vivo,
sangue que caíra em papéis de desespero,
papéis de ódio,
papéis de felicidade,
papéis de revolta,
papéis de esperança,
papéis de vergonha,
papéis de amor,
papéis de criança,
papéis de alegria,
papéis de angústias,
papéis, papéis e montes de papéis.
Vivo desses papéis,
porque, por mais que os tente queimar,
esses papéis estão ensanguentados,
nunca hão-de se apagar...
Esses papéis,
desenhados por primeiros, segundos e terceiros,
são minha jovem alma...
Este papel onde escrevo
faz parte de um caderno
cheio de papéis desses que sou eu.

domingo, 6 de março de 2011

Estava concentrado ou se calhar distraído,
sei que quando olhei ela já me observava,
logo me despertou a curiosidade
de saber quem era aquele ser
que me fazia fixar o olhar.
Senti uma empatia,
não sei bem mas creio.
De belo ficou feio
pois ela levantou-se e foi-se embora,
deixou-me logo a pensar
será que ela irá voltar?
No dia seguinte ela lá estava,
mal entrei naquele café,
já me fixava,
nem me apercebi que eu ainda estava de pé,
era curioso,
o olhar dela não me deixava nervoso.
Observava-a num grande mistério,
sem pressa, dou ao tempo o seu critério.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Procura Sem Encontros

vejo pessoas nas suas casas certas.
Andando na rua,
procuro conforto para me aconchegar,
nova paisagem para apreciar,
espaço onde possa estar...

Procurar procurar procurar...
Neste poema de procuras
onde não se tenta encontrar.
Assim não encontro
pois os teus ouvidos de calados
são causa da minha procura
de irrealidades feitas para serem procuradas,
onde tu tão estupidamente nadas,
e magoas para tentares subir essas escadas.
Não me conheço,
não sei se sou,
não sei se tenho,
se tiver,
não sei a quem dou,
não os conheço.

terça-feira, 1 de março de 2011

Vida Paisagística

Nesta corrida da vida,
cada vez que chego a um horizonte
vejo outros mais e diferentes.
O meu está lá em cima
pois estou eu no meio de um vale,
deitado na lama,
olhando para esse horizonte onde vejo estrelas...
o sol... a lua... iluminando em mim o meu ser
e começo a subir antes do sol desaparecer.
Escureu, ainda não subi tudo
e a luz desapareceu.
Não posso viver o céu noturno
apesar da imensa vontade,
pois os meus braços já tremem
e se cair agora,
dias serão de movimentos em fragilidade,
por isso, e sem demora,
estico o braço, focando o olhar na pedra de cima,
mas não chego lá
e tento e tento e tento e tento
mas continuo cá e já estou sem alento,
por baixo não se vê o chão,
desfoco a racha da pedra
focando uma estrela,
escorrega uma mão,
vou caindo e mergulhando na escuridão.
A meio da queda agarro-me à parede,
pois para baixo conheço as fissuras,
voltando a subir, lutando sem desistir,
não sei o que me espera lá em cima
mas só espero que me deixe a sorrir...