A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sábado, 30 de outubro de 2010

A Estação dos Comboios

Nos velhos tempos,
muitas pessoas aqui estiveram e passaram,
umas ficaram, outras embarcaram
em choradouros e miradouros,
em busca de sonhos nas cidades.
Aqui ficaram e partiram saudades.
Muitos encontraram ou se encontraram
e outros tantos perderam ou se perderam,
por aqui muitas histórias se viveram.

Com o tempo,
os que iam não voltavam
e os que ficavam envelheciam e morriam.
Foi em 1982 que as portas fecharam
para não haver nenhum depois.
A Estação, no meio da Natureza, ficou desaparecida,
e, apesar de ninguém ter dado por nada,
ela fez a sua despedida.

Os espaços que ocupam espaço na memória
ajudam a reviver a nossa história.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amadora - As Ruas Negras

Na rua sou um guerreiro,
luto contra o pobre interesseiro,
desaparece quando não está teso.
Contra o covarde que só ataca o indefeso
e contra aquele que não se cala,
sempre a ameaçar disparar a bala.
Na rua dá-se uma violenta gala,
onde todos querem brilhar,
onde ninguém fica a ganhar.

Em casa é preciso ter consciência
do nosso país em decadência.
Da deficiência do povo em inteligência
e dos grandes senhores que manipulam com a ciência.

Na escola, estudo da ovelha e do burro,
onde todos os dias alguém dá um murro,
a violência enraíza-se nesta estância,
onde as ferosteronas são a principal fragância.

Desconfiadas, as pessoas são hostis.
Domine, libera nos da preius e da pestis.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tenho vontade de escrever este sentimento
tão agudo e intenso que nem me chega ao pensamento.
Só me dá vontade de chorar,
descobrir a palavra abraçar.

Quero deitar-me na cama confortável da areia,
acariciado pelo vento gelado,
ouvindo a conversa do mar,
ver a praia pintada pelo luar,
enfim, sentir-me embalado.

Quero ir para o topo da ponte 25 de Liberdade,
abrir os braços entregando-me ao silêncio da Natureza,
deixar-me cair para trás,
deixando de ver a cidade, as coisas más,
vendo somente o céu da escuridão
e as estrelas brilhantes e viciantes.
Caindo, sinto uma força exterior fracassada
que não quer ver-me cair.
A água tirou-me o céu,
não quero sorrir, só sinto frio,
a minha alma dissolve-se neste rio,
deixo-me ir, está na hora de partir...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Esperança - Definições

Um sorriso sincero sobre a tristeza,
uma felicidade atraída pela incerteza.
Estranho e alcançado horizonte,
uma ferramenta para a construção da minha ponte.
Uma tristeza louca e rouca à volta da chama da vela,
somente ameaçando afundar a caravela.
Energia que faz rodar os ponteiros.
Encurrala-nos entre a vida e a morte,
onde não quem a suporte.
É não considerar o resultado sorte.
Esta esperança previne à alma a própria matança.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Despedida do Poeta (poema para Fernando Pessoa)

O que sinto escrevo.
Os poemas fazem de mim servo.
Pois tenho medo de os ler,
o medo de me voltar a perder.
Na esperança que ouvissem o meu papel,
apenas só quiseram saborear o seu mel.
As minhas ideias são interpretadas
mas a única perspectiva que vêm na frase é a sua beleza,
esquecendo qual a sua natureza.
Se soubesse teria-as queimado,
pois eles que lêem não compreendem o meu fardo.
Morri cansado e a pensar uma última vez assim:
(mais) um poema que escrevi sobre mim...

Poema para Fernando Pessoa

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Campainha

A campainha toca não muito alto,
só para certas metas,
apenas para quem tem ouvidos,
apenas para pessoas.

É diferente o resultado,
acabo por ser insultado.
Os fantasmas ouvem o alarme,
mas nem esses ousam falar-me.

Tocam nela com alegria,
não têm olhos pois eu não sorria.

A campainha está a tocar,
os soldados estão-se a preparar,
os alunos vão entrar,
um incêndio a avançar,
os bombeiros a apressar,
um roubo a passar,
os polícias a fazer parar,
a ambulância a acelerar,
alguém que a alguém quer falar,
eu que a paz da solidão ando a procurar.

Alguém sabe do que estou a falar?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sentimentos Cíclicos

A mensagem em branco,
o grito abafado,
o inexistente banco,
as lágrimas invisíveis,
as meras vontades,
as falsas verdades,
os momentos previsíveis,
a almofada molhada,
o sentimento gago,
a ilusória fada,
o fardo cargo,
a lembrança do esquecimento,
a solidão desamada,
o desperdiçado tempo,
a loucura pura,
a morte cura,
a perdida procura,
a maldição do vento
o falso consentimento,
o meu nome?
Francisco Sarmento.

Ódio

Só de pensar que te amei...
e tu traíste-me! Tristeza e injustiça...
Sinto-me conspurcado por ter-te abraçado.
Se não houvesse consequências inconvenientes
juro-te que te arrancava essa pele,
queimava esses teus olhos com colheres quentes,
rasgava-te, partia-te, cortava-te!!!

Aqui, só vejo amor queimado, destruído e esfaqueado.
Na tua cara triste alucino alegria,
o riso da satisfação por minha mágoa.
Estas visões desonestas e egoístas fervem a minha água.
Quanto mais penso, mais sinto, mais vingança consinto.

Ódio, ódio, ódio... obsessão...
desilusão! Destruição! Alucinação! Cego.
Não vejo nada que não me possa prejudicar,
o ódio só me faz cansar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um Final Para O Início Do Fim

Vejo um fim da minha vida,
um fim dos meus gestos e emoções,
um fim sem razões.
Um fim do bem do meu coração,
um fim sem tempo e sem espaço,
um fim sem nada, escasso.
Um fim que tomo com este copo com bagaço.
Um fim, um fracasso.
Afinal, um fim que vai deixar,
no final, a pensar:
vamos recomeçar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Definições - Segmento de Vida

Oh! Quantas foram as vezes que engoli o doce falso e venenoso mel?
As vezes em que senti o cheiro que me arrepele?
Aqueles olhos possuídos que nem têm nome...
Ah! Mal ditas são as pessoas ao qual se alteram para um pronome!

Criam desilusões iludidas ao início do dia,
o sorriso marcado da dor da memória
do conhecimento da repetição da mesma história.
Nem sabes como o seu esquecimento vale uma alegria!
No final do dia,
ilusões desiludidas quando abro a porta da realidade.
Fecho a porta de manhã,
deixo lá a realidade levando comigo a sua irmã.
Mas a chave encontra sempre a porta,
volta a realidade, parece-me ver não haver um diferente amanhã...

Nada disto é verdade!!!
É apenas a poluição da cidade,
demasiada luz para os meus olhos,
muitas pessoas aos molhos!
Tudo o que eu disse é mentira pura!!!
É somente a intenção da atenção pelo apelo...
Não! Nada disso! Estou mesmo a viver um pesadelo!
Até onde vai a minha loucura?