A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Noites Da Natureza

Flores de cores variadas pintam a tela da Vida
nas terras do amor e da esperança
caminham os vivos à luz da estrela de fogo.

A harmonia e a paz soberanas erguem-se na Natureza
quando o sol se esconde no horizonte da cevada.
Cresce o brilho dos espíritos dos soldados
com o nascer a lua, gigante e iluminada,
iluminando o descanso das almas.
São multidões de perder a vista,
estão de pé, quietas e pacíficas,
sem expressão, olhando para a frente,
pombas brancas voam e pousam nas suas palmas,
folhas dançam com a brisa
à volta das estrelas da terra
que à vida tiveram de chamar guerra
sem dispararem nenhum tiro,
que lutaram sem dar um único suspiro.
Agora, transformam-se em luzes,
vão em direcção ao céu para serem estrelas,
confiantes nos nossos actos e atitudes,
apoiantes nas nossas crenças e esforços,
amantes nos nossos desesperos e remorsos...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Visões - Eu Imaginação, Nós Realidade

Renascer de uma nova visão
de um novo coração que bate,





















assim bate,





















bate sem parar,
bate com a leitura destas letras,
dos versos, deste poema que fala sem boca,
escritos por uma mão louca,
loucura consciente, sem fugir do real,
correndo para os braços da irrealidade,
da imaginação, da mentira honesta,
da qual tanto sinto que parece ser verdade.
Deito-me na cama, fecho os olhos
e começa uma nova viagem,
é de noite, o céu está nas estrelas,
a areia é fresca e a brisa também,
já mudei de miragem,
agora, estou em cima de uma nuvem,
sentado numa cadeira de praia,
a suspirar e a observar o sol a ir embora.
Mudo a paisagem,
agora ando a saltar de planeta em planeta
como se fossem pedras num riacho,
sento-me na Lua e com uma lupa observo a Terra,
faço desaparecer as armas numa guerra
com um estalar de dedos,
os soldados ficam confusos
levantam-se, olham à volta
e vêem o mal que têm feito,
casas destruídas, famílias em pânico a chorar,
crianças fuziladas, mães grávidas mutiladas,
pais com as suas filhas abraçadas,
os soldados apercebem-se do que fizeram,
choram e revoltam-se contra os seus superiores,
com um estalar de dedos,
ponho políticos a viver em pobreza extrema,
sem opção, sem escolha,
para sentirem na pele este problema,
eles sentem a desgraça
de dia para dia comer somente uma carcaça,
ficarem num dilema, dividir com o terceiro
ou verem-no morrer e continuar a ser interesseiro,
passam a discutir com alma este tema.
Um sorriso cresce, um suspiro de felicidade,
vou dormir que amanhã é uma diferente realidade.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Luz Do Soldado Da Vida

Como poderei eu ir lutar
se daqui a cinco minutos terei de ir trabalhar?
E quando chego a casa venho cansado
por ter vendido o meu corpo, troco esforço por dinheiro
para poder comer e ir trabalhar.
Já nem ligo a televisão,
estou farto de ouvir políticos interesseiros,
dessa corrupção imensa,
desse sistema que nos faz nascer com a visão distorcida.
E ao fim-de-semana, quando olho para o luar
e acendo um cigarro, pergunto o que vai ser da minha vida
e pergunto quantos sentem o mesmo.
Quantos sentem as injustiças nos tribunais,
estiveram à frente de um juiz
e essa máquina se esqueceu da sua raíz?
Quantos sentem as injustiças policiais,
que implantam sal na terra para não nascer plantas?
Quantos sentem a dor e a revolta do prego ignorante espetado pela sociedade?
Porque ninguém nasce para sofrer,
todos nascemos para viver.
Não é isso que vejo,
por isso dou meu sangue e meu suor
para acontecer um mundo melhor
que desde criança sonho e desejo.
Porque sozinho não consigo
ainda vou falando e passando a palavra
mas ela dissipa-se e quando estamos na merda
é que vemos o que está mal
O homem vive luxuosamente na terra
e o outro Homem permanece em guerra.
e não é de meu ser criar uma bomba,
rebentá-la no meio da praça
e assim muita gente tomba.
Mas mantenho a esperança que não se cala,
apesar de infinitas foram as vezes que me falaram da bala do silêncio
e dessas, finitas foram as vezes que fiquei mentalmente cansado,
revoltado e desesperado, por falar da razão e me quererem calado
e digo trinta mil ofensas em duas palavras: ignorante tolerante.
Vou continuar a discursar e a escrever destes temas sem parar
e quando um soldado bater na minha porta
vou expulsar um sorriso e passar à fase seguinte:
vamos lutar...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Tenho um nó na garganta
que quer deitar lágrimas de tinta.
A merda já é tanta
só espero que não continue quando tiver trinta.
Ainda ontem tive a ver os meus poemas
e reparei que sobre mim são sempre os mesmos temas.
Eu até podia pensar que não tenho mais nada
mas são problemas destes que deixam a mente assada.
Já estou farto que me digam para não os pensar
isso seria se eu não fosse humano
e só esqueceria por momentos em momento bacano.
Amo, e por amar sofro,
mas não é nenhum abutre ou outro animal,
o amor tem destes momentos,
acabando por pôr à prova o egoísmo afinal...

(Des-)Respeito

O respeito pretendido pela violência
leva o nome a ser falado pela decadência.
Pode trazer medo e terror
mas acaba por ficar sozinho
achando, tu, estares no auge do esplendor
mas um dia acabas espancado
e quem te defende quando estiveres a sofrer?
A verdade é que o respeito só se encontra na personalidade
porque em questões físicas são todos da mesma igualdade.
Não vale a pena vires com bocas e dicas,
qualquer dia trincas a tua própria língua,
infiltra-se no teu sangue o teu próprio veneno
e de grandezinho passas a pequeno.
Queres respeito?
Então ergue o peito, não de ataque mas de defesa
e defende os teus ideais e a tua pessoa,
se não os tens vais andar sempre à toa,
colar-te nos pensamentos de terceiros,
e eles próprios que se colaram não são verdadeiros,
depois, quando te perguntarem porquê
tu dizes porque sim, porque é assim.
Cais na tolerância da ignorância,
pensas manipuladamente,
e sem te aperceberes,
eles roubaram a tua mente.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vida - Novas Perspectivas

Quando era puto olhava para o balcão,
aquele bolo que bem me sorria,
achava que era avareza
quando o pedia a minha mãe respondia-me pobreza.
Sonhava ser herói, só andar a practicar o bem,
nem pensava que teria de trabalhar,
que, para satisfazer as necessidades básicas,
teria de suar e sangrar.
Era-me indiferente as desgraças mostradas na TV,
a televisão era-me irreal, nem pensava no seu porquê.
Tinha tudo, nem precisava de esperança.

Cresci, deixei de ser criança,
comecei a tornar-me adulescente,
a roupa foi a primeira decisão pela minha mente,
apartir daí descobri a liberdade e a adrenalina,
desconhecia as suas consequências
e vivi de atitude cretina
por ter-me deixado levar pelas tendências.
No meu inconsciente a vida era um paraíso
e fazia merda sempre com um grande sorriso.
Mas de repente encalhei,
porque o dinheiro constrói um rei
à cultura da imagem,
mas imagem não é paisagem,
é pura miragem,
mas yah,
eu fiquei na pobreza,
perdi muitas gentes por sua causa,
quem queria saber de um puto que não marcava pausa?
Dei por mim destruído pela consciência pesada
descobrindo que a vida não é conto de fada,
até pode ser, mas depois é apresentada a conta.
Yah mãe, agora percebo quando dizias
que o dinheiro tem de ser estimado
não pela quantia mas pelo seu fardo.

Fui alvo de chacota,
um actor da TV famoso que tinha sido,
virara pobre, de repente já nada dava certo,
amizades, família e mais os olhares que me preconceituavam.
Já não sabia onde me virar no meio de tanta tristeza,
comecei a dar nas paças à procura da beleza
da vida que me atraiçoara,
como se eu tivesse tido opção,
e soubesse que esta vida me ía ser cara
pois o ser humano não tem como culto
uma criança fazer escolhas de adulto.
Já via sangue escorrer na minha mão,
os psicólogos chamavam-lhe depressão,
eu dizia que era doença sem solução:
solidão.
Estava numa grande confusão entre o assassinato
ou vender alma à morte em troca de um pacto,
ou os dois... mas... e depois?
Pois.
O ódio e amor tinham um ponto igual,
e quanto mais pensava nisso mais ficava mal.
Não havia coragem para enfrentar o amanhã,
já nem ía às aulas de manhã,
ficava sentado à espera do nada,
da pessoa que eu chamara mamã,
da outra que eu chamara irmã
do outro que chamara irmão.
No meio de tanta escuridão
pensava numa razão mas...
mais um dia passava
e eu me arrastava.
Saía com um sorriso,
mas foram mais as vezes que chorava.
Esta é a voz que foi oprimida da opinião,
tinha de gritar e espernear,
dar pulsação ao meu coração,
coser os tecidos,
encher a minha alma
dar cor à minha pele,
sarar feridas...

Cresci: jovem adulto,
comigo cresceu uma revolta
e com toda a revolta fiz revolução.
A vida é lixada?
Numa outra perspectiva,
ganhei, ganhei a qualidade da amizade,
e a consciência do seu valor,
ganhei o desprezo ao dinheiro
e a vontade do amor.
E então cresci como ser humano,
como pessoa, como homem,
como irmão, como amigo,
como desconhecido
e dei por mim um herói reconhecido
por quem me conhece,
vivendo com experiência e consciência,
sem esquecer-me da minha vivência
ganhar outra visibilidade sobre o mundo,
assim, à vagabundo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poetiza

Poetiza, mãe das nossas gentes,
que acolhe os seus filhos de longa distância,
de diferentes estados e das Pátrias amadas.

Poetiza, a fusão das almas,
os que se descrevem e descrevem
e os que lêem e se lêem nos outros.

Poetiza, o berço das almas,
que tão desconhecidas são umas com as outras
mas se lêem com entendimento.

Poetiza, a junção do poeta com a poética,
mãe que nos alimenta a sede.

Poetiza não morre,
enquanto houver poetas não morre...

Amizade - Solstício Num Precipício

Agora corria sem parar
deixar o vento abraçar-me
e andar pelas ruas a pular e a gritar.
Agora, era capaz de fazer tudo,
e bem que faria com um grande sorriso!
Vou mas é fazer antes que se esgote,
a minha força triplicou,
agora que suguei todo os gás,
vou-te mostrar quem sou e do que sou capaz!
Olha para mim!
Tenho a capacidade de afastar as coisas más!
Percebes o que estou a dizer?
Senão entederes eu também não quero saber!
Não, espera! Estava a meter-me contigo!
Sabes bem que sou teu amigo,
diz-me o que te tortura...

Épah! Para isso não tenho cura!
Mas posso fazer esquecer-te disso por uns momentos,
e acredita,
grandes momentos que podes passar por esse mundo fora,
deixa isso, está na hora!
Não estamos nesse tempo nem nesse lugar,
vê esse estado de espírito que assim não resolve nada,
vem mas é comigo viver um conto de fada!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Capitalismo 0 - 99999(...) Sentimento

- Este vestido azul... -
"Não, este vestido é da cor do mar quando está calmo."
- ...fica a qualquer rapariga muito bem... -
"Não, este vestido fica bem com o amor de alguém."
- ...mas o seu preço era de ter muito cuidado. -
"Não, pelos bons que presenceasse o seu preço deixaria de ter significado."
- Achas que vale apena comprar? -
- Se realmente gostas, claro. -
- Não sei, é um bocado caro... -
- Com isso não tens de te preocupar... -

Descriminação - Perfumes da Sociedade Portuguesa

Como chegámos a este estado?
Descriminação em todo o lado,
pelo olhar, gesto e desconfiança.
"Foste assaltado? Eram quantos?
Nós seremos mais.
Estavam armados?
Nós estaremos e até demais.
Roubaram-te a carteira?
Eles vão-se arrepender e de que maneira!"
Violência quando era criança era só na TV,
agora, quando vou no metro,
além de ser vigiado, sou olhado,
e se os olhos fossem facas,
já eu estaria todo despedaçado.
Drogado, pelas minhas olheiras assim sou sustentado,
mas nas suas mentes nunca deram o avanço
de pensar que olheiras dessas são de cansaço e não de falhanço.
Pela maneira que me visto lançam-me estacas.
Mas são estacas com bicos nos dois lados,
porque se eles comentam é por estarem afectados.
Completamente manipulados,
não por conhecimentos próprios e contextualizados
mas sim por pensamentos incutidos,
não somos dos Estados Unidos da América,
"...é ali que vivem todos os bandidos..."
onde existe racismo e discriminação histérica.
Vão sempre para o pior em vez de darem outra hipótese.
E vou já provar, tu que lês isto és uma prótese,
se achares que me precupa o que outros pensam de mim,
digo-te que não é assim,
os outros em relação a eles mesmos é minha honesta preocupação
ou este poema não vinha do meu coração,
caso contrário sentir-me-ia um grande otário,
seria esquecer estes dezassete anos tenho
e quem me conhece sabe que não é dessa maneira que venho
a representar tudo o que há em meu ser,
aldrabar os meus poemas e deitar uma vida a perder...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cascas De Ovo - Para Galos (Cantares De Galos)

A imagem do estereótipo destrói da alma o seu valor,
querem dar paleta, mostrarem que têm cheta,
o único ritual que têm em comum é não terem opinião.
Vestem-se de igual com medo da solidão,
criam amizades falsas consoante o preço das calças.

Sujam os ideiais dos outros,
porque nem sempre um chunga é de confusão
e porque raio é que todos os betos têm de ter a mania?
Um encapuçado terá de ser ladrão?
E afinal, por ter um brinco ou cabelo comprido
já sou bandido ou sou de superioridades?

Porque é que os outros relatam personalidades?
Porque eu já vi dessa casca de ovo,
da tua brilhante pinta já não vejo nada de novo.

A imagem não tem valor,
e como diria o Valete,
é pura ilusão exterior.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tempo E Vida - Uma Carruagem

Há medida que o tempo avança,
avança o meu comboio, onde eu estou,
sentado, junto à janela.
De costas para o avanço,
vendo a paisagem que pertence ao passado,
ou de costas para o que já passou,
e olhar pela janela, à espera do que há-de vir,
ou apreciar o presente e sorrir,
dependendo do pensamento e sentimento que tiver sobre a situação.
As pessoas vão entrando e ficando conforme o tempo da interacção,
o desconhecido que entra e sai imediatamente,
a amizade que ao meu lado está presente ou inexistente.
Essa carruagem, o meu mundo em movimento,
que vai avançando enquanto envelheço, vivo e cresço.
Vou conduzindo-a conforme a minha opção
e aprendendo, erradamente ou certamente,
mas certamente dependerá da influência
da personalidade e consciência.
Há portas que não abrem a certas pessoas
que eu não deixo entrar pois assim ensinou a vivência.
Há luzes que estão fundidas,
são histórias que não ficaram resolvidas
e demasiadas luzes sem solução
deixa-nos desnorteados em plena escuridão.
Há em ti águas de mais, pobre Ophélia (...)
Tantas tristezas que passaste,
tantas ilusões que pensaste.
O Hamlet que te abandonou,
bem que o teu irmão te avisou.
E o seu pai, coitado,
fora inocente ou culpado?
A sua personalidade fê-lo enterrado.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A Greve Dos Anjos

Hoje, os pássaros perderam as asas,
o céu ficou vemelho
e a chuva era sangue.
Hoje, as pessoas tinham olhares de morto,
os brancos eram pálidos como a neve
e os pretos eram eda cor da escuridão.
Hoje, o sol não nasceu,
a lua desapareceu
e as estrelas não brilharam.
Hoje, todos os animais cantaram a música da morte,
a eletrecidade desaparecera
e a Natureza cansada não ergueu catástrofes nem tempestades.
Hoje, os ratos mostraram-se em cima do solo,
as aranhas e as baratas emigraram
e as folhas e flores murcharam.
Hoje, as casas estavam vazias,
as ondas agitavam-se
e o planeta deixara de girar.
Hoje, vivi um pesadelo
e assim marquei ao mundo este selo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Política Sobrevivente

As estrelas estão lá durante o dia
mas pela rotina quem se lembraria?
Ninguém as vê, o sol é egoísta,
também à noite não há estrela que resiste,
porque a poluição luminosa diz que o dia presiste.
E tu, frustrado, queres descansar mas ainda não as viste,
a lua está sozinha, mas elas estão lá.
Pelos vistos os teus sentidos andam te a enganar,
e afinal nem acreditas, porque senão vês como vais acreditar?
No entanto estás com saudade
e procuras sempre nas mesmas janelas
em vez de ires para fora da cidade.

Acompanhante Do Rastejo - O Vício

Não tenho pulmão para respirar
e o fígado está a morrer
mas eu quero fumar
para queimar os meus pulmões e a dor...
porra, vou beber!
pois o fumo só mata lentamente,
bebo para esquecer a minha mente.

É automático,
estou demasiadamente apático,
a mão já levou o vício à boca umas vinte vezes,
nem me lembro de ter fumado,
provavelmente o copo é o culpado.
Desculpe, queria um abcinto,
para parecer que vivi sem me lembrar,
como um sonho ou pesadelo
e no dia seguinte acordo
e já estou a sentir que estou a perdê-lo.
Estou com ressaca,
já dá para ver que há coisas que não resolvidas pela paka,
mas eu também não sei o que vem a seguir à estaca,
pego a faca, encosto-a ao coração,
e ele bate como uma criança que se baba ao balcão.
A vida não dá perdão,
o que foi está para tráz,
o bico afiado já perfurou a pele,
e o sangue já escorre,
o futuro diz que não sou capaz,
é incerto e não é concreto.
Será hoje?
Hoje não, hoje, o coração não morre.
Amanhã será igual,
vai ser tal e qual,
basta um pequeno mal
e começa a questão infernal...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Suicídio - Desespero

Adeus ó mundo vergonhoso,
que eu agora enrolo uma corda ao pescoço
e atiro-me de braços abertos.
Não fujo, apenas desejo descanso,
e desta vez, não caio involuntariamente,
desta vez, caio, atiro-me conscientemente.
Ou não, se calhar sou louco pela minha mente,
julguem-me por esta minha vertente,
mas foram vós, nas vozes do silêncio,
que não fizeram nada quando me viram ausente.
Covarde não sou, estou a dizer a minha despedida à vossa frente,
não vos culpo pela vossa ausência,
sei que são inocentes pela vossa inconsciência.
Mas é tarde, o escuro não deixa ver
e o meu coração deixou de bater.
Procuro conforto na caixão da eternidade,
encarar uma outra realidade,
que não seja minha,
atiro-me, pois sei o que se avizinha.

A cara está pálida, já nem consigo ver-me ao espelho,
pois vejo lá um caderno escrito com sangue de um fedelho.
Não quero... estou cansado... fizeram de mim assim...
Os pássaros voam no oceano em direcção ao pôr-do-sol,
o planeta está a dar mais uma volta enquanto o meu corpo fica mole.
Deito-me sem nunca pensar que me vou levantar,
que as estrelas vão desaperecer,
que um dia vai passar e eu sinto-me a morrer.
Não tenho esperança, no deserto não vai chover.
Não quero, não preciso que me venham socorrer,
vou para Plutão, tão descordenado, com tanta confusão.
Não há razão, não é problema pois não tem solução...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Algo Se Passa - Sem Miolo, Só Carcaça

O desprezo, a frieza dos olhares
a descriminação do pensamento,
o desvio dos olhos, da frontalidade...
Onde há tempo para ser,
para sentir, para pensar e para viver?
O cansaço que se transporta no final do dia,
a vontade enorme de ir para casa dormir
sem energia para rir.
Para quê ligar a televisão
se nos falam da corrupção
e continuamos a sobreviver na mesma opção?
Tantas pessoas à minha volta
e continuo a não sentir os seus corações a bater?
Liberdade, onde moras? Preciso de me queixar,
que há algo que está errado e que me anda a matar.
Não, não falo da solidão da incompreensão,
não falo da escuridão de tantos que não dão a mão,
não falo dos outros da minha relação nem vice-versa,
não falo de revolução, a Natureza,
o humano perdeu a essência da sua beleza.
E quem nos tirou tal?
Fomos nós que criticamos sem moral?
Serão os que governam Portugal?
Nada muda continua tudo igual.