Adeus ó mundo vergonhoso,
que eu agora enrolo uma corda ao pescoço
e atiro-me de braços abertos.
Não fujo, apenas desejo descanso,
e desta vez, não caio involuntariamente,
desta vez, caio, atiro-me conscientemente.
Ou não, se calhar sou louco pela minha mente,
julguem-me por esta minha vertente,
mas foram vós, nas vozes do silêncio,
que não fizeram nada quando me viram ausente.
Covarde não sou, estou a dizer a minha despedida à vossa frente,
não vos culpo pela vossa ausência,
sei que são inocentes pela vossa inconsciência.
Mas é tarde, o escuro não deixa ver
e o meu coração deixou de bater.
Procuro conforto na caixão da eternidade,
encarar uma outra realidade,
que não seja minha,
atiro-me, pois sei o que se avizinha.
A cara está pálida, já nem consigo ver-me ao espelho,
pois vejo lá um caderno escrito com sangue de um fedelho.
Não quero... estou cansado... fizeram de mim assim...
Os pássaros voam no oceano em direcção ao pôr-do-sol,
o planeta está a dar mais uma volta enquanto o meu corpo fica mole.
Deito-me sem nunca pensar que me vou levantar,
que as estrelas vão desaperecer,
que um dia vai passar e eu sinto-me a morrer.
Não tenho esperança, no deserto não vai chover.
Não quero, não preciso que me venham socorrer,
vou para Plutão, tão descordenado, com tanta confusão.
Não há razão, não é problema pois não tem solução...
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