A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A vida é assim mas eu sou assado.
Selvajaria psicopática
dentro do meu crânio,
de morte em prática,
suicídios em simultâneo
fazendo-me sofrer cada vez mais,
são eles meus neurónios canibais.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Amigo,
espero-te aqui,
no lugar da nossa infância.

Partiste 
e levaste contigo
a nossa promessa
de amizade.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Inspiramos a morte. É o tempo a passar por cada respiração. Passamos a pertencer à morte quando deixarmos de respirar. 

Fica a ideia.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Escuridão.
Vejo milhões de clones meus
a caminharem, cada um seu lado,
cabis-baixos, sem direcção,
sem destino...
a minha dor de me ver
em todo o lado deixa-me só.
Meu inferno...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Never Ending

Fujo.
Há chamas à minha volta
iluminando a escuridão.
E eu fujo, como uma presa
Em todo o lado,
carbonizam pessoas,
deixando as suas sombras sem donos,
correndo sem fim, envergonhadas,
escondem-se na escuridão,
fogem elas de mim
porque o fogo persegue
a minha perseguição.
E eu fujo dele,
da sua solidão,
das chamas do inferno
me aquecem o ódio
de eu não ser tocado,
que, por não ser,
sinto-me irreal...
e o meu corpo chora.
Mas as lágrimas
não são mais do que são
e não apagam fogos.

Devo assombrar-me?

Uma lágrima cai,
é de lava, é terra
do meu corpo derretida em ódio a ferver,
afinal, as chamas estão dentro dos meus olhos
e as sombras são vultos de pessoas
que passam temendo-me e repudiando-me.

Até que o meu mundo não difere muito da realidade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O meu olhar conta estados de espírito,
são eles consequência do meu passado
ou do meu pensamento sobre ele 
tornando real a ilusão ou a ilusão em realidade.
Por outras palavras, experiência de vida.
E vou descobrindo o quanto estou errado.

domingo, 20 de janeiro de 2013

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Se o meu silêncio falasse
quantos ouvidos não sangrariam...
quantos ruídos jamais se rendariam
por mais que alguém os amasse...

O meu silêncio fala,
escondo-me por baixo dos lençóis
para não ser escutado por uma bala
que me persegue

Meu silêncio ganha forma,
a sua sombra é a morte chorando
o destino de matar sem nunca morrer.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O mundo não é meu é de infinitas moléculas e partículas, para quê defini-lo?

domingo, 13 de janeiro de 2013

Esbarro em mim.
Se há um espelho à minha frente
partiu-se, é por a minha alma estar doente.
A vida é assim.
Não há definição nem fim,
há alteração circunstancial
e transformação espiritual.
Há reacção química
e acção física.
A vida é a vida.
Sem adjectivos,
total liberdade.
Para os mais precisos
nunca hão-de conhecer
tal verdade.
Irão tentar impor
a sua coitada dor
definindo-a entre o amor e a dor.
Coitados, fracos de espírito,
de visão turva,
pensam que conduzem bem
mas espalham-se na primeira curva.
O espelho parte-se porque a alma assim se vê
Estou preso,
ainda bem,
também estou teso,
sou alguém sem tostão,
ou seja ninguém.
Mas tenho amor de cão.
Eles contam histórias,
contam embaraços,
riem-se das irrisórias,
resolvem casos.

Inventam para lá da partição,
gozam sem injúria,
recriam a grandeza
do pequeno
pela imaginação.

Se se lembram,
juntos tentam
desvendar assim
perguntando-se
e perguntando a mim.

Para o mais novinho,
maior parte é névoa,
bem tenta falar, coitadinho,
mas erra mal tenta contar.

Conversas e lembranças
das memórias de infância.
E se eu não quiser sangue nas minhas veias?
Porque não és tu que semeias plantas murchas,
animais sem coração, cores para cegos,
músicas para surdos!
 Tu não sabes a dor cruel
de pedir ajuda a uma parede...
Tu nunca na puta da tua vida
derramaste uma lágrima
para sarar as tuas feridas!
Tu nunca, nunca adormeceste
desprezando o dia de amanhã!
Nunca! Nunca! Nunca!
Nunca viste alguém que amas
ansiar morrer! Não, nunca
saberás a minha dor
porque a tua carne não é feita
das chamas do inferno...
nem choras todas as noites
na cabra tentativa de as apagar
mas é da tristeza que elas se fazem e desfazem...

e o nojo de mim é tanto, tanto,
que rejeito qualquer afecto brando...

e se me amam, é mentira,
e se me elogiam, são falsos...
foge, Francisco, diz ela,
deste mar de espelhos partidos
que te dividem em cortes...

Hoje, rio-me por desespero,
pela minha ignorância de ser vivo,
sentindo os meus neurónios a desligarem-se,
um por um, a cada lágrima que vai...

Mais um fim que há-de voltar.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Não te censuro.
Também me critico.
Aliás, critico-me mais
do que tu, juro.
Na verdade nem sou pessoa,
sou forca da minha pessoa.
Todos os homens são covardes pois as mulheres iludem-nos.
Não me conheces,
não te conheço.

Tenho medo de ti,
por seres amável e bonita.

Nunca me dei bem com anjos,
talvez por ser eu ser humano
e ter defeitos na minha perfeição de ser.

Quiseste dar-me uma festinha
mas rugi-te pois tocaste na dor minha.
Sou falhado
e esta a minha falha.
Estar sentado
e ficar na calha.

Como a vida me atrapalha!

E esta gente é tralha
que só me encalha.

Fim.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vida

A vida não me pertence,
se assim fosse, seria eu deus
e a Natureza nasceria das minhas veias,
e o Universo dos meus olhos.
Se a vida me pertencesse,
as minhas mortes seriam acompanhadas
de ressurreições.

Pertenço à vida,
porque morrerei,
é esse o mistério dela,
é a essência da ignorância,
e a magia de escolher.

Talvez não saibas o que digo,
mas tu foste parido pela vida,
entre outras vidas viverás
e a tua crescerá não pelo que vai acontecer,
mas pelo aconteceu.

Pertenço à vida e a tudo o que ela é,
os actos são dela mas acções são minhas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Sangue pintaria as ruas
senão houvesse dilúvios de lágrimas.

Silêncio profundo de olhos fechados,
comentários à parte de quem está de parte.

Escuridão acesa nos olhares raivosos,
nas mentiras da justiça invicta corrupta.

Nasceu a bala dez anos antes,
esperando em armazéns distantes.

Vagueando de mão em mão,
chegou escolhida pela vida.

Cria-se laço de união.
Sou um sonho esquecido
na mente de uma criança
refastelado no caixão
à espera de acontecer.
Sou homem só.
Amaldiçoado.

Rugindo a quem
passa por mim
por bem.

E sei.

Controlado
mas em descontrolo,
sou mau olhado
em meu olhar sem miolo.

Salta-me da boca rudez
àquelas boas pessoas,
festinhas a um monstro
tocando nas feridas
escondidas pelo pêlo.

Tomara pedir-te desculpa
mas não, se o fizesse
teria de mergulhar na reflexão do meu ser,
na solidão até desaparecer,
na escuridão até não mais poder encolher,
e só quero esquecer.
Mas a minha sombra ainda se queixa,
prostituta!
Ligada aos meus pés,
ensombra os meus olhos...
não quero falar.
Também há a minha estupidez
e a maldita circunstância
que controla as interpretações erradas
daquilo que sou.
Mas o tempo concerta.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Surra aos Comuns

    É preferível viver de promessas eternas do que acções finitas.
    O que desejar mais para lá das estrelas? É apenas o desconhecido. Uma realidade com um único nome: desconhecido. Com uma única justificação: não conheço, porque os meus sentidos não a traduziram. Para quê arriscar em descobrir se não vivi bem o que vivi (então há mais mal no desconhecido) ou se vivi bem o que vivi, então estou bem assim? Esta merd*** maneira de viver foca-se apenas no meu estado de espírito. Em mim, ser humano, ser plural, ser evolutivo. Já viram a contradição? Mas porque se pensa assim, como se não houvesse outra maneira de pensar? Porque é assim que nos ensinam, ou antes, incutem. E vivo assim. Um pensamento partilhado pelos que estão ao meu redor, sendo eu amado, porque amar é partilhar, e vivendo entre o sim e o sim enquanto sorrio com tristeza subtil para quem é diferente (especial e único), como o olhar de um cão domesticado a viver em horários para comer e sem ter a liberdade de fazer sexo durante o seu intenso cio. Cuja sua existência serve. Supostamente.
     Sendo eu igual aos iguais, tenho sempre vontade de ter os especiais e únicos por perto porque são a esperança da mudança da Humanidade e também porque não são iguais aos iguais dos quais eu sou igual. Vendo-os tão únicos, que cada um deles é uma sociedade feita de um e por um só. Mas também é-me desconfortante, senão me rir deles, se forem eles sérios, vão me lembrar da merd* de pessoa que sou, confortado porque merd* é também a sociedade onde estou. Inútil matéria física serva e criadora de filhos e suor. Domesticado. A diferença é que o cio é constante porque não há partilha mais física, íntima e intensa que o sexo. E à medida que o sexo é sexo muitos se vão vendendo e comprando a mentira do Amor. Da carícia que se quer quente no seu imaterial.
    Domesticados. A diferença entre a vontade de sentir e sentir é igual à distinção entre o egoísmo e altruísmo. E como animais, não realizam a diferença, prostituindo a palavra "amo-te" . Pior que os animais.
    Podiam dizer "eu sexo-te". Mas enfim... coisas minhas.
    O Amor existe. É simples, é a partilha de duas almas que se servem para se completarem. Tal como no juramento do casamento Católico. Mas a estupidez não consegue destingir e a burrice faz-se queixar.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não discuto com infalíveis,
eles que falem até a morte chegar,
tão perfeitos na sua razão
mas falham na interpretação
do que estou a pensar.

Fim do Final - Início

Sou um pote cheio de lágrimas
transparentes, nelas se vêm
o fundo escuro de um caixão.
E se há ondas é porque alguém lhe tocou,
mas não se entendem no meio da confusão
pois tantas são à procura de um lugar
e gritam de desespero...
o meu único desejo e sonho de vida
é ser feliz, sentir-me bem comigo mesmo
mas sempre que me encontro num espelho,
numa fotografia, estremeço...
arrepio-me de dor, a dor de existir
perante o que fui e a inconsistência que sou,
nada é seguro e tudo se perde na escuridão...
sinto-me falhado, mais do que isso...
se ao menos o meu mundo se encontrasse
com o nosso, se, por um milésimo de segundo,
sentisse o paraíso dentro de mim,
a paz inquebrável, invencível...
mas os meus olhos negros perseguem-me
na sombra e vejo-me a pedir desculpa
enquanto vagueio no talvez e no assim-assim...
bem que fui avisado por algo superior
que estes pensamentos podem ser a minha morte,
afinal, é real esta minha dor,
o meu coração bate e eu existo,
estou certo que matarei o que me mata
porque o meu nome é o que é,
os meus olhos são o que são,
e o meu mundo é um papel branco
onde passo o tempo a fazer e a desfazer,
a compôr e a descompôr,
a criar, a matar, a inventar,
sou deus, os meus poemas imortalizam-me
mesmo na impaciência do planeta.
Afinal, no fim de tudo, 
ainda há estrelas no céu por desvendar.