A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Desgraça De Alguém

És gozado e desonrado sem saberes,
por alguém que tens grande amizade,
te esfaqueia e tu, sem te aperceberes,
estás a sangrar nessa dança inunda de irrealidade
em que o teu inimigo te pôs a dançar.
Começas a juntar todas as peças
e desconfias das conversas,
então de repente,
ele pensa que estás de costas,
fala mal de ti a toda a gente,
mas tu viraste antes do tempo
e apanhas o gajo no momento
em que diz que tu és nojento
e fazes-lhe frente, ele atrapalha-se
e o cérebro dele fica dormente,
gagueja-se sempre por mais que tente,
vem com merdinhas a desculpar-se,
só está a queimar-se.

Tu descobres e fechas a mão,
queres dar-lhe um grande sopapo
e dizes: "disso eu não papo",
sabes que perdes toda razão,
mas que se lixe,
é o que merece esse cabrão,
esse bicho, que nem humano é,
a raiva é tanta,
já lhe estás a dar um pontapé,
não te dás conta do que estás a fazer
mas estás a espancá-lo com uma grande fé.
Queres vê-lo sofrer,
quanto mais lhe bates mais lhe queres bater,
ele já nem se levanta,
mas a raiva é tanta
que toda a gente se espanta
e levantam-se para parar
o cenário sangrento,
agarram-te, mas ninguém te pára,
tens um rio de lágrimas na cara,
a fúria deixou-te cheio de força,
à tua frente está um homem,
mas nem trinta deles te movem.
Tu mandas-lhe berros,
atiras-lhe com cadeiras,
encontras mil e uma maneiras
de lhe dar pancada,
a polícia aperece e dá-te uma cacetada,
mas tu não páras por nada deste mundo,
nem que visses o traidor completamente moribundo.

Entras no carro azul,
o outro vai na carrinha amarela,
ambos vão à boleia,
sabes que, para o teu lado, a coisa ficou feia,
começas a chorar em pânico,
aquele não eras tu,
era um monstro que te tornara mecânico.
Mostras a tua identificação na esquadra,
és identificado,
na escola todos olham-te de lado,
fazem mil perguntas
todas iguais, todas juntas.
Deixas de ir à escola,
os teus pais deixaram-te de dar esmola,
estás sozinho, ninguém te ajuda,
apercebes-te que sempre tiveste,
de que não valeu a pena teres-te irritado,
porque na verdade é o pão deles de cada dia,
mas agora és tu que estás queimado,
ainda faltava responder a tribunal
pela tua atitude mortal.
Estás no lugar do réu,
o sacana mente e as testemunhas não viram tudo,
o juiz já tinha tirado conclusões e fez de ti mudo.
Vais preso,
a tua mãe chora e o teu pai diz que és uma vergonha,
o teu irmão é que é um exemplo
mas tu sabes que ele anda a fumar maconha,
não dizes nada,
a tua vida foi queimada.

Na prisão,
és vítima de violação.
Tu e eles sabem que és fraco,
um dia rejeitas quando te põem a mão
e levas uma facada e mais um taco.
Começas então a fazer flexões,
a contar as razões
que te afastam as tuas últimas pulsações.
Começas a ganhar respeito
e a reclamar tudo a que tens direito.
Agora todos querem ser teu amigo,
mas tu já és amargo
e para ti, qualquer um é teu inimigo.

Dois anos e oito meses de bom comportamento
fizeram-te sair antes do tempo
e matares aquele gajo é o teu primeiro pensamento
mas lembras-te do que aconteceu,
quase que alguém morreu
e sabes que foste tu quem teve a culpa,
então decides encontrá-lo e pedir desculpa,
mas o anormal está enrolado com a tua irmã
e apercebes-te de que ele não mudou,
que fez com que a tua família se separasse,
que o teu irmão entrou na droga pesada,
que a tua mãe se suicidou,
que o teu pai se desgraçou na bebida,
lutaste mas a tua família está destruída.

Enfrentas o gajo,
começam numa grande discussão,
ele tem uma pistola na mão,
começam à pancada,
tu tiras-lhe a sua pistola
e no meio da confusão
dás-lhe um tiro na tola,
ele já não diz nada,
antes que a tua vida arde,
bazas de casa dele antes que seja tarde.

A tua irmã chora
e tu dizes que já estava na hora
desse gajo morrer,
ela começa a bater-te
e a gritar que nunca mais te quer ver,
que te ausentaste e que, o que tu fizeste,
só prova que nunca a amaste,
respondes que ela não está a compreender,
mas ela não quer saber
e grita para tu desapareceres,
antes de saires dizes-lhe que só a querias ajudar
e ela responde chamando-te máquina de matar.

E agora? Não sabes o que fazer,
a cada passo que deste só fizeste alguém sofrer.
Rejeitas e renegas tudo,
quem foste, quem conheceste, o que fizeste,
e pões-te a andar no caminho da vida
como se nunca te fosse conhecida.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sociedade - Pressão Da Opressão

Ainda há guerra,
caiem em cima de nós baldes de merda
nesta opressão de medo que nos enterra.

Medo, segredo e depois degredo,
são sequências da conveniência
que são ensinados desde cedo.

É preciso ter cuidado,
ela caminha ao nosso lado
sem se aperceber é-se enfeitiçado.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Palco Da Minha Vida

A minha vida é vivida num palco,
o Diabo bate palmas na plateia
à medida que minha a vida se torna mais feia
e Deus foi à casa-de-banho,
não quis voltar e levou tudo o que tenho.

Agora é o intervalo,
eu grito esta dor mas não falo,
puseram por cima a publicidade
e ninguém me ouve nesta sociedade.

Estão todos completamente surdos
e o Diabo ri-se dos meus actos absurdos,
gritar não dá em nada,
Deus tinha-me dito que é um conto de fada
em que no final tudo acaba bem,
mas vejo no final a morte sem viver a felicidade,
mas os deuses prometeram-me essa realidade.

Aponto um revólver à cabeça,
o Diabo não quer já o final
e entrega-me esperança para que vença,
mas era mais uma mentira e eu continuo mal.

Alguém peguntou o que é que se passa,
eu respondo e não sabe o que se faça,
mais um dia, a morte dá mais uma paça
até a vida me deixar só em carcaça.

As luzes do teatro estão a desligar-se,
este é momento da escrita
em que Belzebu perde a pica e Deus cita:
o seu espírito a aproximar-se.

Agora só há uma luz ligada,
chamou a atenção de Deus
ficou logo com uma lágrima a cair,
sentou-se, estava a sorrir,
o Anjo Caído detesta essa iluminação,
diz adeus e começa a sair,
Esse nunca mais há-de vir.

Essa luz única que Deus ama
e tira ao Diabo a sua fama,
que aos dois afecta,
é o meu poeta,
que acaba de chegar à conclusão:
depois de ser vítima de tanta maldição,
de ter sido marioneta do Satanás,
mesmo afundado na solidão e na escuridão,
viver faz muito bem ao coração
e onde quer que vás,
leva a tua alma e luta com calma,
em vez de levares uma arma na mão,
leva a tua personalidade e a tua determinação.

Fecha-se o passado
e fecham-se as cortinas,
novo capítulo, novas rotinas,
pronto a amar, pronto a ser amado,
vida, vida, vida, vida, vida...
Gostava de não ter vivido esta vida,
de uma mãe de armas que ficou perdida,
de uma irmã que fria se apelida,
de um irmão que pareceu herói e agora morreu,
de um pai racista, ladrão e fugitivo,
de um padrasto que não me quis vivo,
de uma madrasta que fez da minha mente manipulada,
de uma família que nunca fora que é afastada,
de um amigo que me dera mais uma facada,
agora vão todos para o caralho,
a minha revolta é grande e grande é o trabalho
que vou dar ao que assina a certidão de óbito
porque já marcaram da morte cheio porquês:
está marcada na data de 24 de Julho de 93.

domingo, 22 de maio de 2011

22 De Maio De 2011- 23º Poema (1ª Parte - Poema)

Vinte e dois poemas escritos em vinte e dois dias
vinte e duas emoções desde o início deste mês,
vinte e dois momentos de revoltas e alegrias,
vinte, tira-se o dois, com este põe-se o três,
não sei se haverá mais depois
mas aproveito o presente
destes vinte e três que saíram do coração
e passaram pela mente,
aparece e escreve até esgotar a inspiração,
se não houver vou buscar outra razão,
seja a amizade ou a solidão,
seja a luz ou a escuridão,
seja o que estiver à mão.

Carta Para Quem Parou Na Vida

Sonhas voar mas estás cá em baixo,
das trezentas tentativas que tentaste
mas foram todas iguais e tu ficas cabis-baixo.
Porque não tentas de maneira diferente, já pensaste?
Já experimentaste usar as tuas pernas?
Então deixa-te de merdas,
luta sem grandes guerras,
porque se falhares, tudo bem, tu também erras.
Há que tentar com determinação
porque nesta sociedade
se és fraco és tratado como um cão,
ajudam-te mas deixam-te na solidão,
é a verdade,
ninguém vai à casa-de-banho por ti,
por isso em vez de chorares
sente mas é este pensamento
e vem por aqui.
O que tu precisas é de uma dose de orgulho,
olha as pessoas à tua volta,
é quase tudo entulho,
eles querem mas não sejas como eles,
não vivas a vida deles.
Tu tens a tua vida e cada um tem a sua,
tenta mas é, não procures,
ganha firmeza nesse pé,
porque cada passo que dás já passou,
tens de saber para onde vais e o que queres
porque senão vais andar a comer merda às colheres.
Mas tem cuidado com o que desejas, que o amor é cego,
há coisas que não sabes e talvez nem as vejas.
Que não seja a preguiça que tu bocejas,
sê tu em qualquer sítio que estejas
porque há sempre alguém
que nunca vai querer o teu bem
e vai esperar que tu erres
para te poder criticar,
por isso faz o que te compete
para os poderes mandar calar.
No comboio da vida
vais conhecer pessoas que te vão querer escravizar,
vais conhecer pessoas que te vão amar,
não podes parar, a não ser que estejas a errar,
então assim pára para pensar,
porque vais ter de pedir desculpa,
porque se calhar foste tu quem teve culpa.
Bem, já sabes como é,
ninguém vai à boleia
e aprecias melhor a paisagem se fores a pé.

Cumplicidade De Amar

Esta é a hora que vem sem demora
para te dizer que me deixas completamente à nora,
porque à tua frente sinto-me incompleto,
a pensar que nós seríamos a perfeição, de certo.

És a música que preciso para os meus poemas,
a solução para todos os meus problemas,
porque quando olho para ti vejo a simplicidade,
até já acho absurdo ter preocupações, para dizer a verdade.

Há tentações que não podemos tocar,
não posso dizer a razão ou seria apanhado na esquina,
por isso prefiro que fiques a pensar
enquanto escrevo subtilmente para a minha menina.

Que azar, deixaste alguém ocupado,
enquanto reagimos e agimos
numa sensação em que rimos e sorrimos,
é uma questão de tempo, espero-te sentado.

As coisas fazem-se com calma,
é na boa, eu espero mas actuo,
a ansiedade é alguma mas eu seguro
a ver-te a passear na minha palma.

Andamos a viver a cumplicidade,
jogando sempre pela honestidade,
sem cinderelas nem príncipes encantados,
apenas somos seres humanos apaixonados.

Conheço-te muito bem,
esse teu sorriso é o número três
que esboças quando te interessas por alguém
e não tenho nenhuma cábula, como vês.

sábado, 21 de maio de 2011

A Graça Do Diabo

Em dias de semana,
eu cou sempre de cana,
pedindo ajuda à minha mana
mas ela não se preocupa,
só lhe interessa a grana.
Mas sou eu que chego a casa
e já nem reconheço a mamã que eu abraçara um dia,
em que lhe chamava querida, linda e tonta,
velhos tempos de criança em que ela sorria.
Agora já não tenho forças para tanta afronta,
de tantas tentativas, já perdi a conta.
Leva essa mulher de armas num vício,
tento-a ajudar mas é cair num precipício
e rebolar até ao fundo onde não há luz,
onde as feridas não conseguem deitar pus.
A cada dia que passa vejo a carcaça da minha mãe,
que a beijo sem perceber se ela é alguém,
alguém que eu amara, que à vida me providenciara.
Agora parece que a vida está cara,
não é dinheiro com que se paga,
é a desertificação que traz a vara
da bandeira branca da desistência,
da memória que tinha dela que se torna vaga,
em que eu odeio, não venero nem creio.
Não há ser humano com tanta paciência
da morte que a vejo levar desta maneira.
Os sorrisos que perdi das vezes que abri a porta
e encontrei a desgraça em pessoa com a sua bebedeira.
De vez em quando pergunto-me o que devia ser diferente,
se amanhã vai ser tudo diferente,
mas acordo desabituado e adormeço habituado
e durante o sono sinto-me cansado,
pela porrada que dou em mim,
pela raiva que tenho desta vida ruim...

Adeus Amor, Que Me Vou

Já está tudo pronto para embarcar,
escreverei cartas todos os dias,
mandar-te-ei também fotografias...
tenho-te saudades,
encosta-te no meu peito
para que te rodeie com os meus braços
não vou ter mais este direito...
o barco quer ir, tenho de me despachar...
cuida do meu coração, é em ti que vai ficar...
dá-me a tua mão e olha-me na cara, por favor...
Meu amor...
não te conseguirei trair,
amo-te demais para que qualquer
outra mulher me seja tentação...
Deixa-me pôr este anel no teu dedo,
hei-de voltar, meu coração,
mas se encontrares outra pessoa
enterra o anel ou atira-o ao mar.
Beija-me agora meu amor,
que o barco pede para partir...
não chores, quero te ver sorrir...
a vida continua...
gostava que não houvesse despedida...
um futuro chama por mim, tenho de ir.
Adeus, amor, e ama a tua vida,
esquece-me se assim tiver de ser...
passarão anos até te voltar a ver...
Adeus minha essência,
foste tu quem me ensinou
que nem sempre é fria, a continência...
amo-te... mas agora vou...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Demais É Demais

Já me perdi,
já nem sei se estou num sonho ou na realidade,
não sei se realmente estou aqui,
pois se estou, posso ao mesmo tempo não estar.
Estou perdido entre a imaginação e a verdade,
se nisto que vivo é realmente de se amar.
Não percebo, não entendo,
mas tento e nunca percebo o que se está a passar.
Não consigo parar, sou assim,
sonhador, aquele que sonha a dor,
não é explicável a poesia em mim
mas sei que lhe tenho amor,
ou se não é amor, é vício,
ou se não é vício é sensibilidade,
pois sinto o amor sofrendo.
Mas sorrio à vida e a abraço,
sem egoísmo, abrindo espaço,
nesta maneira a que digo vivendo
para que, depois de uma vida de experiências,
de memórias re-vividas,
de lágrimas e sorrisos,
de paixões e ódios,
te possa dizer:
sou humano,
assim vivo e assim irei viver.
Agora e para sempre,
antes de nacer,
depois de morrer,
agora e para sempre,
amar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Vamos descnfiar,
desconfiar do ar que respiramos,
vamos, vamos desconfiar
do amor, de amar.
Vamos deconfiar do que vemos,
dos sorrisos, das perfeições.
Vamos desconfiar dos espelhos,
vamos desconfiar do que escrevo,
desconfiem e pensem.
Vamos confiar na desconfiança,
confiemos na exoberância
e na ignorância,
vamos desconfiar da confiança.
É agora, pensemos em pensar,
pensamos na mudança,
pensemos e reflectimos,
e avançamos aos bocadinhos,
e desconfiamos dos nosso pés.
Desconfia de ti, mais um bocado,
não acredites, aliás, desacredita,
desacredita no que te irrita,
não desconfies, confia,
acredita, mas absorve a desconfiança,
e não confies.
Confia em mim, não confies,
anda a passo cuidado,
desconfia tanto até andares desordenado.
Confia, desconfia até ficares todo baralhado.
Não confies,
pensa,
não confies,
achas que é?
Desconfia mas é.

O Arrependimento

Podera eu não ser quem sou, não ter este nome desonrado, este coração que bombeou com demasiada força e pressionou a cabeça... Oh! Devia eu ter sido castrado à nascença! Devia era nem ter nascido... maldito encontro que foi do quando e onde... parecia estar à espera de mim este destino, esta tragédia! Oh! Tragédia! Como és a estratégia de Belzebu usada quando estamos deitados no conforto do acto contra a Natureza! Queria eu ter sido comum... tantos que por aí andam ambicionando o protagonismo pelo poder e eu, somente entregue ao amor cego, sem ambições... determinado sem ambições, vejo-me numa tragédia, condenado à desgraça e a uma vida sem escolhas, sem honra, sem oportunidades... completamente esquecido por Deus e pelos homens como se a morte fosse mais do que aquilo que se diz... de um corpo sem espírito... e grande espírito que fora... nunca recusando os pedidos de ajuda, sempre dando de mim, sem nunca ter fugido à lei, sem nunca ter espreitado o crime... simplesmente fiquei cego neste meu coração puro e foi o suficiente para cair no abismo, entre trambulhões de medo e desepero... da irracionalidade do sentimento que escolheu antes de entender as consequências... como se possuído estivesse pelo Destino... agora, agora vivo o Destino... e sem destino para viver.

domingo, 15 de maio de 2011

Enciclopédia Das Nações

Chacinas nas terras de ninguém,
onde ninguém governa mas é governado.
Chaves do contraste do além,
o sentimento não dá para ser falado.
Cheira a morte onde não há cadáveres,
só se sente almas onde não há vivos.
Chagas são verdades nestes terrenos,
onde as mães engravidam para devorarem os seus pequenos.
Crianças suicidam-se pela fome,
dos tantos pedregulhos afiados que se consome.
Cemitérios são as refeições dos homens
que são ensinados a assassinarem desde jovens.
Catacumbas do paraíso é nome do inferno
nesta cultura destinada ao eterno.
Conquistadas terras pela sua divisão,
quase zombies por não actuarem de coração.
Criados e servos da morte são vossos destinos,
se chegarem a velhos serão logo comidos.
Contados como lendas pela Humanidade,
parecendo não ser real esta verdade.

Chega o herói que salva inutilmente a população
mas ele o faz pelo orgulho e pela esperança de uma nova Nação.
Corajoso, chegou, para enfrentar as tempestades,
para trazer vida e luz às terras de Hades,
Condenado ao sacrifício do corpo e da mente,
alimentadando-os com o seu próprio sangue.
Crucificado em seu propósito,
mudou as mentalidades dessa gente.
Cravos foram criados pela a água do seu suor
em terras desertas mas floridas por um sonhador.
Carregou tudo e fez mais do que o seu melhor,
alimentado e morto pelo amor.
Cuidado de mudar um mundo,
assim o conseguiu e desapareceu moribundo.
Calhou escrito como início da História,
sofreu, lutou, morreu e ficou sem honra da memória.
Crê-se num presente sem passado,
o herói morto vê-se vilão, sentir-se-ia fracassado.

Dá-se então um novo capítulo,
a letra "D" é o seu vínculo.

Dinheiro é a nova desgraça,
nova história,
novos vilões,
novos heróis
aparecem por mais que se faça.

Ditadas pessoas pela sociedade,
que criticam a realidade.
Desgraçadas populações que toleram
as opressões que se impuseram.
Divulgando informações erradas,
precisam de atenção nas mentes encalhadas.
Dedicam-se insistentemente à competição
pelo poder que anseiam e nunca lhes dará razão.
Deduzam-se no espelho exterior
com medo da solidão que lhes causa dor.
Devoram-se no trabalho e se pisam
sem lembrarem-se da união que precisam.
Dívidas construídas pela esperança,
escravos durante anos em sonhos de criança.
Disturbadas mentalidades de filosofias
que agora se suicidam por não verem novas vias.
Desesperados até que acordem,
vão lutando contra a desordem.
Desiludidos por não verem um novo herói,
que os salve da miséria e do absurdo que são.
Deparam-se da realidade em que estão,
nesta sociedade onde há mais que um vilão.
Desesperados pelo herói que ainda não apareceu,
gritam e revoltam-se pensando que ele já morreu.
Desfrutam-se os tempos de espera,
em que o herói não aparece e que ninguém venera.
Denominam-se todos heróis mas a verdadeira cura
são os anti-heróis que virão para o fim da ditadura.
Desta sociedade em que vivemos, na opressão,
quem ganha e ganhará sempre é a nossa voz, a voz da razão.

sábado, 14 de maio de 2011

Calma e Paciência

Quase quase quase me perdi
pela de fora que entrou em mim
e me fez gritar sem fim.

Mas a tempo e com tempo
tive um ataque de lucidez
pois na raiva do momento
jurei não acontecer outra vez.

Talvez me teriam chamado louco
por nadar contra corrente
sem estar preparado em fazer-lhe frente
e ser levado por ela pouco a pouco.

Talvez eu tenha tido essa loucura
para me aperceber da realidade,
essa lei dos contrastes foi a minha cura
para manter limites à minha sensibilidade.

Não desisti, apenas tenho de ser inteligente
porque se me atiro sem saber usar um pára-quedas
acabo por ser comido por essa gente
e a fazer todas as suas merdas.

Devo fazer como na Batalha de Aljubarrota
trazer-me e não uma gigante frota,
pois sabemos como é que uma guerra se comporta
e antes de abrir a boca a minha mente já estará morta.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Por aqui e por ali
acontecem novos por cá,
sem perceber o que vi
por nunca ter passado por lá.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Sou A Nossa Voz

ATENÇÃO: "Se acha" é "se encontra".

Os meus poemas são
de um lunático
que se acha no meio de ouvidos,
de um apático
que se acha no meio dos sentimentos,
de um sonhador
que se acha no meio da realidade,
de uma criança
que se acha no meio da birra,
de um alérgico
que se acha no meio da mentira,
de um calado
que se acha no meio da ira,
de um psicotapa
que se acha no meio da má infância,
de uma escapa
que se acha no meio da poesia,
de um sábio
que se acha no meio da ignorância,
de um amor
que se acha no meio do ódio,
de um esperançado
que se acha no meio da morte,
de um sorriso
que se acha no meio da sorte,
de um ignorante
que se acha no meio da sapiência,
de um ansioso
que se acha no meio da paciência,
de um animal
que se acha no meio da fome,
de um soldado
que se acha no meio da sobrevivência,
de um anormal
que se acha no meio do comum,
de um revoltado
que se acha no meio do desespero,
de um um
que se acha no meio do nenhum,
de um diferente
que se acha no meio da igualdade,
de um falso moralista
que se acha no meio da verdade,
de um poeta
que se acha no meio do papel,
de uma morte
que se acha no meio da vida,
de uma solução
que se acha no meio do problema,
de uma gaveta desarrumada
que se acha num quarto arrumado,
de uma pena branca
que se acha no meio do fardo,
de uma iluminação
que se acha no meio da escuridão,
de um ouvinte
que se acha no meio do paleio,
de uma agulha
que se acha no meio do palheiro,
de uma imaginação
que se acha no meio do verdadeiro,
de um último
que se acha no meio do primeiro,
de um ninguém
que se acha no meio da fama,
de um acontecimento
que se acha no meio do improvável,
de uma contradição
que se acha no meio da ligação,
de uma sombra
que se acha no meio do sol,
de uma mãe
que se acha no meio da infertilidade,
de uma lágrima
que se acha no meio do sorriso,
de um maneta
que se acha no meio do público,
de uma memória
que se acha no meio do esquecimento,
de uma inocência
que se acha no meio da culpa,
de um esquecido
que se acha no meio da Constituição,
de um faminto
que se acha no meio da riqueza,
de um excluído
que se acha no meio da estatísctica,
de uma paz
que se acha no meio da vingança,
de um preguiçoso
que se acha no meio da revolução,
de um pacífico
que se acha no meio da destruição,
de uma penúria
que se acha no meio da penúria,
de um estranho
que se acha no meio da amizade,
de uma gota de água
que se acha no meio do deserto,
de uma grito
que se acha no meio do silêncio,
de uma realidade
que se acha no meio do impossível,
de um amigo
que se acha no meio da solidão,
de um hipócrita
que se acha no meio da crítica,
de um barco
que se acha no meio do fundo do mar,
de uma revolta
que se acha no meio da opressão,
de um segredo
que se acha no meio da descriminação,
de uma excepção
que se acha no meio do óbvio.

Palavras minhas onde tu és achado,
descrevi a minha vida e a minha pessoa.
Somos mais iguais do que diferentes,
não há tu e eu e outro e aquela, há nós,
por isso ouve com atenção:
quando falo uso a nossa voz.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pena Da Morte

Com as circuntâncias que foram apresentadas, perdoaram a minha cumplicidade de um crime muito antes de ser practicado. A maior confusão é dar resposta à pergunta: "De quem é culpa?". Bem, terei eu de resolver os meus (que não meus são) problemas sobre caminhos do qual nunca pus o pé ou poderia eu desprezar esses que me amam e influenciam vendo-os a cair na desgraça todos os dias (se não fosse eu humano nem pertencesse à Vida) ou os que estão à minha volta e conhecem tais votos pela minha boca não vivendo a história (mas uma história contada nunca é sentida) e darem abraços e dizerem frases que não animam gentes de lágrimas. Não é assim tão matemático, mas certamente há esperança ou alguém teria morrido e, se existe esperança quer dizer que algo ainda pode ser feito. Então, eles, pensando que mais nada poderão fazer têm somente pena. Ter pena é dar uma pistola a uma criança porque ela quer, é dar uma moeda a um mendigo em vez de arranjar-lhe trabalho, são meras atitudes, não actos...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Viver É A Nossa Causa - Revolução Individual

Saio de casa
à descoberta dum novo caminho,
de mala às costas,
vou sozinho,
com uns pares de cadernos e canetas,
não levo a minha pessoa,
memórias ou outras tretas.

Na direcção sem destino,
nesta aventura conquisto
o que não tenho visto,
como quando era pequenino
que não via acima da minha altura,
agora, ver para além do limite,
viajar na vida é a minha cura.

É fazer uma pausa
- viver é a nossa causa -
estar acima do que nos foi incutido
e elevar o que realmente tenho vivido.

Não tenho substantivo,
chama-me o que tu quiseres,
é-me completamente relativo.

Sem minutos, horas ou dias,
gosto muito de estar aqui,
tiremos uma fotografia para ti
que vou pôr-me nas vias
que ainda não vivi.

Em cada cidade ou aldeia,
saio com nova muda de roupa:
entro estranho, saio amigo,
mas sempre de uma nova maneira.

Sem objectivo para o futuro
sem lembrar o passado
mas sempre viver o presente
e assim me vou tornando puro.

Não ando a fugir à tortura
nem ao fisco,
até porque nestes novos tempos
nem sequer me apelam de Francisco.

O planeta roda,
sou uma célula nele perdida por aí
sem saber quantas vezes o planeta rodou
ou o que anda a acontecer e o que já mudou.

Tudo o que sei é de mim,
as pessoas que conheci,
os lugares onde dormi,
menos o tempo que já vivi.

Na minha mente já passou tanto tempo
que tenho de fazer um esforço
para me lembrar de cada momento.

Um dia voltarei ao meu lar,
com um diferente olhar,
mais crescido, mais vivido,
como assim era no início
em que se dizia que viver
era um vício.

Não é remédio, é a cura
para uma vida rotineira,
para quando te sentes uma máquina,
tudo o que fazes é de mente apática
e não aproveitas nada à tua volta
porque andas com a mudança automática.
Tomas logo partidos,
a desconfiança torna-se guarda-costas
contra os desconhecidos
e nem sequer sabes se deles gostas.
Foges do amor com medo da dor
e depois dizes que o mundo é escala de cinzentos
mas nunca tentaste encontrar uma nova cor.
Nem sequer pensaste nisso,
não estás num funeral,
assim sem razão,
manda mas é vir dum riso.
Não é sono, é cansaço.
Não é calma, é cansaço.
Não é por favor, é cansaço.
Não é passividade, é cansaço.
Não é tolerância, é cansaço.
Aproveita agora para dar mais que um passo
porque quando eu estiver mais descansado
vou fazer de mim o teu fardo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cidadãos Queixosos Incompetentes

Não me tratam como ser humano
nem sequer me sinto em Portugal,
um país desenvolvido?
Só se for para os ricos
porque aqui os da penúria
nem sequer têm chance,
se arriscam levam com uma série de bicos.
O problema
é que os que sentem
ficam sentados em vez de se levantarem
e gritarem que não gostam.
Nem sequer há a união,
todos se encostam.
No discurso todos levantam a mão
mas quando saiem vai cada um para seu lado.
Dizem que não percebem de política
mas os seus votos podem ser-me um fardo.
Depois claro se me revolto
dizem que a minha mentalidade está paralítica.
Mas para chegar a esse estado
é porque o corpo é escravizado
e quem é o culpado?
O povo calado.

A Minha Guerra Mundial

Revoltado,
em guerra com o mundo,
nesta minha trincheira
onde não deixo ninguém entrar
pois o inimigo entrou
e tentou me matar.
Estou seriamente armado,
choro por estar tão irritado,
as lágrimas não me deixam ver,
já estou a diparar para todo o lado.
Em guerra com tudo e todos
a vomitar os nervos de nojo
que tenho desta sociedade
por não ver a Humanidade.
Cada tiro é um grito,
louco por cada disparo,
sou um ser humano,
é subvivência, deixa-me frito.
Há quem mostre um branco pano
mas eu não sou de deixar-me ficar,
não vou desistir, com sangue ou suor,
sozinho, vou continuar a disparar.

Descobrimentos: Novos Lugares, Novas Pessoas

Peço licença, menina,
para caminhar consigo
nesta calçada.
Não para estarmos juntos,
só a quero acompanhar
nesta caminhada.
Prometo não a abrandar,
vamos construir uma nova estrada
com o que a menina quiser,
novos horizontes,
novas pessoas,
novos lugares.

Deixe-me fazê-la rir
sabe, olhos diferentes
trazem algo para descobrir.

Peço perdão, minha senhora,
dá-me a sua mão para dançar?
Ria-se comigo na dança da vida
e veja no alto da felicidade,
aprecie no pico desta montanha
o que não viu na cidade
em que a menina anda.

Descubra a harmonia da Natureza,
vamos correr no meio dela,
ver animais, plantas
e tudo o que a torna bela.

Não pergunte quem sou,
faça da minha pessoa
a sua imaginação.

Esqueça as perguntas,
deixe-se levar,
vamos sentir o que é viver,
hoje conquistamos
o céu, a terra e o mar.

Aproveite este sonho
porque quando acordar
vai ver que foi uma ilusão
e que eu não vou voltar.
Estou sem inspiração,
já não sei o que fazer,
leio o que já escrevi
e não me estou a reconhecer.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Lutadores E Soldados: Novos Reforços

Acredita e tornarás possível
mas sê realista no teu sonho para seres credível.
Porque quando ganhas o poder da palavra ninguém te pára,
mesmo que para ti a factura seja muito cara.
Acredita e torna-o real,
porque à tua maneira conseguirás mudar o que sentes que está mal.
Faz-te ouvir, fala com alma de honestidade
e não precisas de morrer como um mártir.
Insiste vezes e vezes sem conta
e não desistas que senão começar foi em vão.
Acredita em ti mesmo e confia-te,
na rua verás como o sol brilha.
Luta para chegar à meta,
eles que digam que é uma ilusão,
mas para ti tem de ser sempre concreta.
Dispara, bate e espeta sem usar nenhuma arma,
luta com todas as forças que, de trunfos, terás o karma.
Não imponhas nenhuma condição à tua vida, ama-a,
leva-a para a cama, deita-te com ela e acorda com ela,
tudo é possível, é a única condição que tem e que a torna bela.
Não jogues com olhos fechados,
se chorares faz de olhos abertos
para que alguém sinta os teus apertos.
Não desistas,
se não tentares mais uma vez não conquistas.
Se te sentires na escuridão,
usa a Natureza à tua mão e ilumina a solidão.
Vê-me, eu, que costumo escrever sobre coisas más,
agora escrevo a dançar e a sentir a música,
com forças de confiança sei que sou capaz.
Sou novo, há muito para descobrir
e por não conhecer as opções todas e ser ignorante
não desisto enquanto não encontrar as curas
de tudo o que me está a ferir.
Parece que faço a revolução toda sozinho mas não,
sei que há muita gente que sente o bater do meu coração,
que nunca leram este poema e dão-me toda a razão.
A toda a malta que se sente numa grande confusão,
um abraço do Francisco Sarmento,
que vos diz que o dia não está cinzento!

Viver Para Morrer - Subviver Sem Viver

Se a vida estiver torta
te garanto que irei pô-la direita
porque acredito que existe sempre a opção de viver.
Isto, em termos de finanças está muito complicado
mas ser escravo do dinheiro, humm....
prefiro morrer a gitar do que sobreviver calado
porque não me vou afundar numa falsa bóia,
vou construir uma caravela e vai-se afundar no ar
para que todos assistam que toda a tolerância
de todos esses egos me lixaram com a sua ganância.

domingo, 1 de maio de 2011

Memórias Dos Velhos Tempos - Outros Tempos

Numa tarde de sol,
junto à janela da sala,
uma cadeira que baloiça
e uma música que embala.
Lendo um livro de 1963,
com os antigos óculos de ler,
sozinho, na minha plena casa.
Era hora de adormecer
para a minha cadela Rifa
que ao meu lado se deitava.
Ela lá durante o sono espirrava,
era do pó no ar da alcatifa.
As paredes da sala de estar
eram armários de prateleiras,
cheias de livros que herdei,
que me faziam viajar.
Bons tempos passei
durante a minha reforma,
anos assim foram
aos quais nunca me fartei.