A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Despedida (o Pedido)

Provavelmente quando leres isto já não estarei aqui,
provavelmente fugi, enlouqueci ou talvez morri.
Mas lembra-te: estava sóbrio quando escrevi esta carta,
não me esquecerei daquilo que contigo passei,
daquilo que tu me deste e daquilo que te dei.
Não me despeço. Isso não é comigo
mas assim te peço que lembres-te que fui mais que teu amigo.
Estarei sempre contigo aconteça o que acontecer,
até depois do meu coração deixar de bater.
Sei que terás muitos felizes momentos
e sei que os ventos levam consigo memórias para os esquecimentos.
Não te peço que fiques agarrada a mim
apenas que nunca te esqueças de mim.
Peço-te apenas que me deixes viver
numa pequena parte do teu coração
e numa pequena parte da tua mente.
Não chores que eu não chorei,
não te arrependas que eu também não me arrependi.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Facadas Em Terceira Pessoa

Quando te conheci parecias bacano,
mas alguém me avisou, adivinha lá, era um teu mano.
Ajudei-te com os teus amigos,
algo que não tinha nada haver comigo,
mas mesmo assim fiz mais do que faria um amigo.

Foi então que te pedi ajuda,
a pensar que podia contar contigo,
avisaram-me para ter cuidado,
porque estava a andar em campo minado.
Assim fiquei preparado,
mas na esperança que não ias falhar
comecei a andar.
Quase pisei duas minas,
vi-as e tinham a tua assinatura,
pensei que não era tua porque iria ser uma facada muito dura.
Terceira mina, igual à que já me tinham mostrado.
Por isso estou aqui para te dizer:
aconteça o que te acontecer
eu não quero saber.

domingo, 4 de julho de 2010

Meras Vontades

Tenho fome mas não tenho vontade de comer,
Tenho sede mas não tenho vontade de beber,
Tenho lágrimas mas não tenho vontade de chorar,
Tenho feridas mas não tenho vontade de as curar,
Tenho uma arma mas não tenho vontade de me matar,
Tenho pernas mas não tenho vontade de andar,
Tenho amor mas não tenho vontade de amar,
Tenho cansaço mas não tenho vontade de descansar,
Tenho ouvidos mas não tenho vontade de ouvir,
Tenho amigos mas não tenho vontade de sorrir,
Tenho um poema para finalizar mas não tenho vontade de acabar.

À Conversa Com A Morte E Com A Vida

Quem eu sou?
A Morte diz que já fui lhe fui igual,
a Vida diz que aprendi muito com ela.

Não preciso de dizer mais nada...

Para Ti, Amor Platónico

Não sei se te amo,
nem se te deva amar.
Vejo-te e nunca te falei,
mas falaram-me e agora já não sei.
Se és ou não,
se crio expectativas e caia na desilusão.
Mas sinto e tenho vontade de apostar,
mas não sei se me hás-de amar.
Ansioso, espero pela tua resposta,
saber se estás desposta.
Quem és? Será que é apenas o amor platónico?
Correspondes ou dás barra?
Mas responde, que é em ti que o meu coração se amarra.


Eu sei, meu amigo,
sei disso, mas prefiro que não o digas,
deixa-me sonhar mais um bocadinho.
Que este é de bom vinho,
e sei, meu amigo, que se beber demais deste fico viciado,
mas repara bem como estou ressacado.
Também sei que esse vinho pode não aparecer ou pode acabar,
mas como é vício, dá-nos felicidade por uns momentos.
E porque o sonho é esperança, a esperança é vida e vivo por uns tempos.
Pode ser que o vinho acabe
ou pode ser que seja eterno
ou pode ser que seja bom,
mas como cá dizem, o que é bom não dura sempre,
e se não durar, então que chore neste caderno
e a esperança assim há-de mudar.
A ressaca é grande e a minha cabeça está cansada,
por isso vou apostar cegamente nesta minha última rodada...
deixa-me sonhar...
deixa-me sonhar...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Carta Dentro da Garrafa

Onde começa a minha liberdade é onde acaba a maré.
Onde começa a minha imaginação é onde eu não tenho pé.

Vejo-te, estás perto e longe de mim ao mesmo tempo.
Avanço, sinto algo diferente nos pés,
toda a minha sensibilidade muda quando estou dentro de ti.
Humilde, rastejas a meus pés.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Agora, apensa sinto dos joelhos para baixo,
tudo o resto deixa de existir.
Ouço-te, tu falas sabiamente e ninguém te pode calar.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Dividiste o meu corpo a metade,
a que sente e a que não sente.
Chamam-te nomes: oceano, mar, rio, vapor...
mas ninguém se esquece que és sempre a mesma: a água.
Podes ser verde, transparente, potável, não potável, salgada, doce, grande, pequena,
mas todos sabem que és tu e só tu: água.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Sinto o meu peito, diferente, confortável.
Sinto as tuas carícias, o teu amor, a tua vontade.
Vais em todas as direcções menos na minha

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Entras na minha boca.
Beijas-me, beijas-me sem parar.
Sinto as tuas festinhas.

És tudo aquilo que eu não sou.

Avanço.

Estou totalmente dentro de água.
Os meus pulmões pedem ajuda mas eu sinto-me confortável,
sinto silêncio, sinto paz...
O meu coração bate com mais força,
nervoso, com as minhas pernas cansadas,
mas tu reconfortas-me, aqui quero ficar,
dentro de ti, com a morte a vir buscar-me.

Tens tudo aquilo que eu não tenho.

já não avanço mais, sinto-me esquisito...