A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

domingo, 28 de agosto de 2011

Houve pessoas que enlouqueceram porque se aperceberam da verdade: vivemos numa mentira. Eles enlouqueceram porque lhes apelidaram de loucos, porque não quiseram ver.

sábado, 27 de agosto de 2011

Como nos Descobrimentos quero descobrir outra realidade


para poder elevar-me até aos céus da verdade

mas sempre que ponho os pés fora de casa

ultrapasso os limites da minha cidade.
A planta cresce...
entre as chuvas ácidas que a amarguram,
entre os raios de trovoada que a queimam,
entre as inundações que a asfixiam,
entre as abelhas que lhe roubam a essência,
entre os furacões que a assustam,
entre as larvas que lentamente a comem,
não foge por estar presa...
mas quem és tu, ó Natureza?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Baralho Do Século XXI

A realidade
é um gigantesco baralho de cartas em queda.
Sempre a cairem em cima de mim (!!!):

Reis a darem ordens, quando na verdade,
são uns mortaizinhos que só provocam desordens!

Os Príncipes! Os Príncipes!
Ah! Os Príncipes! Sempre têm tudo!
Nunca lhes falta nada!
Aliás!, problemas?, com eles!?
Só os de matemática e não são os da vida!
Viva a porra da igualdade, pá!!!

As Damas... ai as Damas!
Não sou Príncipe mas sei tratar duma Princesa!
Damas, tantas Damas! Que beleza!
Mas só me passam ao lado!!!
Sou um romântico frustrado...
Não não, sou mas é um desleixado!

E quem o diz é a porra do Joker!!
Esse então nunca se cala!! Sempre a gozar
sempre a gozar sempre a gozar!!!
Sempre armado em palhaço,
aquele palhaço da merda!
Sempre a falar da minha vida
como se fosse uma novela!!!
Com intrigas e difamações,
senão está a dormir está a falar mal de mim!
Cúmulo da superficialidade!
Como é um anormal e não tem amor próprio,
anda a ver se os outros se desamam!!!
Suicidem-no, porra!!!

A Manilha, a Manilha lá vai!
Aponta o dedo a tudo o que faço!
"Tudo perfeitinho tudo perfeitinho,
não podes falhar!"
Se me desvio por milímetros,
pimbas!! Lá está ele!
"Estás te a desviar! Estás-te a desviar!"
Parece uma sirene, foda-se!
Sempre que o oiço apaixono-me pelo meu despertador!

Burro, pois, eu sou o Burro!
Ando para aqui a falar,
mas quem é que me ouve?
Quem é me entende, hã?
Pois, ninguém responde!
Eu nem sei porque raio me estou a queixar,
nada muda, é sempre a mesma merda!
Esta merda é como a SIDA,
muda de forma com as gerações futuras
mas continua lá, nunca nos larga!

Estou farto de Palha!
A Palha, pá, está sempre a queixar-se!
Se não se queixa da sua vida
queixa-se da vida dos outros!!!
Mas também, sempre a lamuriam-se
mas não fazem nada por isso!!!
Palha... palha é para queimar!!
Contribuem para tudo,
para morrer mais depressa, para dar uma boa queca,
para destruir a Natureza, para os bolsos dos políticos,
só não contribuem é para a evolução da Humanidade!!!
Tanto paleio tanto paleio que o navio encalhou
e, claro, quem é que tem levar com esta merda toda?
Sou eu claro!!! Como é mais que óbvio!!!

Pá, ó Deus! Baralhaste isto muito mal baralhado, pá!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Purificando A Alma

Pintaste as paredes do meu mundo,
distorceste a minha visão com pesadelos,
fizeste de mim um louco ingénuo.
Operaste os meus inocentes olhos
com visões negras solidificadas com a solidão.
Manipulaste o espelho onde me via,
fechado em casa, enquanto fugia
a esses olhos onde alucinei perseguição
mas o anjo que aclamo Minha Mãe
me fez ver o irreal em que acreditei
ser real, esse pesadelo onde fui rei.

Um Tema Para Os Outros Tempos

Cigarro aceso no cinzeiro,
cama por fazer, quarto por arrumar,
roupa amontoada no chão,
cortinas fechadas, molduras partidas,
versos escritos nos armários,
café intornado, posters rasgados,
papeladas na secretária,
migalhas, luzes apagadas,
quarto desarrumado,
mas a janela está aberta,
o vento entra e fuma o cigarro
até ao filtro, faz a cama,
arruma o quarto,
abre as cortinas,
leva os cactos dos vidros partidos,
como se o tempo voltasse atrás,
põe o café intornado na chávena,
leva os posters, organiza os papeís,
transporta a roupa suja
e a luz do sol entra no quarto.
Entro sem saber o que aconteceu
e apercebo-me do amor da mãe que me concebeu.

Família

Eu via o espelho do meu mundo desfocado,
achando eu vê-lo real, vivi absurdamente um fardo,
o fardo de ser eu nenhuma parte desse total:
família.

A Forca Das Palavras


Na forca das palavras ninguém pode esconder-se,
porque elas assassinam em nome da ignorância.
É a crítica e o gozo de quem assiste,
atirando frutas contra ti e sem puderes fugir dali
és humilhada no teu mundo, onde só tu o conheces.
Presa na palavra que tanto desejas mas não vem,
tentas sair constantemente esperançando a salvação.
Na boca de todos, és mastigada vezes sem conta,
torturada por boatos e mentiras,
culpada por coisas que não aconteceram.
Perdes a força para tanta afronta,
deixas-te ficar, à espera do fim.
E quando tudo acaba,
quando todos já se foram embora,
Deus acende a tua alma
ou Jesus aparecer-te-á
dizendo estar já na hora.

domingo, 21 de agosto de 2011

Mulher De Armas

Deixa-me amparar o teu rosto
ó mulher de armas,
que encarregaste e carregaste o mundo
sem descanso, beijaste sempre os teus,
nas suas tristezas e nas suas alegrias
mas quem te beijou sem agradecimento
e com sentido fraterno?

Escorrem lágrimas de suor
sobre as tuas cicatrizes,
limpá-las-ei do teu ninho
e dar-te-ei o amor e o carinho
com que tu deste em troca,
somente, de varizes.

Sem te aperceberes,
lutaste contra o impossível
e tornaste-te invisível,
no entanto, demasiado importante,
pois tu, foste a base
onde bati as asas, tu, foste o carvão
para que eu sentisse o calor da água
e o chão onde dei os primeiros passos.

Eu fui a tua criação,
nascido para te levantar do chão,
mesmo sem quereres, mesmo sem admitires,
criaste-me com amor e nele te cuido com o meu coração.
Em ti, poema, encontrei umas breves calçadas
que me mostraram os horizontes da liberdade,
por ti, poema, nasceu em mim a ansiedade
pela tua expulsão do meu ser,
de ti, poema, arranquei a sujidade
que a minha alma deixara reter,
para ti, poema, esta minha paixão
entrego-te do mais fundo do meu coração.

Porque tu, poema,
és o mundo onde sonhei,
a infecção que curei,
a verdade que revelei,
tu, poema, és o número ímpar
que completa a matemática da minha vida.
De longe escrevi para ti,
tão perto fora por ter vindo de mim.
Encontrados no mesmo sonho e na mesma esperança,
neste planeta grande que é
mas pequeno no colo de uma criança.
Já me lês, leitor,
com os mesmos olhos com que vi o mundo,
irrigados pelo mesmo sentimento.
Escrevi amor entre palavras abraçadas
às que tu deste carinho, talvez pela felicidade
talvez por almofadas encharcadas.
Somos nós, meu irmão,
iguais à Humanidade,
porque ambos sentimos
a mesma respiração.

domingo, 14 de agosto de 2011

Olá,

estava a passar por ali e decidi vir aqui.
Sei que te tenho falado mal
e hoje, que sou mais homem
que criança e sei pensar por mim (...)
mas tem estado em mim uma desordem.
Há desarrumações em gavetas e armários
que não foram das minhas decisões.(...)
Sei que te traí, vida,
nos momentos de tensão
fui eu quem ousou parar o coração,(...)
mas estás a esquecer-te de algo,
é que eu sou humano
e não fui quem me criou,
que nas minhas quedas
o mal quis amparar
as minhas lágrimas no seu peito
e eu nunca lhe dei esse direito,
mas claro, sentimentos?
Não existem pá,
não interessa pá,
que se foda
se foste ou se és,
a única coisa
que interessa é o trabalho,
por isso é que o governo
dá-te vacinas de borla
e é por isso que
existem instituições,
para continuares vivo
para trabalhares!
Porque raio
dás-te ao trabalho
de sentires!?
Dá-te mas é ao trabalho!
Ao verdadeiro trabalho!
Mas tudo bem,
eu vou arranjar-me,
pôr uns pregos,
uns chips, umas engrenagens,
umas placas enferrujadas,
uns fios eléctricos,
umas luzes,
vou arrancar de mim a alma,
o coração,
e vou trabalhar, que é essa
a gigantesca função
de toda a nossa vida
insignificante.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A Origem Da Realidade

A toda a hora grito o teu nome na minha alma,
tenho-o cravado em crosta na minha palma
que sangra a morte da inocência
daquele que chorou enquanto implorava clemência,
tenho o terror de ter o teu sangue
que o meu coração esguincha em cada pulsação.

És a nicotina que fumo enquanto espero a tua vinda
para cumprir a promessa de vingança,
jurada à frente dos espelhos do demónio,
promessa feita em lágrimas caídas sobre o rosto de uma criança:
não irei morrer sem primeiro te ver sofrer.

Tu és o inferno que carrego sobre as costas
de hoje ver a minha mãe com a amargura da vida,
lágrimas alcoolizadas e ácidas que desejam a morte
por não conseguir pagar as contas da electricidade puxada,
das rendas atrasadas, da água roubada e da internet pirateada.

Não me esqueci,

não me esqueci das vezes tentaste eliminar
da minha mente a minha mamã,
das vezes que me bateste logo pela manhã,
das vezes que gritaste comigo
como se fosse eu o teu pior inimigo,
das vezes que levei porrada e não tive culpa,
das vezes que me deste com o metal
mesmo quando te pedia mil vezes desculpa,
das vezes que fechavas as janelas e a porta
que me arrepia a espinha por saber o que se avizinha,
das vezes me obrigavas a ficar na cama durante horas,
das vezes que ficava aliviado por saíres para ir beber café,
das vezes que não pude falar porque não me deixaste
mas a verdade e a razão estavam do meu lado,
das vezes que me deitaste a baixo nas minhas vitórias.
Eu era criança, ingénuo, e fiquei com a percepção
que o mundo fosse assim como tu foste comigo.
Eles dizem que és o meu pai,
eu digo que és a minha maldição,
eles dizem que foi amor,
eu digo que foi destruição,
eles não viveram o que eu vivi,
eles não sentiram o que eu senti,
eu é que tenho razão.
Porque tu criaste em mim a solidão que a opressão
cria quando nos pega pela depressão.
Tu quiseste-me em fatos
mas só me sufocaste em gravatas.
Nunca me disseste que me amavas,
só aparecias quando me espancavas.
Tu apelidaste-me de porco, irresponsável, marginal,
tu conheces-me mal, mas passo a apresentar-me:

eu sou a flôr murchada à pala do teu sal,
sou o rancor e o ressentimento
de quem foi castigado por dizer a verdade,
sou o ódio e a raiva de quem não viu a justiça
e foi obrigado a fingir o mau sentimento,
sou a tristeza de quem foi posto de parte pela sociedade,
sou o poeta que anseia o purgatório
sobre aqueles que crucifixaram a liberdade
com o que lhes conveio chamar de obrigatório,
sou o monstro do cão criado nas escuridões,
nas solidões, nas torturas e nos desafectos
que agora ladra e mata enraivecido
sem lhe terem deixado soluções,
sou a humildade e o medo impuros
torturados pela perseguição do ser vencido,
sou o desepero de quem chamou cura à morte
mas acordou a tempo e passou à margem da sorte,
sou o louco que vê no espelho um ser horrível
que todos riem eternamente, situação impercetível,
sou a revolta tresloucada de um terrorista
que chocou os seus conhecidos quando se tornou bombista.

Como vês, sou o produto e o resultado da vontade do teu alter-ego,
quando tudo o que eu quis foi um abraço, um beijo,
ou uma outra qualquer amostra de amor,
mas tu não, tu destruíste todo o meu ego,
assassinaste e roubaste a minha alma
e foste-te embora depois de teres semeado a dor
e ainda levaste qualquer memória de esperança.

Agora vives feliz
e eu arrastar-me na maldição
de toda a minha realidade ser da tua criação.

Dinheiro Ganancioso

Tu, dinheiro, és Semi-Deus-Pseudo-Poderoso,
brincas com a mente e o corpo humano,
adoeces os gananciosos sedados pelo poder
ainda depois de mortos continuam-nos a foder.

Tu vestiste e ergueste o homem da ambição,
deste-lhe um bom carro, sexo e muita influência
e para te rires dele atiraste-o ao pricipício
quando ele se apercebeu da máxima de solidão:
pisou toda gente que lhe fez frente.
Ele achava-se máquina mas entregou-se ao suicídio,
depois de se gabar que já tinha tudo
foi conquistado pela verdade que o tornou mudo
quando lhe pronunciou a harmonia:
"és mais um humanóidezinho que eu piso,
eu cheguei para te lembrar que tens alma,
precisas do amor honesto,
pois, eu tenho-te na minha palma
e agora vou diminuir-te com o meu riso".

Eu sei a tua fraqueza,
o teu poder não é verdadeiro,
és um jogo virtual:
pode demorar uma eternidade
mas voltamos sempre à realidade no final.

Somos humanos,
marionetas da Natureza,
obrigados a ser amados e a amar,
aconteça o que acontecer,
o amor verdadeiro estará sempre em primeiro lugar.

Consigo viver sem ti,
posso roubar-te, tu não sabes quem sou
mas eles amam-me pois eu o assim dou.
Tu não dás nada, só mandas matar,
tudo o que sabes fazer é desgovernar.
Eu sinto o teu prazo de validade,
és apenas um cancro na Humanidade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Amante Das Estrelas E Do Sonho

O céu é um mar de estrelas,
passo noites inteiras a vê-las.
Tento construir uma canoa,
ainda sou criança,
não foi uma ideia boa,
a ignorância sonha,
cheio de esperança,
eu continuo a tentar arranjar
uma maneira de lá chegar.

Noites inteiras passadas pela adolescência,
entre a frustração e a impaciência.
Teimoso, a ciência não tem razão,
o sonho está por cima da verdade.
Tento uma nova construção
no prédio mais alto da cidade.
Todos dizem que estou louco
mas eu sinto que já falta pouco,
só preciso de me pôr em bicos de pés e esticar o braço,
apercebo-me que ainda há algum espaço.
Deram-me sermões e mais trinta mil razões
para eu deixar de sonhar e fixar-me ao que é real,
já tinha tentado de tudo e escrito quinze cartas ao Pai Natal.
O sonho era grande mas obrigaram-me a ser normal.

Retenho o sonho dentro de mim,
sou um adulto homogéneo na caminhada da Humanidade
mas menos igual por ansear adormecer e voltar à irrealidade.
Até o sol se pôr vou sendo outra pessoa.

Os meus netos fazem-me lembrar os tempos da canoa,
eles gostam da história, querem sempre que eu a repita,
fiquei com uma pergunta deles na minha mente:
"Porque é que não conseguiste?"
"Porque desisti de tentar."
"Porquê?"
"Porque tornei-me uma pessoa diferente..."
Mas não, continuo igual a mim mesmo só que mascarado,
ainda hoje me pergunto, se tivesse continuado, teria conseguido?

No meio da reflexão apodera-se em mim um sono pesado e estranho,
adormeço e volto a ser criança,
é a mesma relva, a mesma única árvore, o mesmo lago...
estou no lugar onde costumava estar em criança.
Este sonho parece ser real...
A canoa está à minha frente,
completamente empoeirada,
observo-a, sento-me nela,
sinto-me no meu lar,
encosto-me, observo o céu estrelado,
um sorriso alegra-me e dá-me vontade de remar,
mal o faço, a canoa começa a voar...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Querem princípios!?
Voltem ao princípio!
Que as vossas almas
estão cheias de crimes e pecados
e ao criticarem-me vocês ficam mais pesados!
Algures neste planeta,
onde um casal de tigres se encontra,
onde milhares de milhões de células estão a multiplicar-se,
onde um político está a fazer promessas às gentes,
onde um pai está a chorar a morte do seu pai,
onde alguém atrasado está a dar início a um reunião,
onde está a haver sete guerras civis,
onde um avião está a preparar-se para nunca mais voltar,
onde duas pessoas estão a culpar-se no meio de um acidente de viação,
onde uma folha está a cair da sua árvore,
onde uma águia está a caçar,
onde um investigador de directa está a arquivar um caso de homicídio,
onde uma mãe está a sorrir ao seu recém-nascido,
onde um casal está a fazer juras de amor,
onde alguém está a ler este poema,
onde alguém acaba de acordar,
onde uma rosa está a florescer,
onde uma mãe está a receber a morte, na guerra, do seu filho,
onde um grupo de amigos está a ir para a discoteca,
onde um peixe está a desovar,
onde um pombo está a defecar,
onde uma onda está a rebentar,
onde alguém está a afogar as suas mágoas no álcool,
onde alguém está a ser preso e a está despedir-se da liberdade com o olhar,
onde alguém acaba de conquistar a carta de condução,
onde alguém está a planear um atentado,
onde alguém está a rezar,
agures neste planeta, estou eu,
entre prédios e janelas iluminadas,
a escrever as últimas palavras deste poema.
À margem do precipício,
as rochas caídas,
por baixo de mim,
levam com ondas,
os dedos dos pés estão preparados.

O horizonte de um mar,
uma lágrima reflecte as memórias,
como se tudo o que aconteceu
estivesse um único fim: estar ali.

Vem uma rajada de vento,
empurra-me para a queda,
a viagem é calma e lenta...
o céu parece aumentar.

Tudo começa a ficar claro desde o princípio,
o sorriso deixa uma lágrima a meio da falésia,
é esta a peça que me falta
na busca entre respostas incompletas,
darei por completo esta peripécia
quando chegar lá abaixo.

sábado, 6 de agosto de 2011

Trips Comerciais No Sistema Solar S.A. (Sem Publicidade)

Dão-me as boas-vindas
mal chego à:
Trips Comerciais
No Sistema Solar S.A.

Dão-me um fato
e umas botas especiais
com o grande logotipo
da "Trips Comerciais™".

Entro no vai-vém
que vai mas não vem,
aconchego-me no lugar VIP,
o capitão da estação mostra-se pelo ecrã,
faz-me continência e diz:
"Tenha uma boa Trip".

Na Lua a caminhar,
o movimento do meu andar
é que a faz girar
e eu vou a todo o lado
sem sair do mesmo lugar.

Na Terra caminho,
vou estando por aqui, por ali
mas nunca estou em mim.

Vou a andar em Plutão
numa rota desvairada
em completa desorganização.

A passos em Marte
a fazer flexões
e a marcar território
por toda a parte.

Com um pé em Vénus
e outro a meio do ar
a admirar as #$5(.)(.)]!"
e os #/!=(__)??"(#. .

Destino final: Sol,
uma espreguiçadeira
uns óculos, vodka
e um sorriso mole.

Trips Comerciais No Sistema Solar S.A. (Com Publicidade)

Dão-me as boas-vindas
mal chego à:
<<,,;;;::::Trips Comerciais
No Sistema Solar S.A®™::::;;;,,>>

Dão-me um fato
e umas botas especiais
com o grande logotipo
da "Trips Comerciais".

Entro no vai-vém
que vai mas não vem,
aconchego-me no lugar VIP,
o capitão da estação mostra-se pelo ecrã,
faz-me continência e diz:
"Tenha uma boa Trip".

----- // ------
Intervalo

Publicidade:

"Não tenha relações sexuais,
combata a doença da imortalidade!"

"Não seja estúpido!
O Amor não existe!
Seja Inteligente!
Compre a Boneca Paixão!
Ligue agora e receba
o chip "Eterna Versão"!"

"Seja moderna!
Use a maquilhagem Maqui-Age!
Mudança de cor
por cada segundo que passa
equivalente às novas modas!"

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Na Lua a caminhar,
o movimento do meu andar
é que a faz girar
e eu vou a todo o lado
sem sair do mesmo lugar.

Na Terra caminho,
vou estando por aqui, por ali
mas nunca estou em mim.

Vou a andar em Plutão
numa rota desvairada
em completa desorganização.

A passos em Marte
a fazer flexões
e a marcar território
por toda a parte.

Com um pé em Vénus
e outro a meio do ar
a admirar as #$5(.)(.)]!"
e os #/!=(__)??"(#. .

Destino final: Sol,
uma espreguiçadeira
uns óculos, vodka
e um sorriso mole.

----- // -----

"Não quer publicidade a meio da leitura?
Por cinco euros terá a cura!
Ligue Já"

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O meu inferno grego é eu ter o teu sangue
a escorrer nas minhas veias,
assim,
ser obrigado a amar-te de modo natural
quando tu é que semeias o mal.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Carta Inter-Universal

Ei, Deus, deixa-me pedir-Te um desejo,
leva-me para a Figueira Da Foz
onde não precise de usar a voz
que aclama e reclama o amor
de uma dor no meio do oceano
pelas lágrimas que secam
e se transformam num ardor
de uma amargura que não esquece.

Ei, se ouves a minha prece,
pede ao amor para namorar comigo
e me faça o seu melhor amigo
que eu já não acho em mim
a força que resistia à tortura
de pensar não haver cura
de ser ele o meu inimigo.

Ei, faz aqui umas reparações, por favor,
o tecto está inteiro mas chove cá dentro,
a minha chave de casa entra na porta
mas não a sinto como o meu lar,
a minha almofada está encharcada
a água que nela há é amargurada,
sinto-lhe o sabor o cheiro
do que é mas não é verdadeiro,
a cama onde me deito
faz sufocar o meu peito,
as janelas são transparentes
mas o sol não parece ser real
e as luzes que ligo são tão intensas
como quando as desligo...
sabes que mais?
Isto está tudo mal.

Ei, diz lá o que é normal,
não me lembro das normas da sociedade,
dita-me aquelas que fazem parecer outra realidade
para não levar para a rua as paredes-mestras
ou transformam os traços da minha face nas suas arestas.

Ei, não tens por aí um anjo-da-guarda a mais
para que me possa ouvir?
Ou antes um paraíso para onde eu possa fugir?

Ei, por acaso não tens um cigarro?
É que eu estou um bocado frustrado
e estou farto de levar com merda em cima,
não espera, é melhor não fumar,
é que mal o acendo vai estar
alguém por trás a criticar,
foda-se, eu só quero relaxar, posso?
Ou vais dizer que tenho de ir trabalhar?
Estás preocupado com o quê?
Mete-te na tua vida que eu sei
que contas tenho para pagar!
Estou farto de ouvir o que tu farias
e dirias mas não fazes nada
nem sequer sabes o que é minha vida!
Mas o que estás aqui a fazer!?
Cala-te com as tuas hipocrisias
e vai mas é tu trabalhar!

Ei, Deus, desculpa lá,
mas é que fartei-me de gente má.
Estava aqui uma pessoa a deixar-me louco
sabes como é, falam muito mas sabem muito pouco.
Ei já agora, fá-la desaparecer,
é que sempre que ela fala
parece que eu estou a desfalecer.

Ei, Deus, dá-me uma caravela
que resista a tempestades
e me leve a experimentar
do que faz a vida bela.

Ei, Deus,
faz com que eu não precise nada disto
e Te diga adeus.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Liberdade De Estar

Escrevo sobre a escuridão
porque é nela que mais anseio a luz.
- É muito triste e profundo - dizem,
não, é esperançoso, é uma foto desfocada
que só eu consigo ver nitidamente,
que fui eu que a vivi ou a quis viver
e está penetrado na minha mente
mas todos esqueceram,
falaram mas não a viveram.
"Convém para teu bem
que finjas estar tudo bem."
Mas eu sou quem!?
Uma máquina que não ama?
Que por amar, não odeia?
Que por odiar, não chora?
Que por chorar, não se vai abaixo?
"Não te podes ir abaixo,
tens de ser forte e lutar"
Lutar contra o quê?
Contra a vida?
A vida sou eu
e mais o seu porquê.
Como posso liberta-me de lágrimas
quando as aprisiono aqui dentro?
Incomoda-te, ou convém não partilhar?
Para não sentires a tristeza?
Da tristeza há a beleza da nobreza
de não me ter assassinado.
Sim, apodera-te de mim
e deixa-me berrar tudo o que tenho silenciado
para não ter de ser perseguido,
para não ser acusado de um acto cometido
que no fundo foi uma consequência
da sociedade ter-me obrigado
a deixar as lágrimas de lado e ficar calado.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Desinspiração - Meios Poemas

Poemas meios,
são canetas encravadas
que tendem a escrever
o que já está escrito:
branco, invisível...
É o jeito da mão,
não forma novas palavras
senão as que já estão escritas.
Precisa-se de evolução,
leitura de instrução
e aumentar o vocabulário.
Ou ser fiel e acreditar no poema
como se nada mais existisse.

Ou nada disso, apenas escrever
e fazer desaparecer esse tema
irreal criado pela mente
que desmente a realidade
e nos quer transformar
com uma outra verdade.