A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Estou farto de vos ver e ouvir falar da humildade
como se fosse característica de santos e divinos!
Vocês sabem lá o que é ser humilde!
Honras!? Prémios!? Melhor pessoa do mundo!?
Seus cães! Eu digo-vos o que é ser humilde!
Ser humilde é ser traidor!
É trair a vida e todos aqueles que nos amam!
É rir na cara dos que nos amam!
É cortar a nossa própria garganta
quando somos aplaudidos!
É ser escravo dos que amamos!
Não falem de humildade suas galinhas secas!
Ser humilde!? Ser humilde é deixar-mo-nos morrer, 
morrer lenta e dolorosamente
prevendo as inesperadas desgraças
e mais aquelas que nunca irão acontecer!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Volta para mim por favor...
quem foste nas minhas recordações
obriga-me a fugir do teu real por entre ilusões
acabando sempre por chocar contra a inevitável dor.
E como uma criança que chora a morte dos pais,
eu falho, eu fracasso, caio e deixo-me ficar
de olhar vazio no meio da confusão dos tempos
e das horas, a sangrar...
não sei se da queda, se do coração,
e espero, eternamente espero o teu regresso...
o meu corpo envelhece e morre
e o minha alma continua à espera,
à espera sem fim do fim da tua loucura
para que a minha possa finalmente começar...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sou um sonho incompleto
que a Natureza pariu,
um quadro talvez incerto
se ninguém me viu.

Sou um destino sem fim
com mãos cheias de ar,
de peito encolhido
sem braços para abraçar.

Sou um poema que escrevi,
sou vazio... sou cheio...
perdido no que vivi.

Sou uma paixão vazia
de um sorriso pesado.
Pesado pelas rugas tristes
de um passado.
Sou um passado no presente
e vivo vivendo ausente.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Somos nós Pátria, teus servos,
os culpados. Não sei o que viveste
minha velha Pátria mas escorres
no meu sangue. Minha Pátria,
como eu olho pela janela
chocado, magoado,
enquanto morres,
mas tenho esperança,
acredito, as minhas veias
contam as histórias
que estão para acontecer,
mas não estamos sós,
quero ver,
quando for a nossa vez,
se a Humanidade existe
ou é só um preconceito
sem porquês...

Roubaram a alma
da arte de escrever,
governados por ignorantes
vejo a escrita a empalidecer...

Amor

Quero encontrar-te
mas esqueci-me
aonde é que te perdi
e esforço-me
na procura,
mas tudo o que vem
vem vazio...
vazio... impalpável... invisível...
escapando-se das minhas mãos
como se alguma vez lhe tivesse tocado...

Na rotina dos caminhos
perdi gotas de suor
secando-me a cor
do gosto de outros vinhos.
Ando numa rotunda,
ao contrário do tempo
para desfazê-lo já que não posso fugir,
além disso não sei por onde sair,
há tantos sinais de perigo em todo o lado,
mas também não posso ficar quieto,
tenho de me agarrar a algo,
às migalhas da desgraça,
às pegadas rotineiras...
quem me dera voar
mas sou humano...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Vazias são estas as palavras que te entrego
quando me perguntas se está tudo bem,
na esperança de que não estejas cego
e te apercebas que estou a precisar de alguém.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Extracto Bancário Cerebral Português

Baseiam-se muito em números,
uns muito desafogados, outros desesperados,
outros com muitos cuidados,
esses capitalistas, esses políticos,
esses soldados, esses pobres
e ainda mais os ignorantes que se baseiam em factos contados
e tornam verdadeiras as mais repetidas opiniões,
esses todos que vivem à base de números e suposições
não sabem a ponta de um corno sobre o que é viver,
ainda vêm dizer que nós não sabemos o que é sofrer,
mas a verdade é que conheci alguém que se suicidou
sobre números infinitos de dívidas que herdou,
também conheci um outro que acampou na manifestação
de 19 de Maio de 2011 e foi tratado como cão,
mais outro que não virou terrorista
porque viu nos grafittis a derradeira conquista,
outro que andava a traficar para a ganhar pão,
preferia arriscar a prisão que ser escravo de um patrão,
para ele, estava fora de questão ser escravo por um tostão,
também fui abordado por um ladrão,
acabámos a confusão a conversar
e explicou-me ele que tinha vinte anos,
uma família por sustentar
e a verdade é que não era ele o culpado,
ele achava que o diabo tinha-se-lhe cruzado
quando o atestaram como desempregado,
encheu em mim a raiva, até me deu vontade de chorar,
só de pensar em que estado nos deixa o nosso Estado.
Apesar de tudo, vou fazendo a minha parte,
palavra aqui, acto ali como me manda a minha arte,
sou só um e faço aos poucos e aos bocados,
passando um bocado ao lado de quase todos
mas há pessoas que agradecem a minha passagem
porque sou um soldado desarmado
e também tenho a minha história
que, sempre que ponho o pé na rua,
surge-se na minha memória
e vêem nomes dos culpados
que tornaram a minha vida nua,
sem roupa para me aquecer,
a sentir aquele frio de quem está a morrer.
E porque números, factos e massas não resolvem problemas,
eles comem muita cultura e vomitam muitos temas
e eu assisto gentes a beberem do seu próprio suor,
eles dizem que é sempre para melhor
e que é o nosso país que está em jogo,
já nem lhe chamam Pátria,
porque a História da nossa Nação morreu
porque o Povo Português há muito adoeceu.
Eu sou hipócrita mas a maior hipocrisia
está nesta espécie de democracia,
que já Salazar dizia que nem para isso o povo não estava preparado
e no final de contas, o que é que mudou?
O Povo prefere estar pouco informado
e pouco se lhe dá sobre o que pensa da política
e quando não damos valor ao poder, alguém dá por nós, 
é esta a nossa sociedade mentalmente paralítica
que se deixa confortar por uma voz que soe bem ao ouvido,
tenha bom aspecto, um sorriso charmoso, uma boa propaganda
e já é um político bem vendido, é garantido...

Também é garantido que quem me conhece vai ver-me a praguejar,
porque eu vivo nos confins do mundo
e sei muito bem quais os preconceitos que gostam de nos desprezar
pois a Assembleia da República rodeia-se de algarismos,
vivendo numa dimensão aparte da realidade, 
numa lua só para o capitalismo,
com muitos histerismos vão se acusando com falas muito bem ensaiadas,
num diz que disse e que não deve fazer,
mas a oposição seja ele o partido que for,
só o é à grande - e mesquinhez - para ganhar poder
à boa maneira do político provinciano português,
como o Passos Coelho fez, era contra o PEC
para ganhar uns bons pares de votos
veio dizer que se fosse eleito
não iria mexer o décimo terceiro mês,
que não iria mexer nas pensões,
esse cão nem merece o meu respeito,
lutámos pela liberdade e este Primeiro-Ministro
andou na mesma cama que Salazar,
dizendo agora que impõe e que é necessário,
então para quê democracia, meu grandessíssimo otário?
Se é necessário impor como tu andas a espalhar,
porque é que há democracia se tu sabes perfeitamente o que estás a fazer,
saberias mas nem és tu que estás a sofrer.
Quem diria, a direita em maioria,
garanto-vos eu que vamos ficar como a Grécia,
com a Troika, nossa amiga, eu até tenho inércia em levantar-me...
Oh! Quem me dera ser um super-assassino profissional,
é necessário um anti-herói para acabar com tanto mal.
Eles vieram contar que andam para ai a conspirar
com abraços cheios de força e de sorrisos
mas nas costas e nas sombras só sabem falar mal de mim
que ameaçam mas são apenas histórias sem nenhum fim.
Mas eu vou contar como é que vai ser
eu não quero saber o que é que eles têm para dizer
porque a verdade é que existe um dedo do meio em cada mão
que tem a função de se levantar neste tipo de situação.
Um minuto de silêncio para essas pessoas sem vida
e que vagueiam nas terras dos vivos porque não têm onde cair mortas,
por isso andam a ver se sugam quem faz alguma coisa de jeito,
são vírus e andam às tropas,
mas também para as dispersar basta só levantar o peito
porque quem se dá ao respeito sabe ir a direito.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Onde tudo o que parece não é,
falam-se mal, insultam-se, gritam os amigos,
lá vão eles argumentando para o vazio
dos crânios das supostas boas gentalhas,
porque lá só se ganham medalhas
se não se contar factos,
é mais ou menos como cá
onde as opiniões repetidas
tornam-se parecidamente reais,
e as verdades esgotadas
de uma história com poucos actos.

Quando eu era criança sonhava ser herói,
fiel ao sonho acreditei num mundo
que até então me esperava para o salvar.

Sem sangue batalhar o vilão,
salvar inocentes e uma donzela
e viver feliz para sempre
num mundo de boa gente.

Nada era mais real para mim
do que um campo belo de belas rosas,
mas desde muito cedo vi que nada era assim.

Qual campo belo de belas flores fui eu encontrar
ao acreditar que o mundo esperava de mim um herói
quando o que me esperou foi um número de estatística falsa a representar
que eu desconheço e tenho de me preocupar,
mas nem é isso que mais me dói,
pior é a irónica desgraça 
de ver que isto tudo é mentira
e que não passa de uma farsa,
assim vai atiçando a minha ira
sobre o mundo ladrão
onde nos deixamos ir
e, como sempre,
há quem se esteja a rir...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Eu na escrita tenho muito jeito
como os outros falhados a cem por cento
que gostam de dizer que eu tenho talento.
Porra!
Estou-me nas tintas,
é só rabiscos e rabiscos por acabar
tudo porque me ponho vaguear
entre rotas sem retorno de pensamentos
acabando por devastar
quaisquer ameaças de rebentos...
Mas que problema,
não consigo escrever direito,
sempre que começo um tema
dou por mim de caminho desviado,
é de mim ou de como sou,
sou torto nas ditas palavras
que teimam em resistir
e rodo invariavelmente
acabando por não ter escrito
palavras que não ousaram sair...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Fui parido em dores,
cresci dorido
e vivo a sarar...

a sensibilidade de gostar
perdeu-se entre desilusões
que combati com questões
loucamente entrelaçando
pontas soltas, no meu coração,
sobre o sentido da vida,
para que este não espirrasse sangue
dissolvido entre ódio tristeza e confusão...
mas há um vazio, um vazio perturbante,
um vazio que como o Universo
nos obriga a entrar num mundo fantasioso
porque ninguém nos deu sentido ao real
onde todos definiram e incutiram o normal
presenciei, eu, para me questionar do natural,
o natural da Natureza, que assim nos prometeu
como que corações cheios de beleza...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Desparasitação

Cala-te mundo,
fazes tantas perguntas,
és uma contradição,
demonstração de hipocrisia,
com tanta informação
já sinto o cérebro a rebentar,
com tanto crime santificado
só me queres tornar criminal
e ainda voltas para julgar
se tenho um par de sapatos
com ar condicionado
como se eu quisesse saber da tua opinião,
quando só me fazes chorar
sempre que ligo a televisão,
estou farto de ti,
só ladras só ladras
seu mundo cão
com mil promessas
como se eu estudasse
para ser patrão,
estou farto de ti,
já enjoa tantas palavras bonitas
e acções caridosas para
satisfazer os ignorantes
vítimas de gentes más,
até já mundo esquizofrénico,
vou mas é relaxar,
vou pôr os phones
e uma música a rolar
para não te ouvir
durante um bocado
e quando o faço,
fica avisado,
é porque estou no ir.
Agora podes ficar
a falar sozinho
que eu vou
continuar no
meu caminho.

Excertos Dos Ghettos

Aqui fabricam-se histórias,
aqui, nas nossas ruas amaldiçoadas.
Nas ruas do desfalque,
dos crimes e dos historiadores ignorantes
que desmontam-se ao contar
a inexistencialidade do estar.
Aqui, nas nossas ruelas,
contam perigos mas só os dos seus inimigos
que os fazem parecer serem grandes,
mas aqui, nas nossas paredes
cheira a sangue seco da confiança
sobre quem os outros nunca ousaram acusar.
Aqui, os inocentes são culpados
e os culpados são profanados
sem que haja prova a constar.
Aqui, nas tenras manhãs
onde nos sentamos todos
exercendo a amizade,
aqui, onde maldição
das lágrimas gera
infertilidades 
na nossa felicidade.