A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

domingo, 31 de março de 2013

É impossível ser possível,
se dou tudo, dou tudo errado,
se vou com tudo, vou errado,
não há possibilidade de ser,
sou barreira intransitável de mim mesmo,
contra-argumentação à razão.
Espero na esperança desesperada,
e conduzo em curvas sem atenção,
em velocidade descontrolada.
Sou acidente de reacção
do sonho entre a realidade com a ilusão,
impotente de ser melhor,
mesmo com a melhor intenção,
tentando voar, salto dum precipício
e vou em queda, sempre para pior.
E sinto que me engano,
porque também sou humano,
só me esqueço da facilidade
que é ser feliz, ou antes uma realidade
que anseio alcançar, fora do que mereço,
sem nunca saber se o seu preço
é de não merecer ou de não ser merecido.
Cada vez mais acredito na tinta
que espalho, enquanto me espalho
e faço figura de paspalho.
No final escrevo, 
sem nunca saber se é a poesia que me serve
ou se sou eu que sou seu servo.
Sou nudez de um objecto
que procuras mas não vês
nessa tua falta de afecto,
que te torna infantil
ao procurares uma acção viril.
Mas tudo bem,
há sempre mais alguém
diferente, talvez mais à frente
do que és, mais evoluído
e mais parecido com o que queres ser,
por dias destes, a chuva cai,
e as janelas são fechadas,
mas há sempre alguém que sai
de costas voltadas.
É a metáfora da vida,
porque a água pode incomodar,
e a sua vinda pode ser mal recebida
se for caso para a alma se lavar.
Existo, no início e no fim,
pela poesia. A meio, 
no desenvolvimento, vou vivendo,
como faz parte de mim,
e no ceio da minha evolução
estão poemas na solidão.

Desilusões e Curas

Corri atrás de uma ilusão
com os braços abertos,
certo de que estavas parada
à minha espera,
mas quanto mais corria para a frente
mais andava para trás,
como um tapete rolante
mais rápido que eu,
e tu, inanimada, afastando-te
enquanto me sorrias.
A vida tem as suas ironias,
e eu tenho certezas falidas.
Finalmente te alcancei,
antes soubesse o que agora sei,
porque quando fui para te abraçar,
desvaneceste, e os meus braços
trancaram-se no meu corpo,
abraçando-me, só.

O tempo avança,
e os sonhos vão morrendo,
no final mantém-se a esperança
do último sonho,
a poesia,
porque não sou traído
por mim mesmo.
Por cada poema que tenho escrito
o coração volta a bater,
os olhos a brilhar,
como uma fénix,
a minha alma renova
e mantenho o sorriso
neste final como prova.
Porque escrevi sem que ninguém me diga como fazer,
com regras, proibições, obrigações,
ou qualquer outro tipo de castrações,
porque escrevo para mim, para renascer.

sábado, 30 de março de 2013

sabes tio, cada vez mais sinto que estas consequências todas têm origem numa só palavra: mentalidade. Mas já do tempo da monarquia, porque mudaram o regime, serviram ideais mas não mudaram a mentalidade do povo nem o serviram. Porque a ignorância vive de um ou poucos pastores, acho que o mesmo aconteceu com o início da democracia. Falam de números em vez de pessoas, falam de investimentos em vez da qualidade dos serviços estaduais, criticam preconceitos com preconceitos. ensina-nos o esqueleto da democracia na escola, como se fosse um fóssil encontrado, e não como um organismo. na primária, o lápis cor de rosa/beije é chamado cor-de-pele, em cascais, a amadora é anarquismo selvagem e absoluto sem remédio, uma pergunta que comece com "porquê" dirigida a um professor é recebida com outra pergunta "porque é que tu te chamas assim?". dizem que o primeiro-ministro enganou-se três anos, três vezes seguidas (se não estou em erro) mas não dizem que esses erros fazem uma mãe chorar à frente do filho de sete anos. Todos falam a palavra erro sobre o primeiro-ministro, mas um primeiro-ministro não erra, porque um primeiro-ministro tem um conjunto de elites a trabalhar para ele, porque um primeiro-ministro salva ou destrói vidas, mas não se fala disso porque os media são controlados pelas mafias que são mais parolas do que eu. Porque o primeiro-ministro não se enganou mas enganou-nos a todos. E já está provada a corrupção, começando pelas promessas e mentiras do Senhor Passos Coelho. Na Constituição que uma minoria lutou, podemos individualmente acusar esse cidadão, Passos Coelho, e assim se fez, mas o Ministério Público afirmou ser desfundamentado e arquivou. O artigo 21º Direito à Resistência, afirma que todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública. Mas se eu sentir-me no direito de resistir a um agente da polícia, mesmo tendo eu razão, vou para a esquadra na mesma à força por meio de vários agentes da polícia, e se não me souber defender politicamente, corro o risco de ser espancado lá, ou no mínimo humilhado, mas isto acontece porque se defende primeiro o orgulho e depois os cidadãos, isto acontece porque o salário de um agente da polícia faz os filhos dele passarem fome, e entre escolher uma vida honrada, ver os filhos passarem fome, arriscar a morte todos os dias, defender uma constituição corrupta que não desagrada a ninguém o suficiente para uma revolta séria e receber um salário por baixo da mesa como os colegas e conseguir alimentar os filhos, a segunda opção é humanamente mais solidária. E não censuro por isso. Numa ditadura, é fundamental que o povo passe fome, para que a inteligência se foque num pedaço de pão. Mas todos nos acomodámos. O orgulho português é o de ficar em Portugal enquanto são estúpidos o suficiente para pagarem os impostos ao Governo e assim darem razão ao Governo. A mim, tio, a pobreza e a miséria fez-me ver para lá das coisas, fez-me duvidar das histórias tão constantemente repetidas. E porque é anti-natural nascer para sofrer numa democracia, comecei-me a perguntar porquê, e das lágrimas de uma foz, foi subindo a montanha até descobrir a sua fonte, a sua origem. Ao fim e ao cabo, descobri que a vida humana é política, passou a ser política antes de vida, deixou de ser vida, ou de ter qualquer ideal que seja servidor de todos, mas antes tudo seria uma fantochada, uma ilusão capitalista fácil de desmantelar mas a ignorância não tem voz, ou se a tem, é isso só, uma voz, sem acção. E a voz que tenta espalhar-se é barrada por gente que vive uma fantasia egocentrica e/ou qu e sofre muito mas não o bastante para se revoltar. Porque na escola, não nos ensinam a ser originais, não nos ensinam a criar, não nos ensinam a instruir-nos, mas ensinam-nos o sistema, ensinam-nos a viver nos esgotos que nunca têm um fim, que andam sempre às voltas, que só os que reflectem chegam a um beco sem saída e olham para cima, para o céu e começam uma jornada de descoberta infinita. Ratos, não passamos de ratos, centrados no sexo, fantasiando sermos pavões, que por não encontrarmos o fim nos canos, achamo-nos não infinitos, mas imortais. Continuamos ratos, porque comemos merda, a merda que há nos esgotos, porque os que são maiores que nós, na superfície, cagam-nos em cima. Continuamos ratos, porque procuramos ratas em vez de mulheres. Ratos, feitos de pêlo e nada mais, sem interior, completamente vazios, e por isso procuram o físico, o físico do pêlo, o físico da rata, o físico da espelunca das lojas, o físico do ser, uma ilusão deste capitalismo que se desmancha facilmente porque não existe tal coisa, não existe o físico do ser, apenas o espiritual, e então como prostitutas abstractas, vendem-se ao comprar uma entrada num grupo qualquer social desfundamentada, que só tem o "como" diferente dos "como's" de outros grupos, mas todos têm o mesmo porquê: o físico cheio para substituir o vazio espiritual, e são trágicos, sem opinião própria sobre o mais pequeno tema, e são cómicos, porque a reclamação que fazem do sistema alimenta o sistema. E não existem amanhã, porque foram iguais, iguais como os FPS's de um jogo virtual, que torna os frames iguais por um frame, por isso não existem. Deixam de ser crianças, deixam de ser alguém, porque fizeram uma escolha sem sequer terem escolhido: serem ratos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Gosto de ti,
meu encanto,
estando tu aqui
nunca desejei tanto,
e recebi mais do que quis,
és o tudo, tudo do meu ser feliz.

Minha loucura, a minha poesia procura
encontrar-se com a tua magia inimaginável,
tento e atento da tua inspiração,
mas quanto mais te beijo, mais te desejo,
é impensável....

Não sei o que quero mais,
vivo contigo e assim sigo
porque nós somos os tais,
inspiração dos demais.

Amo-te, há que inventar uma nova palavra
porque não há teoria tão forte como o nosso amor,
é que nem a morte mas essa só provoca pavor,
nós somos terra onde cada um de nós lavra.

É demasiada inteligência para o século em que estamos,
amor, façamos novas palavras...
Um beijo, uma paixão,
uma loucura sem razão
com uma pitada de desejo
sentida quando te vejo
e uma picada forte no coração.

Não sei mais ser
senão o que sou
quando sinto que te posso ter
e mais aquilo que te dou.

Porque paixão é sorriso
e amor é viver,
amo-te com paixão,
que mais te posso dizer?

Não há poesia que faça o que fiz,
estar contigo é ser feliz.
Rapariga, sabes que gosto, sabes que amo,
sabes que me encosto à vida e teimo
em lhe chamar vida como lhe chamo
quando sinto e posso amar o teu cheiro.

O teu sorriso provoca o meu,
o meu sorriso provoca o teu,
a nossa conversa sincera de improviso,
o nosso sorriso o nosso paraíso.

Tu e eu, aglomeração do amor,
vejo tudo diferente, na nossa mente
surge uma nova cor, um novo sabor
que se renova eternamente.

Rapariga, eu e tu, nós.

Mantém o olho aberto,
o ouvido alerta,
a boca fechada,
deixa-os falar,
deixa-os fazer,
eles vão apostar
e eu aposto que eles vão perder.

Palavras correm o mundo
o planeta é redondo,
dão a volta e voltam,
no fundo, elas se revoltam
e viram-se contra o monge.

Cuidado, más intenções
encontram mil razões
para criticar,
más intenções, más pessoas,
desprezam opções e fazem escolhas
para o prazer e sem pensar.

Escória, andam às manadas
desde que tenho memória,
canibais e facadas,
é sempre a mesma história.

Nunca se amam,
é apenas o interesse,
solidões que andam
juntas pelo mesmo preço.

E vendem-se,
e vendem os amigos,
em menos de nada
tornam-se inimigos
numa grande cagada
para salvar os seus umbigos.

Não confies nem te fies
se ouvires alguém falar mal abertamente,
fecha os ouvidos e ainda mais a tua mente.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Poesia da Vida

Este é o eco infinito,
uma memória presente
de uma lembrança ausente,
uma voz tornada mito.

Como uma brisa arrepiante,
arrepia-me a alma só de pensar em ti
e uma lágrima anseia ir avante
pela certeza de não te ter aqui.

Não soube, algures, viver a vida
nessa imensa paz
duma última despedida
que nem isso a morte me traz.

Morreu, e só consegui ir à janela,
o meu lar tornou-se pesado,
tornara-se irrespirável como uma cela
onde se pressente o final de algo.

Pela primeira vez conheci a vida
e o que ela nos dá e tira,
sou pobre, sou feliz,
porque dinheiro não me dá o que sempre quis.

São os amigos verdadeiros,
as mulheres que nos amam,
os desconhecidos que sorriem e se espantam
e os meus poemas inteiros.

É a Poesia da vida.

Da gente que chora e sorri honestamente,
que se entrega com amor sem pedir nada em troca,
que nós queremos e amamos verdadeiramente,
que com desprezo e desprezo o dinheiro se invoca,
porque é um dos meios, não um fim,
que sem prostituição, entregam-se a mim
com toda a verdade, e vivemos um momento,
sem haver ilusão, somos nós realidade
mesmo que vá com o tempo.

O dinheiro poderia vingar a minha vida,
poderia dar-me poder e prazer tocável infinito,
poderia comprar a admiração dos outros pelos objectos,
tanto poderia ser que haveria de ser passado esquecido
baseado em ilusões, no fundo nada seria certo
nem sequer o meu próprio afecto,
talvez me tornasse uma personalidade desinteressante
rodeado  de gente interesseira agarrada à minha carteira
a alimentar a minha angústia constante.

Nasci a querer antes o amor da amizade,
que cria prazos às minhas tristezas,
que faz-me rir de verdade
e são momentos feitos de certezas,
são eles que me tornam mais forte
como comida para o organismo,
com eles não preciso da sorte
e isto é apenas um eufemismo
porque em questões de fatalidade
são eles que me ajudam a moldar
a minha própria personalidade,
antes que eu soubesse amar
já eles me amam,
conseguem-me interpretar
e nunca se cansam,
nunca desistem de me ver sorrir,
se eu chorar, eles sabem fazer-me rir,
e não tenho nada mais do que amor para lhes dar,
e nunca me sinto a mais porque é essa amizade
que eles querem, a que só tem verdade,
e eu não sei ter outro tipo de amigos
que se possa chamar amigos,
senão aqueles que me fizeram crescer,
viver, são meus abrigos,
unidos sem dimensão de espaço nem tempo,
a qualquer hora são bem-vindos
nas minhas mãos largas para os amar,
mãos sem dinheiro, têm espaço para os abraçar.

Quem tem dinheiro tem tudo,
menos o que é importante,
aquilo que a vida se baseia,
o amor real, certo e autónomo,
isso conquista-se pelo que somos,
e quem não é, vive um incómodo,
uma comichão que quanto mais se coça
mais se alastra pelo corpo,
que se disfarça fazendo troça,
porque a pergunta é:
quando estiver morto
alguém chora?
Alguém fará luto?
Outrora,
esse tornou-se dinheiro,
e o dinheiro vai,
e o dinheiro vem,
deixou de ser pessoa
para ser um investimento.

Na amizade, sou parte de um sentimento,
é partilhado, criando-se cumplicidade.

Tu tens carro, eu tenho pernas,
vais rápido, eu vou lento
e vou conhecendo
gente de outras terras,
vou lento, lentamente,
mas vou vivendo intensamente,
com gente que me vai aparecendo pela frente.
Porque a humildade faz-me honesto
e vou sorrindo honestamente,
porque o dinheiro não me faz falta,
o que me faz feliz é a minha poesia e a minha malta.

O dinheiro não me paga uma ida para o paraíso,
mas sim o amor da minha namorada e o seu sorriso.
As minhas mãos largas são de amor,
por não terem dinheiro, têm espaço para te abraçar.

terça-feira, 26 de março de 2013

Tantas descrições sobre amor e paixão,
tantos sorrisos, cumplicidade, discussão
chorar por quem nos tem do coração,
nunca tinham sido da minha compreensão.

Estando longe estive perto
de ter alguém como certo
para partilhar tanto afecto
e ser completamente aberto.

Finalmente entendi,
quem me dera não ter entendido,
desde o dia que a conheci
não a tenho esquecido.

Não tenho parado de pensar
e re-pensar o quanto mudou
e o quanto a idade faz-nos mudar,
nesta história não sei quem sou
mas sei o que quero,
quero-te, sonho-te, desejo-te,
enquanto desespero
porque não vejo-te,
nem ao meu lado
nem na minha vida.
Antes uma lágrima de dor
do que uma preguiça arrependida.

Amor Ímpar

A única coisa que tenho de ti
são poemas escritos por mim...
são histórias de fachada sobre amor
para remediar momentos de dor,
uma charada cada vez mais complexa
em matemáticas de divisão
quando deveria ser uma soma
de dois igual a um,
mas o meu coração entra em coma
por não haver resultado nenhum.

sábado, 23 de março de 2013

(.......)
Essa tentativa de construção
de brilho artificial só dá estrilho trivial
que adjectiva prostituição profissional.

Não tenho nada para te dar senão amor,
a única coisa completamente honesta,
tão honesta que provoca dor e pavor
que nos presta mesmo prestando gente desta.

Gente que age como quem nos detesta,
mas sigo em frente, só quando a vejo
é que sinto o quanto a desejo
e pressinto estar doente
por me tornar cego no Presente.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Estou sem mas sou cem por cento
sem roupas de fingimento,
e podes querer que sim,
estou muito bem assim,
não cubro aparências,
não sou aparentemente honesto
sou quem sou e o resto é resto
que vai e vem com as tendências.

domingo, 17 de março de 2013

Musa,
são teus olhos reais e verdadeiros,
teu sorriso honesto, sem preconceitos.
Vejo o teu corpo mas pressinto uma alma,
para lá de mim, para lá da realidade,
ainda mais bela do que haveria imaginado,
além das matemáticas, inibindo pensamentos,
sentindo-te, tornei-me somente Presente.

sábado, 16 de março de 2013

Promessas Subtis

E esperei que olhasses para trás na despedida,
e olhaste, e fiquei feliz e brilhante,
esperando especado, com medo
de perder a oportunidade,
e esperei... e esperei... e esperei...
na eterna ânsia pela tua promessa subtil,
esperei que voltasses, que me amasses
tal como vi o teu olhar desejar os meus lábios,
tal como as tuas palavras faladas sobre amar,
fiquei, no meio da estrada, a olhar, a olhar,
vendo-te ir, cada vez mais longe,
cada vez mais afastada, cada vez mais distante,
como um ponto, que esperei ser uma estrela,
até desapareceres, passando semanas
desfazendo o meu sorriso,
até depois disso esperei,
por uma justificação, por uma resposta,
por um fim, um fim qualquer,
um sinal, um explosão, um grito ao longe
como quem está a acordar!
Algo! Uma coisa ínfima!

E o tempo passou...
e eu fiz luto ao meu sorriso...
e tanto tempo depois,
apareceste dizendo
que a morte pariu o amor
antes de existir entre nós os dois.

terça-feira, 12 de março de 2013

Não me encontras em mais nenhum lado,
não há outro lugar onde queira estar,
não há lado esquerdo nem direito,
apenas o teu lado para me orientar.

Nós e o Amor

Neste momento,
não há espaço nem tempo,
apenas um momento momentaneamente infinito,
naturalmente mais natural do que tenho escrito,
mais sincero, mais igual ao que sinto,
é acção, tornando real o quão real são
as palavras do meu coração
completando-me ao realizar a minha paixão.

Honestidade máxima, acção sem prática,
sem meios nem metades, sem ciência,
apenas eu e tu, e a nossa existência.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Canibais Democráticos

Não sei ser inocente
desde o momento
em que o tempo não pára,
indo sempre em frente,
entre um pedido de desculpa
e não ter essa cara
está algures uma culpa,
desde o meu silêncio nas tuas atitudes
às críticas sobre ti feitas a alguém,
o que interessa não é que mudes
mas quando falo me sinta bem.
Porque falo, logo existo,
em voz democrática
num pensamento implacável
com a minha ignorância
sobre atitudes de terceiros.
Não quero ser amigável,
não tem importância
ser amigo de amigos verdadeiros,
apenas é carência de afecto
construindo o meu ego.

terça-feira, 5 de março de 2013

O meu desejo por ti é incompleto,
tem uma percentagem pequena mas infinita.

sábado, 2 de março de 2013

Sou

Rio-me. Rio-me por nada.
Para não chorar por tudo.
Apelidam-me de maluco,
parvo, estúpido, em meios-elogios,
mas o que sinto tem de ser mudo
berrando forçosamente pensamentos frios,
porque o silêncio germina reflexão
e o olhar desvia-se do coração,
dos olhos de outrém, em direcção ao além,
para que a lágrima caia para o lado,
como quem cospe, espirra ou tosse,
porque se a lágrima se mantém,
reflectirá o que tenho pensado,
fosse como fosse,
tristeza nunca convém
à desonestidade e a quem
não quer ver a realidade.
Rir por nada para não chorar por tudo.

Tenho uma chama
a chamar por ti,
em sonhos a murmurar
como se estivesses aqui.
É fogo posto, sua incendiária,
era suposto ser livre de tocar no teu rosto
e não ser uma história imaginária.
Alimentada a chama
pelo teu nariz de Pinóquio,
mas também era ilusório,
a matéria dele
não era madeira verdadeira.
Este meu amo-te
não era mais que uma
faca espetada por mim
no meu próprio coração.

Consumiste a minha alma,
infértil e salgada num caldeirão,

mas ainda antes de morrer
quis te dar uma festa na cara
para um último prazer.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Nós Separados

Vontade insatisfeita
a de apareceres na próxima esquina,
mas estas ruas são labirintos,
são a história da nossa cidade
que não nos respeita,
essas mesmas linhas
desencontradas encontram-se
no desencontro das nossas sinas.
Desta vez fiz, fiz com a mesma
vontade que te desejei e quis,
se calhar fiz mal em fazer,
sendo assim,
fiz mal em te querer
tão perto de mim.
Mas porra, nunca os meus olhos
viram tamanha realidade,
beleza além-horizonte,
talvez fosse mera publicidade,
mas desta vez fui até ao monte
tentar encontrar o teu céu,
desta vez atentei a oportunidade
e agora vejo-me no lugar do réu
a discutir comigo próprio
quem é o culpado
desta história de reticências...

Burro...

Em Vão

Sentei-me a olhar para o em vão,
e em vão pensei em me suicidar,
mas não, pensei em vão, porque
ao fim e ao cabo, é para lá que todos vão,
em vão, sempre em vão...
vão os segundos, os minutos, as horas,
as pressas, as demoras, e toda a acção.
Em vão, o tempo é nossa mentira,
mas sim a memória de cada momento
é que se mantém e fica.
Em vão, no metro, no trabalho,
os óculos escuros escondendo os olhos,
em vão todo o sofrimento repetitivo,
em vão as palavras mal tratadas.
Tudo vai, e vão as estátuas,
as representações, os esforços
e o legado, em vão.
No final de contas,
ainda antes do início
da matemática,
havia o Karma.
Mas em vão,
como se não existisse,
vão vão, sempre em movimento,
sem eu nunca saber se tem fim
ou se muda, se assisto às mudanças,
vão vão vão, sempre no ir
tal como os segundos imparáveis
e as células e partículas
que o ditam.
Vão... para onde?
O que ficou?
Sim, o que interessa
é o que ficou,
a acção transformativa da razão.
Afinal os que vão, não vão em vão,
mas o que somos hoje,
será no futuro a justificação.