A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Estive dentro da tua mente,
nesse teu campo de concentração.
Ainda hoje sinto a sua respiração,
era tão nojento... tão repugnante...
abafado pelo cheiro da dor.
De tão asfixiante que era,
até mesmo de olhos fechados
conseguia ver cada pormenor de cada corredor:
o sangue raspado nas paredes,
ainda fresco, da carne desfeita em sangue
das caras que te afrontaram com a verdade,
raspadas nas paredes até ficarem só osso.

Ainda sinto o cheiro a lutas inúteis
contra o gás abafador do teu orgulho
nas câmaras... nas câmaras de gás,
onde a impaciência se exaltava
e se aclamava o silêncio da morte,
o silêncio que nos leva sem nos trazer...

Eu caminhei  naqueles corredores húmidos,
dos seus tectos pingava água,
eram gotas de lágrimas, formavam poças...
delas, ecoavam gritos de ódio e tristeza
a cada trémulo passo atingido no chão.

No andar acima, torturas amarradas a cadeiras
dão forma à figura do horror
através do cheiro nauseabundo de pragas roucas
em pedaços perdidos numa imensidão de sangue seco.

Eu te digo, o inferno existe
e nele não há qualquer forma de esperança,
apenas reina o desespero e o medo,
a mentira de vida e a clemência pela morte.

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