A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Rugir de Um Leão Magoado

Bebo as minhas lágrimas, bêbado e com a besana sozinha...

a chorar tudo
sem saber se o rugir
é mudo ou eu é que estou surdo...
não sei como reagir
entre a realidade e a ilusão
com este desejo incontrolável
que me deturpa a interpretação...
ferida de leão inconsulável,
velha como as prostitutas,
sem brilho e domesticado
com dentes servos de frutas...
sem carne,
mais uma tarde esfomeado,
chora leão a rugir desafinado
afastando sem afugentar
os outros animais,
sem conseguir um lugar
ao lado dos seus demais...
deveria ser natural
mas desde que conheci humanos
tenho-me sentido mal,
alérgico a estes seres estranhos...
brincam com o meu coração,
quando estou quase morto
usam as pás da ressuscitação,
maldita morte, tornou-se um aborto...
para seu belo prazer
cortam as minhas garras,
é a minha honra a desaparecer
para ser o palhaço das suas fanfarras...
leão ruge mansinho
preso entre quatro grades,
rodeado de risos, sozinho
como a quinta carta entre quatro ases...
chora como um vadio
interpretado como um louco
a morrer de tanto frio
que o seu pêlo parece pouco...
chamam-lhe belo quando chora,
não há seriedade neste planeta,
isto é uma grande peta,
eu vou mas é embora...
qual realidade qual ilusão,
a mim não me põem mais a mão
no meu coração,isto sim é que é verdade.

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