Por quem espetamos a pá na terra?
Para quem escavamos a cova?
Fomos nós que fizemos as nossas próprias escolhas
ou foi a terra onde nascemos?
Se é nossa por direito, porque sofremos?
Porque somos paridos pelo sofrimento
como se fôssemos nós a esperança?
Ou somos antes a raiva incompreendida
da dor que os nossos pais carregam?
O que nos move para uma guerra civil,
para uma revolução? É o sacrifício do corpo
por uma certeza que antes de ser já é um direito
mais que humano, instinto? Que a Natureza assinou
quando se criou? Quem vai vencer?
Quem é que se vai rir senão os psicopatas
que nadarão num mar de notas
que mais tarde será sangue
e as chamas da raiva e do ódio da Humanidade?
Uma criança chora lágrimas límpidas sobre a pele suja,
de quem é a culpa?
Somos animais domesticados da esperança?
O que somos?
Somos ou tornámo-nos?
Porquê?
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