Senta-se então o homem velho
com as areias do tempo nas suas rugas
desenhadas por tempestades domesticadas da sua solidão.
Os olhos humedecidos de tristezas acumuladas
como um corpo que transpira enquanto se esforça.
As sobrancelhas lutam contra o desequilíbrio
do preconceito que distancia o choro do civilizado.
O homem velho senta-se, deixando cair o corpo,
como se um fardo houvesse por sentar-se outra vez
e outra vez e outra vez...
olhos para ele de esguelha
e procuro nele um detalhe feliz mas não encontro.
Pergunto-me quem é ele, o homem velho
que respira o mesmo ar que eu de maneira diferente,
pesado, profundo...
Noto nele o silêncio obrigatório,
a pele seca e apodrecida de não ter sido abraçado...
a alma dele marcou-lhe bem o corpo,
nem consigo destinguir a diferença
entre o espelho dos seus olhos do resto da sua carne,
o mundo designou a sua postura...
mas vejo nele alguma inocência,
uma inocência qualquer...
talvez a de ter nascido.
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