A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mãe

A saber:
não me fiz perder
em ilusões inalcançáveis,
apenas fantasias
que me serviram de lençóis nas noites frias;
todos os meus sentimentos foram palpáveis,
eu senti-os, alteraram as minhas pulsações.
Sabei também
que a chave da porta de casa é a minha mãe,
pois foi quem me preparou para atravessá-la,
foi quem me ensinou a  ultrapassar os buracos no chão,
as ruas minadas, os céus chuvosos,
os vastos desertos da solidão,
a respirar nas ruas invadidas pelo mar da confusão,
ensinou-me a ser rijo como uma pedra da calçada,
tão constantemente pisada, cada vez mais gasta,
e que como eu, como ela, estamos acompanhados
as lágrimas das gentes devastadas,
que mesmo de olhos fechados,
há um sol que nos ilumina e aquece,
há uma lua que brilha nas nossas estradas
para nos dar o calor da fé quando a noite arrefece,
ensinou-me a adaptar-me aos animais
quando a Natureza nos abraça,
quando a sociedade vê-nos a mais,
que as plantas também têm significado
mesmo que não falem, podemos tê-las ao nosso lado
para que sejamos nós a falar por elas,
sem que tenha de haver correntes ou trelas
que nos condicionem a personalidade e a vontade,
ensinou-me a sorrir mesmo quando as lágrimas nos pesam,
a encontrar harmonia tanto no coração como na paisagem,
e, se não encontrar, inventar um poema em nossa homenagem.

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