A minha alma acabou numa cova qualquer,
a cada segundo uma grama de terra me sobrepunha-se,
(mas desta vez meus caros leitores,
não fiquei de barriga para o ar a ver o céu,
antes ao contrário, de cara no chão,
pois quis desviar-me do cliché cinematográfico),
de costas para o sol, de cara na terra,
não a beijá-la, mas sim de peito escondido,
desprezando o tecto celestial,
não sendo eu digno de o ver
ou a dor fóssil ser mais forte
que toda a beleza que a Terra tem.
Sem querer, voltei a relacionar
a dimensão da dor com o tempo
usando a acção arrastar-me
sem escrever a palavra.
Talvez estejam a ler este poema
com alguma amargura, não?
É que estou a escrever com a frieza
do pensamento ouvindo Brahms.
A verdade é que vejo o brilho das lágrimas,
tão puras que são e não compreendo
a tristeza com que o preconceito me lê.
Quer dizer, eu tento a originalidade
do meu ser, porque não tentais vós?
Não faço tensões de chorar na escrita.
Onde há escuridão há uma chama pequenina
que dá vida e amor há existência do ser,
nem que seja um ser doloroso,
mas vive e enquanto vive poderá escolher.
É claro que não são todos os casos
mas também não são poucos
nem dá para fugir à dor
mas enquanto há vida, há liberdade.
Como vos digo,
só há opressores quando há oprimidos
porque todos somos mortais
e perante a morte somos todos iguais.
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