Eles atacam-nos, criticam-nos,
como se já nascêssemos culpados
por cada crime somos nós os acusados
mesmo não estando sentados na cadeira do réu.
Será que eles sabem que não confiamos na cor do céu?
Porque às vezes também se confunde com o mar,
em vez de estarmos seguros só desejam nos matar.
Se o lugar onde vivemos faz ser quem somos
então onde é que eles vivem que tanto criticam sem saber?
Eles falam mal de nós mas somos nós que estamos a morrer.
Nós vivemos o perigo de viver neste lugar
sem esperar que um dia havemos de parar de respirar
por uma faca que nos pode penetrar,
por um mal entendido que nos pode matar.
Aqui não há homens,
aqui há soldados
desarmados mas armados a dar ordens,
porque aqui os não amados
são escravizados e mal-tratados.
Aqui, além do preto e branco,
também há o vermelho
e o perfume da testosterona
que abunda nestas ruelas,
que assusta o fedelho
à tona das celas.
O que temos nós realmente,
uma prisão onde todos os dias
podemos sair mas acabamos por voltar,
antes fosse este o nosso conforto
mas depois do pôr-do-sol
alguém poderá cair morto.
Será que eles sabem que as opiniões deles provocam mais danos
do que os canos das pistolas?
Será que eles se não sabem que nós também somos humanos?
Porque eles disparam frases de cartolas
e nós choramos de ódio todos esses insanos
que nos levaram injustamente,
tão desnecessariamente
porque aqui roubar é apostar no caixão.
Será que a culpa é do ladrão
quando não é ele que tem a arma na mão?
Será que deve ser morto por roubar
como se mata um cão
depois de se diagnosticar
que nada se pode fazer
a não ser morrer?
Será que a minha zona pertence a Portugal?
Ou é um fim do mundo numa terra semeada com sal?
Será que fomos paridos já nosso funeral
se a nossa própria terra nos quer mal?
Ainda há lágrimas de esperança
porque ninguém matava quando era criança.
Mas estamos abandonados pela Humanidade
nesta terra selvagem onde se consome a coragem,
são eles que provocam a eternidade deste inferno.
Não somos nós que fugimos, estamos sempre cá
porque há qualquer coisa má
que nos persegue para onde quer que se vá.
E nada acontece, ninguém ouve a nossa prece,
mas eles criticam-nos constantemente,
nós vivemos no ceio da maldição
e não conseguimos sair desta maldita prisão
por causa das descriminação dessa gente.
Afinal, quem é que é inteligente?
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