A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Hino Dos Imortais

Tens razão,
não sou nenhum deus,
sou humano dentro e fora,
tornei-me imortal,
a realidade é que posso ter tudo o que quiser
seja dinheiro ou amor de uma mulher
mas nada acompanha a minha idade.
Tenho no meu corpo o desejo dos mortais,
o tempo nunca me faz falta,
não há tempo porque não há ritmo,
não há ritmo porque não há limite na pulsação,
não há pulsação porque não há tempo,
porque o tempo é para quem é mortal
e tem mais pressa em não morrer
mas o tempo continua a passar
e o momento é rápido a acontecer,
único mas há-de sempre lembrar
com grande carinho recorda a história
de um amor que embala a idade mais próxima da morte
à escala de um conjunto de acções
onde as horas e os anos não passam pela memória
e com sorte ainda morre sem saber
que a morte lhe veio buscar
por razões misteriosas
que mete medo a quem
viveu tentando chegar aos cem
amigos e acabou sem.

O amor é para os mortais.
Os desejos, os fetiches, os sonhos 
são para os mortais,
são momentos com prazo de validade
da gente que vive uma realidade
e morre sem saber que mais real
foram esses sonhos, desejos e fetiches
do que a verdade a que se subjugaram
matando-a por cada causa que conquistaram
contra a inexistência de ser
quando outros viveram sufocados
e nunca ousaram viver
porque vivem cansados...
tudo isto é muito chato,
porque eu não sei se sou velho ou novo
e é o único facto que desconheço
sem ter algum preço
sobre porque é que raio não mereço
a mesma mortalidade
de alguém que foi para a cova
cujo corpo entrou em decomposição.
Não há nada que aprova
a minha admiração
porque eu conheço o mundo tão bem
e não há nada que já não tenha provado,
a vida tornou-se um fardo...
mas qual vida? Se morrer não me assiste
como é que a vida existe?

O meu único desejo é morrer,
é sentir o meu tempo a arder
e temer a morte,
já tentei todas as formas de suicídio,
nada faz o meu coração parar de bater
a minha alma quer desaparecer
mas o meu corpo é a minha prisão
e já ando para aqui
em deambulação
sem saber a razão,
a única justificação
que ficou por dizer,
não tenho rugas,
poderiam ser as minhas fugas
na esperança que visse ponteiros a rodar
com o desespero e a stressar
mas mais uma vez,
isso é para quem há-de se calar
de vez.


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