A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

domingo, 3 de junho de 2012

Dormir Acordar


(Não sei definir dormir.
Não me observo quando durmo.
Estive a aproveitar esse momento.
O que significa não reflectir.
Ou se calhar reflicto.
Não sei.
Nunca me lembro quando acordo,
ou se me lembro é de muito pouco.
Álcool. Quando se acorda nada é recordado.
É a perda da consciência.
Baldar à realidade.)


Bom dia meus senhores.
Hoje é um novo dia.
É novo porque acordámos.

Acordar é separar as pálpebras.
E ter consciência de que as abrimos.

Os nossos músculos relaxaram durante horas.
Daí sentirmos um novo dia.
O cérebro também é um músculo.
Por isso também deve acordar.
Preparado para enfrentar o sol.
Se acordar com preocupações passadas,
não acordou, apenas descansou.
E pesa-nos o levantar.

Dormir é descansar totalmente o corpo e a mente
enquanto a alma vagueia pelo seu próprio mundo.
Acordar é tornar o corpo, a mente e a alma num só.
E estar aqui. E agora.
Harmonia. Acordar é harmonia.

Não vos sei dizer o que é acordar com despertador.
É como ressuscitar um cadáver através de choques eléctricos.
O cérebro é ressuscitado, como um objecto electrónico
que, ao ligar a sua ficha à tomada, retoma as suas funções automaticamente.

Acordar é não arrastar o dia anterior nas nossas costas.
Acordar leve. Como a suavidade dos raios de sol matinal.
Acordar é não pensar que se acordou.

Acordei? Acordei? Estou acordado?
É isto, acordar? Abrir as pálpebras?
Será que os meus pés sentirão o chão?
Está tudo no sítio: móveis, livros, roupas...
A minha cabeça está pesada...
Dormi? Não me lembro...
Nem me lembro da última vez que fechei os olhos,
a derradeira vez em que os fechei e adormeci...
Acho que ressuscitei.

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