Eu venho da terra de ninguém,
onde há mais ataques de preconceitos
do que roubos ou outras actividades ilegais,
onde não há deveres não há direitos,
todos os da minha terra parecem estar a mais.
Eu venho da terra do nunca,
onde não se encontra esperança nesta espelunca,
traça-se o destino entre a droga e a gravidez,
todos criticam mas não há quem lute contra os seus porquê's.
Eu venho da toca do lobo,
aqui, além de se snifar as grades,
também snifa-se as presas receosas,
expelem o odor a terror tornando-se deliciosas,
bem-vindo às terras de Hades.
Eu venho das terras do deserto,
onde não há afecto há ódio,
aqui o céu é o nosso tecto
e o carácter o nosso pódio.
Eu venho das terras sem chão,
onde há paredes invisíveis como uma prisão
e a primeira decisão é a queda
porque já se come pratos cheios de merda.
Eu venho das terras da escravização,
escravos sem literatura,
com muita experiência de vida
porque metade da comida é ilusão.
Eu venho das terras do acontecimento,
onde os últimos suspiros vão com o vento.
Eu venho das terras da culpa,
Onde vai a bala vai a culpabilização nos telejornais,
o morto inocente é culpado sem conhecer justiça nos tribunais.
Eu venho das terras da anarquia,
simplesmente porque a Constituição Portuguesa aqui é uma ironia
e só vemos senhores ao seu serviço casados com a hipocrisia.
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