Dizem que o mundo é redondo
mas eu vi um canto em cada pessoa,
e pior, vi pessoas engolidas por um canto,
nem conseguia perceber se o vazio estava nelas,
se o vazio eram elas
ou se elas é que estavam no vazio.
Não foi o silêncio,
não foi a falta de palavras,
foram as palavras a mais,
o paleio frio enganador
revelador da dor
da ausência de amor.
A personalidade é insuficiente
e o indivíduo fica dependente
dum vício necessário de demonstrar
algo irreal, um ser ou ter,
acabando por soletrar
na covardia de parecer.
Porque o que deixou de ser
era o que foi parecer,
então o espanto
de alguém ser tanto
que parecia um homem
nunca deixou de ser criança
num canto qualquer da desordem
da agonia e amargura
que se quer esconder na esperança
de alguém ter a cura
ou uma mão honesta e mansa
cheia de encher o vazio
de uma realidade
daquele que nunca conseguiu ser frio.
Espelho meu, espelho meu,
será que sou só eu?
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