O que esconde um sorriso?
Será que é verdadeiro
numa criança cuja a existência
é a de um objecto
para espancamento
dentro de uma casa em decandência,
quero dizer,
para onde vão as lágrimas
se os esgotos estão entupidos?
E ainda não entendi se há tecto
ou se o sol não quer entrar
porque está escuro,
já nem olho por cima de mim
porque nesse universo há um furo,
uma escapatória, uma ilusão
que ilude a ilusão que se tornou a realidade
de uma solidão que não encontra o sentido
neste labirinto que se tornou a verdade,
estou completamente perdido,
não sei o que é verdadeiro,
desconfio,
já desconfio da minha desconfiança
porque as minha janelas são espelhadas por dentro
e não inspiram confiança,
sempre que me olhava por elas
rachavam pelo meu centro,
estilhaçavam por todo o meu corpo
e dissolviam-se nos meus músculos
consumindo cada oportunidade
de um sorriso na realidade.
Que casa é esta?
Onde a sociedade se torna desonesta
porque armários não são para guardar,
são para esconder,
corredores infinitos
cheios de vazio onde o oco
de uma voz tão feroz
em suores hirtos
que inundam pouco a pouco.
E se eu for infeliz?
Foda-se,
esta casa nem fui eu que a construí
mas no entanto pertenço tanto aqui
como estas paredes húmidas,
de pele a cair tão devagar...
já não reconheço...
será maldição?
Eu sou a contradição
enquanto estiver vivo...
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