A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Inferno Que O Inferno Me Apelidou

Ele disse:
com estes olhos verás as desgraças do mundo
mas nada poderás fazer porque estarás a cair com ele.
Não terás forças porque esgotá-las-ás a resistir ao céu,
aos pensamentos destrutivos, sim, tentarás segurá-los,
mas não conseguirás travá-los porque infiltrar-se-ão nas tuas veias
e só poderás dar-lhes o fim se encontrares o fim da tua pulsação.
Morrerás sem nunca teres vivido.
O mundo desmorona-se à tua volta e tu cairás com ele.
Nada poderás fazer.
Só te resta assistir.
O ódio consome-te e desidrata-te.
Não verás o sol.
Nem qualquer outra forma de calor natural.
Tentarás encontrar no desespero alucinante
mas toda a água que beberes será a salgada
e por isso viverás das alucinações.
Todas as conquistas que tiveres serão vazias,
cheias de nada.
Tu és o fim do mundo.
Não tentes, não lutes, não te valerá de nada.

E eu fiz,
meu filho-da-puta,
contra todos esses cabrões eu me ergui,
eu entornei decadências em copos de vidro,
tornei-me mais forte que estas quatro paredes.
Tu troxeste-me o inferno
e eu pus o inferno a temer-me,
a gritar histericamente
apelidando-me de inferno.
Eu sou a nova forma de psicopatia,
o caos tornou-se algo normal
e contra o normal são os psicopatas.
Tenho-vos a todos nas minhas mãos,
na minha campa está a minha alma a berrar o vosso inferno,
seus cabrões, trouxeram as armas da ignorância
mas eu sou tão grande, tão volumoso e tornei tudo real e verdadeiro
que por pensamentos aleatórios vocês me acertaram.
Afastem-se, eu estou prestes a rebentar
e levarei todos os cabrões comigo.
Sim todos esses filhos-da-puta que se masturbaram no meu sofrimento
agora terão a paga!!! Eu ressuscitei!
Jogo sozinho neste mundo
mas eu sou maior que o vosso céu,
eu vou para onde os meus olhos olharem,
eu estou nos cantos de todo o mundo,
nada me escapa!
Quando eu for derrubado,
o mundo desmoronar-se-à
e eu acordarei desta merda de pesadelo,
desta voz que me acompanha,
a voz eterna dos oprimidos
que anseia tornar-se opressor dos opressores,
jamais poderei governar o mundo,
ou o inferno ao que vocês chamam,
comigo, chamarão de paraíso.

Estou só,
atirado num canto escuro do mundo,
no extremo,
tão só... tão pequeno...
chão.. chão? Mas o que é isso?
Não há chão que me suporte,
estou em permanente queda...
não há ninguém que mais me julgue
que eu, eu, que ando com o peso
de uma alucinação, numa pressão
de uma opressão onde não há ninguém
que não me odeie, a toda a hora ouço
a repulsa que o mundo tem de mim...
estou só, sozinho...
até os meus músculos têm nojo de mim...
o meu coração não me quer...
e o meu cérebro odeia-me,
todos os meus neurónios atacam-me,
destroiem-me...
só sei a matemática do sofrimento,
afastem-se de mim, sou um extra-terrestre,
estou a mais,
não há álcool nem droga nem sexo que satisfaçam a minha felicidade,
mas eu juro que sou igual a todos vós,
sou ser humano como vocês...
não fujam de mim por favor...
não me julguem, apenas sou consequência do que me aconteceu...

Que se foda!
Vão todos vocês à merda!
Posso morrer só!
Ponham-me de parte, vão pó caralho!
Seus filhos-da-puta ignorantes!
Quem vocês são para me apontar o dedo!?
Ainda por cima não são os meus actos nem as minhas atitudes que acusam!
É o meu silêncio!
Seus filhos-da-puta merdosos, vocês acusam-me do meu silêncio!?
Com tantos cabrões a destruirem o mundo!?
Vão todos à merda!
Quem disse que eu precisava de vocês?
Posso morrer no apodrecimento,
mas morrerei com dignidade!
Em todos os meus fracassos encontrarão a dignidade!
Eu sou digno de viver, por sofrer!
Eu nunca me esqueço!
Nesta solidão aprendo a amar!
Posso não saber como amar,
mas sei amar! Quantos de vocês podem orgulhar-se disso?
Quantos de vocês, que só amam os próprios músculos?
Eu não preciso de espelho para me ver, estão a ouvir?
Posso morrer só!
Ouçam-me! Eu quero morrer só!...
no colo de alguém...

Como estas lágrimas estão quentes,
afinal ainda amo...

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