A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um Conto de Fadas

Estes homens são indignos,
festejam em banquetes ilusórios.

Bebem vinho alegremente,
sem saberem que é sangue dos mortos.

Enfardam a fruta envenenada.

Eles enfardam.

Os mordomos são os senhores da Morte,
em silêncio obedecem aos mortais.

É noite de lua cheia.
As nuvens carregadas de raiva
anunciam a chegada do fim.

Os réis labregos não se apercebem,
e festejam. Ignoraram os ignorantes,
pensando terem ditado destinos
da nossa gente, roubando-lhes
as acções tornaram-nos inexistentes,
mas foi as ruas da miséria
que os acolheu, que,
na fome que chora,
semeou flores de sangue.

É a Morte, é a Morte a chegar,
pelas sombras invisíveis das ruelas,
nos veio abraçar, como nossa mãe,
nos pegou ao colo e sussurrou
formas de vingança.

Pegou num cravo ensanguentado
do cadáver do nosso irmão,
pousou-o junto do meu coração,
no meu peito e, pelas minhas lágrimas,
o cravo encarnado tornou-se
branco e límpido, de esperança.
A Morte tocou-me nas mãos,
guiando-as até se fecharem em volta do cravo,
e, quando as abri,
uma pomba branca surgiu delas,
voando em liberdade.

Era a Morte, que, existindo,
me fez ver a realidade.

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