A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Não posso chorar porque se o fizer surge das lágrimas um reflexo meu nojento e vergonhoso. Gigante, até me fazer sombra, até me rodear, até me devorar... penetrando no meu peito para desmembrar a minha alma. Tenho medo... mãe, tenho medo que o sol desvende a minha pele... a minha pele de velho rancoroso, covarde o suficiente para não ter posto um fim à sua vida e viveu-a negando o que a todos nos une, o amor. Tenho medo destas noites em que me castigo por ter vivido mais um dia... um dia não haverá mais carne para desfazer... não haverá mais provas físicas em como estou vivo...
tenho raiva de mim... que merda de espelho é este que não se parte!? É o inferno!?... Mas não estou amaldiçoado, sou a maldição, se quisessem desfazê-la teriam de me fazer desaparecer... mas este céu!? Onde está o céu com mais estrelas do que vazio? Estou farto disto! Ah! Ao menos podia fazer eco mas não! Não! É claro que não! Já estão todos em silêncio a fazer o meu luto! Claro! Ah! Se ao menos os mortos pudessem falar quantos vivos se calariam!...
Olhem para mim... o cúmulo do altruísmo! Ofereci as minhas lágrimas e já não há água em mim! Agora só sou uma carapaça seca da velhice... isso, fujam da aberração que eu sou... Mas no inferno serei eu quem irá governar! Ah! Vemo-nos lá!
Estou farto disto. Desliguem as luzes, acabou o espectáculo. Com licença.

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