Directamente para a queda.
Desde que a minha alma deu o primeiro salto
saindo do planeta Terra, caindo pelo Universo,
sem saber se é para cima, para baixo, para o lado.
Há dezanove anos a cair,
tão lentamente que pareço voar, fumando.
Cigarros fazem a contagem do tempo,
funcionando como ponteiros.
Sentado no ar a escrever poemas,
livre da gravidade, movo-me
em setecentos movimentos,
mergulhado na Poesia.
Hipnotizado pela velocidade,
deixo-me confundir e fundo-me
com a estrela Polar,
parindo umas quantas cadentes
entre disparos para o vazio.
Sou uma estrela com asas,
os planetas vêm atrás de mim
com dentes carnívoros.
Também, de quando em quando,
apanho mocas deprimentes
com buracos negros,
absorvido neles e eles na minha alma,
noutra dimensão conhecida como solidão,
esfregando a minha cara no seu chão
em desafio a ver qual de nós fica sem nada,
mas tenho ossos cuidados por lágrimas,
músculos desenvolvidos pelos sorrisos
e estes meus olhos têm dois buracos negros
conhecedores do Universo inteiro,
são o máximo da sapiência
pois sabem que não sabem.
Ando a pisar sóis
só porque disseram que era impossível,
sou rebelde imperceptível
correndo parado,
mas quando respiro
deixo-os entrar nos meus pulmões
para que pressintam as razões
destes dois órgãos limpos:
não falo, tenho ouvidos gigantes,
com mais fome que o Bubu,
mas não engulo, cuspo sementes
que em tempos de poluição morrem
sem nascer como abortos.
Estou cheio de trips,
não não fumei, não injectei nem sniffei,
também não estou doente,
apenas uso a imaginação,
brincando com a inteligência
em troca de um par de infinidades
sobre uma história sem fim
porque não tem conclusão,
é apenas uma espiral.
Este poema
não é Big nem Bang,
apenas estou a ouvir
o clã Wu Tang.
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