A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Última Carta - A Morte No Natal


que se foda...
 para ser sempre
um mundo que nao gira
 a minha alma está vazia...
 eu nunca voltei ao início porque eu nunca sai de la
 afinal, o planeta roda e gira mas nada mudou
 nada de nada
 mas ainda me pergunto se mereço
porque a unica conquista que tive foi a taça dos fracassos
 mas fui esquecido e abandonado num beco qualquer que fecharam sem terem reparado que eu estava lá
e fiquei lá, preso, no escuro, sem saída, num sufoco e nem eu me consigo abraçar
e o meu peito encolhe... encolhe de dor
 e agacho me como se fosse uma planta a murchar porque a dor consome-nos o coraçao
e morremos ali... apodrecidos... para desaparecermos lentamente, entre invernos e veroes, acabando por sermos absorvidos pela terra gelada e crua
 e nem temos sequer direito a uma campa
 e no entanto, o mundo continua a girar...
 e nós rodamos parados
 mas para quê tar de pé,? que os outros se elevem, se erguam... eu afundo-os todos com as minhas lágrimas
a minha dor tira-lhes o ar e eles deixam de respirar...
a minha dor é velha...
uma velha bruxa...
 amaldiçoada...
um virus..
um parasita..
 nao da para fugir
 so ha  uma escaporia que ando a tentar evitar, enquanto nao atravessar a porta vou correndo
 mas ela acaba sempre por me apanhar
e quando eu penso que a deixei para tras...
ela surge mais forte e mais aguda...
a minha dor... eu nasci com o coraçao dorido...
 sao tudo ilusoes
sonhos que se tornam em desilusoes
 facadas, cada sonho esfaqueia o meu coraçao
e o meu coraçao bombeia esburacado espirrando sangue por todo o lado
e é em dias de folga que me maravilho com o mundo...
 mas nao sao esses dias que sustem
 porque a dor trata logo de me afundar...
até la vou fingindo que a dor nao me afeta
para ninguem se afastar de mim
mas mais tarde ou mais cedo o mundo fica chocado
achando que conhece a realidade
mas a realidade nunca é o que queremos
nem o que sonhamos
quem me dera ser uma personagem e encenar o meu próprio fim...
mas o tempo passa e eu vou ficando para tras
deixando os outros me pisarem
porque até o meu corpo se tornou pesado
e quanto mais cansado mais pesado fica
os sonhos... os sonhos...
nada mais
 estou cansado...
 a minha vida está a esgotar se
mas quem se interessa também
o mundo continuara a rodar
 sempre rodou quando a desgraça me esfaqueava
haveria agora de parar de girar?
claro que nao
nao houve nem uma alma
 foi tudo contra
 como se uma conspiraçao se tratasse
 mas ela aproxima se...
mais uma vez falha
o sol nao devia erguer-se
por respeito
mas o mundo gira
e fico para tras
um dia nao sera faca
um dia sera a ceifa
e ai..
o impacto chocará e chorará e a culpa vai se abater sobre aqueles que se perguntarem porque
ironias de vida
 estou abraçado à desgraça e agora afundo-me
esperando que o sufoco me mate
sozinho
sempre sozinho
no mar de lagrimas so necessito de nao me mexer
ela trata do resto...
do que falta
 é só esperar que atinja o pico
que tudo se torna automatico
um tudo do nada
e de repente explode destribuindo a dor que guardei sobre os que me rodeiam...
eles nao me ouvem porque esperam o acto
mas nao quero saber
a dor que me devore
e depois quando chegar... chegou
e que o tempo dissolva as minhas palavras...
cansado... so desejava dormir eternamente e viver um mundo bem diferente
mas sonhos são sonhos...

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