quantas lágrimas dissolvidas
em sangue se compreendem...
Escrevo palavras belas...
belas? Se soubesses
quantas telas de guerra
onde estive colocado,
fardado e armado,
mas eu era criança
não um soldado
e o chapéu era demasiado largo
tapava-me a cara,
e tinha ninguém a cargo
na escuridão para me orientar,
por cada som alto
eu dava um salto
e começava a chorar,
mas ninguém me abraçava
ninguém me pegava
estava ali sozinho
ainda mais criança que menino,
tremia de nervos
de quatro anos servos
por ter sido capturado
por um amor mal-tratado
começara a deixar de sorrir
porque a sociedade
tinha-me aldrabado,
farto do que andava a ouvir,
que a verdade é um pai que ama
e não era isso que eu estava a sentir
por cada vez que era espancado
e ainda era obrigado a sorrir,
sem saber o que dizer na rotina
porque tinha medo de o ver tresloucado
e não percebia o que o deixava irritado
por isso comecei a ficar calado
ficando aliviado de não estarmos perto
um do outro e já estava a ficar louco
porque a opressão era um sufoco
e o ódio e amor eram insolúveis...
esta foi a primeira tentativa
de tentar descobrir se a minha alma ainda estava viva...
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