Antes de continuarmos, é devido ao senhor leitor ou senhora leitora a informação de que acredito que tudo é possível em nome da minha extrema ignorância, sobre a junção de todo o conhecimento adquirido pelo ser humano e mesmo assim - que também acredito- é necessitado de conexões e contextualizações que me parece faltar na categorização, filtração e separação do conhecimento mundial.
Cuidado, é preciso que se tenha atenção à linha ténue que diferencia << ser >> de << tentar ser >>. Nós já nascemos sendo alguém, eu até podia dizer que nascermos já é uma acção que nos torna ser, nem que seja sermos amados ou desprezados ou odiados já dentro do ventre pois já estaremos a influenciar vidas, onde há uma relação mútua e ganhamos nome, como por exemplo, bebé ou filho ou neto que já irá influenciar frases que constituam verbos que nos implicam. E é muito relevante isto das frases, pois é a comunicação que um ser humano tem para com o outro e que surge de pensamentos e sentimentos. Mas continuemos...
Tentar ser é um objectivo, então pensemos como objectivo. A pessoa quer ser famosa, desconhecendo ou tendo uma noção meramente teórica e nada mais do que isso. Essa pessoa atinge o objectivo e torna-se famosa. Transforma-se em famosa. E o que acontecerá depois? Terá sido essa idealização, que por o ser já está longe da realidade, uma conquista? Ou melhor, terá essa idealização transformado em realidade como a pessoa se transformou noutro ser**? É de entender que o objectivo principal, ser, é muito limitado porque se desgasta como objectivo final, com que se vive em presente contínuo. Assim, teríamos de aplicar o "estar" emocional dessa pessoa, pois esta meta deixa de o ser depois de ultrapassada.
Mas o tentar ser poderá ser irreal? Qual será a grande influência? Será para ela, pois esse é o, ou seria, o objectivo dela? Então este tentar ser é egoísta. E o ser como estado principal é que cria o fazer matando o acto. O acto, o fazer, é algo concreto, é tornado um facto, apesar de o acto ser influenciado pelo pensamento ou talvez na maior parte das vezes. O tentar ser é algo muito abstracto de tal modo que pode ser um segredo e muito inventado por terceiros. Para se querer tentar ser é preciso haver uma interpretação da realidade e pelo facto de haver uma interpretação já se foge da realidade, porque vemos de maneira diferente, concordando com a interpretação do nosso passado ou história ou os dois juntamente com as bases da nossa personalidade, assim, o nosso tentar ser pode-se tornar uma ambição completamente irreal, sabendo que sem ser amado o ser humano não sobrevive. E é este um dos pontos ao qual eu queria chegar, a nossa educação que, como todos nós sabemos, tem de haver pelo menos amostras de amor nem que sejam as mais pequeninas, os afectos. Mas e o que acontece se a nossa infância e adolescência tiver uma grande deficiência de amor e de atenção? Já que é natural o ser humano precisar de ser amado, então esse ser humano deficiente de amor tentará - o como dependerá da sua cultura e da sociedade em que está inserido - de alguma forma conseguir ter atenção. Mas a atenção que lhe faltara só poderá ser totalmente satisfeita pelos que lha deviam ter dado. Daí o tentar ser substituir o tentar fazer. Acho que por hoje é tudo.
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* "(...) que tentam ser algo, (...)": reparem bem na palavra algo, que é de "o quê", não do "quem" nem outra palavra do género. É necessário ressuscitar a língua portuguesa que morreu de tanto ser banalizada.
** é de entender que o ser da pessoa, o ser das bases originárias não se transforma, apenas se molda e/ou adapta.
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