A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

terça-feira, 3 de abril de 2012

Não, não me amas,
as palavras a mim
nunca me disseram nada
quando a acção
só pode ser inversamente comparada.
Tu não estás comigo,
essas palavras fazem-me rir,
nem que chorasses
eu haveria de crer
nessas frases,
eu não te estou a ouvir
porque quando é forte a dor
que estamos sofrer
ficamos surdos
entre gritos mudos.

Deixa-me da mão,
tu a mim não me levas o coração
e nem vale a pena
vires com a razão,
porque a razão
ainda não me mostrou
a justificação
ou a solução
para o facto
de quem me está
a levar para o suicídio
chama-se emoção.

Blábláblá,
são meras palavras fáceis
mas comigo nunca serão ágeis
porque eu conheço a práctica
tão bem que mal abres a boca
já te faço sentires-te ninguém.

Vem-me criticar,
eu rio-me na tua cara
porque eu sou o primeiro
a odiar-me.

Estou calado
a observar
o interesse
de haver trezentas horas
sem ter falado,
a ouvir essa merda de gente
que diz saber muito
mas falar é o seu único intuito.

Falai vós,
nossas senhorias da vida.
O meu único desconhecimento
é não saber como é que ainda têm voz.

Eu falo pouco
e o que te digo deixa-te louco,
mas até tem piada ouvir
essa gente faladora
que já começa a mentir
porque em termos de vida
é tudo alma amadora.

Antes fosse o que não fora
que eu já perdi o juízo
de ajuizar o teu sorriso
que me parece maldoso
neste mal mundano
que aos poucos me vai
tornando desumano.

Eu adivinho o teu passado
de tanto observar o planeta a girar,
porque enquanto tiveste a falar
eu tenho-te observado.
Esses tiques revelam
que os teus pais te fizeram
aquilo que a sociedade
considera errado.

Continua a falar,
eu estou a gostar
de ver as figuras
que estás a fazer
enquanto pensas
que estás a ganhar
essa guerra contigo
no teu umbigo
e nem te apercebes que a tens
nessa tua auto-exaltação
que tão necessitas
que já nem te conténs.

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