A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Nas Veias De Um Rei Perdido

Se sonhar sonhei
em te amar pensei
que tudo fosse um céu
de um mundo não meu.
Mas nada conheço
porque receio
quando penso
que nem em mim creio.
Sem altas marés,
queres tu, 
ó ser que penso conhecer,
navegar nas minhas veias?
Então traz uma luz
pois aqui não há amanhecer.
Fiquei preso num dia perdido
e não consigo e sei
que o que vivo é o que tenho vivido.
Queres conquistar as terras
onde aclamam ser eu o rei
mas o que governo
são cactos da minha queda,
o meu povo sou eu desfeito em vários "eu's". 

O meu reino é uma paisagem
borrada pelas minhas lágrimas.

Nos meus campos só florescem plantas mortas e podres.

Mandei matar toda a cor,
porque tudo o que não é escuridão,
é dor.

Cheira a morte amarga na floresta carbonizada
- um deserto cinzento com figuras de pó de cinza,
à espera do fim do tempo.

Entre o fumo dum sol desaparecido,
estas terras áridas e geladas
são inóspitas e cansadas
onde eu próprio não sou bem-vindo.

Não sonhes porque o meu povo é sonhador
mas são desilusões de ilusões devido ao amor,
transformados em canibais pela fome,
comendo-se uns aos outros de consciência perdida
esperando pelo fim das suas vidas.
Não ames o que eu odeio,
porque eu sei quem criou e de onde veio
e tento travar a luta contra fantasmas
onde os meus soldados lutam confusos,
trespassando-os com as suas espadas
acabam assassinando-se uns aos outros,
sem esperança de saber se sou eu que os acuso.

Governo uma cidade cheia de casas vazias,
não há lares, o povo vive nas ruas

O meu conselheiro pergunta-me o que fazer
mas eu estou sentado no meu trono empoeirado,
desligado da realidade, com meia coroa caída
e uma capa com buracos por coser,
de um olhar perdido para um horizonte desfocado
sem que veja alguma saída
onde o sol não deseja amanhecer...

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