Escrevo sobre a escuridão
porque é nela que mais anseio a luz.
- É muito triste e profundo - dizem,
não, é esperançoso, é uma foto desfocada
que só eu consigo ver nitidamente,
que fui eu que a vivi ou a quis viver
e está penetrado na minha mente
mas todos esqueceram,
falaram mas não a viveram.
"Convém para teu bem
que finjas estar tudo bem."
Mas eu sou quem!?
Uma máquina que não ama?
Que por amar, não odeia?
Que por odiar, não chora?
Que por chorar, não se vai abaixo?
"Não te podes ir abaixo,
tens de ser forte e lutar"
Lutar contra o quê?
Contra a vida?
A vida sou eu
e mais o seu porquê.
Como posso liberta-me de lágrimas
quando as aprisiono aqui dentro?
Incomoda-te, ou convém não partilhar?
Para não sentires a tristeza?
Da tristeza há a beleza da nobreza
de não me ter assassinado.
Sim, apodera-te de mim
e deixa-me berrar tudo o que tenho silenciado
para não ter de ser perseguido,
para não ser acusado de um acto cometido
que no fundo foi uma consequência
da sociedade ter-me obrigado
a deixar as lágrimas de lado e ficar calado.
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