Ei, Deus, deixa-me pedir-Te um desejo,
leva-me para a Figueira Da Foz
onde não precise de usar a voz
que aclama e reclama o amor
de uma dor no meio do oceano
pelas lágrimas que secam
e se transformam num ardor
de uma amargura que não esquece.
Ei, se ouves a minha prece,
pede ao amor para namorar comigo
e me faça o seu melhor amigo
que eu já não acho em mim
a força que resistia à tortura
de pensar não haver cura
de ser ele o meu inimigo.
Ei, faz aqui umas reparações, por favor,
o tecto está inteiro mas chove cá dentro,
a minha chave de casa entra na porta
mas não a sinto como o meu lar,
a minha almofada está encharcada
a água que nela há é amargurada,
sinto-lhe o sabor o cheiro
do que é mas não é verdadeiro,
a cama onde me deito
faz sufocar o meu peito,
as janelas são transparentes
mas o sol não parece ser real
e as luzes que ligo são tão intensas
como quando as desligo...
sabes que mais?
Isto está tudo mal.
Ei, diz lá o que é normal,
não me lembro das normas da sociedade,
dita-me aquelas que fazem parecer outra realidade
para não levar para a rua as paredes-mestras
ou transformam os traços da minha face nas suas arestas.
Ei, não tens por aí um anjo-da-guarda a mais
para que me possa ouvir?
Ou antes um paraíso para onde eu possa fugir?
Ei, por acaso não tens um cigarro?
É que eu estou um bocado frustrado
e estou farto de levar com merda em cima,
não espera, é melhor não fumar,
é que mal o acendo vai estar
alguém por trás a criticar,
foda-se, eu só quero relaxar, posso?
Ou vais dizer que tenho de ir trabalhar?
Estás preocupado com o quê?
Mete-te na tua vida que eu sei
que contas tenho para pagar!
Estou farto de ouvir o que tu farias
e dirias mas não fazes nada
nem sequer sabes o que é minha vida!
Mas o que estás aqui a fazer!?
Cala-te com as tuas hipocrisias
e vai mas é tu trabalhar!
Ei, Deus, desculpa lá,
mas é que fartei-me de gente má.
Estava aqui uma pessoa a deixar-me louco
sabes como é, falam muito mas sabem muito pouco.
Ei já agora, fá-la desaparecer,
é que sempre que ela fala
parece que eu estou a desfalecer.
Ei, Deus, dá-me uma caravela
que resista a tempestades
e me leve a experimentar
do que faz a vida bela.
Ei, Deus,
faz com que eu não precise nada disto
e Te diga adeus.
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