Algures neste planeta,
onde um casal de tigres se encontra,
onde milhares de milhões de células estão a multiplicar-se,
onde um político está a fazer promessas às gentes,
onde um pai está a chorar a morte do seu pai,
onde alguém atrasado está a dar início a um reunião,
onde está a haver sete guerras civis,
onde um avião está a preparar-se para nunca mais voltar,
onde duas pessoas estão a culpar-se no meio de um acidente de viação,
onde uma folha está a cair da sua árvore,
onde uma águia está a caçar,
onde um investigador de directa está a arquivar um caso de homicídio,
onde uma mãe está a sorrir ao seu recém-nascido,
onde um casal está a fazer juras de amor,
onde alguém está a ler este poema,
onde alguém acaba de acordar,
onde uma rosa está a florescer,
onde uma mãe está a receber a morte, na guerra, do seu filho,
onde um grupo de amigos está a ir para a discoteca,
onde um peixe está a desovar,
onde um pombo está a defecar,
onde uma onda está a rebentar,
onde alguém está a afogar as suas mágoas no álcool,
onde alguém está a ser preso e a está despedir-se da liberdade com o olhar,
onde alguém acaba de conquistar a carta de condução,
onde alguém está a planear um atentado,
onde alguém está a rezar,
agures neste planeta, estou eu,
entre prédios e janelas iluminadas,
a escrever as últimas palavras deste poema.
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