A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Sou A Nossa Voz

ATENÇÃO: "Se acha" é "se encontra".

Os meus poemas são
de um lunático
que se acha no meio de ouvidos,
de um apático
que se acha no meio dos sentimentos,
de um sonhador
que se acha no meio da realidade,
de uma criança
que se acha no meio da birra,
de um alérgico
que se acha no meio da mentira,
de um calado
que se acha no meio da ira,
de um psicotapa
que se acha no meio da má infância,
de uma escapa
que se acha no meio da poesia,
de um sábio
que se acha no meio da ignorância,
de um amor
que se acha no meio do ódio,
de um esperançado
que se acha no meio da morte,
de um sorriso
que se acha no meio da sorte,
de um ignorante
que se acha no meio da sapiência,
de um ansioso
que se acha no meio da paciência,
de um animal
que se acha no meio da fome,
de um soldado
que se acha no meio da sobrevivência,
de um anormal
que se acha no meio do comum,
de um revoltado
que se acha no meio do desespero,
de um um
que se acha no meio do nenhum,
de um diferente
que se acha no meio da igualdade,
de um falso moralista
que se acha no meio da verdade,
de um poeta
que se acha no meio do papel,
de uma morte
que se acha no meio da vida,
de uma solução
que se acha no meio do problema,
de uma gaveta desarrumada
que se acha num quarto arrumado,
de uma pena branca
que se acha no meio do fardo,
de uma iluminação
que se acha no meio da escuridão,
de um ouvinte
que se acha no meio do paleio,
de uma agulha
que se acha no meio do palheiro,
de uma imaginação
que se acha no meio do verdadeiro,
de um último
que se acha no meio do primeiro,
de um ninguém
que se acha no meio da fama,
de um acontecimento
que se acha no meio do improvável,
de uma contradição
que se acha no meio da ligação,
de uma sombra
que se acha no meio do sol,
de uma mãe
que se acha no meio da infertilidade,
de uma lágrima
que se acha no meio do sorriso,
de um maneta
que se acha no meio do público,
de uma memória
que se acha no meio do esquecimento,
de uma inocência
que se acha no meio da culpa,
de um esquecido
que se acha no meio da Constituição,
de um faminto
que se acha no meio da riqueza,
de um excluído
que se acha no meio da estatísctica,
de uma paz
que se acha no meio da vingança,
de um preguiçoso
que se acha no meio da revolução,
de um pacífico
que se acha no meio da destruição,
de uma penúria
que se acha no meio da penúria,
de um estranho
que se acha no meio da amizade,
de uma gota de água
que se acha no meio do deserto,
de uma grito
que se acha no meio do silêncio,
de uma realidade
que se acha no meio do impossível,
de um amigo
que se acha no meio da solidão,
de um hipócrita
que se acha no meio da crítica,
de um barco
que se acha no meio do fundo do mar,
de uma revolta
que se acha no meio da opressão,
de um segredo
que se acha no meio da descriminação,
de uma excepção
que se acha no meio do óbvio.

Palavras minhas onde tu és achado,
descrevi a minha vida e a minha pessoa.
Somos mais iguais do que diferentes,
não há tu e eu e outro e aquela, há nós,
por isso ouve com atenção:
quando falo uso a nossa voz.

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