A minha vida é vivida num palco,
o Diabo bate palmas na plateia
à medida que minha a vida se torna mais feia
e Deus foi à casa-de-banho,
não quis voltar e levou tudo o que tenho.
Agora é o intervalo,
eu grito esta dor mas não falo,
puseram por cima a publicidade
e ninguém me ouve nesta sociedade.
Estão todos completamente surdos
e o Diabo ri-se dos meus actos absurdos,
gritar não dá em nada,
Deus tinha-me dito que é um conto de fada
em que no final tudo acaba bem,
mas vejo no final a morte sem viver a felicidade,
mas os deuses prometeram-me essa realidade.
Aponto um revólver à cabeça,
o Diabo não quer já o final
e entrega-me esperança para que vença,
mas era mais uma mentira e eu continuo mal.
Alguém peguntou o que é que se passa,
eu respondo e não sabe o que se faça,
mais um dia, a morte dá mais uma paça
até a vida me deixar só em carcaça.
As luzes do teatro estão a desligar-se,
este é momento da escrita
em que Belzebu perde a pica e Deus cita:
o seu espírito a aproximar-se.
Agora só há uma luz ligada,
chamou a atenção de Deus
ficou logo com uma lágrima a cair,
sentou-se, estava a sorrir,
o Anjo Caído detesta essa iluminação,
diz adeus e começa a sair,
Esse nunca mais há-de vir.
Essa luz única que Deus ama
e tira ao Diabo a sua fama,
que aos dois afecta,
é o meu poeta,
que acaba de chegar à conclusão:
depois de ser vítima de tanta maldição,
de ter sido marioneta do Satanás,
mesmo afundado na solidão e na escuridão,
viver faz muito bem ao coração
e onde quer que vás,
leva a tua alma e luta com calma,
em vez de levares uma arma na mão,
leva a tua personalidade e a tua determinação.
Fecha-se o passado
e fecham-se as cortinas,
novo capítulo, novas rotinas,
pronto a amar, pronto a ser amado,
vida, vida, vida, vida, vida...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentário