Chacinas nas terras de ninguém,
onde ninguém governa mas é governado.
Chaves do contraste do além,
o sentimento não dá para ser falado.
Cheira a morte onde não há cadáveres,
só se sente almas onde não há vivos.
Chagas são verdades nestes terrenos,
onde as mães engravidam para devorarem os seus pequenos.
Crianças suicidam-se pela fome,
dos tantos pedregulhos afiados que se consome.
Cemitérios são as refeições dos homens
que são ensinados a assassinarem desde jovens.
Catacumbas do paraíso é nome do inferno
nesta cultura destinada ao eterno.
Conquistadas terras pela sua divisão,
quase zombies por não actuarem de coração.
Criados e servos da morte são vossos destinos,
se chegarem a velhos serão logo comidos.
Contados como lendas pela Humanidade,
parecendo não ser real esta verdade.
Chega o herói que salva inutilmente a população
mas ele o faz pelo orgulho e pela esperança de uma nova Nação.
Corajoso, chegou, para enfrentar as tempestades,
para trazer vida e luz às terras de Hades,
Condenado ao sacrifício do corpo e da mente,
alimentadando-os com o seu próprio sangue.
Crucificado em seu propósito,
mudou as mentalidades dessa gente.
Cravos foram criados pela a água do seu suor
em terras desertas mas floridas por um sonhador.
Carregou tudo e fez mais do que o seu melhor,
alimentado e morto pelo amor.
Cuidado de mudar um mundo,
assim o conseguiu e desapareceu moribundo.
Calhou escrito como início da História,
sofreu, lutou, morreu e ficou sem honra da memória.
Crê-se num presente sem passado,
o herói morto vê-se vilão, sentir-se-ia fracassado.
Dá-se então um novo capítulo,
a letra "D" é o seu vínculo.
Dinheiro é a nova desgraça,
nova história,
novos vilões,
novos heróis
aparecem por mais que se faça.
Ditadas pessoas pela sociedade,
que criticam a realidade.
Desgraçadas populações que toleram
as opressões que se impuseram.
Divulgando informações erradas,
precisam de atenção nas mentes encalhadas.
Dedicam-se insistentemente à competição
pelo poder que anseiam e nunca lhes dará razão.
Deduzam-se no espelho exterior
com medo da solidão que lhes causa dor.
Devoram-se no trabalho e se pisam
sem lembrarem-se da união que precisam.
Dívidas construídas pela esperança,
escravos durante anos em sonhos de criança.
Disturbadas mentalidades de filosofias
que agora se suicidam por não verem novas vias.
Desesperados até que acordem,
vão lutando contra a desordem.
Desiludidos por não verem um novo herói,
que os salve da miséria e do absurdo que são.
Deparam-se da realidade em que estão,
nesta sociedade onde há mais que um vilão.
Desesperados pelo herói que ainda não apareceu,
gritam e revoltam-se pensando que ele já morreu.
Desfrutam-se os tempos de espera,
em que o herói não aparece e que ninguém venera.
Denominam-se todos heróis mas a verdadeira cura
são os anti-heróis que virão para o fim da ditadura.
Desta sociedade em que vivemos, na opressão,
quem ganha e ganhará sempre é a nossa voz, a voz da razão.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentário