É uma luta constante.
Enterro-me no sofá.
É assim que luto contra a preguiça de viver:
criando sentenças irreais sobre a realidade
que está para além das janelas do meu quarto.
Sei que são erradas.
Tenho a certeza.
Mas o que me faz não sair do quarto é por acreditar nelas.
Mentiras. Sentenças, mentiras e falácias.
O que é certo é este cigarro que agora acendo.
Para satisfazer a ânsia de fumar.
Depois esta certeza de que é cigarro morrerá num futuro próximo.
Desaparecerá. Esfumar-se-à.
E o que fora uma certeza existencial de um cigarro
deixará de o ser para ser uma memória
que se desvanecerá com outras memórias.
E a certeza de ânsia de fumar substituirá a certeza de não ter ânsia de fumar.
E tudo volta a repetir-se.
Isto é a vida de muitos.
Só não é para muito poucos:
os que não têm vida.
Palavras mentirosas e falaciosas...
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