A inocência é a universalidade dos seres vivos, é nela que está a beleza da ignorância de quem vive acreditando.

A minha inocência foi esta:


Francisco Sarmento

Este blogue encontra-se concluído para que outro aconteça agora: http://poemasdesentir.wordpress.com/

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Desconfio das minhas mãos,
olhando para trás,
para os poemas escritos por mim.
Que outrora escrevera como se fosse eu próprio esse poema.
Ou esse mesmo poema fora minha alma.
E agora estão enterrados, esquecidos.
Agora, deixaram de ser poemas vivos
para se transformarem em fósseis de outros tempos.
Abandonados.
Assim como este que escrevo agora.
Com lágrimas emotivas quase visíveis.
Quando chegar ao último ponto final deixar de ser meu.
Deixa de ser eu.
E passa a ser mais um para a colecção vazia.
Que por muitos poemas que tenha será sempre vazia.
Faltas-me tu. Ou algo. Ou alguém.
A colecção de poemas que já só serve para mostrar aos outros.
Principalmente para os que não querem ver.
Ou nunca viram.

Podre de mim, que bem tento.
E no meio destas tentativas falhadas
constato um ciclo vicioso, irónico, ridículo e absurdo.
(E tudo o que é absurdo nunca existe.)
Talvez me espera a máxima ironia de poemas meus conhecidos
aquando de mim morto.
Ou talvez tudo isto seja uma ilusão.
Uma fase passageira.
Como uma nuvem que se ergue no céu.
Uma nuvem passageira que por chorar incomoda a pequenez das gentes.
Eu sou uma nuvem passageira e o céu é o meu mar.
Tenho de me ter mais para chegar mais além do céu.
Mais universal por dentro. Dissolver no ar o que sou.
E ser o que está à minha volta:
o céu e tudo o que ele contém.
O oceano que por baixo de mim está é espelho distorcido.
E tento ver o que está para além dele:
a Realidade.
Os peixes, as plantas marinhas, os mamíferos, as mais pequenas células...
Infinita possibilidade de vidas...
O Possível e o Impossível.
O que aconteceu e o que está para acontecer.
A Vida.

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