Há uma catástrofe na minha realidade,
a catástrofe é a única coisa real na minha vida.
As estrelas apagaram-se,
as nuvens transbordam raiva
querendo descarregar mas sem poder.
O chão treme intensamente
mudando a sua orientação constantemente.
Sinto-me perdido,
as lágrimas transformam-me
na criancinha que tinha sido
num passado quase esquecido.
Quanto mais fujo correndo
mais vou ficando criança,
temendo o mundo,
mas, ao mesmo tempo,
parece que estou a morrer,
a dor tira-me o poder de ver
a minha maneira feliz de viver.
A gravidade tornou-me pesado,
estou colado ao chão, esmagado,
com os meus pulmões em pressão
sem conseguirem manter a respiração,
quero chorar, quero gritar, mas não consigo,
estou quase a desistir de lutar
sem saber quem o meu inimigo,
tão cansado, tão exausto,
a minha alma aborta
o meu corpo de consciência morta.
Tão perto do final, mais uma vez,
mas desta vez, o meu olhar brilha
sem esperança, com força,
luto contra mim mesmo,
tentando conquistar o controlo,
tendo certeza que sou eu
o autor da minha realidade,
benefício da minha liberdade,
esforço-me mais um bocado,
sem de contrariar a gravidade
sobre mim exercida,
mas sim controlar essa capacidade
de saber viver a minha vida
pelos meios da felicidade.
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