Devia ter sido cão
e corrido atrás de ti
em vez de ter ficado a olhar,
mas sim, tu acendeste-me o cigarro
e disseste para eu esperar.
Fiquei a fumá-lo
sem sair do mesmo sítio,
mordendo o filtro
com o sorriso,
excitado, berrando
os encantos da felicidade,
e enquanto o fumava
tu passavas por mim
como se fosse nada.
E eu estranhava,
mas acreditei nas tuas palavras,
esperando fielmente de pé firme.
Mais de metade do cigarro tinha ardido
e tu ainda não tinhas aparecido,
comecei a ficar desconfortável
duvidando sem o querer fazer,
o medo de me magoar
por essa paixão deixar-me vulnerável
sem conseguir prever
o quanto me haveria de doer.
O cigarro já estava nas letras
e o desespero tomou conta de mim
procurando, no chão, as cinzas a fim
de juntá-las para ter o cigarro de novo.
Mas, como é óbvio, não consegui,
então continuei a fumar,
desesperadamente a acreditar em ti,
sem que o meu olhar soubesse alcançar
uma mínima parte do mundo exterior.
O caramelo do cigarro já ardia
e os meus lábios queimavam-se,
mas a chama ainda não se tinha apagado,
por isso continuei a fumar
porque dei o meu coração
e agora sabia que ia sair magoado,
fumava apenas para evitar
a dor da paixão que se torna maldição.
Até que o caramelo se apagou
e o fim de algo deu início
a uma história que ainda mal começou.
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