Numa noite amanhecida vi o sol chegar,
em arrepios de frio
a esperança gélida e adormecida
tentava-se libertar.
Presa em grades de medo,
brincava com a areia do chão
nas noites sós em segredo
até a manhã pôr fim à ilusão.
Com um sopro o pó levantava-se
e ganhava a forma dos sonhos,
deixava de ver as quatro paredes
e de sentir frustrações e transtornos.
Mas a manhã acorda e as pessoas também,
rapidamente tudo desaparecia,
o pó voltava a ser pó sem poesia
que não devia nada a ninguém.
Perguntava-me se ele morria de dia,
se me via, porque não me falava,
ou simplesmente me ignorava,
enganava-me de qualquer modo,
por ironia.
Criança não conhecia outro mundo
ou o mundo à nossa volta,
vivendo no submundo
onde os raios-de-sol arrefecem a revolta.
Nos escombros da mente,
nas ruínas dos neurónios,
mantinha-se de joelhos
esperança incandescente.
O Amor tem vários heterónimos
nas histórias individuais,
há também os crimes anónimos
praticados pelos que estão a mais.
Em que categoria se enfia a esperança?
Ou é amor à vida a nossa fiança?
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