Sentei-me a olhar para o em vão,
e em vão pensei em me suicidar,
mas não, pensei em vão, porque
ao fim e ao cabo, é para lá que todos vão,
em vão, sempre em vão...
vão os segundos, os minutos, as horas,
as pressas, as demoras, e toda a acção.
Em vão, o tempo é nossa mentira,
mas sim a memória de cada momento
é que se mantém e fica.
Em vão, no metro, no trabalho,
os óculos escuros escondendo os olhos,
em vão todo o sofrimento repetitivo,
em vão as palavras mal tratadas.
Tudo vai, e vão as estátuas,
as representações, os esforços
e o legado, em vão.
No final de contas,
ainda antes do início
da matemática,
havia o Karma.
Mas em vão,
como se não existisse,
vão vão, sempre em movimento,
sem eu nunca saber se tem fim
ou se muda, se assisto às mudanças,
vão vão vão, sempre no ir
tal como os segundos imparáveis
e as células e partículas
que o ditam.
Vão... para onde?
O que ficou?
Sim, o que interessa
é o que ficou,
a acção transformativa da razão.
Afinal os que vão, não vão em vão,
mas o que somos hoje,
será no futuro a justificação.
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